*capítulo sete*
Capítulo Sete
Ou My Number One
“Tinha aprendido em um livro qualquer, há muito tempo, que a coragem não é o aposto do medo. Ela é, na verdade, antônima da covardia. Então, para se ter coragem é preciso, primeiro, haver medo, pois devemos transcendê-lo para que não sejamos covardes” – Marlene Mckinnon.
- Cara, a sua mãe é uma cadela – uma Lily muito indignada vociferou.
Estávamos no Parque dos Perdidos tomando Coca Cola e comendo Doritos. Lily, que já sentia que eu não estava muito bem logo nas primeiras aulas (a que fui, tipo, só a duas, já que estávamos ali no período de Teatro), praticamente me arrastou para fora da escola e disse que eu tinha que sair um pouco daquele ambiente. E, é, ela estava certa. Depois que respirei um pouco o ar do parque, joguei algumas bolinhas nos palhaços e conversei com o Ash (um dos caras que cuidavam dos brinquedos de altura) melhorei consideravelmente. Claro, nada do tipo “Estou bem cem por cento”, porque nada que alguém me falasse me faria sorrir de verdade ou me sentir como a velha Marlene. Nem mesmo o Sirius.
>>Flashback mode on<<
Não, eu não estava me acabando de chorar em cima de Sirius. Eu era bem contida, tá? Mas... bem, simplesmente as lágrimas desciam e meus pequeninos soluços tinham que ser liberados de algum jeito. Não que essas coisas tivessem assustado o Sirius; talvez ele já tivesse lidado com meninas na minha situação. Bem, caras não sabem o que fazer quando vêem meninas chorando, sabem? Exceto meu pai, talvez. Ele fazia um chá para mim e dizia algumas palavras toscas (e isso fazia com que eu me sentisse em casa e protegida, ao menos).
Sirius, um pouco ao contrário de meu pai e de meus amigos, não estava querendo saber o que tinha de errado comigo. Okay, claro que ele queria saber, mas não estava me pressionando. Ele meramente ficou lá sussurrando “Shhh, vai ficar tudo bem, prometo” e acariciando meus cabelos e minha face.
Ah, claro, eu não tive culpa do que aconteceu depois, certo? Só aconteceu. Acho que porque ele era mais forte do que eu, e eu não estava a fim de me livrar dele. Bem, como e por que faria tal coisa? Ele estava lá me ajudando, não estava? Estava me consolando e sendo o Sirius fofo que sempre quis.
- Não quer voltar para casa? Ele a levo – ele me sugeriu.
- Não, eu vou ficar bem. Só preciso chorar um pouco.
- Hm, maneira estranha de fazer tudo ficar bem – comentou.
- Você não é menina. Nunca vai entender isso – falei, rindo um pouco, apesar das lágrimas.
- Você não quer que eu entenda tudo isso, não é? – ele riu.
Não sabia a que ele se referia.
Sobre nós?
Sobre a minha situação?
- Não – menti. Acho que eu precisava que ele entendesse tudo. Só para me fazer sentir nova mais uma vez.
Ele se aconchegou ainda mais perto de mim, como se velasse um bebê.
- Está tudo bem entre nós, não está? – ele quis saber.
Se eu chorasse ainda mais, ele notaria a verdade ocultada em meus olhos.
- Se você acha... – resmunguei. É, péssima resposta, Lene.
- Podemos conversar sobre isso, então?
- Não. Nem comece. Se você vier novamente a ser um idiota, eu vou sair daqui – respondi, voltando a lembrar de como ele tinha me machucado.
As coisas estavam boas lá, então, por que ele tinha que mencionar o “nós”?
- Ah, que legal. Agora eu sou um idiota? – ele riu, mas não aparentava estar ultrajado ou magoado.
- Não. Não foi isso que eu disse. Preste mais atenção, cara – falei cansada. Voltei a olhá-lo, só para constatar algum ponto de ruptura entre nó em seus olhos.
