Adolescentes Bruxos
Podia ser mania de perseguição mas algo me dizia que aquela aula não estava certa, simplesmente intuição, depois de tudo que já vi (e fiz) acho que sei reconhecer problema quando ele está no ar, e não parecia ser pouco problema, mas eu ia ficar de boca fechada, é claro, todos já me achavam louco e eu não ia aumentar as probabilidades do fato se concretizar, bem, não até a metade da aula de runas...
Escuridão, a palavra que definiu Hogwarts por alguns minutos, de início a turma achou que fosse algum feitiço bobo ou brincadeira, mas quando nossos olhos se acostumaram e algumas varinhas começaram a acender, vimos que o céu estava todo negro, e tamanha escuridão parecia partir de uma área em específica, uma área fora do castelo, parecia surgir de cima do túmulo de Alvo Dumbledore.
Não demoraram a lotar os corredores de monitores e alguns professores se encaminharam ao túmulo, eles não estavam na metade do caminho quando houve um estrondo e o céu estava claro denovo, não parece grande coisa mas ninguém mais conseguiu prestar atenção na aula depois disso, os professores haviam nos proibido de sair do castelo, estavam todos concentrados na área do túmulo branco e ninguém se prestava a dar notícia alguma, a tensão durou até depois do almoço quando a diretora McGonagall se pronunciou no almoço.
_ Pedimos aos alunos que mantenham distância do túmulo do nosso querido e jamais esquecido Alvo Dumbledore, não sabemos exatamente o que ali foi feito apenas que foi magia negra, e magia negra nunca antes vista, pedimos calma, tomaremos todas as providências assim que possível.
O clima de tensão era geral, acho que se alguém queria assustar os alunos, conseguiu, afinal, Hogwarts era impenetrável, não havia como alguém de fora ter entrado ali e feito tamanha bagunça, se nem os professores sabiam o que havia ocorrido ali, então o assunto era realmente complicado, mas como toda tempestade passa, os alunos estavam mais interessados realmente no interior do castelo, pra ser mais preciso, na Sala Comunal da Corvinal, o fato era que, os que foram convidados, que eram poucos, não podiam falar sobre o assunto, afinal, ninguém iria querer um professor fazendo parte da festa, e quem não havia sido convidado não iria ver festa alguma pelo resto do ano caso desse com a língua nos dentes, e é claro, pelo resto do dia mais garotas piscavam pra mim, isso já estava se tornando medonho.
_ Então, já tem roupa pra hoje anoite ? – Scorpius também ia na festa e eu não tinha ideia de onde a Sala deles ficava.
_ Claro, mas onde fica a Sala Comunal da Corvinal ?
_ Você vai ver, é só seguir os corvos... Até mais tarde.
Eu sabia que ele tinha treino de Quadribol então não ia empacar o dia dele, era sexta e eu não tinha mais aulas hoje, adiantei algumas tarefas e assumo, estava ansioso pela festa.
_ Ei, Camila, Camila, vai na festa da Corvinal hoje ?
_ É claro, mas preciso encontrar uma roupa antes da festa, então vou indo, te vejo mais tarde, certo ?
Ela também saiu, novamente acho que estou ficando louco ou paranoico mas senti que as pessoas fugiam de mim hoje, era por causa do que aconteceu com o túmulo ? Não importa na verdade, eu tinha uma festa, eu conhecia festas de jovens trouxas, nunca havia ido a uma de bruxos, mas as de trouxas costumavam ser bastante, agitadas, se assim pode-se dizer, todos bebiam muito, dançavam desesperadamente, como se a vida deles dependesse disso e no fim, todo mundo acabava se beijando, falando assim até parece nojento e irresponsável, mas era super divertido, agora é ver se os bruxos tem a mesma tendência a festejar.
Hora da festa, eu estava pronto, ia seguir os corvos, bem, pelo caminho acho que sou o único que não sabia onde era a Sala Comunal da Corvinal, apenas segui os corvos, todo o caminho deserto, eram marcas nas paredes, no chão ou no teto, muito bem disfarçadas, e no fim cheguei a uma porta, marcada com um corvo e uma frase em letra cursiva “Bem vindo, não volte até se esquecer que veio.” Estranho ? Convidativo ? Imagina... Só que eu sabia que ali definitivamente não era a Sala Comunal da casa, mas sim a tão falada Sala Precisa, genial.
Entrei, se você acha que as festas trouxas são barulhentas e bagunçadas, você não viu uma festa bruxa, tinham adolescentes por toda a parte, globos de luz vermelha e azul boiavam pelo teto, como previsto um copo na mão de cada um, Uísque de Fogo ? Não duvido. Mas o fato mais curioso era que eu nunca havia visto Malfoy e Fencz tão soltos, eu mal conseguia focá-los de tanto que eles dançavam, a música estava altíssima, me lembrava pop trouxa e eu estava pensando demais quando devia estar sem pensar, bebi.
Os lábios dela eram molhados demais, mas eu nem estava reparando nisso, afinal, quem era aquela garota ? Loira, sei disso, agora não interessava mais, ela beijava bem, mas não prendia minha atenção, algumas amigas dela também “me queriam” mas eu não sou de ferro, mal via onde eu estava pisando, as luzes agora piscavam muito e a música parecia me forçar a dançar, eu estava de volta na mesa de bebidas e só me lembro que era um líquido verde, o que exatamente eu não tenho ideia, e mais duas garotas me chamando pra dançar, essas meninas são impossíveis, não no bom sentido, eu agora parecia ser o produto novo e melhorado da loja, denovo, eu estava pensando demais.
