Capítulo Único.
Eu realmente não pretendo lucrar com isso.
E boa leitura!
His First Girlfriend.
Eu estava sentada, balançando as pontas dos pés mecanicamente, como se só soubesse fazer isso.
O "onde" realmente não importava, estava no espaço, perdida. Sentada em lugar nenhum.
Então ele sentou ao meu lado, pesadamente.
– Imaginei que você estaria aqui. – ele disse, admirando o mesmo lugar nenhum que eu. Como eu nada disse, ele continuou. – Achei que nós deveríamos conversar, sabe. Só nós dois.
– Estamos só nós dois no espaço, Ron. – soltei, ainda balançando meus pés.
– Eu quis dizer nós dois, sem intervenção. Sobre nós dois. – aquilo parecia ser imensamente difícil para ele. Enrolei um cacho entre meus dedos e quase sorri.
– Pensei que não houvesse mais "nós dois"...
– E não há.
– Então você quer falar sobre algo que não existe mais?
– Sobre o que sobrou. – parei de balançar meus pés.
– E o que sobrou? – queria encará-lo, entender sua provável expressão de esforço, mas aparentemente só tinha controle sobre meus pés.
– Você parece bem magoada, e eu não queria isso.
– Não queria?
– Não. Eu sinto muito.
– Você sente muito. – repeti lentamente.
– Sim, eu sinto mesmo. Eu... Eu gostei de você, de verdade. Mas... – e suspirou. Eu quase previ suas palavras. – Eu descobri que não é você o que eu... Quero, o que eu preciso.
O espaço onde estávamos escureceu de repente, como se fosse chover, como se fosse desmoronar.
Logo viria a chuva.
– Era sobre isso que você queria falar? Sobre eu não ser quem você quer?
– Não, não. Eu queria que você entendesse que nada foi em vão para mim. Que eu não me arrependo.
Aquilo seria o sol no meio das nuvens?
Tudo parecia tão borrado naquele nosso espaço!
– Não, nada foi em vão. Acho que agora você tem mais experiência com as garotas, não é mesmo!
Ele riu. Ele riu enquanto eu admirava o sol queimar meu rosto.
– É, suponho que sim.
E o riso parou, enquanto meu sol ia ficando gelado, gelado. Até eu sentir um aperto no rosto, ou em outra parte do meu corpo.
– Eu sinto como se você tivesse partido meu coração e eu nem consegui chegar perto do seu. – soltei sem querer, banhada pelo sol gelado e dolorido. – Eu sinto como se fosse cativa sem ter cativado, como se não houvesse recíproca.
– Talvez não há.
– Não há, de fato. – passou uma nuvem pelo nosso espaço, e a escuridão se fez de novo. E os trovões soaram, quase quebrando-nos ao meio, quase partindo-nos em quatro.
Parecia que o sol nunca mais viria.
– Mas, – ele começou pausadamente, como um gracejo ou um presente de última hora. – você sabe que sempre será minha primeira namorada.
E eu sorri. Ainda que eu sol não aparecesse, ainda que a chuva caísse torrencialmente sobre nós e molhasse meus olhos e meu rosto.
Não quis confirmar, nem dizer qualquer outra coisa. Quis que aquela fosse a última palavra a ser dita entre nós. Em um silêncio cheio de intimidade e confidência, enquanto a chuva nos destruía lentamente e o nosso espaço ia ser deformando como numa pintura.
N.a: Mais uma vinda diretamente do banheiro :D Eu espero que vocês a compreendam, fiz de tudo para me tornar compreensível, mas Deus sabe até onde vai o meu pseudo-talento. E sim, eu nunca vou me cansar de escrever sobre Ronender. Hm, o nome em inglês pareceu mais charmoso .-.
(E aqui no Nordeste são exatamente 03:33, do dia 24 de Outubro)
Comentários (1)
Lindo, lindo!!
2011-08-30