Nada.
Sirius ainda era meu.
- Opa, desculpe – ele disse, pegando a minha mão.
Deixei, porque, bem, eu sentia saudade daquilo. Do toque dele e tudo o mais.
- Lene... – ele me chamou.
- Hm?
- O que será que vai acontecer conosco depois que as aulas acabarem?
- Você disse que estávamos apenas nos divertindo durante esse tempo, lembra? Então, isso me leva a pensar que nada mais seremos. Eu não o terei mais, do mesmo modo como você não mais me terá – falei.
Ai, doeu. Meu coração se apertou. E se eu nunca mais, realmente, tivesse o Sirius de novo?
- Você quer que isso se concretize? – ele me perguntou.
- O quê? Que eu e você nunca mais nos encontremos? – fiquei horrorizada.
- É.
- Não, Sirius. Fala sério. Eu tinha dito muitas vezes que só você tinha me feito feliz. Lembra?
- “Tinha”? Não faço mais?
- Bem, nem conversamos mais direito.
- E agora?
- Hm, agora agorinha?
- É.
- Bom, agora você está sendo legal comigo.
- Quer que fiquemos assim para sempre?
- Eu posso desejar isso?
- Pode.
- Então, quero – falei com sinceridade, temendo que minhas lágrimas denunciassem todos os meus sentimentos por ele.
Sirius não falou nada. Ficou em silêncio. Talvez o tipo de silêncio que eu imaginava ser o “silêncio de remorso pelos pecados”.
E aí fez aquilo.
Ele me puxou para cima, para que eu sentasse no degrau de forma coerente, e me beijou. Mas não foi qualquer beijo. Não foi como o nosso primeiro. Havia saudade naqueles lábios – em ambos os lábios, claro, mas os de Sirius carregavam uma ânsia muito maior do que os meus. Eles tinham um propósito diferente. Estavam úmidos, urgentes, quase tão apaixonados como eu os vivia imaginando.
E foi delicioso.
- Sirius – murmurei por entre os selinhos que ele me dava, depois de a língua dele ter saído de dentro da minha boca.
- Hmmm? – ele puxou um pouco de ar para si e abriu um pouquinho os olhos.
- Pare – pedi.
- Por quê? – ele mordeu meu lábio inferior e eu gemi.
- Tenho que ir. Sério – me desvencilhei de suas mãos e o empurrei para frente. Nosso beijo se quebrou e minha infelicidade voltou a me inundar de forma rastejante.
- Marlene, não faça isso – ele me pediu, em um tom magoado.
- Me desculpe – eu acariciei uma última vez seus cabelos (vícios são difíceis de livrar, cara) enquanto o deixava me enlaçar pela cintura, pois eu já estava de pé, preparando-me para correr dele.
- Mas... – ele disse, antes que eu voltasse a trás.
É, não voltei.
Saí correndo mesmo dele e me encontrei no jardim da frente da escola. Lily estava ali, mexendo nos cabelos e ouvindo músicas de seu I-pod.
- Ei, Lene! – ela gritou, quando passei por ela sem a vir.
- Ah, Lily! – agarrei meu peito, tentando me recompor.
Eu nunca mais me recomporia.
- Aonde vai? – ela me perguntou.
- Morrer em algum lugar – falei.
- Sirius? – ela sorriu fraco e triste.
- Sim, Sirius – confirmei.
Lamentamos em silêncio.
>>Flashback mode off<<
O Parque dos Perdidos (vulgo Neverland) era o lugar preferido da galera que nada tinha para fazer além de fumar e procurar diversão. Não que eu fumasse (eu sei, careta demais, mas eu não ligava) e não que eu estivesse procurando diversão, mas ali era O Lugar para se estar quando tínhamos algo de errado. Lily adorava se agarrar com James atrás da roda-gigante enguiçada e apagada. Dorcas não ia muito ali, porque Remus preferia se encontrar com ela em lugares mais reservados, mas sempre que passava pelos portões enferrujados, ficava como uma criança feliz.
