Finais



FORÇAS DO DESTINO III


Capítulo 2 – Finais


 


-Hermione, espere! – Victor fora mais rápido; ao ver a movimentação da garota, segurou-lhe o braço, impedindo-a de partir. – Eu imploro pelo seu perdão. – disse-lhe olhando fundo em seus olhos. – Eu sei que não existe desculpa para isso, mas eu estava com medo, Hermione, eu também tive medo. Medo da das perdas que teria, medo da sua rejeição. Todos esses medos me impediram de falar a verdade.


A morena soltou o braço dos poderes do garoto, sem nada dizer. Sua expressão mostrava o que existia por dentro: toda a raiva que sentia estava a flor da pele, não guardava nenhuma parte dela apenas para si. Não queria mais ouvir as palavras do garoto, porém algo no olhar dele a fez acreditar que Victor não mentia e ela amoleceu, mudando assim sua expressão.


-Eu preciso pensar um pouco, depois conversamos. – ela disse enfim, tentando disfarçar que ele a convencera. A morena levantou; não sendo impedida por Victor, deu as costas a ele e seguiu em direção ao castelo. Já lá dentro, avistou nas escadas uma das únicas pessoas que não esperava encontrar tão cedo: Will. – O que faz aqui? – perguntou surpresa.


-Precisamos conversar. – a expressão séria de Will completava o tom de sua voz, assustando assim a garota. Will, seu empresário, era uma das pessoas mais alegres que conhecia; nunca até então o havia visto daquela maneira. Sem saber do que se tratava a conversa, Hermione guiou-o até uma sala de aula vazia, onde poderiam conversar com calma e a sós. – Você tem uma semana para deixar essa escola. – Will não perguntava, ele ordenava.


-Mas eu não posso largar a escola de novo no meio do semestre. Já fiz isso uma vez e me atrapalhou muito. – o tom de voz do homem assustara a garota, forçando-a a sentar enquanto respondia.


-Nós precisamos de você para os ensaios. Se não abandonar, serei forçado a te tirar da banda. – as palavras de Will soaram aos ouvidos de Hermione como uma ameaça. Se havia algo que a garota não suportava era que a ameaçassem.


-Pois que me tirem! Eu não me importo mais. – ela se levantou, ficando frente a frente com o senhor. Encarou-o com a maior frieza e dureza que conseguiu encontrar em seu interior.


-Ótimo. – ele disse ao entender a atitude da garota. Virando-se de costas, ele se encaminhou até a porta, mas antes de sair, voltou-se para a morena – Você se arrependerá disso, garota. – depois de um último olhar fulminante, retirou-se da sala, deixando Hermione sozinha.


Atormentada, a garota sentou em uma das cadeiras novamente. De fato, ela já havia decidido antes que deixaria a banda, afinal, participar de algo daquele gênero não fazia parte de sua essência, a qual ela decidira voltar quando terminara com o loiro. Por que então as lágrimas insistiam em cair e o peito teimava em doer? Ela era a Hermione de antes de virar uma celebridade, não era?


Não, não era. E nunca voltaria a ser antes que ela realmente colocasse um ponto final em tudo que ficou mal-entendido. Sair da banda, por mais que fosse doloroso, era um passo para isso. Perdoar Victor era outro. Aceitar seus novos pais era mais um. Reconstruir a amizade com Harry e Rony também fazia parte do caminho assim como muitas outras coisas. No entanto, nem que ela fizesse tudo que deveria, nada seria o suficiente se ela não desse um ponto final a dor que ainda sentia por todas as lembranças do que acontecera.


 


~~*


 


A morena correu do dormitório até o Salão Principal com dois pacotes embrulhados. Sabia que não precisava correr, mas ainda sim a ansiedade aumentava a velocidade de seus passos. Assim que chegou ao seu destino, parou a porta e procurou apenas com os olhos as duas pessoas que lhe interessavam; ao encontrar, dirigiu-se a elas.


Hermione jogou-se cansada ao banco ao lado de Harry, a frente de Rony. Ambos assustaram-se com a repentina aparição da garota, há muito não faziam nenhuma refeição com ela. A garota, no entanto, ignorou a expressão no rosto de ambos e ergueu um pacote na direção de cada com um sorriso enorme no rosto.


-O que é isso? – perguntou Harry, curioso.


-Não é nada que vai comer nossas cabeças, é?


-Não, Rony. É meu presente de Natal atrasado. Está comigo desde que voltei do recesso, mas não sabia como chegar em vocês para entregar. Bom, hoje eu descobri que não existe forma certa, era só dar, afinal somos amigos, não? – o sorriso e a segurança nas palavras da garota contagiaram Harry, que retribuiu o sorriso da amiga e abriu o presente sem cerimônias. – Não vai abrir o seu, Rony?


-Vou primeiro esperar para ver se não é nada que vai me matar.


Como deveria ter feito desde o começo, Hermione ignorou o amigo ruivo e voltou sua atenção para Harry, a fim de ver se gostara do presente. A expressão animada no rosto do moreno anunciava que sim.


