De volta à Rua Incompleta



Escórpio e a Srta. Duggan ficaram em observação na ala hospitalar tratando o início de uma pneumonia. Hagrid, Rose e Alvo passaram um bom tempo com o garoto.


–        Como você está se sentindo? – perguntou Hagrid.


–        Minhas costas ainda doem.


–        Madame Pomfrey disse que você vai melhorar logo. – disse Rose.


–        Hagrid, você viu o feitiço convocatório que fizemos? Saiu perfeito! – disse Alvo sorrindo orgulhoso.


–        Vocês não têm idéia do perigo que correram não é mesmo? A diretora McGonagall está muito perturbada; esperem a maior detenção dessa década! – disse Hagrid.


–        Salvamos o hipogrifo!


–        Verdade, mas podiam ter morrido na floresta!


–        Sabíamos que viria atrás de nós! – disse Rose.


–        Isso não basta!


–        Já é tarde! Vamos andando! – mandou Madame Pomfrey


–        Volto amanha bem cedo. – disse Rose.


–        Se eu estiver dormindo me acordem, está bem?


–        Pode deixar; eu te dou um safanão. – disse Alvo rindo.


Escórpio despertou ouvindo Madame Pomfrey e a profª Duggan discutindo. Não que estivessem falando alto, mas a ala hospitalar estava vazia então o garoto acabou ouvindo muita coisa.


A profª Duggan insistia que a enfermeira lhe devolvesse a varinha.


–        A senhora não entende preciso começar a escrever sobre essa criatura. – dizia a professora ansiosa.


–        É uma ordem Elizabeth. Não se atreva a levantar dessa cama e nem se esforçar demais.


–        Pode pelo menos avisar Neville que quero vê-lo?


–        Ele está ai fora.


Quando Neville entrou a enfermeira os deixou sozinhos. Durante um tempo Escórpio não ouviu nada, mas logo começaram a conversar.


–        Então você e Kassin voltaram a serem amigos? Isso é muito bom. – comentou a professora.


–        Ele ajudou a salvar nossas vidas hoje Elizabeth.


–        Se não fossem as crianças...


Escórpio apurou os sentidos para ouvir bem essa parte.


–        Se não fossem por elas eu não teria visto aquela criatura tão de perto. – completou a professora num tom mais simpático.


–       “Não era isso que a senhora queria dizer” – pensou Escórpio.


–        Neville, preciso saber o que Grubbly-Plank está planejando, mas Madame Pomfrey não me deixa sair daqui e nem me devolve a varinha!


–        Você tem que se recuperar. Deixe de ser teimosa.


–        Preciso da minha varinha e que você descubra o que ela está fazendo! Ela tem amigos no Ministério! Muitos contatos!


–        Posso trazer pergaminho para você começar escrever, mas nada de varinha. Você viu a criatura de perto, seu relato será bem mais fiel.


–        É você tem razão...


–        Elizabeth, eu estava pensando em viajarmos no natal.


–        Viajar?


–        Voltar pra casa sem minha avó é muito difícil. Então pensei em irmos para algum lugar, o que você acha?


Pareceu a Escórpio que não era esse o assunto que a profª. Duggan queria tratar naquele momento, mas que se esforçou para responder no tom mais gentil possível.


–        Qualquer lugar que possamos ficar juntos está ótimo pra mim.


–        Você já foi à Itália?


–        Não, nunca.


–        É lindo por lá no natal.


–        A maioria dos livros de magia é impresso lá em um antigo monastério. O monastério Casulare.


–        Gostaria de conhecê-lo?


–        Não é proibido?


–        Podemos ir! Somos professores de Hogwarts; podemos marcar uma visita para depois do Natal.


–        Seria ótimo, maravilhoso.


Houve um longo silêncio e Escórpio pensava se algum dia convidasse uma garota para viajar o último lugar seria para um lugar cheio de livros, mas talvez o namoro de professores fosse assim mesmo.


Mais uma vez Escórpio estava quase pegando no sono quando ouviu mais alguém entrar na ala hospitalar. Achou que o prof. Longbottom estava de volta, mas se enganou. Era Kassin.


–        Desculpe, achei que Neville estava aqui com você.


–        Achei tinha vindo me ver. – disse a profª Duggan com voz sonolenta.


–        Como você está? – Kassin perguntou.


–        Melhor. Você estava com McGonagall? Ela deve estar furiosa.


–        Vai demorar um pouco para se acalmar.


–        Fiquei feliz que você e Neville são amigos de novo.


–        Eu disse que ele não tem culpa pelo que aconteceu. Qualquer um pode perder o foco; já aconteceu comigo. Vou deixá-la descansar.


–        Espere Kassin!


–        Não se preocupe Elizabeth, continuamos amigos também.


–        É importante manter antigas amizades por perto...


Depois de conversarem coisas triviais entre longas pausas o professor saiu apressado. Durante a noite Escórpio ouviu sons que pareciam com pergaminho sendo rasgado ou amassado; não conseguia se concentrar devido o efeito da medicação e acabou dormindo profundamente. Pela manha contou a Rose e Alvo o que tinha ouvido.


–        Adultos muitas vezes não são muito claros em suas conversas – disse Rose sensatamente enquanto se sentava ao lado de Escórpio – falam da mesma coisa, mas sem mencionar a coisa, entendem?


–        Como quando nossos pais começam a falar dos nossos presentes de aniversário com a gente por perto. – disse Alvo.


–        Boa explicação. – disse Escórpio sorrindo.


–        Hora da medicação Sr. Malfoy. – avisou Madame Pomfrey abrindo a cortina.


–        É muito ruim? – perguntou Rose.


–        Horrível.


–        Bom dia! – a Srta. Duggan apareceu atrás da enfermeira. – Pode deixar Madame Pomfrey eu cuidarei que o Sr. Malfoy tome o medicamento.


Madame Pomfrey concordou e saiu; a professora tocou o liquido do copo com a varinha e deu para Escórpio.


–        Não contem a Madame Pomfrey; eu também fiz isso com o meu remédio.


Os garotos trocaram olhares. De alguma forma a Srta. Duggan recuperara sua varinha sem a enfermeira ter conhecimento.


–        Agora prove.


Relutante Escórpio deu um pequeno gole e sorriu.


–        Tem gosto de morango.


–        Beba, o efeito passa logo.


–        Obrigado professora.


–        Como passou a noite? Dormiu bem?


–        Como um bebê.


