Boa moça - Parte 1
A maldita noite havia chegado. Com todas as suas estrelas, com aquela lua cheia e aquele maldito calor. Esteve emburrado durante todo o dia tentando empurrar para o fundo de sua mente os ''se'' . Se não estivesssem brigados , se fossem a festa juntos; se ele tomasse coragem naquela noite estranhamente perfeita para o que poderia ter sido. O que poderia estar sendo. Mas não era. Estava sentado numa poltrona perto da janela, irritado com as conversas,as risadas e gritos no salão comunal. Até sua grudenta namorada tinha achado por bem se afastar dele diante de seu péssimo humor.
Passou as mãos pelos cabelos em agonia, abriu uns botões da camisa que usava se sentindo sufocado. Respirou fundo, tentando apagar da sua memória a imagem dela.
De sua intocavél beleza desfilando pelo salão comunal com aquele vestido perfeitamente harmonioso em seu corpo, com seus olhos castanhos desenhados por um lápis carvão, os cabelos cacheados soltos balançando ao sabor do vento. E por que diabos seus lábios pareciam tão molhados? Ela parecia tão intocavél, um pedestal afastava Hermione Granger do resto dos mortais. Ela e toda sua arrogância, falsidade,prepotência e bagagem de boa moça.
Ela não tinha nada de boa moça, absolutamente nada. Além da carinha de anjo. Lembrou de seu olhar decidido ao passar naquele salão e do súbito medo que lhe tomou ao constatar isso. Seus passos duros mesmo no salto alto, o queixo erguido a expressão dura. McLangge... Oh merlin, seu engomados cabelos louros, o sorriso convencido,suas mãos enormes, aquele olhar não escondia dele suas intenções...
Num rompante saiu pelo quadro da mulher gorda, sentiu o olhar de Lilá sob suas costas, mas saiu sem rumo pelos corredores frios que de alguma forma pareciam aplacar sua raiva. Parou abruptamente, lá vinha ela. Parecia aflita e desgrenhada. Passava os olhos pelos corredores ansiosa, deveria estar procurando por Córmaco. Assim que olhou para para frente ela o enxergou,mas continou caminhando desenbalada pelo corredor como se ele fosse umas das armaduras. Ódio se avolumou em seu peito, podia imaginar porque ela estava daquele jeito. Deveria estar se agarrando com aquele miseravel.
Fechou os punhos, ele havia passado as mãos sob seu corpo, embrenhado os dedos entre seus cachos , colado seu boca na dela, sentido as mãos pequenas acariciarem seus braços e bagunçarem seu impecavel cabelo engomado.
Antes que pudesse pensar com clareza se viu andando a seu lado. Podia sentir o rosto queimando de fúria.
- Se divertiu muita na festa não foi ? Recebeu um olhar fulminante como resposta. Vibrou com aquilo, finalmente algo além da indiferença nos olhos dela. Parecia loucura que depois de tantas semanas sem se falarem ele tinha iniciado uma conversa que só tinha um propósito; fazê-la perder o controle, sair de seu castelo de gelo. Queria ver fogo em sua íris castanha.
- Está procurando pelo Mclangge? Foi tão rápido assim!? Ela parou abruptamente e seu olhar fez eletricidade correr por suas veias.
- Com... com quem você pensa que está falando? Você perdeu a noção?! O dedo em riste apontado para seu peito lhe lembrou do quanto ela era boa em comprar briga.
- Calma, eu só queria ajudar. Toma cuidado para o Filch não pegar vocês por aí aos amassos... Pelo visto a festa foi animada. Disse observando-a mais de perto, seus cabelos estavam bagunçados e seu vestido levemente torto. Cínica!
- Porque você quer tanto saber? Porque você não vai cuidar da sua vida? Se quer saber a festa foi muito divertida... Sentiu o veneno em sua voz, mas ela mentia. Sabia que ela mentia. Mesmo assim não era a pessoa mais controlada do mundo, queria tanto tirar aquela expressão satisfeita do rosto dela.
Agarrou seu braço esquerdo com força, Hermione pareceu além de assustada, indignada. E definitivamente aquela expressão era bem melhor do que a satisfeita.
- Eu não sabia que você era assim... ele disse perto o suficiente para sentir o perfume dela. Percebeu que a pele morena estava arrepiada.
- Assim como Ronald? Uma pessoa que sabe aproveitar as boas companhias? Sua voz saiu em tom baixo cortando e ferindo seu peito.
- Eu sei bem as companhias que você sabe aproveitar; de jogadores de quadribol, ricos e imbecis.
- Você só esqueceu de acrescentar uma coisa, não qualquer jogador, apenas os bons. Queria que ela se calasse, que sua voz não saísse tão baixa e sedutora como o chiado de uma cobra, que de sua boca não saísse aquelas coisas ruins de se ouvir. Olhou bem nos olhos dela, sabendo que ela identificava seus sinais de descontrole. Intensificou o aperto em seu braço e sentiu que ela tremia sob seus dedos.