- Eu sei – lamentei.
Minha mãe era uma vacona, isso sim.
Eu e ela não tínhamos nada a ver. Éramos como vinho e água. Ela era o vinho, e eu a água (por ser sem graça demais). Por um lado, eu tinha ficado muito aliviada (apesar de não mais comer seus almoços gostosos) por ela ter fugido com o Esteven, mas por outro, eu tinha começado a detestar qualquer tipo de relação mãe-e-filha. Na verdade, tinha começado a detestar a própria Allyson. Não que eu fosse do tipo que se magoa e larga a pessoa na primeira oportunidade, mas como eu daria uma segunda (talvez terceira) chance àquela mulher? Ela tinha desfeito o meu lar e ainda por cima voltara para roubar tudo o que nos sobrara!
Claro, papai tinha prometido fazer de tudo para perseguir Allyson, mas eu sabia que seria em vão. Ela nunca tinha me dito onde morava, então, como ele a caçaria? A Inglaterra é enorme! Não há como rastrear alguém, a menos que você seja da polícia especializada ou o Jack Bauer.
Talvez, se o Sirius fosse realmente um detetive, ele pudesse me ajudar, mas ainda estávamos na escola. Nada adiantaria.
- O que vai fazer agora? – Dorcas me perguntou.
- Em relação a quê? – eu quis saber.
- Hm, a tudo. Porque, hm, faltam só duas semanas para acabar o ano letivo.
- Eu não sei. Eu estou confusa. Não sei nem mais o que quero – respondi.
- Nós continuaremos a nos falar, não é? – Lily falou.
- Sempre, Lily – dei um sorrisinho a ela, mas muito lacrimoso.
- Não vá se misturar com aquela gente nerd demais de Oxford, fazer festas e se esquecer de nós, hein? – Lily me deu um tapa.
- Nunca, meninas – prometi, com os olhos banhados. Que saudade sentiria delas... - Nós somos as melhores amigas do mundo, lembra? Sei que nos desentendemos às vezes, mas faz parte, não faz? – ri baixo.
- É, você sempre foi muito teimosa – Lily riu abertamente.
Abraçamos-nos.
Às vezes, nada como um abraço para fazer os nossos corações se reconstruírem aos poucos.
A semana passou “lesminiando”, coisa que me colocou para baixo diversas vezes. Mais faltava às aulas do que as freqüentava, mentia constantemente às pessoas próximas de mim (“Está tudo bem, Lene?” “Claro! Estou ótima!”), dormia mais do que devia, comia muito pouco e não largava as músicas melosas da Taylor Swift.
O quê? Tem que existir alguém para nos ajudar, certo? Nem que essa pessoa nunca vá saber nosso nome.
Bem, ela realmente não sabia o meu nome. Ela não tinha perguntado naquela tarde, no festival. Ela só tinha me agradecido, me dado um autógrafo e tirado uma foto comigo. E aquilo não demonstrava, de maneira alguma, que nos conhecíamos de verdade. Talvez eu a conhecesse bem mais, considerando o tipo de suas “músicas-diário”.
Encontrava-me raramente com Sirius (quando eu resolvia me levantar e ir para a aula) e não deixávamos de sorrir sempre que isso acontecia. Acho que continuávamos com saudade daquele último beijo. Ou talvez, só eu.
Não que eu me sentisse, tipo, morta. Mas bem próxima disso, com certeza. Não tinha vontade nem de ligar a TV e assistir a Lie To Me. Eu estava me tornando uma pessoa solitária e pequenina demais para o mundo que me cercava.
Quase inexistente, se possível.
OMG! Eu estava me tornando uma Bella Swan! Mas sem, claramente, as porcarias de sonhos idiotas e ridículos (quem riu e achou idiota as cenas da Kristen berrando feito uma louca do nada levante a mão), porque eu já não sonhava mais. Bem, eu mal dormia, de fato. Quando dormia, acordava sem conseguir me lembrar se sonhara ou não. E se sonhava, eram coisas desconexas e sem relação alguma com o que eu estava passando (hm, a perda de Sirius).
