Surpresa
No domingo, dia do baile, Hermione e Gina só saíram do dormitório, onde se arrumavam, para almoçarem. As duas estavam no dormitório feminino do sexto ano que era mais espaçoso, pois Gina dividia o quarto só com duas colegas, enquanto Hermione dividia com mais quatro, sem contar mais algumas meninas que entraram escondidas na torre da Grifinória e estavam por lá.
Quando o relógio bateu seis e meia da tarde, as duas já estavam devidamente arrumadas, mas como o baile só começaria às oito, elas decidiram matar o tempo no dormitório.
--Você está linda, Hermione. –Gina adimirou a amiga.
Hermione estava com um vestido vermelho até o joelho, frente única, com detalhes dourados no busto e sandália não muito alta. Seu cabelo estava liso, sedoso e brilhante, solto. Maquiagem leve e brincos delicados dourados.
--Você também está, Gi! Harry vai amar...
Gina estava com um vestido preto simples, tomara que caia curto, e o cabelo ruivo flamejante preso num coque alto com mechas soltas. Ela não queria chamar atenção, pois não estava se formando, mas mesmo assim estava incrivelmente linda.
--O que vamos fazer agora? –Gina perguntou, sentada na cama de uma colega.
--Não faço a míni...
Ela foi interrompida por batidas na porta. Levantou-se e abriu, encontrando uma menina do pimeiro ano parada lá, com uma expressão muito tímida e um embrulo retangular na mão.
--Hermione Granger? –A garotinha perguntou com a voz fininha. –Tenho uma coisa para você.
Ela entregou o embrulho para Hermione.
--Hum... Obrigada. –a morena agradeceu. –Quem me enviou? –perguntou ao ver que não tinha identificação.
--Não posso dizer. –a garotinha respondeu e saiu correndo.
Hermione fechou a porta e se sentou na cama.
--Acha que pode ser perigoso? Alguma coisa da Lilá?
--Tenho certeza que não é nada perigoso, Mione. –Gina respondeu se levantando. –Eu vou ver como estão as coisas no outro dormitório.
E saiu antes de Hermione falar alguma coisa.
A morena, agora sozinha no quarto, se acomodou melhor na cama e abriu o pacote. Um livro de capa de couro muito bonito e uma carta caíram na cama. O envelope tinha os dizeres: “Leia depois”, numa letra estranhamente familiar. Hermione obedeceu e abriu o livro.
Na primeira folha as iniciais “R | H” estavam escritas em letra dourada e elegante. Curiosa, a jovem virou a página, encontrando duas fotos. Uma não se mexia onde uma bebê, um pouco cabeluda, estava deitada em uma cama, em cima de uma toalha cor-de-rosa e sem roupas. Ao lado, um bebê, no mesmo estado, estava deitado em uma manta azul. Esse bebê menino, tinha só um pouco de cabelo, mas já dava para perceber um tom ruivo. Nessa foto, o menino se mexia, dando um sorrisinho e mordendo a manta azul.
Hermione deu um sorriso torto, e olhou entre as fotos, onde algumas frases se destacavam na mesma letra dourada e elegante:
[i]“Por que todas as mães tiram foto do bebê pelado? O bom disso tudo é saber que não é só a minha mãe que faz isso...”[/i]
A morena riu. Aquilo era a cara de Rony. Virou a folha, encontrando mais fotos.
A primeira mostrava uma garotinha de uns sete anos estava sorrindo abertamente, e com os dois dentes da frente faltando. Na segunda, um garoto ruivo da mesma idade também sorria banguela.
[i]“Mais uma coisa em comum. Se ficamos tão feios sem os dentes da frente, por que motivo nossos pais tiram fotos da gente nesse estado?” [/i]
Agora ela gargalhava abertamente. Na mesma página, na parte inferior, havia uma foto dela, agora com onze anos, no seu uniforme de Hogwarts, segurando um livro e com o nariz levemente empinado; e, ao lado, estava Rony com Perebas no ombro, totalmente desajeitado. Não tinha nada escrito ali, mas em compensação na outra página, um verdadeiro texto se encontrava:
[i]“Lembra quando nos conhecemos? Eu te achei a menina mais metida e exibida do mundo. Veio fazendo magias perfeitas, me deixando no chão. E você, o que deve ter achado de mim? Imagino que o garoto mais chato e desengonçado do mundo bruxo...e trouxa também. Brigamos feiro gato e rato por algumas semanas, lembra-se? E depois fizemos as pazes, graças à um Trasgo Montanhês. Não sei como explicar, mas quando eu te vi, encolhida na parede e apavorada, com aquele baita monstro querendo te pegar, eu senti algo diferente... um certo desespero. Acho que foi naquele momento que meu coração começou a te ver de um jeito diferente...” [/i]
--Eu também, Ron... –Ela sussurou, e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
Ansiosa, ela procurou pela próxima página. Em uma foto, os dois estavam visivelmente preocupados, e com expressões nada boas. Na outra, ao lado, o Trio estava reunido, sorrindo.
[i] “Como será que dois seres humanos conseguem brigar tanto? Pobre do Harry, no meio de nós dois. Devemos ser duas aberrações da natureza. Brigávamos (e brigamos) por coisas tão pequenas, e foi no nosso segundo ano que os desentendimentos começaram pra valer. Mas eu acho que gostamos de nos desentender: porque gostamos mais ainda de fazer as pazes. O que acha?”[/i]
Hermione sorriu com o pensamento. Realmente, amava fazer as pazes com aquele ruivo. Pulou para a outra página, encontrando duas fotos: em uma, Hermione abraçava-o, chorando no seu ombro. Na outra, ela ajudava Rony, que estava coma perna quebrada, a ficar em pé.
