Explicações esfarrapadas?
Cap.11 - Explicações esfarrapadas?
Depois disso, as reações dos adultos foram as mais estranhas possíveis (ao menos, para os meninos). Harry engasgou e depois teve um ataque de tosse e parecia muito interessado no carpete (cor de sangue) da sala. Hermione ficou (o que podemos dizer no mínimo) da cor do cabelo de Érica, logo depois estava com o rosto impassível (mas ainda levemente corado).
-Hã... – Hermione pediu apoio com o olhar pra Harry.
-Bom... – Harry tentava pensar em algo rápido. – É que... Bem... Nós, eu e Hermione...
-Então vocês se conheceram? – Maycon interrompeu.
-Sim. – Hermione respondeu.
-E eram amigos?
-Éramos. Éramos melhores amigos. – Disse Harry. - Mas amigos do que podem imaginar.
-Como assim?
-Nós nos conhecíamos muito bem, nunca precisamos de muitas palavras pra um entender o outro. – Hermione disse.
–Na verdade, na época de Hogwarts o problema da Hermione era com o Rony. – Disse Harry sorrindo. Hermione deu uma olhada em Harry e não pôde conter o riso. O riso de Harry era contagiante.
-E por que se afastaram?
Os meninos riam do constrangimento dos pais, isso levou a uma hipótese.
-Vocês já namoraram? – Perguntou Érica atrevidamente.
-O quê? – Os adultos quase gritaram e coraram (o que fez com que as crianças pensassem que a resposta era sim...). – Não, claro que não! – Harry disse com veemência. E os meninos agora tinham rostos descrentes.
-Não. Não namoramos. – Disse Hermione.
-Tá...
-Sei...
-O que vocês querem? Já dissemos que não.
-Bem, a verdade é que estamos esperando a afirmação.
-A afirmação do que não aconteceu? – Harry indagou.
-Não. A do que aconteceu.
Eles ficaram um tempo calados, os meninos, olhando-os em expectativas.
-É nós namoramos. – Disse Harry finalmente. E Hermione o olhou como se nunca o tivesse visto. – O que? Não adianta esconder. – Harry disse brejeiro.
-Eu sabia! – Maycon exclamou.
Hermione simplesmente não tinha o que dizer. É claro, que aquilo era uma mentira deslavada, e sem nexo algum... Não era?
Bem, nexo tinha, pois quantas vezes não fora confundida por namorada de Harry? E quantas vezes não se fingiu de ‘namorada ciumenta’ (ela deu um sorriso travesso ao lembrar deste fato) dele?
–Por favor! Por favor. – Harry estava ajoelhado a sua frente com uma de suas melhores caras de ‘cachorro sem dono’.
-Você deve estar louco! – Hermione disse começando a andar de um lado para o outro. – Não vai dar certo... Ela não vai acreditar.
-Por Merlin, Mione! O que custa tentar? Você não pode me deixar assim, na mão. Eu estou pedindo, não, eu estou implorando... Só dessa vez.
-Por que você não diz a ela que não quer?
-Eu já tentei! – Ele disse se levantando. – Mas ela não escuda. É um grude...
Hermione sorriu. Verdade, Lilá Brown era insistente. Não podia ver capitão de quadribol da Grifinória que ficava na cola dele.
-Mas quem garante que ela vai te deixar em paz?
-Poxa, Mione! Ela tem respeito por você. Claro que me deixará em paz. – Ele disse. – Lembra quando te ensinei Legimancia e Oclumencia?
-Harry! Isso é tão baixo... – Ela disse e ele soube, Hermione havia aceitado.
-Muito obrigado!
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-Harry! – Lilá já foi se agarrando a ele. – Onde você estava? Sabia que estava com saudades de você?
-Mesmo? – Ele tentou se afastar, em vão.
E Hermione pôs o plano em ação.
-Harry. – Hermione disse com uma voz falsamente delicada. – Você pode fazer o favor?
-Claro.
