O Professor
Logo após, eles arrumaram as suas coisas e apagaram cuidadosamente qualquer vestígio que poderiam ter deixado. Depois de conferir a região mais umas três vezes para garantir que ela estava mais parecida possível como quando a encontraram, Hermione abriu o livro na última página e conferiu o local para onde deveriam desaparatar:
“Colinas do Yukon, 65°N, 150°O.
Alasca, EUA.
Prof. Frederich.”
Cientes de que não poderiam desaparatar a esmo, resolveram praticar alguns feitiços da desilusão antes de partir para o Alasca, visto que usar a Capa da Invisibilidade era como tentar se cobrir com um guardanapo. Quando os três estavam suficientemente invisíveis, Hermione agarrou os braços dos amigos e os três desaparataram.
Era impressionante o fato de eles terem acertado de primeira o local. Pelo menos parecia
O cenário era bem estranho para aquela região tão fria. Parecia uma espécie de bolsão de ar quente onde brotava um jardim muito bem conservado, delimitado por sebes altas e bem aparadas. Deve ser isso o que acontece quando se tem uma eternidade para podá-las. No fim do caminho de saibro, havia uma pequena construção circular, que parecia uma junção de mausoléu com coreto, também havia uma porta. Sem hesitar, Hermione tocou a campainha.
CAPÍTULO 3 – O PROFESSOR
A figura que atendeu foi bastante peculiar: era um homem, que aparentava ter entre 39 e 45 anos e usava um fraque roxo com gola de renda, e uma barba curta.
- O que desejam? – ele perguntou.
Não obteve resposta.
- Ah! Claro! Entrem!
Os três, é claro, tinham ficado mudos ao ver que a figura em questão existia e mais, que falava e tinha capacidade de raciocínio – se essa é uma pegadinha, é uma muito bem bolada – pensou Harry.
Não tinham outra opção, a não ser aceitar o convite do homem e entrar.
A construção era naturalmente muito maior do lado de dentro do que aparentava do lado de fora. Isso era uma constante na engenharia bruxa, como Harry sabia. Ela era idêntica a sala de Dumbledore, exceto pela cadeira de espaldar alto e o poleiro de Fawkes. Também havia muito mais mesinhas com infinitos objetos mágicos, e quilômetros de pergaminhos enrolados por toda a parte.
- Então, o que os trás aqui? – ele perguntou, cheio de sorrisos.
- Não vai nem perguntar quem nós somos? – Rony pareceu intrigado.
- Não vejo necessidade. Mas já que perguntou por que não se apresenta você?
Rony ficou quieto.
- Entendo – ele subiu a escada em caracol até o mezanino e começou a falar, como um político em discurso – eu me chamo Frederich Nadal, conheci Adalberto Groski e tenho, tecnicamente 286 anos, sem contar os 44 que aparento. Suponho que já tenham lido o livro de meu colega e tenham vindo buscar a minha intervenção por justo motivo.
- Sim – disse Rony, ninguém tinha coragem de rir.
- Pois bem, não é todo dia que alguém bate na minha porta – ele desceu a escada – até porque ela tem campainha – ele sentou na mesa – de qualquer forma vocês são o segundo caso que a mim é apresentado, se não contabilizarmos o meu próprio.
- Se me permite, professou Frederich – começou Hermione – como o senhor veio parar aqui?
Ele ficou em silêncio por alguns instantes e depois falou:
- Se eu tivesse a resposta para essa pergunta eu não estaria aqui, não é mesmo?
Hermione fez cara de quem acha que é melhor não questionar.
- Como assim? – perguntou Harry, e Nadal fez cara de satisfeito, chegara ao ponto em que queria.
- Muito bem – ele pegou um pedaço de pergaminho e começou a escrever – sentem-se – ele indicou três cadeiras – é óbvio que vocês leram o livro de Groski, ele me disse que iria publicar aquelas descobertas e eu permiti que ele fornecesse o meu “endereço”, por assim dizer. Ele topou comigo por acaso, e por sorte. Então concordei em ajudá-lo. Como ele está?
