#capítulo quatro



Capítulo Quatro
Ou
Singin’ Drunken Lullabies


- E agora? – Dorcas quis saber.


Era a quarta vez que a menina indagava a mesma coisa em menos de uma hora. Desde que a Princesa fora atacada, o clima tenso abalou Dorcas de um modo soturno, deixando-a aborrecida e mal-humorada (como quase sempre).


- Agora o quê? – Marlene franziu a testa, tentando secar o suor brilhante que banhava sua face delicada.


Dorcas revirou os olhos escuros. Irritava-se com a lerdeza da amiga.


- Já estamos perto? – perguntou incisiva e com selvageria.


- Quase. A floresta de coníferas ainda não passou – Marlene disse, apontando para as árvores aciculifoliadas.


Dorcas, mais uma vez, expirou aborrecida, demonstrando sua irritabilidade exposta.


- Só mais alguns passos, Dorcas – Lily lhe consolou.


- Só mais algumas léguas, você quer dizer – a outra retrucou, mais do que mal-humorada.


Lily e Marlene se entreolharam, rapidamente. Ambas sorriram e reviraram os olhos. Dorcas era sempre um pesadelo.


- E depois dessa floresta? Já estaremos no rumo? – Dorcas mudou a pergunta, mas obviamente a essência era a mesma.


- Já estamos no rumo – James a lembrou, ou ao menos tentou se convencer disso. Já estavam mesmo no rumo?


James, permanecendo tão distante de casa há anos, apenas se recordava da torre Gaala. As árvores e a relva eram sempre constantes em seu horizonte, dificultando assim seu paradeiro real. Para onde olhasse encontrava o mesmo tipo de vegetação e não gostava de pensar que andava em círculos a todo instante.


- Não é o que parece e o que creio, Sr. Cavaleiro – aos arrancos, Dorcas guinchou.


- A viagem seria bem mais apreciada se você não reclamasse a todo momento – Lily lhe avisou.


- Bem, você não deveria ter confiado em Marlene e nesse homem – a morena retrucou a Princesa, sempre com a face carregada.


- Eu sei para onde estamos indo – Marlene se defendeu com a voz ingênua.


- Está vendo? É capaz de cairmos em mais uma armadilha dos bárbaros e que viremos sopa – Dorcas riu amarga e maldosamente.


- Quer parar de ser tão pessimista? – Marlene indagou seriamente se irritando.


- Bem, eu saí de casa achando que acabaria em um lugar seguro, e de repente me vejo confiando em um homem que precisa matar a minha Princesa e andando e mais andando para lugar algum apenas para fingir que estou de acordo com a decisão da Princesa.


- Se achas que és tão boa longe de mim, então faça-nos o favor de correr daqui – a Princesa prontamente lhe alfinetou.


- É, e semanas depois fico sabendo que vocês duas foram mortas por qualquer um que passou por vocês. Isso que esse Cavaleiro não fizer o trabalho antes dos outros – Dorcas apontou para James com desprezo.


- Está bem! – James exclamou – Eu confesso que minha linha de pensamento inicial não era acabar preso com três meninas completamente insanas; uma que só sabe reclamar, outra que acha que está nos guiando para algum lugar, e outra que... – James olhou para Lily, sem saber em que a mal-dizer – Bem, é uma Princesa! – terminou furioso – Porém, encares isso como uma artimanha de sobrevivência. Eu não continuarei sem vocês, assim como sem mim, vocês virarão carne assada!


- Ah, muito obrigada por me recordar que virarei carne assada! – Dorcas gritou.


- Shiiiiiu! – Lily apressou-se para avisá-los – Mais baixo, por favor!


- A questão é que precisamos conviver com as diferenças e nos proteger da melhor forma – James terminou.


Dorcas fez um minuto de silêncio. Era certo que não se davam bem, exceto por James e a Princesa. Aparentemente, após o episódio do homenzinho gorducho com a espada, Lily tinha abaixado a guarda um pouco, permitindo aceitar a convivência de bom grado.