A diretora McGonagall entrou na Ala Hospitalar acompanhada de Hagrid, Kassin e Neville. Foi direto a cama de Escórpio.


–        Srta. Weasley levante-se da cama do Sr. Malfoy! – disse energicamente e Rose se pôs de pé imediatamente. – Srta. Duggan faz parte da educação de Hogwarts orientar moças em comportamento inadequado.


–        Sim senhora. – respondeu a profª Duggan.


A diretora não atendeu aos pedidos dos professores em não descontar pontos das Casas e os proibiu de incentivar a indisciplina de Alvo, Rose e Escórpio conferindo pontos por terem ajudado na fuga da floresta; mesmo que isso demonstrasse coragem e talento indiscutíveis. Por ultimo disse aos garotos que para ela não importava a ligação de suas famílias com a escola.


–        Vocês não terão privilégios aqui, entenderam? Descontarei pontos da Grifinória e Sonserina. Escreverei aos seus pais. Hogsmeade só a partir do terceiro ano e desde já estão suspensos da primeira visita; ficarão no castelo cumprindo uma detenção. Não preciso dizer que o que aconteceu na floresta deve ficar em sigilo. Preciso?


Os garotos concordaram em silêncio e a diretora se retirou ainda muito zangada.


–        Bom, que ninguém nos ouça, mas acho que conseguimos um ótimo resultado na floresta. – disse Neville.


–        Estamos vivos, os hipogrifos estão vivos! – disse Kassin animado. – E ainda é domingo!


Recuperados Escórpio e Srta. Duggan deixaram a Ala Hospitalar a noite. Camile aguardava pelos garotos no Salão Principal.


–        Vocês conseguiram uma proeza! Estão no primeiro ano e já conseguiram uma detenção para o terceiro. Não estão preocupados com o que seus pais vão dizer sobre isso?


–        Não realmente... – Alvo respondeu sincero.


–        Escórpio, você mostrou esse corte no pescoço a Madame Pomfrey? – perguntou Rose virando o rosto do garoto; Camile também deu uma olhada e as duas começaram a examiná-lo.


Alvo se lembrou de quando perdeu um dente numa brincadeira com o irmão e sua mãe, junto com Hermione, o cobriu de carinho e atenção. Talvez, pensou ele, meninas gostem de cuidar de meninos e meninos finjam que não gostam de serem cuidados. Escórpio lançava olhares sem graça para ele, mas não parecia querer fugir correndo dali. Na mesa da Grifinória Tiago chamou pelo irmão.


–        Chegou essa encomenda pra você.


–        Ah, obrigado.


–        Grifinória contra Sonserina logo depois das férias natal; vamos ver se seu amigo ainda será seu amigo depois disso.


–        É só um jogo Tiago. – Alvo respondeu distraído abrindo o pacote enviado por Jorge.


Quando voltou para junto de Rose e Escórpio a caminho das masmorras a conversa ainda girava no que Escórpio ouvira na Ala Hospitalar; o garoto tinha uma teoria interessante:


–        Talvez Kassin e a profª. Duggan tenham em algum momento...  vocês sabem. E agora ela não quer que Longbottom saiba.


–        O que tem isso demais? E daí que eles namoraram? – perguntou Rose.


Escórpio e Alvo trocaram olhares.


–        Achei que você não ia gostar de saber isso? – Alvo.


–        Ora, a profª. Duggan não é uma mulher feia e Kassin... bom ele é...


–        Já entendemos! – interrompeu Escórpio.


–        Não é proibido em Hogwarts professores namorarem. Será que Longbottom achou que ela estivesse à espera dele? – perguntou Rose rindo.


–        Não acho que namorar seja o problema – continuou Escórpio – estava pensando que eles possam ter feito... aquilo?


–        Aquilo?


–        Você sabe...  aquilo. – disse Alvo rindo.


–        Quando os pais trancam a porta do quarto! – explicou Escórpio. – Aquilo...


–        Eu sei o que aquilo quer dizer! – Rose respondeu zangada.


Escórpio e Alvo riram bastante, mas logo pararam; a compreensão de Rose sobre a vida amorosa do prof. Kassin tinha limites.


Os dias que antecederam o embarque para as férias de natal foram tão longos quanto frios. Rose teria uma última reunião na sala de Kassin e Alvo queria repor o Pó de Flu que pegaram para ir à sala de poções. A encomenda que recebera do tio Jorge era uma boa quantidade do pó mágico.


–        Você coloca esse tantinho de poção que sobrou para dormir acordado no chá da Cinthia e repõe o Pó de Flu. Moleza.


Quando Kassin saiu para conversar com Neville; Rose se ofereceu para servir chá a Cinthia.


–        Com limão, por favor. – disse a garota distraída selando cartões de natal para o professor.


–        Claro, mais alguma coisa Cinthia?


A garota estava de olhos abertos, mas acabara de cair no sono; Rose repôs o estoque do professor e teve que lutar com desejo de procurar alguma coisa pela sala mesmo sem saber exatamente o que, mas não era correto mexer nas coisas do professor que tanto gostava. A única coisa que chamou sua atenção foi que mais cartas estava acumuladas em cima da mesa


–        Que grosseria não responder cartas. – pensou alto quando Cinthia despertou animada.


–        Delicioso esse chá.


–        É, é mesmo. – respondeu Rose já sentada ao seu lado.


Na Sala Particular Alvo e Escórpio deixaram bilhetes de feliz natal para caso os fantasmas voltassem durante o natal e depois foram se despedir de Hagrid.


No meio do caminho Escórpio mostrou a Alvo o garoto da Sonserina que era assistente da profª Duggan.


–        Marc Dublin; ele diz que ela é muito gentil.


–        Você não gosta mais dela?


–        Não sei. – respondeu Escórpio.


A cabana de Hagrid estava toda enfeitada, mas ele contou aos garotos que ia passar as ferias de natal com Grope nas montanhas.


–        Talvez Grope se anime. – disse Hagrid observando irmão que parecia cada vez mais catatônico.


Os professores Kassin, Neville e Flitwick chegaram para uma saideira e os garotos acabaram ficando. Nem Flitwick escapou de um belo pileque.


–        Meninos, esqueci de dar esse presente a Rose; eu ia procurá-la agora, mas...


–        Nós entregamos. – disse Escórpio pegando o pacote.


–        Bom, então feliz natal para vocês.