-Um conjunto para cuidar da vassoura. Muito obrigada, Mione. – ainda sem cerimônias, o garoto abraçou a amiga; o calor do abraço de Harry fez com que ela se sentisse amada novamente.


-Eu ganhei um desse também? – o rosto curioso de Rony olhava para Mione, ansioso.


-Não, Rony. É um mini-dragão ai dentro do seu. – a garota respondeu, remexendo a varinha por dentro das vestes.


 


~~*


 


-Victor, espera um pouco. – a garota chamou o colega ao vê-lo de longe. Correu para alcançá-lo, tanto que ao chegar perto já estava sem fôlego. – Espera um pouco, deixa eu respirar. – ela disse, encostando-se na parede para descansar.


-Você está bem? – ele perguntou preocupado. A garota não respondeu, continuou respirando fundo; além de retomar o fôlego, procurava a coragem de dizer o que estava dentro de seu peito. Pronta, afastou-se da parede e fitou Victor, que a observava curioso. – O que foi? – a atitude de Hermione o deixara ansioso, queria saber o que ela tinha a lhe dizer.


-Eu te desculpo. – ela disse, enfim, olhando-o. – Mas você terá que recomeçar a amizade. Vamos voltar no tempo e começar tudo do zero, está certo? – o sorriso que Victor abriu foi o suficiente para Hermione compreender que ele aceitava, mesmo não sabendo tudo que estava em sua cabeça. – Tem uma condição, porém: nada de falar de casamento.


-Mas Hermione...


-Eu não pretendo me casar, então somos apenas amigos... Quero dizer, seremos.


O garoto a fitou por um instante, tentando entender o que realmente se passava em sua mente. No fundo, sabia que Hermione escondia algo, que ainda existiam coisas por trás dessa repentina mudança de comportamento. Não se importava, porém, com isso. Só o fato de ter o perdão e a amizade de Hermione de volta já era o suficiente para ele.


Por impulso, o garoto a abraçou. Entre os braços do amigo, ela sentiu o coração dele bater mais forte contra seu corpo, mais forte e mais rápido do que o seu próprio. Acalmada pelo ritmo das batidas do coração dele, a garota entregou-se aquele calor e retribuiu o abraço. Havia muito tempo que não abraçava alguém assim, ou era abraçada com tanto carinho. O abraço, porém, foi apenas um brinde que vinha junto com o que recebeu em seguida: não se contendo com ter a garota entre seus braços, Victor deu-lhe um beijo em seu rosto.


-Você é muito importante pra mim, gosto demais de você. Nunca se esqueça disso, promete? – ele pediu, dando-lhe em seguida um beijo na testa da garota. Sem reação, a morena prometeu que sempre se lembraria. Só então, após sua promessa, lembrou-se do beijo que Victor lhe dera antes de voltarem a Hogwarts. Confusa, ela se soltou dos braços do garoto e o olhou.


-Isso não é... – a confusão não era, no entanto, exclusiva da garota.


-O que foi?


Hermione não respondeu, no entanto. Pedindo desculpas, virou-se de costas e correu em direção do Salão Comunal da Grifinória, a cabeça e o coração brigando entre si. Era óbvio que ele a estava manipulando. Todas as atitudes, todos os gestos, todas as palavras, tudo em Victor denunciavam-no, e ainda sim, ela acreditava nele. O motivo? Ela não sabia.


Lágrimas teimavam em sair de seus olhos, mas a garota era mais forte, não iria chorar por isso. Ela apenas estava um pouco cega pela carência, mas ela enxergou a verdade a tempo de se safar. Não iria chorar!


Principalmente não depois de ver Malfoy ao final do corredor. A princípio pensou em mudar de caminho e fugir da presença dele, mas logo afastou essa idéia. Não poderia fugir dele para sempre; tinha que dar-lhe a outra face, mostrar que era superior a ele. E foi o que fez.


Diminuiu a velocidade do passo, e limpou o rosto rapidamente. Com a melhor expressão de distração que conseguiu forçar, passou ao lado dele, sem mirá-lo, trombando de propósito nele.


-Olha por onde anda, sangue-ruim. – os xingamentos de Draco Malfoy penetravam em seu cérebro de uma forma tão violenta que costumavam destruir sua auto-estima por completo, mas não naquele dia. Ela estava cansada de ser maltratada por ele. De fato, havia esbarrado nele de propósito para ter o prazer de finalmente encará-lo sem medo.


-Perdeu alguma coisa, fuinha? – havia muito que usava seu tom de desprezo com ninguém; nem sequer se lembrava como se sentia bem de usá-lo. Hermione olhou fundo nos olhos do loiro, desafiando-o a continuar. A mudança da atitude da garota obviamente o surpreendeu; ele apenas abriu um sorriso sarcástico e virou as costas para a garota.


Não fora a discussão mais longa que já teve com o garoto, nem de longe, mas Hermione sentiu como se tivesse vencido uma batalha sangrenta e importante. Abriu um sorriso triunfante ao ver o loiro oxigenado se afastar com seus colegas. O passo mais importante para a volta de Hermione Granger já estava dado, todos os outros viriam com o tempo.

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