Uma rodinha e ali estavam metade dos meninos e metade das meninas da festa, o restante assistia às gargalhadas, eu é claro estava na roda, passávamos uma bola transparente um pro outro, na mão de quem a bola acendesse, bem, você pegava; Lillie, ou Millie, não sei, ficou com um menino loiro, ou ruivo, as luzes me confundiam, sabia que Malfoy também estava na roda, uma menina que tinha aula comigo também estava mas eu não lembrava o nome dela nem por tortura, na vez dela o globo se acendeu na mão da garota ao meu lado, elas se beijaram, esse era o intuito da brincadeira, a expectativa de não saber na mão de quem estará você, vi que Alvo também estava ali, ou estava apenas tentando chamar a atenção de alguém, chegou minha vez, a bola foi passando, passando, passando e acendeu, na mão de Scorpius Malfoy, eu não conseguia acreditar, que irônico, caí em gargalhadas, todos caíram, bem, as nossas opções eram beijar ou beijar, nos beijamos.
A música silenciou, as luzes pararam de piscar, porque isso na minha vez ? Eu estava zonzo e confuso, estava beijando único amigo da escola, o beijo pareceu durar uma eternidade e um segundo, nos separamos e todos riam, as luzes não haviam parado, nem a música, era como receber um abafiato, eu estava muito confuso e zonzo, só conseguia rir e notava que tudo girava, decidi que já passava da hora de tirar uma boa noite de sono, se é que ainda era noite.
Cheguei nos dormitórios, não troquei de roupa, apenas tirei os sapatos e deitei, estava exausto, ao mesmo tempo me sentia... diferente, apenas queria dormir e consegui, pela primeira vez nos últimos dias eu não tive um sonho terrível, medonho ou simbólico, sonhei apenas com uma pessoa...
Draco Malfoy, estava me dando uma bronca enorme, acho que ele estava tentando me surrar ou algo do gênero, a bebida estava afetando até meus sonhos agora ? Foi simples, claro e acordei rápido, o dormitório estava cheio de garotos babando nas camas e alguns semi-nus sem nem conseguir chegar até a cama, um deles tinha uma garota consigo e outro um garoto, essa escola era muito confusa.
Me troquei e desci pro Salão Comunal, da noite anterior eu me lembrava muito pouco, apenas de uma bebida verde, uma garota e do beijo, será que Scorpius havia notado quem ele havia beijado ? Eu ainda estava bastante confuso, o Salão ainda estava bastante vazio, acho que metade da escola estava naquela festa, minha sorte era que a Camila já havia descido também.
_ Bom dia. – A minha voz parecia um trovão dentro da minha própria cabeça. – Puxa vida, o que era aquela bebida ? Eu mal consigo raciocinar de tanta dor de cabeça.
_ Bom dia Arthur, era absinto, acostume-se, uma bebida trouxa muito boa, tem em toda festa, não sei nem como fui parar no dormitório, mas lembro do seu beijo, o Scorpius, quanta ironia. – Camila pensando assim como eu. – Foi o beijo mais químico da noite se você quer saber, achei super interessante, e aquelas garotas, quais eram os nomes delas ?
_ Não tenho a mínima ideia, mas vi você com aquele monitor da Lufa-lufa, qual o nome dele ?
_ Ah, o Jimmy, caso de uma noite, se é que me entende, vou comer, estou morta de fome.
_ Claro, mas então, o que aconteceu depois do meu beijo ? Mal aguentei ficar de pé depois daquele roda.
_ Ah, umas meninas da Grifinória, eu pelo menos acho que são da Grifinória, vomitaram e todo mundo acabou indo embora, você deu sorte, saiu pouco antes do ocorrido, e aí vêm suas fãs.
Duas garotas, eu sabia que tinha beijado uma delas, a outra eu lembrava bem pouco, medo de ter feito mais que beijá-la.
_ O amasso de ontem, perfeito, a gente se vê por aí Riddle.
Saíram, eu não estava nem um pouco preocupado com o que ocorrera com elas, o que não saía da minha cabeça era Scorpius, ele lembrava de ontem ? Minhas dúvidas já seriam respondidos, aí vinha o Sr. Malfoy.
_ Bom dia.
_ Bom dia, pela sua cara Scorpius, o dia não começou bem. – Eu bancando o irônico, o dia não começou bem pra mim também não.
_ Depois daquele beijo Sr. Arthur, não venha ser irônico comigo. – Ele lembrava, estava fazendo piada, isso era bom ?
_ Sua sorte eu não te pedir em namoro, sonhei com seu pai tentando me estrangular.
_ Meu pai ? Você conhece meu pai ?
_ Já vi nos jornais, não fuja do assunto, o beijo.
_ Assumo, foi bom, você beija bem.
_ Ah, obrigado ? – Alguém me empresta um buraco para que eu possa enterrar minha cabeça ? Ele estava elogiando meu beijo... – Você até que não foi mal também. – Mentira, foi ótimo.
_ Não sei vocês mas eu vou voltar a dormir. Até mais. – Camila saiu, eu estava quase seguindo-a, dormir mais era uma ótima ideia, era sábado.
_ Quer saber, eu acho que vou também.
Depois que os dois saíram eu fiquei sozinho com os meus pensamentos, precisava disso, afinal, o que havia acontecido noite passada significava algo pra mim mesmo ? No fim decidi ir me deitar um pouco mais também, mas chegando no dormitório meus pensamentos foram por água abaixo com o que vi.
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