Kassin apertou a mão de Alvo e Escórpio com firmeza. Os garotos se sentiram parte da turma dos adultos, do clube dos homens ou algo sim.


Pela manha  embarcaram para a estação King's Cross. Ficaram juntos numa cabine jogando xadrez e recordando as aventuras que tinham tido ate ali.


–        Temos uma coisa pra você Escórpio. – disse Rose mexendo na mochila e tirando um pacote.


–        Mas combinamos de não trocar presentes.


–        Eu sei, mas achamos que você merecia. – disse Rose passando o pacote a ele.


Era um suéter preto com as iniciais E M no peito bordadas na cor verde.


–        Um genuíno suéter Weasley! – disse Alvo.


–        Uau! É bem bonito vou experimentar. Rose pode fazer o favor?


–        Ah, claro. – Rose fechou os olhos enquanto Escórpio tirou camadas de blusas e vestiu o suéter.


–        Como estou?


Rose abriu os olhos e o encarou.


–        Fique de pé, por favor – disse rindo.


Escórpio levantou; o suéter justo caia muito bem em seu corpo magro.


–        Então?


–        Não me apresse estou avaliando! – respondeu Rose.


–        Ele vai congelar Rose!


–        Caiu muito bem! Você ficou... bem.


–        Obrigado por ajudar meu irmão. – disse Alvo apertando a mão de Escórpio.


–        Sem problema; obrigado por tornar essa escola suportável! Vocês dois.


Camile apareceu quase no fim da viagem pra desejar feliz natal. Deu um beijo em cada um. Alvo tentou esconder a satisfação, mas Rose não perdeu a oportunidade para caçoar dele quando a garota foi embora.


Finalmente o trem parou e formou-se uma confusão para todos saírem. Quando saíram do trem Hugo apareceu e quase derrubou o primo e a irmã.


–        Escórpio esse é meu irmão Hugo.


–        Esse é seu nome verdadeiro? – perguntou Hugo encarando Escórpio.


–        Hugo!


–        É, esse é o meu nome.


–        Você parece um vampiro! Legal.


–        Hugo acha que todo mundo é vampiro até que provem o contrário. – explicou Rose.


Draco Malfoy chegou perto do filho.


–        Pai! Essa é Rose Weasley e o irmão Hugo.


Rose sorriu para Draco e lhe estendeu a mão.


Claro que Draco sabia de quem era filha, e, talvez por isso mesmo achasse seu gesto curioso. Apertou a mão da garota e a de Hugo.


–        Sr. Malfoy será que Escórpio poderia nos visitar no verão?


–        No verão costumamos visitar a família da mãe de Escórpio. – respondeu Draco mais surpreso ainda.


–        Por favor, papai... – pediu Escórpio timidamente.


–        Veremos – disse Draco apertando o ombro do filho – agora temos de ir; tem gente a nossa espera. Tenham um bom natal.


–        Me escreve? – Rose perguntou a Escórpio antes do garoto se afastar.


–        Assim que chegar à Suíça. Prometo.


Os dois ficaram se olhando sem dizer mais nada até Draco chamar pelo filho mais uma vez. Escórpio se afastou acenando.


Tiago apareceu para buscar a prima já em companhia da mãe e da tia.


–        Mamãe! – Rose correu para os braços de Hermione, provavelmente o lugar mais seguro que já esteve.


–        Vamos logo; seu pai está bloqueando a rua! Ele acha que realmente sabe dirigir como um trouxa.


–        Meu pai está tentando ajudá-lo. – disse Tiago rindo.


Ao saírem da estação Hermione levou a filha até o carro. Havia se formando uma fila enorme atrás do carro da família; Rony estava ao volante muito satisfeito.


–        Que carro é esse? – perguntou Rose para o irmão.


–        Papai comprou para mamãe. É o Ben. – respondeu Hugo.


–        Ben?


–        Vamos entrem! – disse Rony e acrescentando para o filho. – Cuidado com a gaiola! Não vai riscar o banco!


O interior do carro fora enfeitado para caber toda a bagagem de Rose. Rony sorriu para a filha pelo retrovisor. No carro ao lado Alvo, Tiago e Lily acenavam para os primos. Rose correu os olhos pela rua lotada, provavelmente Escórpio já tinha ido embora.


–        As pessoas reparam mesmo nesse carro. – Rony comentou com Hermione quando ela sentou ao seu lado.


Deu uma arrancada que fez todos serem achatados nos banco de trás.


Hugo perguntou a Rose como era Hogwarts e o que a irmã tinha visto de mais incrível.


–        Conheci fantasmas bem legais.


–        Você assistiu Alvo jogar?


–        Vi, ele se saiu muito bem.


–        E o seu amigo vampiro?


–        Ele não é um vampiro Hugo!


–        Amigo vampiro? – perguntou Rony no banco da frente se virando pra ver a filha.


–        Ele não é um vampiro papai!


–        Rony! A rua! Não distraíam seu pai! – disse Hermione nervosa.


Hugo colocou os dedos na boca em forma de presas e sussurrou para a irmã:


–        Papai vai pirar quando souber que você e o Malfoy são amigos! E você o convidou para passar o verão!


–        Escórpio é nosso amigo. E mamãe me deu permissão pra convidar quem eu quisesse!


–        É sério papai vai pirar quando souber.


–        Hugo... – disse Rose acenando para o pai pelo espelho. – Vou contar a papai e mamãe. Eles vão entender...


–        Claro que vão... – respondeu Hugo virando os olhos. – Um Malfoy é seu melhor amigo! Toda nossa família vai adorar essa notícia...


A casa de Rony e Hermione ficava na parte residencial do Beco Diagonal. Rony a comprou no dia que soube que Hermione estava grávida. Um belo sobrado na rua conhecida como Rua Incompleta. O nome vinha do fato da rua não ter começo ou fim definido e o número de casas sempre aumentar. Todas as casas pertenciam a bruxos; Harry havia comprado uma casa a poucos metros abaixo (ou acima) da casa dos Weasley. A antiga casa de Sírius voltou a ser o quartel general dos Aurores.


Quando Rose pisou na casa parecia não acreditar que passara tanto tempo longe; ouvia os pais conversando, o barulho do irmão subindo as escadas para o quarto. Sentia o cheiro da comida sendo preparada pelos elfos; tantas vezes se largou no sofá da sala para ler ou brincar com o irmão. Tantas vezes ficou entediada em dias de chuva... Nunca parara pra pensar no seu dia a dia naquela casa antes de Hogwarts.


