Por um triz (2)



(é que ficaria grande demais, aí...)


 


Lá pelas 18 horas, sua mãe chegou.

– Vamos jantar? – perguntou a senhora Granger – Você está bem, não está? Eu queria ter te levado ao hospital, querida, mas não consegui sair do trabalho. Tive um dia ruim e a megera da Umbridge... – ela narrou o dia que teve enquanto Hermione olhava fixamente para a gola da blusa da mãe, fingindo ouvir o que dizia.
Finalmente resolveu interromper:

– Hã... Mãe... Quem trouxe minha mochila?


Susan Granger uniu as sobrancelhas por dois segundos, depois fez ar de que entendeu.

– A Parvati. Por quê? Sumiu alguma coisa?
– Não, não, nada disso. Só queria saber mesmo. Quem lhe avisou sobre o acidente?
– Não sei lhe dizer, querida. Fez amigos novos? – neste momento o coração de Hermione disparou, mas antes que pudesse responder, sua mãe continuou – Mi, não seja exagerada, não foi um acidente, foi? O rapaz ao telefone disse que você ia atrevessando a rua e se esquivou de um carro bem a tempo, mas escorregou e bateu com a cabeça. Sabe de uma? Vou pedir uma pizza, estou moooorta de cansaço. Calabresa e frango como sempre?
– Claro.

Mas Hermione não estava interessada em pizza. "Se esquivou, escorregou e caiu". Por que Ronald não disse a verdade? Por que não disse que a salvara? Nem ao menos se identificou ao telefone. Melhor assim, pensou, ele não quer vínculos comigo e nem eu com ele.

Depois do jantar, Hermione limpou a cozinha, escovou os dentes e foi se deitar. Se sentia dolorida. Percebeu que tinha uma marca roxa no cotovelo. Cansada e machucada, dormiu logo. E nem sonhou. Pelo menos não com alguém de cabelos vermelhos.


Em sua casa, Rony Weasley tomava banho e analisava os próprios arranhões: estavam nas mãos, cotovelos e joelhos. Quando desceu pra sala de estar, sua irmã estava com a camisa que ele usou durante o dia nas mãos.

– Ron, o que aconteceu com sua camisa? Como a rasgou?

Ele respondeu mostrando os arranhões. Gina espantou-se e fez menção de falar, mas o garoto foi mais rápido:

– Salvei uma menina da sala. Foi divertido!

Ginevra trocou a cara de espanto por uma indignada.

– O que tem de divertido em ver uma pessoa quase morrer?
– Eu disse que a salvei, Gi.
– Que seja. Como foi?


Quando terminou de contar tudo em detalhes mínimos, Gina perguntou rindo:

– E quem foi a donzela em perigo?
– Hm... Acho que foi uma tal de Granger. Hermes, Hermina, coisa assim – respondeu fingindo descaso. Ele sabia o nome dela. O nome completo. O endereço. E ainda o telefone: anotou tudo antes de entregar a mochila à Parvati.
– Her... mi-mione... Granger? – o queixo de Gina caiu. Lembrou-se da cena de Hermione flagrando-a com Vítor Krum. Mas não fez por mal. Há dias ele vinha dando em cima dela, se dizendo apaixonado e que tinha terminado o namoro. Ela não teve culpa, não sabia.

Ron lançou-lhe um olhar indagador.

– Algum problema, Ginevra Molly Weasley?
– Na verdade sim – encarou os próprios joelhos e contou a história. Terminou com os olhos úmidos, sentia-se mal com tudo aquilo – Hoje ela nem olha na minha cara. Mas a entendo. Acho que se fosse eu, teria armado o maior barraco.

Ronald sorriu e passou a mão nos cabelos da irmã mais nova.

– Você é uma boa menina.
– Sei, agora vai me dar uma chupeta e fazer cafuné? Ou prefere ler uma história pra eu dormir? – riu.
– Mas que pestinha ingrata você é!

Começaram a fazer cócegas um no outro.


– Melhor pararmos antes que o papai acorde – disse a menina, se rendendo.
– Tem razão. Vem – estendeu a mão – vou ler pra você dormir.
– Idiota! – Gina empurrou bruscamente o braço que seu irmão lhe estendia. Levantou-se e lhe deu um beijo no rosto. – Boa noite, Ron. Eu te amo.

O rapaz continuou sentado onde estava, meditando no teor da última frase proferida pela irmã. Eu a amo também, isso é fácil. Ela é sangue do meu sangue. No instante seguinte, surgiu em sua mente a imagem de uma garota de cabelos cheios castanhos e olhar encantador, que tinha uma postura decidida e corajosa, mas ao mesmo tempo vulnerável. Ronald Weasley, o que você tem? Pare de pensar na nerd! Não mude seus princípios por alguém que não conhece. Mas eu bem que poderia ser amigo dela. Ou mais do que isso. Sorriu, balançou a cabeça e foi dormir.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.