único

Único.

 

Ela passava apressada pelas ruas, sem se importar de que poderia bater em alguém caso mantivesse o seu ritmo, mas ela podia, porque as ruas pareciam estar aptas para a pressa da morena já que não havia ninguém andando por ela. Não que ela fosse se importar se tivesse, de fato, sempre preferira ruas mais movimentadas, estar sozinha não era algo que ela apreciasse, por mais que ele sempre a deixasse assim, sozinha...

Ela ignorou o fato de saber que todos os pensamentos a levariam a ele, porque ela só sabia pensar nele, por mais que nunca fosse admitir isso a ninguém. Já fora um enorme sacrifício admitir para ela mesma. Orgulho? Talvez. Talvez eles fossem orgulhosos demais, mas isso não importava nas noites que passavam juntos, nem um pouco.

Afinal, ele não se importava em implorar para que ela fizesse o que ele queria, e ela fazia o mesmo. Ignoravam o fato de estar agindo as costas de todos, de ela sentir que estava fazendo algo errado. Não que fosse errado ao todo.

As pessoas já eram capazes de aceitar que Draco Malfoy não era ao todo tão ruim. Harry não gostava dele, e mesmo assim era capaz de dar um singelo “Olá” ao rapaz nas vezes que se encontravam no ministério. Não fora escolha de Malfoy se tornar um comensal. Fora obrigado, ao menos era o que dizia.

E apesar de Draco não ter mudado em nada a sua forma de agir, ele sempre andava com seu nariz empinado e agindo como se fosse superior a todos. Ele não era, e apesar de saber disso, mantia sua postura imponente. Ela ridículo, até. Mas ele não se importava.

Nem ela, talvez. Já que Hermione estava enganado a todos e mantendo seu... relacionamento? Talvez, ela não sabia. Algumas horas juntos poderia ser considerado um relacionamento?

Na verdade, “talvez” era uma das palavras mais usadas para descrever o que eles tinham. Talvez eles estivessem juntos, talvez eles gostassem um do outro, talvez eles fossem assumir algo (o que ela duvidava muito). E isso só deixava mais claro que o que eles tinham era incerto, sem futuro. Hermione não gostava disso, nem um pouco. Queria que ele fosse seu para sempre, apesar de saber que não diria isso a ele. Orgulho, isso era o que mais os afetava, e eles sabiam disso tanto quanto sabia que não iriam admitir isso. Era irônico, até.

Ela sabia que era errado deixar tudo isso de lado e ir aos encontros que eles marcavam. Mas ela sempre fazia isso, e estava fazendo isso nesse exato momento. Correndo, quase desesperada, para encontrar Draco. Ela parou e ponderou por um momento, deveria continuar? Então ela lembrou, já tentara resistir uma vez e foi inútil. Ele sempre a teria em seus braços.

Resolveu deixar de pensar, viver em um mundo que ela mesma criara. Um conto de fadas? Uma fantasia? Sim, era isso. Ela pensava demais, queria demais e não era assim que as coisas aconteciam. Sonhar não era ruim, mais ela se negava a viver em um mundo de sonhos que não se tornariam realidade, ele não mudaria por ela nem por ninguém. Na realidade, ele não mudaria nem por ele mesmo. Nunca.

Suspirou e entrou no já conhecido hotel trouxa. Quase riu ao lembrar da primeira vez que foram ali, incrivelmente, Malfoy não comentou nada sobre estar em um lugar trouxa, mas ela percebeu que o loiro ficara com o pé atrás antes de entrar ali. Bom, fora só essa vez, depois de perceber o quanto era bom ficar ali (na verdade, o quanto era bom estar ali com ela, sem ela o lugar era uma completa idiotice) ele não hesitava antes de pedir para ela encontra-lo naquele local.

Por ser um hotel trouxa pouco conhecido, ninguém saberia dos casuais encontros de Hermione Granger e Draco Malfoy. Eles poderiam se encontrar em suas própias casas, só que por precaução eles decidiram que era melhor não. Imagine se alguém os encontra. Seria um verdadeiro caos.

Ela chegou e as portas se abriram automaticamente, ela entrou e pediu a moça, Luísa, a chave de seu quarto. É claro que ela já a conhecia. Talvez pelas tantas vezes que Hermione e Draco estiveram lá.