–        Você cresceu. – disse Rony abraçando a filha.


–        Cresci?


–        Não, não cresceu foi só impressão minha.


–        Ah, papai.


Depois de cumprimentar os elfos Rose ajudou a mãe a acabar de enfeitar a árvore de natal. Na hora do jantar Hugo continuava a bombardeá-la com perguntas sobre a escola.


–        Deixe sua irmã comer Hugo – disse Hermione – você está mais magra.


–        Como pode? A comida de Hogwarts é ótima; só perde pra minha mãe. E da sua mãe...


–        Da mamãe? – perguntou Hugo. – Você sempre diz que a comida da mamãe é...


–        Sua mãe tem um estilo diferente de cozinhar. – interrompeu Rony depressa.


–        Gosto da comida da mamãe... – respondeu Hugo brincando com as ervilhas no prato.


Com um aceno de varinha Hermione fez as ervilhas se misturarem ao purê de batata no prato do filho.


–        Você não é exigente como seu pai Hugo. – disse Hermione sorrindo.


–        Aposto que seu patrono será um avestruz! – disse Rose rindo.


–        Tomara que o seu seja uma aranha!


–        Nada de falar de aranhas na hora do jantar! – disse Rony sério.


As crianças e Hermione riram.


–        Então filha... assistente do professor de Transfiguração! Ficamos muito orgulhosos!


–        Lembra quando fomos nomeados monitores? – Rony disse segurando a mão de Hermione.


–        Angus Kassin. Ele disse que já a viu uma vez mamãe.


–        Não, não me lembro do nome. Talvez se eu o vir me lembre dele.


–        Com certeza você se lembraria... – disse Rose observando a mãe comer. Não que duvidasse da palavra dela, mas as palavras do professor sobre reconhecê-la numa multidão porque seus olhos eram iguais aos de Hermione realmente a aborrecia.


O jantar foi animado com Rony explicando a filha sobre o carro novo. As aulas de Hugo na escola trouxa e, principalmente, sem mais perguntas sobre Hogwarts. Como os pais não mencionaram as detenções Rose imaginou que queriam falar com ela a sós. Depois em seu quarto a garota reviu cada canto; a prateleira cheia de livros infantis trouxas e bonecas. O guarda roupa onde o pai deixara seu malão parecia tão pequeno.


Hermione entrou no quarto e sentou na cama.


–        Então? Não vai dizer nada? O que achou?


–        Do que?


–        Do que? De Hogwarts Rose!


–        É um lugar enorme; gosto dos jardins e da biblioteca.


–        Fez muitos amigos?


–        Alguns.


–        Você não contou muita coisa em suas cartas; à exceção do professor Kassin.


Rose queria contar tudo; queria dizer que não queria voltar à escola; que pensou mais de uma vez em fugir de lá. Que muitas vezes adormeceu depois de chorar de saudade de todos, mas não disse nada.


–        Recebi algumas cartas da diretora McGonagall informando que recebeu algumas detenções. Matou aula e tentou ir para Hogsmeade escondida.


–        Está zangada?


–        Não estou contente. Sei que disse para não se concentrar só nos estudos, e não disse nada sobre não quebrar as regras da escola. Achei que você entenderia essa parte sozinha.


–        Desculpe mamãe.


–        Seu pai e seu tio Harry; aliás, quase todos os seus tios, nunca se deram bem com regras. Por algum motivo achei que você não teria esse problema.


–        Você não gosta de se enganar, não é? – Rose perguntou astutamente.


–        Não me enganei; só não previ que isso aconteceria. É diferente! Além do mais eu também infringi uma ou outra regra na companhia do seu pai e Harry.


–        Uma ou outra?


–        Eu sei que às vezes parece inevitável e até necessário, mas ir para Hogsmeade escondida no trenó de Hagrid! E se ele tivesse parado primeiro na floresta? Imagine o perigo!


–        É seria horrível. – disse Rose supressa que a diretora McGonagall tivesse omitido da mãe esse detalhe.


–        Prometa que será mais cuidadosa de agora em diante; que pesará os prós e os contras de suas ações com seu primo. Ele surpreendeu Gina e Harry se envolvendo nessa loucura de querer ir a Hogsmeade.


Hermione abraçou a filha e as duas deitaram na cama.


–        Você realmente cresceu um pouco. Agora, me conte como foi seu teste? O que precisou fazer e como fez?


Rose contou detalhe por detalhe.


–        Cinthia Oleson! Uma garota horrível mamãe.


Hugo abriu a porta num supetão.


–        Rose que ver minha vassoura nova e meus brinquedos trouxas?


–        Claro!


–        Vou pegar!


–        A propósito mocinha você vai ajudar os elfos nas tarefas domésticas até irmos para a Toca na véspera de natal. Pelas detenções. – disse Hermione se levantando.


–        Sim mamãe...


–        Certo... agora me mostre o movimento de varinha que fez para transformar aqueles objetos na cesta!




Na casa dos Potter, Alvo e Tiago estavam de castigo por causa de suas detenções. Harry os colocou para livrar a calçada da neve. 


Enquanto algumas crianças da vizinhança, incluindo Lily e Hugo, brincavam na neve ou jogavam mini Quadribol na rua. Os dois irmãos carregavam pás.


Na Rua Incompleta moravam alguns amigos de Tiago que vinham chamá-lo para sair. O rapaz não parecia nada satisfeito em explicar que não podia e lançava a Alvo um olhar mal encarado.


–        Camile mora por aqui? – Alvo perguntou ao irmão.


–        Não, ela mora no campo.


–        Ele tem irmãos?


–        Um mais velho que saiu Hogwarts para jogar quadribol. Por quê?


–        Nada demais, só curiosidade.


–        Ela esteve na Toca uma vez.


–        Esteve?


–        Éramos pequenos. Os pais delas estavam de mudança e vieram visitar papai, tio Rony e tia Hermione.


–        São amigos de papai então?


–        São. Lembro-me quando a vi; ela veio brincar comigo. Ela me disse que se lembra do dia. Eu estava brincando no jardim e você chorando no colo da mamãe pra variar. Causei uma boa impressão que dura até hoje. – disse Tiago sorrindo.


Alvo atirou um bolo de neve no pé de Tiago.


–        Tome cuidado seu palerma! Esse tênis é novinho.


–        Desculpe.


Gina chamou Alvo.


–        Chegou uma coruja para você.


