O suéter cor de telha

O suéter de Ron

 


 

Seu olhar permaneceu vidrado na porta do guarda-roupa aberta por muito tempo. Uma vontade de chorar comprimia sua garganta de forma dolorosa, parecia difícil mover qualquer músculo sem que as lágrimas caíssem.

 

- Mãe... – a voz da filha a fez desviar os olhos das prateleiras, agora vazias, dentro do guarda-roupa. Gina havia levado tudo, não deixara nenhuma peça de roupa dele. Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho, e ela a limpou depressa antes que Rose entrasse no quarto. – Mãe... – a garota parou e olhou para a mãe, notando sua expressão extremamente abatida – você está bem? – se aproximou da mulher, sentando na beirada da cama e segurando sua mão.

 

- Estou bem sim, filha. – Hermione notou que sua voz tremeu ao responder, mas a filha, sensível a sua dor, ignorou.

 

- A vovó está lá embaixo. Peço para ela subir ou você vai descer?

 

Hermione desviou os olhos para o guarda-roupa mais uma vez, e não foi capaz de refrear as lágrimas que tentava conter desde que acordara. Sucumbiu num choro descontrolado.

Viu o lábio inferior de Rose tremer antes de sentir os braços da filha a envolver num abraço muito apertado.

 

- Ele não vai mais voltar, nunca mais, Rose. – Disse como se aquelas palavras lhe rasgassem a garganta. Sentiu a filha a apertar com mais força.

 

Rose permaneceu muda. Aquela verdade também a feria de uma forma impiedosa. Seu pai, seu herói, aquele homem que sempre as faziam rir, que contava histórias para ela e Hugo dormir quando eram crianças, nunca mais lhe daria aquele beijo carinhoso ao chegar do trabalho. Ela nunca mais veria os olhos azuis e cheios de vida do pai. Não havia palavras para consolar sua mãe, pois partilhava da mesma dor que ela.

 

Ouviu um ruído na porta, e soltou-se da mãe. Sua avó, uma senhora muito idosa, gorducha e amável, estava parada na porta, olhando-as com os olhos brilhantes.

 

Rose, fez um gesto para avó se aproximar, e Molly as abraçou afetuosamente.

 

- Papai, não iria gostar de ver as três mulheres da vida dele chorando desse jeito. – disse Rose depois de vários minutos em que as três permaneceram em silêncio, tentando consolar umas as outras, com um tom de humor na voz, que lembrava muito o próprio pai.

 

- Ron, certamente ficaria horrorizado se precisasse consolar três mulheres choronas – disse Hermione tentando controlar os soluços que escapavam da sua garganta, sorrindo em meio as lágrimas.

 

- Ron foi um homem muito feliz, ao seu lado Hermione, obrigada por tudo que proporcionou ao meu menino – sentenciou Molly, alisando com carinho o rosto na nora.

 

- E ele me fez a mulher mais feliz do mundo. - Hermione levantou e andou até o guarda-roupa, abriu uma das portas que estava fechada e retirou um suéter cor de telha muito velho, em que se podia ver uma letra R bordada na frente, há muitos anos, guardara aquele suéter nas suas coisas. Ron havia emprestado a ela quando ainda estavam na escola, numa noite particularmente fria, e quando fora devolver ele disse que ela podia ficar com ele: “Eu tenho mais algumas dezenas de suéteres cor de telha com um R bordado”, lembrava-se das orelhas dele muito vermelhas e de si mesmo murmurando um obrigado, sentindo as bochechas corarem. Durante alguns anos, dormira todas as noites abraçada àquele suéter, imaginando como seria dormir e acordar ao lado de Ron, sentindo seu cheiro. – E vou amá-lo até o último dia da minha vida.

 

 

 

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N/A: Bem, não podemos ignorar, um dia isso iria acontecer! É triste, mas é o que acontece na vida real. Embora eles sejam parte da ficção, os considero muito reais!
Resolvi escrever essa Oneshot depois de ler uma Fic que me fez chorar copiosamente. Nunca queremos que aquilo que amamos acabe, mas vendo Ron e Hermione como algo quase palpável, o fim seria iminente.

Ok, estou no meu inferno astral e um pouco chateada admito, sem falar que hoje faz 4 anos que perdi meu pai. Enfim, desculpem se a Fic ficou muito deprê.
Comentários certamente me animarão :)

Bjs calorosos a todos!

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