As meninas me convidavam para fazer compras, para sair um pouco, mas eu sempre negava, alegando que deveria estudar.
Claro, a semana de provas finais estava acontecendo e elas queriam sair por aí?
É, elas tinham um prato de macarrão no lugar do cérebro, isso era incontestável.
Eu, ao contrário da maioria, não queria fazer nada, além de ficar presa em casa, estudando e dormindo. Às vezes o Sirius me perguntava como eu estava, e eu respondia que estava cansada, mas a verdade era que eu estava destruída. Achei que ele deveria saber, mas que não ligava para mim o suficiente para querer repetir aquela tarde na escada. Bem, eu mesma não queria estar novamente naquela escada. Para ser beijada de novo? De maneira alguma! Eu não queria mais nada que me lembrasse o Sirius; tanto é que tinha escondido as fotografias do festival junto a ele em uma caixa de sapato e a colocado na última caixa de mudanças.
Eu tinha sido aceita por Oxford, mas aquilo não foi o bastante para me fazer feliz.
Eu precisava de mais.
Necessitava de um pedido de desculpas, de uma declaração de amor, de um sorriso sincero.
De alguma coisa que viesse dele.
Era a minha última semana naquela cidade e eu queria algo dele para levar comigo. Podia ser uma rosa, podia ser uma mensagem escrita no meio da madrugada.
Mas ele não me mandou nada.
No dia de nossa formatura, todas as meninas berravam de alegria, choravam de tristeza e comparavam seus vestidos.
Como aquela era uma data especial (por enes motivos), deixei que Lily me levasse a um salão de beleza para me produzir. Meu vestido por baixo da beca quentíssima era lilás e justo, estilo vintage. As meninas disseram que estavam orgulhosas de mim por me verem, finalmente, de vestido e de maquiagem. Eu não demonstrava felicidade alguma, mas acho que elas não notaram, pois eu sorria muitas vezes, tentando com que todos acreditassem em mim.
Meu pai já tinha tirado um monte de fotos de mim para guardar de recordação depois que eu partisse para Oxford, mas eu já estava me cansando de ficar fazendo pose e sorrindo.
Quando chegamos à escola, descobrimos que seu interior estava decorado brilhantemente e que os formandos tinham que se reunir no hall da recepção para tirarem mais fotos. Eu não sabia, àquela altura, se suportaria mais. No entanto, fingi mais algumas vezes aquele ar de alegria e sorrir mais um bocado.
Até que notei Sirius, querendo tirar uma foto comigo. Eu já tinha tirado com as meninas e com James e Remus, mas não esperava que justo o Sirius quisesse aquilo. Era como se o Lobo Mau oferecesse cookies à Chapeuzinho Vermelho.
- Posso? – ele chegou perto de mim, apontando para o fotógrafo.
- Hm, mesmo? – indaguei.
- Não, é brincadeira – ele riu.
Rolei meus olhos.
Sirius Black era um idiota muito sexy, cara.
Ele agarrou minha cintura e sorriu, assim como eu, para a câmera.
- Pronto – falei, sinalizando que ele deveria dar o fora de perto de mim.
Mas ele não o fez.
- Espere, eu tenho uma coisa para você – ele tirou um cacho de meus olhos e pegou a minha mão.
- Não, não posso. Sirius – eu disse aborrecida.
- É rápido, só precisamos sair daqui – ele me guiava para fora do prédio.
O que ele queria me dar? Uma rosa? Será que ele tinha lido meus pensamentos?
Mas, não, não era uma rosa. Ou um pedido de desculpas.
- O que é? – inquiri, colocando as mãos na cintura, olhando para os lados do jardim vazio.
- Isso – ele falou e me beijou.