- Aqui, srtª Granger.  – Hermione sorriu agradecida por não ter que falar mais nada. Ela já tinha todos os seus dados mesmo.

Subiu até o quarto no vigésimo andar, o último. Entrou no quarto já tão conhecido. Admitia que jamais deixara de se encantar pela beleza sutil do local. Jogou sua bolsa no sofá que havia no canto e seguiu para a cama de dossel que havia bem ao meio, se sentou na cama e soltou os cabelos tirou as sandálias e se deitou.

Ela quase adormeceu, mas no momento que fechou os olhos sentiu o cheiro tão conhecido por ela, o cheiro de Draco Malfoy.

Ao seu ver, Malfoy tinha um cheiro só dele, uma mistura de seus aromas preferidos, talvez, que faziam um cheiro único. Indescritível. Só ela era capaz de saber o quanto era bom.

Sorriu perversamente por dentro, ela já estava metida nessa historia, então porque não aproveitar? Brincar com Draco era perigoso, mas ela gostava.

Ele se aproximou, para roubar um beijo dela. Ela o repeliu, ele resmungou algo.

- Precisamos conversar.

- Sabe, Granger, eu odeio conversar e você sabe disso. – Ela o ignorou. – Nosso lance é mais físico do que mental. Achei que você sabia disso. – Ele deu um sorriso safado, tão característico dele.

Ele estava certo, se eles fossem levar o que tinham para o lado da sanidade, eles não estariam juntos. Porque não era certo. Nunca seria.

- Não importa Malfoy. Eu quero acabar com isso. – Ele revirou os olhos.

- Não comece Granger. Sabe que odeio esses chiliques. – Eu me joguei na cama com uma expressão irritada. Eu deveria ganhar o Oscar de melhor atriz.

- Draco! Isso é errado. Eu não faço coisas erradas. – Ele resmungou algo eu quis rir, mais apenas mantive minha expressão.

- Oh, claro. Esqueci que você é a srtª. Perfeita. – Ironia. Simples.

- Eu sou! Draco, tudo é perfeito na minha vida. – Ele se virou de costas para mim. – Ao menos, tudo era perfeito antes de você.

Ela sussurrou a ultima frase, mais ele ouviu. Ela sabia, esse era o objetivo. Ela sorriu internamente ao ver a expressão de fúria do sonserino.

- Como assim, Granger? Vai me dizer que nossos dias não são perfeitos? Que as poucas horas que passamos aqui não são as melhores do seu dia? – Ele estava irritado, ela gostava disso. - Ah, quer saber? Eu odeio esses seus ataques.

Ela iria falar algo, mas foi calada pelo beijo febril do sonserino. Ele exigia demais dela, e ela gostava disso. Mas ela o estava provocando, certo? Certo. Então ela mordeu com força a boca dele, e ele resmungou.

- Ouch, Granger. – Ele estava ainda mais irritado. Eu quase gargalhei de felicidade.

- Me larga, Draco. Eu estou indo. – O empurrei e peguei minha bolsa.

Não seria tão fácil, mas quem disse que eu queria que fosse?

Ele me pegou pela cintura e grudou meu corpo ao dele. Eu sorri. Ele jogou meu cabelo para o lado, expondo meu pescoço. Então ele se aproximou e ao mero toque de seus lábios contra o pescoço alvo, ela estremeceu. Ele sorriu.

- Fica, Granger. Você sabe que não vai se arrepender. – Ela sabia. Não se arrependeria, não agora.

A morena sorriu e jogou a bolsa de lado, sabendo que ele iria punir ela pela cena de abandono. Ela se virou para ele e ele tomou os lábios dela com fúria. Seu castigo. Talvez ela fosse admitir que gostava do jeito que as coisas estavam. Gostava de ver o loiro deixar os seus conceitos de lado e pedir pra ela ficar. Gostava dessa insanidade.

E, no fundo de sua mente, deixava a fantasia deles juntos, com todos sabendo, e sendo felizes em uma casa a beira da praia, continuar rolando. Não iria se prender a ela.

Porque ele não mudaria por ela. Nunca. E ela não viveria em um mundo de fantasias.

 

fim

 

N/A: Curtinha, mas eu gostei taanto dela *-* Foi meio que um surto, mais enfim. O que vale aqui é a opinião de vocês! Comentem, ok? Eu quero mesmo saber o que vocês acharam.

Beeijos.

 May.

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