E um pouco distante de Lilá (onde ela não pudesse ouvir, mas pudesse vê-los). Hermione e Harry começaram a fingir uma pequena discussão. Lilá, vendo isso, foi até eles e pôde ouvir o que parecia o final de uma briga de casal.
-Mas você estava deixando ela te agarrar! – Hermione disse exasperada.
-Não, eu não!
-Harry e Hermione, vocês... – Ela franziu a testa. – Porque vocês estão discutindo. – E eles pareceram muito sem graça.
-Nada não, Lil.- Hermione disse olhando significativamente para Harry. – Só uma pequena briga de...
-De?
Mione e Harry suspiraram. – Vem cá. – Disse Hermione puxando ela pra um canto. – É o seguinte, Harry e eu estamos namorando... – E Hermione continuou, corando levemente. – E eu fiquei com, bem, ciúme dele, me entende?
-Er... Acho que sim... Quer, quer dizer, – Ela engoliu em seco. – Que o Harry está contigo?
-É sim.
-Há quanto tempo?
-Uns dois meses.
-Dois!? E por que não nos contaram?
-Sabe. Nós queríamos guardar segredo, com essa história toda de Voldermort e – Lilá arregalou os olhos. Hermione fez questão de ignorar. – A guerra que pode chegar ao auge.
-Entendo... – Então Lilá continuou muito constrangida. – Me desculpe Herm, eu não queria hã... Dar em cima de seu namorado... Eu só, é que, er...
-Tudo bem. Você não teve culpa. Não sabia que Harry estava comprometido. – Disse Hermione compreensiva. – E... Lilá. Não conta pra ninguém não...
-Certo. – Ela disse sorrindo e se retirou.
-E então? – Harry perguntou apreensivo quando Lilá se afastou.
-Ela caiu. – Harry deu um sorriso radiante, fazendo a culpa que Mione sentia por enganar uma amiga, diminuir consideravelmente. Ele a abraçou e a rodou.
-Que bom!
Lilá, que estava na porta da biblioteca, deu um sorriso feliz pelos amigos.
-Eles serão felizes... Mesmo que demore. – Lilá acabara de fazer uma predição, e mal tinha idéia disso. – Essa guerra vai acabar e eles poderão assumir pra todos. Não daria mesmo certo, entre nós...
-Foi a última vez não é? – Hermione perguntou quando Harry a soltou.
-Foi.
E como era de se esperar, aquilo não foi nem a última nem a primeira vez que usaram aquele simples e divertido truque.
-Agora que vocês já arrancaram a verdade da gente, podemos ir? – Harry falou.
-Espera ai. Como foi a época de vocês em Hogwarts. As aventuras e tudo mais?
-Nossa! Isso é uma longa história.
Os meninos se sentaram no sofá.
-Temos o tempo que vocês quiserem.
-É, mas eu não. – Disse Harry. – Tenho que acordar cedo amanhã. Aliais, vocês, – Ele apontou pras crianças. – Também têm. Por isso, boa noite.
-Boa noite, Harry.
-Tchau Harry. – Maycon tinha um brilho forte no olhar. E Harry não sabia se tinha imaginado, mas tinha visto um sorriso cúmplice entre os meninos.
-Boa noite, Mione. – Disse Érica, que estava mostrando dentes demais para o gosto de Harry. – E Tchau Maycon.
Os adultos se despediram com um breve aperto de mão. E o mais rapidamente possível Harry e Érica estavam em casa.
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Quando chegaram em casa, Érica deu uma desculpa e foi direto pro quarto, trocou de roupa e escreveu uma carta, silenciosamente foi para o pequeno corujal que Harry havia feito pra sua Edwiges.