Esse beijo, igualmente, não foi parecido com nenhum dos outros. Não teve língua e não era rápido demais. Era devagar e muito, muito, carinhoso.
- Hm, obrigada. Acho – eu disse, quando ele me largou e começou a sorrir.
- Nosso último dia, hein – ele comentou – Você não foi ao Baile.
- É, não estava a fim. Você foi?
- Fui. Mas só fiquei lá até as meninas me dizerem que você não iria aparecer.
Surpreendi-me. Ah, então ele se importava?
- Hmmm. Por quê?
- A festa não teria graça sem você. Aliás, acho que você é a única garota do mundo que não foi ao próprio Baile de Formatura. Achei que as meninas ligavam para isso – ele riu.
- Eu não sou “as meninas”. Sou apenas “uma” menina – respondi.
- Boa colocação – ele sorriu.
- Venha, é melhor entrarmos – falei.
- Acabaremos assim mesmo? – ele não se moveu.
Girei o pescoço para encará-lo.
- Tinha que acabar, Sirius. Nada é para sempre – sorri triste e pequeno.
- Mas eu queria que o nosso para sempre nunca acabasse – ele falou.
Eu ri.
Ah, ótimo mentiroso, hein, Sr. Black.
- Nunca existiu isso entre nós. Eu sinto muito – dei de ombros, voltando a andar para dentro do prédio.
A formatura, no todo, foi um saco só. O James foi o orador da turma e só ficou falando bobagem. Até a Lily ficou com vergonha.
Papai queria sair com as famílias de James, Remus, Lily e Dorcas para comemorarmos em um restaurante, mas todo mundo discordou dele e ficamos perambulando pelos corredores da escola tirando fotos com colegas e assinando o livro de fim de ano. Eu lhe disse que voltaria para casa assim que conseguisse e foi me juntar com as meninas para mais uma foto.
Sirius, muitas vezes, pude notar, ficava nos espiando. Eu, finalmente, estava começando a sentir aquela nostalgia de término de Ensino Médio e comecei a chorar feito uma babaca, junto com Lily e Dorcas. James e Remus só ficavam rindo, como se fôssemos patéticas. Tudo bem, éramos patéticas, mas, ao menos, felizes. Bem, quase felizes, no meu caso.
Fomos para a casa de James e ele pediu umas quinze pizzas e colocou umas músicas pops para ecoar pelo bairro. Os pais deles nos liberaram a champagne e nós só ficamos curtindo a festa. Algumas pessoas se trancaram nos quartos, enquanto outras apenas riam e empurravam as outras para dentro da piscina (ainda bem que eu não fui uma das empurradas).
Tudo estava muito feliz, até quando, ao sair do banheiro, topei com Sirius bem na porta. Pelo visto ele tinha me seguido e me esperava ao lado de fora. Infelizmente nenhuma das meninas estava por perto (estavam se agarrando com os namorados delas).
- Ai – reclamei, quando me choquei com Sirius.
- Opa, cuidado aí – ele riu, amparando-me.
- O que quer? – eu sei, fui grossa, mas não me importei.
- Conversar. Mas conversar seriamente – ele falou.
- Não dá. Estou curtindo a festa, coisa que você também deveria estar fazendo.
- Farei, depois de conversarmos.
- Uh – gemi irritada – Tá bem, vamos ao escritório.
E fomos até a salinha reservada dos Potter. Geralmente os pais de James passavam as tarde enfiados lá, assinando papéis e pendurados ao telefone.
- O que foi? – logo perguntei, assim que me acomodara em uma das poltronas da sala ampla.
- Marlene, está tudo errado entre nós.
- Ah sério, nem notei – falei sarcástica.
- Não seja assim – pediu.
- Não vejo outra forma de encarar o assunto – comentei de má-vontade.
Ficamos em silêncio. Parecia que Sirius estava escolhendo bem suas palavras.
- Sei que não estou sendo um bom amigo, que estou distante de você, mas você sabe que tudo está errado e não faz nada! – ele me acusou.