Algumas vezes, promessas ligavam moradores tão fortemente que mesmo depois de décadas, o sentimento remanescente do juramento permanecia. Não era amor, não era compaixão. Era honra. Alguns sentimentos eram mais superestimados do que outros.


- Eu não gosto de você, Potter – Dorcas disse, por fim.


- Não estou lhe pedindo confiança ou compaixão. Apenas que sejas paciente – James conduziu a conversa em um tom mais calmo.


- Paciência é uma coisa que não faz parte de mim – a morena objetou com as sobrancelhas unidas.


Marlene, Lily e James suspiraram. Nada podiam dizer para amenizar o coração feroz de Dorcas. Ela, desde pequena, tinha um gênio difícil de lidar. Inclusive seu pai, o Boticário, reclamava da selvageria incontrolável da menina.


- Percebi, querida donzela – James gracejou, tentando acalmar o clima.


Não funcionou. Dorcas só se enfureceu ainda mais. No entanto, Marlene e Lily esconderam os sorrisos.


Com o Sol à quase oeste, quase se recolhendo, o grupo parou novamente.


- Se temos que passar por isso juntos, é melhor vocês respeitarem as minhas condições físicas – Dorcas se queixou, manhosa.


- Você tem tuas pernas, podes muito bem caminhar como sempre, Dorcas – Lily observou.


Dorcas lançou à Princesa um olhar penetrante e frio.


- Certo, desculpe-me – Lily revirou os olhos, manifestando sua impaciência, mas ainda sim, também seu lamento.


- Descansamos um pouco e logo seguimos, okay? – James sugeriu, tranqüilo, juntando as mãos.


- A floresta está quase acabando, podem ver o final do caminho? – Marlene apontou por entre as árvores com cheiro de pinho; todos assentiram – A relva, pelo o que sei, é curta. Então em menos de um dois dias estaremos no Rio.


- Dois dias? – Dorcas riu, não acreditando. Parecia extremamente furiosa.


- Não há como chegar mais rápido, Dorcas – Marlene se desculpou, com a voz diminuída.


- Sinceramente, Lily, por que me chamou para vir caminhar por tanto tempo? Eu poderia estar muito mais segura com meu pai – Dorcas se dirigiu a Princesa, com as mãos na cintura, bastante propensa a explodir de vez.


- Não, não poderia – Lily impugnou – Teu pai agora, provavelmente, está bem em algum lugar que você detestaria, embora meu pai esteja cuidando de tudo. Prometeu-me deixar o povoado a salvo.


- E eu poderia ter ido com ele a um lugar a salvo.


- Eu precisava de você, está bem? – Lily gritou.


James logo se pôs em alerta. Com o Sol pronto para se deitar, o ambiente ficava muito mais vulnerável e suscetível a ataques.


- Para quê? Para me ouvir reclamar a todo instante?


- Eu sei que você reclamaria de qualquer modo.


Dorcas suspirou e sentou-se na terra úmida. Seu corpo reclamava de dores nas pernas e na cabeça. Não se alimentava desde manhã, antes da Princesa ter despertado. Precisava se sustentar direito, embora seu corpo lhe dissesse para dormir. Sabia que não teria tempo para adormecer por alguns minutos; não conseguiria. O chão frio e meio enlameado repeliria qualquer tipo de relaxamento. Lily e James já tinham planejado os dias, não seria necessário atrasá-los ainda mais. E se James tinha algum tipo de horizonte em mente não admitiria alternativas de rotas. O Rio do Pó estava perto, não podiam parar naquele trajeto.


- Não nasci para caminhar tanto, sabem – Dorcas disse.