–        De Rose? – perguntou Tiago fazendo ar de pouco caso. – E pra mim mamãe chegou alguma coisa?


–        Já está no seu quarto.


–        E a minha?


–        Na cozinha. Elas começaram brigar então as separei.


Alvo pegou o envelope lacrado com uma serpente. Era óbvio que era uma carta enviada por Escórpio.


“Oi Alvo! como estão as coisas?


Estamos na casa de uma prima de mamãe.


Seus pais te perturbaram pela detenção? Minha mãe ficou bem zangada, mas meu pai não criou muito caso.


Provavelmente meu castigo será não poder voar por um bom tempo. O que nem é uma perfeita droga porque o tempo está muito ruim


Com está Rose?


Espero que ganhem muitos presentes!


Escórpio”.


Alvo respondeu a carta e despachou a coruja. Rose veio vê-lo a tarde e mostrou o cartão que Escórpio lhe mandara com imagens da montanha e ao fundo a imensa casa onde estava hospedado. Escórpio escreveu no cartão: “Viu só? Cheguei. Escrevi. Mandei".


–        O que significa?


–        Ele disse na plataforma que escreveria assim que chegasse. – disse Rose guardando o cartão no bolso do casaco. Não queria que o irmão visse.


–        Vamos dar uma volta. – disse Alvo à prima


–        Você não vai se encrencar?


–        O que pode acontecer de mais grave?


Os dois saíram com Hugo e Lily que montavam a vassoura nova de Hugo. Caminharam um bom pedaço; encontraram pela rua o garoto que fez o teste de apanhador com Alvo acompanhado de um homem que parecia ser seu pai e uma bruxa idosa.


–        Papai ficou muito orgulhoso de você e eu também. – disse Lily sorrindo para o irmão depois de Alvo escapar dos agradecimentos da avó do garoto.


–        É foi legal o que você fez! – disse Hugo


–        Vamos tentar descobrir onde a rua começa? – Alvo perguntou aos primos


–        É seria legal, mas logo vai anoitecer e mamãe disse para estarmos em casa as seis em ponto.


Um garoto muito magro de cabelos negros saiu da casa do outro lado da rua e chamou por Hugo.


–        Weasley, quando vai me deixar dar uma volta nessa vassoura?


–        Que pena é a vez de Lily agora. – Hugo respondeu passando a vassoura pra a prima.


–        Oi Lily. – disse o garoto sorrindo, mas Lily o ignorou.


De fato, pensou Rose, o tal garoto era muito feio e relaxado. Alvo parecia pensar a mesma coisa; os dois deram uma boa olhada na casa dele. Vidros embaçados e muito mato cobriam todo jardim davam a impressão de uma casa assombrada como as que os trouxas morrem de medo.


–        Quem são esses? – perguntou o garoto.


–        Minha irmã e meu primo. Esse aí é Espeto. – respondeu Hugo sem muito entusiasmo.


–        Don Lancey Jr. ao seu dispor senhorita.


Alvo segurou o riso olhando pra a Rose; segundo ela própria só garotos estranhos se interessavam por ela.


–        Qual é Hugo? Deixo você andar na minha vassoura enquanto pego a sua!


–        Você não está com ela agora. – Hugo respondeu.


–        Vamos voltar – disse Alvo para os primos e a irmã – prazer em conhecê-lo Espeto; tenha uma boa vida.


–        Talvez a gente se encontre por ai Hugo! Quando você estiver sozinho. – disse o garoto com olhos invejosos sobre a vassoura e voltou para dentro da casa.


–        Que menino estranho. – disse Rose ao irmão.


–        Fiquem longe dele! – disse Alvo observando o garoto entrar.


–        Sempre que posso eu fico. Ele promove jogos entre as crianças. Sabe, corridas de baratas e força todo mundo a apostar. Eu não quis participar e ele me chamou de covarde.


–        E o que você fez? – perguntou Alvo.


–        Dei um soco na cara dele. Não conte pra mamãe! Ele gosta de Lily, vive oferecendo bichos mortos pra ela.


Lily fez uma careta.


–        Espere aí você disse Lancey? – perguntou Alvo surpreso – Não pode ser? Ele não se parece com o Neffasto.


–        São primos. – disse Tiago surgindo atrás deles.


–        O pai desse tal Espeto é dono da loja de ingredientes para poções... – disse Rose


–        Quem é o Neffasto? – perguntou Lily.


–        É só um idiota de Hogwarts. – respondeu Alvo.


Tiago pegou a irmã no colo quando chegaram à porta de casa.


–        Lily, se esse tal de Espeto te encher me avise; a menos que Alvo faça amizade com ele e descubra o quanto ele legal.


–        O que quer dizer com isso?


–        Nada, mas se convidar esse cara para nos visitar me avise pra eu poder comer fora.


–        Não enche Tiago.


–        Se ele pedir nossa irmã em casamento você que conta pro papai.


–        Tiago pega leve. – disse Rose chateada.


–        Vocês dois ofendem a historia da nossa família e da Grifinória sendo amigos do Malfoy.


–        Nossa! Você deve ter esperado muito tempo para dizer essa frase, não? – Alvo disse sarcástico.


–        Escórpio é um cara muito legal! Ele te ajudou naquela noite! Camile gosta dele também.


–        Ela gosta de todo mundo! Já disse isso a ela um montão de vezes, mas é tão teimosa.


–        Não fale dela Tiago! – avisou Alvo.


–        Por quê? Só porque ela protege vocês? Grande coisa! Fui eu que...


Alvo empurrou o irmão; Hugo tentou segurar o primo, mas, Tiago revidou e Alvo caiu de costas na calçada gelada.


Quando Alvo se levantou foi direto pra cima do irmão, mas alguma coisa o prendeu ao chão. O pai estava na varanda.


–        Entrem agora! – disse Harry zangado.


–        Tio Harry! – disse Rose nervosa.


–        Tudo bem querida, é melhor você ir; sua mãe deve estar lhe esperando.


–        Vem Rose! Senão estaremos encrencados também.


Hugo se despediu de Lily e carregou a irmã pelo braço.


–        Tiago vai acabar contando sobre o Malfoy ao tio Harry e a papai! – disse Hugo.


–        Como se ele fosse um santinho em Hogwarts!


Mesmo relutante Rose mostrou o cartão que Escórpio lhe enviara; Hugo leu bem devagar para chatear a irmã que aguardava impaciente que o devolvesse.