Ah, então seria assim?
- E por que eu deveria dar o primeiro passo?
- Porque... porque achei que tínhamos um lance – ele falou.
- Eu achei também e você acabou me magoando.
- O quê? Eu acabei magoando você? – ele pareceu incrédulo e soltou um riso descrente.
- Bem, quando foi a primeira vez que você me disse algo do fundo do seu coração?
- Todas as vezes, Marlene!
- Não, você não entendeu. Você não mencionou amor em nenhuma vez – corrigi.
- Amor? Eu deveria tê-lo mencionado?
- Está vendo! Você não me conhece!
- Mas você não gosta do amor! – ele me lembrou.
- Não gostava.
- E agora gosta? Desde quando? – ele quis saber irônico.
- Desde que você me beijou a primeira vez – respondi muito aborrecida.
Ele permaneceu me encarando.
- O quê? – ele deixou a frase ecoar.
- Que droga, Sirius! – berrei, não suportando mais – Eu disse um monte de vezes que eu o amava e você nunca me retribuiu!
- Você falava a sério?
- Por quê? Você achava que eu desperdiçava aquelas palavras porque era idiota?
- Não... eu só... não sabia.
- Pois bem, agora sabe. Então, por que não para de agir feito um imbecil?
- No dia da festa de James, você disse que apenas estávamos nos divertindo, lembra? E então eu achei que era só aquilo. Que só estávamos juntos, porque não tínhamos nada melhor para fazer. Você não me disse que estava apaixonada por mim! – Sirius falou com um ar de surto.
- Ah é, e você não podia fazer esforço para entender as palavras “Eu amo você”. Ah, Sirius, você é um idiota! – berrei, querendo que ele sumisse, porque se não fizesse isso, eu totalmente bateria nele.
- Caramba – ele falou, colocando as mãos na cabeça.
- “Caramba” o quê? – eu quis saber.
- Eu achei que você não me amava – ele riu amargurado.
E então eu quase caí da cadeira. Arregalei os olhos.
Então ele tentou esconder a mesma coisa de mim? Ele igualmente me amava? Ele apenas nunca falara de amor porque achou que eu não o amava? Nós tínhamos nos machucado simultaneamente...
Que engraçado.
Bem, não, aquilo não era engraçado. O engraçado é que eu parei de imaginar como seria bater nele.
- Sirius... – murmurei abalada.
- Oi.
- Por que não me disse? Eu lhe disse milhões de vezes! Você tinha que ter me respondido!
- Eu não sei lidar com essas coisas. Achei que, bem, que você fosse apenas mais uma... mas aí nos envolvemos tanto que... bem, você lembra... acabamos na sua cama. E a partir daquele dia eu achei que você estava distante de mim porque tinha se arrependido de estar comigo – ele me disse com pausas e sorrisos constrangidos.
- Por que tivemos a mesma idéia estúpida no mesmo dia? – perguntei rindo, mas aborrecida comigo mesma.
- Não sei – ele falou com sinceridade. Ele ficou em silêncio e logo acrescentou: - Você me perdoa?
- Você se perdoaria? – eu quis saber.
- Não.
- Então por que eu deveria?
- Por que você é melhor do que eu – ele riu.
- Não sei se posso ser tão melhor assim... Por que você gosta de mim? Se é que você gosta mesmo de mim...
- O que te faz pensar que eu não gosto? Eu acabei de dizer que a amo, Marlene!
- Sei que você estava confuso, mas se me amasse tanto assim, teria cuidado de mim, mas você só me machucou.
- Eu sou um idiota – comentou.
- Eu sei disso – afirmei.
- Tudo bem, então quer saber por que amo de você? Porque você é minha única chance de melhorar, por que eu sinto que sou alguém melhor quando estou com você...
- Você ao menos me conhece? Sabe minha musica favorita? Sabe meu filme favorito? Minha comida favorita? Você sabe alguma coisa de mim? Tipo, de verdade.