- Ele está morto – respondeu Harry, enquanto Rony quase engolia os punhos para conter o riso.
- Hum, é mesmo uma pena – o professor focalizou seu olhar em algum ponto distante que os outros três não podiam ver – é incrível como você se desacostuma com essas coisas... bem, pelo menos ele teve uma vida feliz...
- Ele foi internado num sanatório – respondeu Hermione, e foi a vez de Harry conter o riso com o punho. Rony já começava a lacrimejar.
- Bom... eu sou suspeito pra falar mas passado é passado então acho melhor começarmos com a ação! – ele se levantou e abriu um imenso quadro negro que tomou toda a circunferência da sala. A única iluminação vinda de cima. Subiu até o topo de uma escada de correr e de lá de cima perguntou – nomes?
- Pensei que isso não fosse necessário – Rony sussurrou para Harry, mas Nadal ouviu e retrucou:
- Agora é.
- Me desculpe senhor – perguntou Harry – mas para que exatamente é isso?
- Ah! – ele tomou um susto e quase despencou de lá de cima – já ia me esquecendo – ele saltou da escada – abra seu livro, senhorita – Hermione lhe passou o livro, ele folheou algumas páginas e começou a ler:
“Mexer com o tempo envolve uma série muito complexa de variáveis, portanto, cada uma deve ser levada em consideração para que se crie um método de retorno seguro e confiável.
Cada uma deve ser tratada separadamente até que se encontre uma rota segura para o futuro”.
- O que ele quis dizer com isso? – Rony perguntou, após o término da leitura.
- Permita-me exemplificar – começou o professor – digamos que você quer fazer um acerto de contas com um rapaz que estava se engraçando pra cima da sua namorada.
- Hum.
- Nesse caso, você pode matá-lo, brigar com ele, ou apenas ofendê-lo verbalmente.
- Sim.
- Acontece que cada uma dessas ações acarreta uma conseqüência diferente e assim por diante numa cadeia infinita.
- E?
- E para se viajar no tempo, é preciso criar uma série de feitiços de progressão ou regressão. Para efeito de segurança, esses feitiços devem ser programados, ou seja, devem ser feitos para durar por certo tempo, nem mais, nem menos. E é dessa receita básica que surgem os mais variados tipos de máquinas do tempo – ele suspirou – e para saber quanto tempo será necessário, é preciso saber tudo o que você vai fazer, e arranjar essas ações de uma forma que elas não interfiram no equilíbrio de tudo.
- Entendi – disse Rony – mas como você sabe o que pode acontecer, se nem eu sei?
- Isso se chama leitura fria – ele ergueu o dedo indicador – pela roupa que você veste eu posso saber de onde você é, se você tem um desvio de coluna eu sei que você vai procurar o médico daqui uns anos e por aí vai – ele sorriu – mas é que na imensa maioria das vezes nós estudamos nós mesmos, por isso sabemos o que vai acontecer. É claro que depois de 286 anos você vai pegando prática.
- E com base nesse “diagrama” você é capaz de criar um feitiço que nos leve de volta? – perguntou Harry.
- Não – o professor apertou o nariz de Harry com o indicador – eu sou capaz de criar um feitiço que conserte o seu! – e ele foi para trás da mesa e arrastou uma pesada plataforma onde havia três hastes de metal, um espaço perfeito para uma porta – eu enfeitiço isso aqui, então se forma um portal – ele gesticulava com muita empolgação, mostrando o invento para os visitantes – que vai levar vocês de volta em segurança e...
- Senhor – Hermione interrompeu – só tem um pequeno problema...
- O que?
- Nós não fizemos nenhum feitiço para voltar no tempo – completou Harry.
- Como assim? – ele arregalou os olhos – é impossível!
Então eles gastaram cerca de meia hora narrando o incidente do sofá.
- Interessante – Frederich disse, por fim – parece que isso não está mais em minhas mãos.
- O que, o senhor não pode resolver o nosso problema? – perguntou Harry.
- Não eu – ele tornou a focalizar um ponto que os três não conseguiam ver – mas...
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