–        Ele parece legal, o vampiro... – disse Hugo finalmente.


Rose contou sobre a crescente amizade dos três. Sobre Hagrid também gostar do garoto. Omitiu só alguns detalhes que, por alguma razão, achou que pertenciam só a ela como os longos passeios que davam pela escola, as partidas de xadrez que ela o deixou vencer e as corridas que apostavam pelo jardim.


Tiago ia direto para o quarto, mas Harry não o deixou subir.


–        Que aconteceu? – perguntou zangado.


–        Pergunte a Alvo papai! Ele que me empurrou!


–        O que disse a ele?


–        Por que não pergunta a ele?


–        Estou perguntando primeiro a você.


–        Coisas de escola.


–        Pare de importunar seu irmão!


–        Estou tentando ajudá-lo; se você soubesse o que ele tem feito na escola...


–        Pelo que eu soube ele salvou a vida de um colega da Grifinória.


–        É isso também – respondeu Tiago sem jeito –, mas ele também tem me envergonhado...


–        Deixe seu irmão em paz.


–        E as detenções dele?


–        Ele está sendo castigado assim como você. Aliás, pode acrescentar cuidar das corujas pela manha às suas tarefas.


–        Isso não é justo papai!


Harry foi conversar com o filho do meio. Alvo estava sentado na cama e parecia furioso como Harry jamais vira. Como fisicamente eram muito parecidos Harry não conseguia separar muito as ações de Alvo das suas próprias naquela idade. Gina dizia que ele sempre o defendia porque naquela idade Harry era totalmente indefeso a mercê dos horríveis tios. Óbvio que Gina tinha razão, mas Harry simplesmente não conseguia evitar; por algum motivo achava que Alvo precisava mais dele do que os outros filhos.


–        Sua vez. Comece.


–        Não gosto do jeito que Tiago fala das pessoas; como se as visse de cima. Inclusive eu.


–        Isso é sempre irritante, mas você não pode atacar as pessoas porque não gosta da maneira como dizem as coisas; especialmente seu irmão! O que ele disse?


–        Falou sobre uma garota de Hogwarts! Como se a conhecesse! Ela é a garota mais legal da escola pai!


–        Deve ser muito legal, graças a ela arranquei mais de duas frases de você. Bateu no seu irmão por causa dela?


–        Não foi só por causa dela; tinha vontade de bater nele faz tempo.


–        Tiago disse que você é um apanhador muito habilidoso; elogiou muito seu desempenho no Quadribol.


–        Ele contou como eu peguei o pomo?


–        Você acha que teve sorte?


–        Foi legal, mas não é como ser realmente bom, entende? Como Tiago.


–        Tiago vai tratar das corujas de manha e você foi promovido a tirar toda a neve da frente da casa sozinho.


–        Sim, papai.


Gina entrou no quarto segurando Tiago pelo braço.


–        Peçam desculpas e apertem as mãos. Agora! – disse aos dois filhos.


Alvo levantou e estendeu a mão para o irmão. Tiago relutou, mas acabou cedendo. Aquele gesto não mudaria o que irmão mais velho pensava, mas Alvo achou que valeu a pena ter tomado a iniciativa. Até partirem para Toca na véspera de natal os dois irmãos pouco se falaram.


À medida que a família Weasley aumentou a Toca foi ganhando novos andares e quartos para os casais e para as crianças.


Os pais de Hermione, o casal Delacour e todos os Weasley e suas respectivas famílias estavam presentes.  Na sala uma parede de presentes tampava a árvore de Natal; Molly e Arthur recepcionavam a todos que saiam da lareira. De madruga, apertados na cozinha, Harry e Gina contaram as brigas freqüentes de Alvo e Tiago para Rony e Hermione.


–        São irmãos Harry! Vão sempre brigar. Você parece Hermione; qualquer coisa entre Hugo e Rose ela se desespera. – disse Rony


–        Com certeza teve mais coisas, mas ele não quis dizer. Nenhum dos dois quis.


–        Rose também tem se mostrado bem reservada em relação à escola. Tenho me perguntado se aconteceu mais alguma coisa... – disse Hermione


–        Como o que? – perguntou Gina.


–        Não sei, talvez pressão de alguma forma. Você disse que Alvo queria ser goleiro e acabou apanhador.


–        Eles vão ter que aprender a lidar com isso. – respondeu Gina. – Não podemos ficar com eles o tempo todo.


–        O que eles aprenderam até agora é que estão sozinhos... – disse Harry.


Gina segurou a mão de Harry com força; sabia o quanto o marido sofria em se separar dos filhos.


–        Estavam tão ansiosos pra começar as aulas... – disse Hermione que compartilhava o mesmo sentimento de Harry.


–        Logo farão mais amizades e os professores são todos nossos amigos; a maioria pelo menos. – disse Rony se levantando para pegar a foto do corpo docente de Hogwarts publicado no Profeta Diário.


A foto trazia a diretora McGonagall no centro.


–        Flitwick parece estar no ombro de McGonagall como um papagaio. – disse Rony mostrando a foto.


Todos olharam a foto e riram ao ver que era verdade.


–        Aqui diz que é o corpo docente mais jovem em trezentos anos.


–        Só McGonagall deve ter uns cem só em Hogwarts. – disse Jorge sentando a mesa com Angelina.


–        Rose é assistente desse professor. – disse Hermione apontando a foto. – Angus Kassin.


–        Uau! Não tínhamos professores assim no nosso tempo. – disse Angelina.


–        Ainda bem. – disse Harry sorrindo.


–        Ah, mas olhe só: Elizabeth Duggan professora de DCAT. Bonita também; tem uma matéria falando sobre ela vamos ver: “Elizabeth Duggan. Depois de terminar Hogwarts com todos os méritos trabalhou representando o Ministério da Magia em outros países... até voltar e se candidatar a vaga de professora blá blá blá nível três...”.  Não é ela que namora Neville?


–        Ela mesma! – disse Rose entrando na cozinha e sentando no colo da mãe.


–        Sério? Que maravilha! – disse Gina.


–        Finalmente Neville vai perder a...


–        Rony! – interrompeu Hermione apontando a filha com os olhos.


–        Que veio fazer aqui mocinha? – perguntou Rony.


–        Victorie fala dormindo! Ela não para de chamar pelo Teddy.


–        É foi um pena ele não poder vir esse ano... – disse Gina.