[i] “Você se lembra do nosso terceiro ano? Sirius solto, Bichento e Perebas brigando... foi um ano bem turbulento. Tivemos nossa primeira briga feia, e ficamos semanas sem nos falarmos. Depois fizemos às pazes, passamos por uma aventura enorme. E olha você ali em cima: me ajudando a ficar em pé. Desde aquele dia você se tornou minha base, meu alicerce.”[/i]
Mais uma lágrima brincou no rosto da garota, e ela procurou desesperadamente pelas próximas palavras dele, na esperança de que elas fossem confortadoras.
Essa foto era grande, e cobria boa parte da página. Os dois estavam novamente juntos, com vestes de gala e o ruivo com uma expressão azeda.
[i] “baile de Inverno... acho que foi meu pior baile. Meu coração só faltou saltar pela boca quando eu te vi, linda. Mas depois ele quis parar de bater, ao ver você com Vitor Krum. Meu ídolo e a minha... melhor amiga. Acho que foi ali que eu adimiti para mim mesmo que você não era mais a minha melhor amiga, que era bem mais do que isso... era a [u] minha[/u] garota.” [/i]
Hermione suspirou, perdida em lembranças. Passados alguns instantes, ela virou a folha. A foto que ilustrava essa página era um pouco menor e não se mexia. A morena conhecia aquela foto, pois ela ficava em um porta-retrato na sua casa. Nela, os dois estavam juntos e riam despreocupados.
[i] “Quinto ano. Virei o seu Legume Insensível, com o emocional de uma Colher de Chá. Passamos mais tempo juntos, pois o Harry insistia em se afastar, mas mesmo assim não nos assumimos, para ficarmos do lado do nosso amigo. Não me arrependo disso, já que nesse tempo nos conhecemos melhor. Um ano bem difícil, eu entrei em desespero quando te vi desacordada aqui na Ala Hospitalar depois da nossa aventura no departamento de Mistérios. Daquele instante em diante eu resolvi que iria assumir o meu sentimento o mais rápido possível; mas não foi bem isso que aconteceu...”[/i]
A morena lia tudo com calma. Assim que terminou, tornou a virar a folha. A imagem desta fez Hermione gargalhar. Ela estava na Ala Hospitalar, cochilando, e segurava firmemente a mão de Rony, que estava desacordado na cama. Ela tinha certeza que Gina ou Harry haviam tirado aquela foto, isso se não tivesse sido os dois juntos.
[i] “Fiquei surpreso quando recebi essa foto. Eu sabia que você tinha ficado preocupada comigo, mas isso me surpreendeu. Fiquei tão feliz! Acho que o único bem que a Lilá fez à nós foi te causar ciúmes, e fazendo você me mostrar que meu sentimento era correspondido.” [/i]
Onde Rony aprendera palavras tão bonitas? Ela não fazia idéia. Procurou a próxima página, onde encontrou um retrato do Trio. Eles estavam num estado deplorável, mas imensamente felizes e satisfeitos. Haviam vencido uma Guerra.
[i] “Nosso sétimo ano talvez tenha sido o nosso pior tempo juntos. Horcrux, Magia das Trevas, Dragões... tanta coisa! Me desesperei quando Belatrix te pegou na Mansão Malfoy, pois eu tinha amarga certeza que te perderia. Mas graças à ajuda de Dobby, você escapou dessa. Depois não tivemos paz, voltamos para Hogwarts, para a batalha final, e no meio desta veio o maior presente que você poderia me dar: o nosso primeiro beijo. E que beijo! Meu corpo entrou em choque quando minha boca sentiu a sua tão próxima. Acho que foi a melhor sensação que eu já tive. Se eu soubesse que falar bem dos elfos renderia um beijo seu, eu teria falado bem antes!” [/i]
Hermione riu e virou a página. Nessa foto, a ultima do álbum, ela e Rony se beijavam. Sim, a foto se mexia.
[i] “Nosso romance começou. Foi curto e atrapalhado por pessoas invejosas, mas você me mostrou que eu estava errado quando briguei com você e nós fizemos às pazes, mas terminamos. Fiquei arrasado, tentei te esquecer, mas não deu. Só fez meu amor por você aumentar. Eu fiz esse presente pra você, desejando que me perdoe mais uma vez. Você deve ter notado que tem várias páginas em branco lá na frente, e nelas você deve escrever sobre sua vida (tomara que ela esteja entrelaçada à minha). Acho que é isso, Mione. Saiba que eu te amo muito.
Ron”[/i]
Ela já chorava abertamente.
--Te amo, Ron... –ela murmurou.
Quando foi se levantar, uma carta caiu do seu colo. Ela pegou e abriu. A carta dizia o seguinte:
[i]Achei uma coisa que eu acho que você vai gostar:
[b] “Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”[/b]
Você deve conhecer esse poema, é de um trouxa português chamado Camões. Me lembrei de você quando li, afinal ele é lindo.
Mas não estou aqui para falar de poemas.
E aí? Gostou do álbum? Espero que sim. Muitas fotos eu consegui com seus pais, outras com sua avó e com a minha mãe. E, não, eu não pedi ajuda à Gina ou ao Harry para escrever tudo isso. Por mais que não pareça, eu sou sensível.
Mas o objetivo de tudo isso foi mostrar que eu te amo muito, meu amor é maior que tudo, e é pra sempre. Então, eu só tenho mais uma perguntinha: Quer ir ao baile comigo?
Com amor, Ron.
Ps: Já está combinado do Neville ir com a Luna pro baile, fique tranqüila. Te espero às oito.”[/i]
Hermione sorriu enormemente e olhou no relógio: faltavam dez minutos para as oito da noite. Se levantou num pulo e retocou a maquiagem, afinal, um ruivo perfeito estava à sua espera.
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