- Pelo o que eu me lembro, nós conversamos bastante naquelas semanas.
- Como você gosta de alguém que só ficou junto por três semanas?
- Posso não saber sua música, filme, ou comida favoritos... Mas eu sei como você adora olhar pro céu, como você fica encantada com a lua, sei que você tapa a boca quando sorri por que odeia o jeito escandaloso que você abre a boca e isso torna o seu sorriso a coisa mais meiga que já vi. Sei como você diz tudo no olhar, sei como você adora assistir desenhos nas horas vagas, mesmo que isso a faça parecer infantil, e sei que odeia ser contrariada. Eu sei que você acredita no amor, mas odeia os romances e livros desse gênero. Sei que ouve todas as palavras do mundo e não se emociona, mas basta ouvi-las em uma música e começa a chorar. Enfim, eu não me preocupo em saber coisas banais sobre você, eu me preocupo em enxergar coisas nas quais ninguém pensa em ver. Eu a amo pelas pequenas coisas que existem em você.
Tudo bem, calma. Eu não comecei a chorar que nem aquelas personagens idiotas de filmes românticos. Eu continuei na cadeira, mas levei as mãos à boca.
Porque, ownsh, que coisa mais fofa!
Eu não era de me impressionar com palavras, mas aquelas... bem, aquelas eu tinha certeza que eram reais e que tinham vindo do fundo do coração de Sirius.
- Ah, Sirius! – exclamei, sem saber direito o que dizer.
Não sabia se aquilo era diretamente uma declaração de amor, ou apenas uma verbalização de palavras presas há muito tempo na garganta, mas eu tinha me apaixonado por aquilo.
Enfim, finalmente, eu tinha ganhado o que eu desejava.
Não somente o meu final feliz, ou o meu “Para Sempre”, mas também um futuro certo com a pessoa por quem tinha me apaixonado. E talvez Sirius tivesse sido o primeiro cara que verdadeiramente eu amara.
O primeirozinho.
- Bom, hm. Acabou o meu estoque de forças. É agora ou nunca, Marlene – ele me disse em uma voz contida.
- Eu achei que esperar por você fosse perda de tempo, mas acho que hoje é um dos dias mais felizes de minha vida – eu contei, totalmente absorta no momento.
Nós sorrimos.
- O que será que nos faz tão perfeito juntos?
- A sua idiotice e a minha imperfeição, com certeza – ri, aproximando-me fervorosamente de Sirius.
E o começo da minha noite se iniciou com um beijo completamente maravilhoso.
x.x.x
N/a: poxinha, pessoas :/ Sei que as férias nos impede um pouco de passar a maior parte do tempo na internet, mas eu senti falta de mais comentários. Ainda assim, muito obrigada aos que comentam, pois você preencheram a minha semana ((:
~bruna evans potter: awn, você sempre comenta. Muito obrigada, flor *-*
~luise mau: bem-vinda ao meu mundo, amor (: Faça bom proveito *-*
~Cecília Potter.: awn, awn. CIÇA, TE AMO *---* você é diiiva ao cubo ;)
~MayBlack: você sempre comenta *--* aprecio muito :) Você é um amor *-*
~Luna Volturi: bem-vinda também, flor *-* O seu comentário me deixou muito feliz (:
Nina H.
21/01/2011
Comentários (2)
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh eu sabia *-------------*Sabia que ele gostava dela tambémnossa fico feliz *--------* amei amei amei o capitulo flrbeijoos!
2012-09-10Nina! Se eu for parar no hospital enfartada por ser exatamente uma das bobas românticas e apaixonadas que a Lene odeia... Ainda assim eu vou estar feliz! :D e suspirando igual a uma idiota! Isso é lindo. Uma das histórias mais perfeitas que eu já li! Parabéns, linda, pela criatividade, a genialidade e a forma maravilhosa de nos fazer viajar! Beeijosssssss! *--* Vale cada segundo!!
2011-05-09