–        Ele podia vir! Não foi justo o que tio Gui tentou fazer com ele! Foi assustador até.


–        Isso é assunto de adultos Rose. – interrompeu Hermione.


–        Todos nos sentimos falta de Teddy. – disse Gina sorrindo para a sobrinha.


–        Vocês estavam falando dos professores? Viu o professor Kassin mamãe? Não se lembra mesmo dele?


–        Não, não me lembro.


–        Espere aí! Esse cara conhece você Hermione? – perguntou Rony depressa.


–        Rose contou que ele leu os livros que escrevi e me viu uma vez. Só isso.


Harry e Gina trocaram olhares e risos quando Rony embaralhou as páginas do Profeta Diário.


–        “Angus Kassin... – começou – a família Kassin ajudou combater Comensais da Morte no oriente. Angus é o único herdeiro de uma das famílias mais ricas do mundo da magia, mesmo assim preferiu se juntar ao corpo docente de Hogwarts...”


–        Ele é o melhor de todos. – disse Rose bocejando.


–        O cara deixou uma fortuna para trás para ser professor. Que estupidez!


–        Neville fez a mesma coisa – disse Gina – seja mais sensível Rony!


–        Em minha opinião isso só faz dele mais legal! – disse Rose num tom de admiração.


–        Ah, esqueci que você é assistente dele. 


–        A diretora McGonagall também gosta dele. E ela não gosta de quase ninguém.


–        Bom, a julgar pela aparência dele isso não me parece ser difícil. – disse Rony emburrado.


Harry deu uma boa olhada na foto dos professores. A professora Duggan não olhava para frente; ele não conseguia vê-la direito. Gina reparou e tirou o jornal das mãos dele.


–        Só estava olhando. – Harry se justificou.


–        Eu sei; quero olhar de novo o professor Kassin.


–        Entendi... – Harry respondeu sorrindo.


–        Posso dormir no seu quarto já que vocês estão aqui? – Rose pediu a mãe.


–        Pode, vá para cama. Ah, Rose use o broche que lhe demos; vovó Weasley ainda não viu você com ele. Você pode usá-lo hoje.


Quando subiam para seus quartos Harry pegou de novo o jornal e reparou que a professora Duggan continuava de perfil; ocasionalmente lançando olhares na direção da câmera.


–        Acho que ela é tímida afinal. – disse Gina puxando Harry para dentro do quarto. Ele jogou o jornal para Rony antes de bater a porta.


Rony pegou o jornal e deu uma nova olhada na foto do professor Kassin.


–        Pra mim esse cara não passa de uma nova versão do Lockhart!


–        Rony não leve para esse lado. – disse Hermione.


–        Você realmente não o conhece?


–        Não! Rose me perguntou isso várias vezes. Se eu o conhecesse eu diria! Você está ficando ciumento de novo?


–        Se você parasse de ficar bonita seria mais fácil.


–        Parar de ficar bonita? Quer que eu faça meus dentes crescerem de novo?


–        É uma boa idéia, mas não hoje...


Rony abraçou e beijou Hermione os dois empurraram a porta do quarto. Rose e Hugo pulavam na cama do casal.


–        Nosso quarto tem um cheiro muito ruim! – explicou o garoto pulando no colo do pai.


–        Rony é só por uma noite. – disse Hermione acariciando rosto do filho.


Hugo e Rose deram um sorriso pidão e Rony jogou o filho de volta na cama; sentou de costas para os três e levou um travesseiro na cabeça. Quando se virou Hugo e Rose apontaram para a Hermione.


Pela manha Rose contou a Alvo que a mãe lhe pedira para usar o broche desaparecido.


–        Não foi sua culpa se alguém pegou.


–        Eu sei, mas me sinto mal por não ter notado antes.


–        Você não acha que é muita coincidência todas essas coisas sumirem? Mesmo a taça e a estátua reaparecendo.


–        Parece que McGonagall só deu prioridade a essas duas coisas. A coberta de bebê da Cinthia e meu broche ninguém pareceu se importar.


–        Só Camile...


–        É só ela.


–        O que vai fazer?


–        Não sei... não gosto de mentir para mamãe.


–        Quando voltarmos procuraremos mais.


–        Você tem vontade de voltar Alvo?


–        Só por causa de Escórpio, Camile e os fantasmas. Não poderemos mais vê-los se não voltarmos.


Jorge apareceu na porta do quarto vestido de papai Noel.


–        Presentes venham!


Devido a família ter triplicado nos últimos anos ficou decidido que só as crianças receberiam presentes. As crianças fizeram uma guerra de papel de presente. Muitos jogos, brinquedos, risos e fotos tomaram parte da manha.


À tarde o Sr. Weasley chamou Harry e Hermione para mostrar a motocicleta que há anos tentava montar. Era uma Harley Davidson quase igual a que Harry costumava passear com Gina e os filhos. Propositadamente a Sra. Weasley escondera peças essenciais temendo que um dia o marido conseguisse fazê-la funcionar. Só não contava com Hugo, fã de objetos não mágicos como o avô, as encontrasse e ambos montassem a motocicleta escondido de todos.


Harry observava o sogro e o sobrinho explicarem como achavam que a moto funcionava. De todos os sobrinhos Harry tinha um carinho especial por Hugo e Rose; por serem filhos de seus dois grandes amigos e por terem uma relação muito próxima com Alvo e Lily. Hermione parou ao seu lado.


–        Rose está desapontada com os presentes; ela ganhou perfumes, jóias. Fleur e minha mãe disseram a ela que são presentes para uma mocinha.


–        Ela odiou ouvir isso não é?


–        Rony odiou muito mais.


–        Demos a ela um jogo de pedras mágicas.


–        Ah, isso ela adorou. Harry, estive pensando no que você disse; sobre as crianças estarem sozinhas em Hogwarts. Não consigo pensar num meio disso mudar; não sem interferir.


–        Isso seria muito injusto Hermione. Acho que vamos ter que confiar no que ensinamos a eles. Além disso, estamos só no começo!


–        Eu sei, ontem eles usavam fraldas!


–        Logo vão começar a trazer amigos para o verão e em seguida você será apresentada a um rapaz que espero não seja muito feio.


–        Nessa parte vou ter que precisar muito da sua ajuda e de Gina.


–        Rose é bem inteligente, vai escolher um rapaz decente.


–        Não é com ela que estou preocupada...


Hermione e Harry começaram a rir.


–        Como está Hugo na escola com Sra. Twitch?