Os lábios continuavam tão molhados como em outrora. E eles pareciam imãs , atraindo, convidando os seus. E este foi um convite que ele nem pensou em recusar. Colou seus lábios nos dela, sentindo o coração bater com força no peito. Era emoção,saudade, paixão e o reconhecimento de todos os motivos para aquilo ser tão errado e tão certo.
Ela empurrou seu peito com força sem conseguir afastá-lo de fato. Partiu os lábios dela com a língua,no entanto ela cerrou os lábios não lhe permitindo explorar sua boca, já devia saber ela era demasiadamente teimosa. Não desistiu, prendeu os braços dela entre seu peito e enlaçou seu corpo. Insistiu, sentido que ela cedia. Se ela jogasse uma avada nele depois, morreria feliz. Sentiu um estremecimento passar pelo corpo dela tão junto ao seu quando reinvidicou aquela boca com força.
Se asseguraria que Hermione nunca mais lembrasse como foi beijar Krum e McLangge. Queria que seu gosto e a lembrança daquele beijo a marcassem como fogo. Fogo. Nunca tinha entendido aquelas metáforas estranhas de amor. Nunca até aquele momento. Nunca até ter sentido aquela loucura toda. Beijar Lilá era como sentir uma brisa refrescante num dia de verão. Mas beijar Hermione era sentir o vento passar pelo rosto montado numa Nimbus 2000 no olho de um furacão.
Era desleal, mas não podia deixar de comparar os únicos beijos que conhecia. Com Lilá tudo era sempre monotóno, cansativo depois de algum tempo: sempre os mesmos toques, a mesma pressão entre os corpos o mesmo calor morno. Com Hermione se via a beira da combustão, a surpresa e o estremecimento cada vez que suas mãos, agora livres, apertavam suas costas, deslizavam e puxavam seus cabelos. E também o medo de que ela com as mãos livres usasse a varinha para se livrar dele. A inquietude do beijo cheio de línguas,saliva e e lábios. Aquele abraço de corpo e alma...
Tentou deixar as mãos quietas em suas costas apenas para garantir que ela não se afastasse, mas não conseguiu. Não a tendo tão perto, não sabendo que aquela era a primeira vez que tinha seu corpo ao alcançe de suas mãos sem restrição. Desceu uma das mãos até sua cintura, sentindo-se todo poderoso. Como um escultor que contornava com dedos tremulos a sua mais formosa obra de arte. A outra mão subiu até seus cabelos, saciando o desejo de afundar os dedos naqueles cachos maravilhosos. Hermione produziu um som abafado pelo beijo que fez com que seu corpo todo se contraisse. Ela mordeu seu lábio inferior e foi tomado por breve torpor, agora foi sua vez de gemer não tão discretamente como ela. Aquela menina, não, aquela mulher queria seu sangue. Não podia negar, também queria tudo dela, seu gosto, sua fúria, sua saliva, seu desespero, seu corpo e seu amor.
Sentiu seu peito se comprimir. Talvez aquilo nunca mais se repetisse, talvez vivesse com essa lembrança para sempre. Não podia deixá-la ir. Apertou o abraço sendo correspondido com o mesmo desespero. Antagonicamente o beijo se tornou mais calmo, mais sereno. Sentiu o rosto molhado, mas não sabia se eram suas lágrimas ou as delas , ou se era mistura dos dois.
Separou os lábios dos delas só um pouco, mas permaneceram colados. Abriu os olhos e se deparou com com os olhos castanhos brilhantes, molhados como espelho de sua dor.
Hermione prostou as mãos em seus braços empurrando-os para longe de seu corpo. Tomado de desespero apenas reforçou o aperto. Afundou o rosto no pescoço dela, sentindo seu perfume mais forte, o entorpecendo. Seu corpo tremeu junto com o dela, quando um soluço profundo tomou o corpo pequeno.
- Hermione... Não podia deixar acabar. Mas uma vez fez tudo errado, a tomou como se ela lhe pertencesse, reclamou sua boca como se fosse sua namorada, apertou seu corpo como se fossem amantes. Mas sem dar vazão as palavras que deveriam mudar tudo.
- Pelo amor de Deus Ronald, apenas me largue. Sua voz saiu tão frágil e tão baixa que o comoveu.
Tomado de um frio descomunal ao se separar de Hermione, não olhou em seus olhos,não queria ver sua dor, a sua lhe bastava. Era egoísta. Deixou que ela fosse,deixou que mais uma vez a culpa toda recaisse sobre ele. Como tempestade em dia de verão. Sentindo um frio que congelava seus ossos e endurecia seu coração.
Olá,
espero que gostem da short. Adoraria sugestões para a próxima short da série, pretendo fazer mais duas ou três na visão de outros personagens. Estou dividida entre: Lilá, Hermione, Harry, Gina, Malfoy e Córmaco.
Me ajudem!
bjos
Comentários (3)
Maravilhosa, muito bem escrita, consegui visualizar toda a situação e simplesmente adorei o desfecho, mesmo ele sendo meio trágico, deixou de lado aquela coisa melosa que todo final de fanfic tem.. GENIAL!!
2012-09-22Gostar é pouco.Bato palmas e de pés.PERFEITA. Parabéns meeeeeeeesmo. AMEI. *-*
2012-08-28Gostei da FIC'
2011-03-31