- Precisamos de você. Você sabe que já teríamos morrido de fome sem você – Lily tentou fazer as coisas se acertarem, se assentarem. Não era uma mentira muito grande; a parte de morrer de fome era, sim. Lily sabia que as pessoas morriam mais se desidratação do que de desnutrição. Mas a parte de que realmente precisavam de Dorcas não era. Ela era tão essencial para a manutenção da sobrevivência de todos ali, que se partisse naquele momento, apesar das reclamações, as coisas poderiam ficar bem piores. As geléias não estavam propriamente terminando e se encontrassem um riacho próximo, a água poderia ser reabastecida com extrema facilidade. Porém, se Dorcas decidisse abortar a missão tudo se complicaria ainda mais.


- Tudo bem, entendi – Dorcas se deu por vencida, revirando os olhos com descaso.


- Perfeito – James disse, aprovando – Agora nada mais de gritos, certos, meninas? – quando as três se viraram para ele, curiosas, James deu de ombros: - Está anoitecendo. Se sermos mais uma vez atacados, estarei convencido de que foi por conto dos berros de vocês.


- Podemos dormir? – Dorcas perguntou.


- Acho melhor não.


- Tem uma caverna lá perto, estão vendo? Acho que é uma caverna – Dorcas apontou para o rochedo saliente.


- O quê? Ali? – Lily olhou.


- É, está vendo?


- Aquilo são plantas, Dorcas.


- São, exatamente. Mas nascem lá em cima e caem por toda aquela extensão – Dorcas explicou – Venham.


- Opa. Esperem. Como sabe sobre isso? Como sabe que não é uma armadilha? – James ficou cético.


- É uma armadilha. Uma camuflagem. E sei disso porque sou filha de um boticário; sei tudo sobre as plantas da região. Papai me leva nas expedições dele.


Lily olhou para James, contestando a hesitação do rapaz.


- Não sei se é uma boa idéia – ele disse por fim.


- Precisamos descansar. Não paramos nenhuma vez desde manhã – Lily aconselhou.


- São mais dois dias. Não podemos simplesmente parar para dormir.


- Devemos dormir, James – Lily lhe disse – Como achas que iremos conseguir chegar até lá sem algumas horas de sono? Aliás, sou Princesa e quero dormir.


James passou os olhos pelas três moças. A cada hora surgia um contratempo diferente, impedindo-o de chegar mais rápido até o Rio. Por isso gostava de viajar sozinho.


James, então, esmoreceu o rosto, em sinal de derrota.


- Tudo bem, iremos até lá, mas se Dorcas estiver errada, continuaremos por mais algum tempo, certo? – James propôs.


- Combinado – as três disseram.


A caverna não ficava a muitos metros da clareira que o grupo se encontrava. Andar até lá, para Lily, era como uma vitória. Confiava em Dorcas e, por mais que não conhecesse plantas usadas para camuflar locais e até mesmo grutas, sabia que a amiga estava certa.


Marlene abriu o véu verde que descia das gramíneas ralas do alto da rocha e revelou um local claro escurecido quase por total atrás dele.


Caverna.


Vazia.


Abandonada.


- Muito bem, acho que estaremos seguras aqui – Marlene julgou, passando os olhos pela poeira que reluzia por causa da pouca luz que restava nos céus.


- Esse lugar fede – James disse.


Lily riu baixo, mas escondeu isso.


- É melhor do que ficar lá fora, não é?


- Olhem. Não é uma caverna. É uma passagem – Marlene disse.


- O quê? – Dorcas, Lily e James fizeram.


- Tem o outro lado da abertura.


Correram para onde Marlene estava em pé, deslizando os dedos pelas folhas da cascata de plantas.


- Isso não é bom – James falou – Isso quer dizer que temos que ter o dobro de cuidado.


- Esse lugar é escondido. Ninguém vem para cá. Só forasteiros – Dorcas disse.


- Nós estamos aqui e não somos forasteiros – James lembrou-lhe.


- Bem estamos só de passagem, certo?


- Por quê? Pretende morar aqui? – James riu.