-Olá Edwiges. – Disse ao avistar a coruja, que piou carinhosamente. – Você precisa me ajudar. Pode fazer um favor pra mim? – Edwiges ficou com a cabeça de lado. – Não é nada grave... – A menina começou. E Edwiges adquiriu um olhar reprovador. – É pra ajudar papai, seu dono. Só está vez, vai? – A coruja piou. – Obrigada! Olha, é para entregar ao Maycon, filho de Hermione Granger. Você pode fazer isso? Consegue encontrá-lo? – A coruja estufou o peito em resposta. A menina riu. – Você é um amor. – Então a menina colocou a carta na pata da coruja e a viu partir velozmente, até ela virar um ponto negro no horizonte.
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Harry achou estranho o comportamento da filha, mas não disse nada. Então o telefone de casa tocou.
-Alô?
-Harry? É a Gina.
-Como está Gina?
-Ah! Vou bem. Estou telefonando pra lhe convidar pra uma festa...
-Não vou.
-Qual é Harry! Pelo menos me deixa terminar.
-O que é? – Harry disse paciente.
-A festa é esse sábado. Dia quatorze, na minha casa. Começa as onze e não tem hora pra acabar.
-Gina eu tenho filha pra cuidar! Não sou um desocupado.
-Eu sei. Por isso tem um quarto lá reservado, com feitiços de silêncio e tudo.
-Você fez isso sem ao menos a minha autorização?
-É. Pra você não ter desculpa agora.
-Gina eu estou muito atarefado e...
-Eu não quero nem saber. Hoje é quinta você tem amanhã e sábado à tarde para organizar tudo, Harry, iremos ter amigos nossos nessa festa e disse que você estaria lá.
-Você deu uma de metida novamente.
-É eu sei que prometi não fazer mais isso, mas veja o meu lado, é mais forte que eu.
Harry suspirou.
-E então você vai?
Silêncio.
-Harry? Você vai?
-Ok, Gina. Eu vou... Ao menos para cumprimentar nossos amigos.
-Que bom! Fico feliz. Beijo.
-Tchau. – Harry estava esquecendo alguma coisa. – Gina?
-Quê?
-É, deixa pra lá.
-Tá bom. E não esquece que você disse que iria, hein!
-Tudo bem. – Eles desligaram o telefone.
Harry foi pra cozinha preparar um lanche rápido pra ele, Érica já tinha jantado e ele estava com muita fome. Chegando no corredor algo o fez da um passo pra trás, um calendário.
-Eu caí! –Harry disse irritado. – Ela não podia organizar tudo se não fosse este dia não é? –Retrucou pra si mesmo.
Na sua frente havia um calendário que indicava: Quinta-feira, doze de fevereiro
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Maycon logo foi pro quarto e lá ficou. Depois de alguns minutos ele viu uma coruja branca como neve batendo na janela, sem pensar muito, abriu a janela e deixou o caminho livre pra que a coruja pudesse entrar.
-Então você é a famosa Edwiges? – Ele perguntou olhando o destinatário e acariciando a coruja. – Érica falou muito bem de você. – Edwiges piou.
Maycon,
Primeiro de tudo, olá novamente.
Não sei se você pensou o mesmo que eu, mas eu fiquei estranhamente feliz pelo antigo namoro de nossos pais. Não é segredo que gosto muito da Mione.
E enquanto estava voltando com meu pai, pensei... Quem sabe, eles não poderiam reatar? Assim, eles estão sozinhos mesmo, né? O que custa tentar?
Porque bem, eu a acho um par ideal, pra não dizer perfeito, para meu pai e tenho quase certeza que meu pai poderia faze-la muito feliz. O que você acha?
Por favor, mande resposta assim que recebe-la.
Atenciosamente,
Érica
-Eu também pensei isso... Mas o que faremos? – Ele perguntou olhando pra carta. – Certo, então vamos a resposta.
Érica,
Olá, recebi sua carta agora. E como você pediu estou respondendo.
Sobre ‘aquele’ assunto, tive os mesmos pensamentos que você. Mas não tenho a mínima idéia do que possamos fazer e você?
Se tiver alguma novidade ou idéia me avise. Vou pensar em alguma coisa.
Um abraço,
Maycon
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(continua)
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