Harry Potter

Harry ainda podia ouvir os gritos da Sra. Weasley de dentro da tenda. E todos os convidados já manifestavam preocupação. Alguns minutos mais tarde, ela apareceu carregando Carlinhos como se fosse uma estátua, e o posicionou com certo descaso ao lado de Harry.

 

CAPÍTULO 3 – HARRY POTTER

 

 

- Cuide-se ou sua sogra irá matá-lo – comentou Carlinhos, ao pé do ouvido de Harry, pois aquela tenda tinha uma acústica indecentemente perfeita.

- Ela só está preocupada com o casamento da filha... é natural – explicou Harry.

- É psicótico! – ele arregalou os olhos – precisa ver o que ela fez quando soube que eu ia me mudar para a Romênia!

- Eu estava aqui quando Percy mudou-se para Londres, e quando Fred e Jorge abandonaram a escola...

- Sei – ele parecia mais interessado nos convidados – Deus queira que ela não encontre o Gui numa situação desagradável...

- Desculpe? – Harry entendeu mal.

- É que papai estava nos mostrando a moto dele... ele queria ajuda para escondê-la melhor de mamãe. Desde que ela foi usada em Sidney ela tenta destruí-la! Então ela o chamou e ele acabou nos prendendo no galinheiro... mas o que é aquilo que o Hagrid está carregando? – ele apontou para o local onde Hagrid havia arrumado espaço entre as cadeiras e armado o cavalete, onde agora posicionava o que era parecido com um... quadro?

- Eu não sei – mas Harry já suspeitava do que era, pois de ambos os lados do quadro estavam sentados Abffort e a Profª Minerva.

Quando Hagrid finalmente descobriu a moldura do veludo vermelho que a recobria, Harry saiu correndo do altar e foi correndo em direção ao amigo. Não podia acreditar no que estava vendo, nem podia imaginar como ele não havia pensado naquilo antes. Era simplesmente genial!

- Que bom que você veio!

- Ora, por favor, não passou de um punhado de pigmentos com uma moldura bonita! – o quadro de Dumbledore retrucou enquanto Harry cumprimentava os outros dois.

- Pra mim você continua o mesmo, professor.

- Um pouco mais magro, talvez – o professor riu enquanto ajeitava os oclinhos de meia lua no seu nariz torto – De qualquer modo, desculpe entrar de penetra. A propósito, Hagrid, vou sugerir que McGonnagal lhe dê um aumento para que você possa comprar uma bolsa de viagem maior.

- Desculpe, esqueci completamente do senhor...

- Não se preocupe, minha finalidade maior é decorar os ambientes... No entanto, estava achando que Fineus estava ficando muito mais insuportável sem seu quadro no largo Grinmauld, então, quando vi o convite na mesa de Minerva eu não resisti e me dei à liberdade de fazer este pequeno passeio.

Harry só conseguia sorrir, se ao menos pudesse abraçar o professor...

Abffort parecia satisfeito em ter se reconciliado com o irmão ou, pelo menos, com o quadro dele. Harry não poderia saber já que a banda começou a se levantar, junto com todos os convidados, pois o mestre de cerimônias – aquele de sempre, que por sinal parecia nunca envelhecer – estava se dirigindo ao altar.

Harry então retornou ao seu lugar, quase tropeçando em uma parte do tapete que parecia estar cobrindo alguma coisa. Percy veio ao seu encontro, desviando discretamente de um gnomo. Era a primeira vez que falava com ele em muito tempo:

- Ela está linda, Harry, cuide bem dela – ele deu um tapinha nas suas costas e foi para detrás do altar. Sumiu.

Tão logo Percy desapareceu, a banda começou a tocar uma música suave e alegre ao mesmo tempo. Os padrinhos iam entrando: Rony e Hermione, Luna e Neville. Em seguida a Sra. Weasley com Gui, e Ted e Dora Tonks.

Por fim, após algumas palavras do mestre de cerimônias, chegou o momento pelo qual ele ansiava desde que acordara naquela manhã. As portas da tenda se abriram mais uma vez e delas surgiram Artur e Gina, de braços dados em pose solene.

Gina.

Estava simplesmente maravilhosa.

Era simplesmente sua mulher.

Era simplesmente seu amor.

- Tenho certeza de que cuidará muito bem dela – sorriu o Sr. Weasley, ao entregar a mão da filha à Harry.

- Com todo o meu amor – Harry apertou a mão de Gina e retirou o véu que cobria seu rosto.

Ela não estava chorando.

Sorria para ele.

Como nunca Harry a tinha visto sorrir antes.

 

A cerimônia prosseguiu num tom hipnótico de felicidade, quase irreal, até que os seus lábios tocaram os de Gina e ele finalmente entendeu que a partir daquele momento eles seriam um do outro e para o outro.

Para sempre.

Harry havia esquecido de como o perfume de Gina o fascinava, enquanto dançavam sua primeira valsa como casal. Também havia esquecido que seus corações ressoavam tão perfeitamente, que haviam sido feitos um para o outro. Harry nunca imaginara que pudesse ser tão feliz. E agora ele podia imaginar uma felicidade muito maior que aquela sentida ali, e muito mais próxima.

Os dois teriam uma família. Iria ver seus filhos crescerem, iria contar histórias para eles antes de dormir. Eles teriam pesadelos e o pediriam para revistar debaixo das suas camas. Eles iriam para Hogwarts, eles iriam atravessar a passagem das plataformas nove e dez juntos, iriam mandar cartas, pedir ajuda nos feitiços e no Quadribol. Iriam contar seus segredos e suas aventuras, iriam casar e ter suas famílias.

Mas, por enquanto, era só os dois, e uma vida inteira pela frente, sem nenhum tipo de adversidade.

Agora ele tinha todos os seus amigos ali, brindando por ele e lhe desejando os parabéns. Todos festejando e sendo felizes.

Será que estava sonhando?

Não. Harry não sonhava desde dois anos atrás, nem nunca tivera um sonho normal em toda a sua vida. Não precisara. Ele já havia se realizado.

Por mais que conversasse com os outros, comesse e bebesse Harry só tinha olhos para Gina. Todos os outros assuntos daquele dia pareciam irrelevantes e proteláveis.

Eles precisavam sair daquilo tudo.

Então, quando decidiram que já era hora de ir, Luna fez a sua parte:

- Cuidado! Tem um zonzóbulo ali no chão!

E o casal desaparatou.

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