Ela fechou a cara.


- É melhor eu ir procurar algo para acender uma fogueira – James comunicou, dando as costas para as meninas.


Lily viu como Marlene e Dorcas estavam discutido sobre as condições da caverna e saiu atrás de James.


- Hum-hum – ela fez, indicando que não pretendia incomodar muito.


- Ah, então – ele comentou, inutilmente – Como está se sentindo, Princesa?


A pergunta pegou Lily de surpresa. Abriu os lábios e os apertou; não sabia qual resposta dar.


- Hm, não sei bem ao certo – ela riu fraco e olhou se esguelha para James – E você?


- Estou cansado. Senti-me atravancando vocês, pois sei que querem dormir. Desculpe-me. Também quero descasar um pouco – James falou vagarosamente, quase acanhado.


- Caminhar não é muito fácil – Lily comentou – Papai anda a cavalo.


- Seria vantajoso um bom cavalo. Infelizmente o meu foi roubado.


Lily assentiu; estava cansada demais para dar continuidade a qualquer conversa.


- Acha que conseguimos chegar em dois dias? – ela quis saber, só por falar.


- Estou torcendo para que consigamos – ele admitiu.


- Aqui, estes são maiores – Lily abaixou-se sobre os galhos mais secos e mais grossos sobre a terra inundada de folhinhas minúsculas.


James e a Princesa cataram mais daqueles galhos fortes e regressaram à cabana rochosa.


- Eu faço a fogueira – James disse já se sentando no chão empoeirado e colidindo pedras lascadas e irregulares que achara na floresta.


As meninas juntaram-se a James, de boa vontade. Dorcas tinha parado de reclamar.


Com o fogo à vista e bruxuleando a frente dos rostos de todos, a Princesa suspirou, lívida de cansaço.


- Estou com fome – disse.


A comida, que ainda estava conservada, foi dividida (não por inteira) entre eles.


Marlene e Dorcas se encostaram, sentadas, nas paredes da gruta, esperando repousarem.


- Tu dormes um pouco agora e mais tarde eu o chamo para prosseguir com a vigia, está bem? – Lily cochichou a James.


- Não, tu já ficaste acordada boa parte da noite ontem. Não é muito justo contigo – James negou.


- A minha vida nunca foi muito justa, James – Lily lhe disse em tom sôfrego – Tu podes achar que sim, porque sou Princesa, mas por isso mesmo que minha vida não é nem de longe perfeita ou justa.


- Ao menos tens pais – ele disse.


- Que é quase como se não os tivesse. Eles estão tão ocupados com o reino e com os negócios que acham que o melhor que podem fazer é me preparar para sumir o posto de minha mãe. Mas tudo o que eu realmente queria era só um pouco mais de amor – Lily confessou baixo.


- Entendo, também não tenho muito amor em minha vida.


Ambos ficaram quietos, absorvendo a verdade daquelas palavras.


- Bem, dormes que logo o acordo – Lily lhe assegurou.


James achou melhor não discutir e acatar o pedido da Princesa. Afinal, ela tinha um grande poder sobre ele.


Lily foi se juntar às amigas.


- E se ele não acordar? – Dorcas ficou curiosa quanto a isso.


- Revezamos entre nós, okay? – Lily disse, observando James amontoar a bolsa de pano que carregava no chão de um jeito que ela ficasse confortável debaixo de sua cabeça.


Dorcas olhou bem para Lily. O que estava acontecendo?


- Você... acredita nele? – Dorcas lhe indagou.


Lily rapidamente virou a cabeça para a amiga.


- Precisamos mutuamente um do outro, então por que não acreditar?


- Por que, talvez, ele irá matá-la no final, sem nem pestanejar? – a outra devolveu, arriscando.


A Princesa voltou seus olhos para o Cavaleiro.


- Duvido muito – falou, sentindo-se enfim bem consigo mesma naquele lugar. Parecia-lhe aconchegante.