–        Muito bem; ele é ótimo em ciências!


–        Isso não é surpresa. Aposto que você também era antes de Hogwarts.


Hermione sorriu de um jeito que confirmou as palavras de Harry.


–        Mamãe olha isso! Acelera vovô! – Hugo gritou agarrado a cintura do avô; os dois dispararam quebrando a porta da garagem.


–        Oh, meu Deus! – gritou Hermione segurando o braço de Harry.


Harry saiu correndo e chamou por Rony ambos lançaram um feitiço bem a tempo de amortecer o impacto dos dois motociclistas numa árvore.


De volta a Toca cobertos de neve e lama o Sr. Weasley carregava o neto no colo.


Harry, Tiago e Rony trouxeram os pedaços amassados da motocicleta.


–        Você me viu papai? Antes da árvore? – Hugo perguntou animado ao pai.


–        Já sei onde errei; vou consertar o freio. De volta a prancheta Hugo!


–        Nem pensar Arthur! – disse a Sra. Weasley energicamente depois de ter examinando o buraco feito na porta da garagem.


Hermione pegou o filho do colo do sogro. Examinou cada pedaço do garoto que queria descer de qualquer jeito para seguir o avô. Harry não se conteve em agradar o sobrinho.


–        Quem sabe da próxima vez não é?


–        Você pode ensinar Hugo a pilotar nossa moto papai! – disse Tiago que também gostava muito do primo.

–        Com certeza, assim que o tempo melhorar você pode levar o vovô Weasley! Que tal Hugo?


–        Ah, Harry não comece você também! – pediu Hermione colocando o filho no chão.


O garoto puxou Harry pela mão para irem atrás do avô.


–        Tio Harry? Você sabe o que é um bombeiro? – perguntou quando subiam as escadas.


Rony ficou olhando para a escada, segurando um pedaço da motocicleta do pai. Hermione o abraçou.


–        Rose está consolando Victorie e Hugo vai estar ocupado em ocupar Harry por um bom tempo. Não que subir e abrir o seu presente de Natal?


–        Sem crianças? Sem coisas de trouxas? – perguntou Rony jogando a peça no chão.


–        Do jeito que você quiser.


–        Parece que o meu Natal vai finalmente começar! – disse Rony beijando a mulher.


Na última noite que passaram na Toca Alvo teve um pesadelo; estava com a família e foi conversar com o pai agachado perto de alguma coisa que não conseguia identificar; quando o pai se virou tinha o rosto esverdeado parecido com um duende. Alvo saiu correndo e deu de cara com Neff que o segurou pelo braço até sangrar. Acordou com Hugo o sacudindo.


–        Você está bem?


–        Tive um pesadelo!


–        Que coincidência eu também...


–        Nunca tinha tido pesadelos assim antes de Hogwarts... – disse Alvo aliviado em estar acordado e em segurança. Como foi o seu?


–        Não me lembro, eu nunca me lembro. – disse Hugo voltando para cama.


–        Que barulho é esse?


–        Nossos pais; eles conversam até tarde quase todas as noites. Sempre coisas que não podemos saber; acham que somos muito crianças para entender.


–        Você sabe o que conversam?


–        Sobre o trabalho.


–        Eles são Aurores; o trabalho deles é proteger a todos nós. Deve ser difícil as vezes...


–        Já ouvi algumas histórias...


Tiago se virou roncando e quase caiu da cama.


–        Há um fantasma... um espírito ou sei lá... comentou Hugo.


–        O Critico?


–        Ele não gosta da nossa família, aliás, pelo que ouvi tem muita gente que não gosta.


Alvo ouviu a voz dos pais no corredor; Hugo se apressou em deitar e cobrir a cabeça. Harry abriu a porta devagar; Alvo ainda estava sentado na cama.


–        Desculpe filho. Acordamos você.


–        Tudo bem papai?


–        Sim. – respondeu Gina a porta.


–        Pode ficar um pouco aqui papai...


–        O que houve?


–        Tive um pesadelo e Hugo também.


–        Quer que eu chame sua mãe Hugo? – perguntou Gina.


A voz do menino saiu abafada.


–        Sim... mas não acorde Tiago, por favor tia Gina...


Dois copos de água gelada surgiram no ar.


–        Como sabe que estamos com sede? – Alvo perguntou ao pai.


–        Já tive pesadelos antes. – respondeu Harry sentando na cama.


–        Não tem mais papai?


–        Não com tanta freqüência.


Hermione entrou no quarto e abraçou o filho. Ficaram em silêncio até os meninos se acalmarem e caírem no sono.


–        Hugo estava tremendo. – disse Hermione a Harry e Rony na cozinha.


–        Hermione. Você sabe que ele costuma ouvir nossas conversas e talvez tenha ficado preocupado só isso. – disse Rony tomando chá.


–        Alvo também teve um pesadelo.


–        Eles se lembram? – perguntou Gina.


–        Não se lembram ou não querem dizer. – respondeu Hermione sentando ao lado do marido.


–       Todo mundo tem pesadelos, certo?


Na manha seguinte Hugo contou sua aventura com Lily na casa da Sra. Lancey a Alvo e Rose. Os dois ficaram muito impressionados.


–        O que aconteceu com ela?


–        Papai deu com o jornal em cima dela na manha seguinte; quando voltar ao normal...


–        Se voltar... – disse Lily.


–        Ela vai ficar um bom tempo no St. Mungus com metade dos ossos quebrados. Será que isso conta como nossa primeira batalha contra Artes das Trevas?


–        Aposto que conta como a primeira vitória! – respondeu Alvo rindo.


–        Essa mulher vai querer vir atrás de vocês! – disse Rose.


–        Não tenho medo. – respondeu Hugo encolhendo os ombros. – E logo estaremos em Hogwarts bem longe dela! O que pode acontecer lá?!


Alvo e Rose evitaram se olhar. Simplesmente tudo podia acontecer em Hogwarts.

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Comentários (2)

  • Aline Carneiro

    Acho que o fim desse capítulo está com um problema: Na manha seguinte Hugo contou sua aventura com Lily na casa da Sra. Lancey a Alvo e Rose. Os dois ficaram muito impressionados. Essa referencia parece ser a alguma coisa que não aparece no capítulo.

    2012-11-09
  • tamires wesley

    fato..td pd acontecer em hogwarts..kkkkkk muito bom esse capitulo...\0/

    2012-07-30
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