Então, a conversa morreu. Dorcas e Marlene tombaram as cabeças e logo adormeceram, tal como James.


Lily permaneceu fazendo força para continuar alerta. Sabia que qualquer erro de atenção, arriscaria as vidas de todos.


O dia seguinte os acordou fazendo barulho.


Os olhos dos quatro se abriram assustados e James logo empunhou a espada, aguardando qualquer violência gratuita.


- Será que é um bicho? – cochichou Dorcas, levando um cutucão doloroso de Lily, que prendia a respiração.


Ouviram alguém falar. Parecia enrolar a língua.


- Vou lá fora – James avisou.


- Não, James. E se for um... – Lily tentou interceptá-lo, segurando-o pela camisa.


Mas James já tinha dado mais alguns passos e já passava pelas plantas.


Lily e as meninas esperaram. Lily gelara por dentro e seus batimentos cardíacos se elevaram ainda mais depois que James deixou a caverna.


James olhou para os lados. Nadinha. Caminhou mais um pouco e logo viu.


Um estranho. Bastante estranho, pensou ele.


O homem trajava uma capa e roupas de linho. Carregava uma espada, que descansava ao lado de seu corpo sentado na terra, encostado em um tronco de árvore. Seu chapéu estava em seu rosto, cobrindo-lhe a face.


- Olá? – James disse, mas seu tom saiu como uma indagação.


O homem levou um susto. A princípio não soube o que fazer, então rapidamente retirou o chapéu sobre os olhos e tentou agarrar sua espada, que lhe escapou de mãos.


Como James não estava apontando a sua para o rapaz, este apenas o olhou.


- Bom dia – o homem lhe disse.


“Bom dia”?


James franziu muito a testa, desejando não resvalar sobre o chão. Aquilo era suspeito.


- O que fazes por aqui? – James lhe inquiriu com autoridade.


O rapaz inclinou a cabeça e deixou a espada de lado, de vez. Pareceu-lhe extremamente desleixado e tranqüilo.


- Estou caçando um cavalo – ele lhe respondeu, embora seu tom estivesse encharcado de sarcasmo.


- O quê? – James não entendeu.


O outro suspirou, enfezado.


- Estou tentando descansar, não vê? – resmungou.


- Ah – James falou – E o que queres?


James ouviu risos de escárnio.


- O que todos querem. Tesouros. Mulheres. Tesouros...


James não ficou satisfeito com a resposta.


- És de onde?


- Por que pergunta? – o outro quis saber, sem demonstrar curiosidade.


- Estás em meu território.


- Você é dono desse fim de mundo? – o outro manifestou a primeira expressão, permitindo-se ficar surpreso.


- Claro que não moro aqui. Estou também de passagem, mas passei a noite aqui.


O homem não demonstrava periculosidade maior. James abaixou a lâmina da espada.


- Ah, entendi – o rapaz respondeu a James.


- E você? O que querer?


- O que eu quer...? – James repetiu a pergunta, sendo surpreendido; ficou sério e pensou – Bem... quero muitas coisas.


- Tesouros diversos?


- Não. O meu tesouro não se pode conquistar e ser colocado em um saco – James lhe corrigiu.


- Que tipo de tesouro é, então? Ah – o homem do chapéu falou, em tom de entendimento – Mulheres.


James rolou os olhos.


- Não, nada de mulheres.


- Navios? – sua voz saiu presunçosa.


- Não! Meu pai.


- Seu pai? Por que quer a seu pai se pode pedir mulheres?


- Não! – James exclamou de novo – É a honra dele que procuro!


- Ah, uma antiga promessa, não? – o outro soltou um sorrisinho de zombaria – Já fiz muitas e nunca as cumpri. Todos querem me matar, mesmo.


Isso mudou o rumo dos pensamentos de James.


- Ah é? E por quê?


- Sou um bucaneiro – o homem deu de ombros, como se tivesse piedade de si mesmo.


James achou melhor deixar o pirata sozinho, depois dessa.


- Aliás, eu era um capitão.


- Tinhas um navio?


- Tomaram-me. O Império Espanhol.


- És da Espanha? – James olhou-o admirado. O pirata tinha cortado o mar e desejava descansar no Vale como se fosse apenas mais um?


- Exato – o outro confirmou.


- Tens nome?


- Black. Sirius Black. Capitão, quero dizer. Poruqe, como já lhe disse, sou um capitão.


James não desejou apertar a mão daquele capitão.


- Hm, seja bem-vindo ao Reino de Lythis – James lhe cumprimentou com um aceno.


- Pois bem – Sirius Black repetiu o aceno com o chapéu – E você?


- O que tenho eu?


- Seu nome, marinheiro.


- Ah. James Potter.


- Prazer em conhecê-lo. Agora volte de onde saiu, porque preciso descansar – Sirius Black lhe disse.


- Não, nada disso.


- Como é?


Idéia louca, James sabia, mas era necessário. Capitães sempre valiam algo.


- Junte-se a nós – James falou.


- Pensei que estivesse sozinho.


- Não estou. Algumas damas estão comigo.


- Que tipo de damas? – as sobrancelhas de Sirius se arquearam, interessadas.


- O do tipo... damas – James respondeu sem entender.


- Ah. E por que eu iria me juntar a vocês?


- O que quer em troca?


- Por quê? Isso é um acordo?


- Pode ser que sim, se souber cooperar – James lhe garantiu – O que quer em troca? – repetiu.


- Meu navio de volta e liberdade nos mares espanhóis.


- Mas a Espanha não fica perto!


- É o que quero – Sirius lhe falou, como se dissesse “É tudo ou nada”.


James expirou, pensando com muita rapidez. Não podia deixar aquela oportunidade escapar.


- Bem... carrego uma Princesa.


- O quê? Uma Princesa? Eu não conheço princesas.


- Ela pode ajudá-lo.


- Por que quereria a ajuda de uma Princesa?


- Porque... ela é uma Princesa! – James lhe atirou a resposta de maus modos – Ela pode ajudá-lo com a Espanha.


- É mesmo?


- Ela tem tanto poder assim?


- Creio que sim.


- Bem, se é assim... onde a Princesa se encontra? Iremos seqüestrá-la?


- Não! Ela está comigo, não ouviu?


- Ah, melhor.


- Venha – James lhe chamou, guiando-o para a caverna.


- Vocês moram aqui? – Sirius Black perguntou com voz de riso.


- Claro que não. Estamos de passagem. Já disse isso.


- Ah. Okay.


A primeira coisa que James viu ao se livrar das plantas que caíam como uma cortina pela abertura da gruta, foram cabelos ruivos e olhos verdes.


- Ah, por Artemis! Tu estás vivo! – a Princesa exclamou.


- Acalme-se – James pediu – Alguém quer conhecê-la.


- É? – Lily deu um passo para trás, tentando se esconder.


Sirius Black apareceu, sorrindo.


- Olá – ele disse.


 As meninas encararam o pirata com curiosidade.


- Se me ajudar, ajudo a vocês – Sirius disse.


- O que queres? – Lily perguntou.


- A minha liberdade.


Liberdade, Lily sabia, era um tesouro que poucos possuíam e ela bem sabia daquilo. 


:::

N/a: oi, meus lindos *-* Demorei um pouco mais, é verdade. Mas eu estava escrevendo, sério, rsrs *-* Me diverti ao escrever esse capítulo *-* O Sirius é um pirata, uia, gamei *--* É, eu nem gosto de piratas, rsrs *-*
#ps: comentem, comentem e mais comentem. Os comentários me estimulam a escrever *-*
#ps: obrigada aos que vêm comentando, sério. Me deixa muito feliz.

Nina H.


25/01/2011


 

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