(des)encanto
Era mais uma carta. Perdida entre tantas cartas já escritas e não enviadas, envolta as minhas lágrimas, que borravam a escrita. Em meu baú, pequenas recordações do meu passado, quem diria que um dia chegaria ao fim?
Tudo me parecia tanto um conto de fadas. Um lindo conto de fadas, que se iniciara na infância e que nunca passaria de uma amizade, até o momento em que deixei de ser tola, e percebi quem meu peito rugia um amor, pois o sorriso me cativa, mais que qualquer garota, porque os olhos azuis me faziam suspirar pelas paredes de Hogwarts. Um belo romance podia ter sido formado, se não tivessem mil meninas atrás, mil meninas mesmo, todas se esgueirando em todas as salas e cantos onde ele podia passar, me enfeitiçando e amaldiçoando por ser a única que ele escutava, ou melhor, a única que ele não quebrava o coração. GRANDE ENGANO. O meu coração era quebrado, esmigalhado, moído, toda vez que ele me contava que estava com outras, que havia as beijado, que havia abraçado-as, até as coisas mais impuras eu desejava intensamente que ocorresse comigo. Queria que os beijos dados nelas fossem em mim. Que cada vez que ele me encontrasse, eu sentisse um abraço dele apertado, como se dissesse que me queria em todo instante, que nada no mundo existiria sem mim, mas isso demorou tanto, minhas expectativas a cada dia diminuíam, mas podia perceber que cada dia era uma derrota, minha, sua.
Eu tinha pena de mim, assim como minhas amigas, mas eu me fazia sofrer, me fazia a cada momento chorar amargamente por ter me apaixonado pelo garoto mais cachorro que havia pisado na Terra, e eu era a tolinha, pura que se guardava pro dia em que ele se encontrasse terminantemente apaixonado por mim, me pedindo em casamento e me fazendo sua mulher, mas eu o conhecia, eu era sonhadora. E eu sei que era exatamente assim. Marlene Mckinnon, a beleza exótica da família, a mais querida por todos pela sua mania de calar-se diante de tudo que lhe era feito, a menina correta e pura, uma menina quase que infantil, um estereótipo de perfeição. Um monte de adjetivos que odiava. demais e acreditava nos meus sonhos. Ele jamais se casaria com alguém muito menos eu, uma baixinha, sem nenhuma qualidade especial, com cabelos pretos e ondulados, olhos pretos, usando óculos, nenhum traço diferente dos que eu via, nada especial, não tinha olhos verde-esmeralda como a Lily, nem as feições delicadas de Dorcas, ou a beleza, peito e bunda de Emme, eu era uma menina baixinha, sem muito peito e bunda, no peso exato e sem nenhuma característica realmente atrativa, e sempre escondida entre as amigas. Minhas amigas viviam me dizendo que eu era bela, que era um beleza exótica, mas isso em meu dicionário só tinha um significado: você é feia, mas estamos tentando melhorar sua moral.
Mas um dia ele me olhou, ele olhou em meus olhos, e percebeu algo de diferente, percebeu no brilho existente. Era perceptível que ele ficará apavorado com a possibilidade de amá-lo ou com a possibilidade de existir um sentimento vindo dele? Não sei. Espero que um dia ele descubra, mas eu sabia tudo que se passava em meu coração e em meus atos, discretos e comportados. Naquele mesmo dia ele se aproximou e perguntou-me como eu estava, eu disfarcei, ou pelo menos eu tentei, ele se aproximava aos poucos, eu ignorava meus sentimentos, ele estava precisando desabafar, seu coração já havia sido partido, e ele nunca conhecerá o amor, ao contrário de mim, ele queria perguntar o que era, e eu deixei escapar momentos que eram meus. E isso não passou despercebido. Ele percebeu que algo diferente estava acontecendo comigo e ele me questionou quem era o rapaz que atingirá o coração de sua doce Lene e eu mantinha o meu segredo guardado em minha mente e minhas palavras.
Passou-se dois meses, levando consigo o calor do verão e começou a queda das folhas, e junto mais lágrimas na janela de meu dormitório. Era naquela grande janela que eu via os jardins de Hogwarts embalada pelas canções trouxas de Lily enquanto ele se agarrava com mais uma, mas dessa vez era a Emme. A loira, peituda, bunduda, que todos queriam pegar. Ela sabia sobre tudo o que eu sentia por ele, pois estava descrito em meu rosto e em minha testa, e ela mesmo assim agarrou-se com ele. Grande amiga que ela era. Quando ela subiu e percebeu que eu havia visto tudo, venho me dizer, que eu jamais serei dele, pois ele gosta de beleza e não amizade. Foi a primeira vez em que eu pensei em me matar. E eu tentei. Desci correndo pro banheiro. Junto dele, uma lâmina bem afiada que eu havia conjurado e cortei meus pulsos. Eu vi o sangue esvaindo-se de mim, mas não morri. Desmaiei. Fui salva como uma princesa, por quem eu esperava que fosse meu príncipe, levada a enfermaria. Todos me criticavam por minha atitude de louca, psicótica, depressiva entre tantos adjetivos negativos colocados. Ninguém entendia o que acontecia comigo e meus sentimentos.
Quando Lily e Dorcas descobriram o que Emme me dissera, instantaneamente o choque as abateram, jamais imaginariam esse ato dela, e por muito tempo acreditavam nas palavras de Emme do que nas minhas, que colocara a situação como: “ela entendeu minhas palavras erradas”, isso fez minha depressão interior se aprofundar, a cada momento eu era a má, buraco negro, sem escapatória, e ninguém podia me imaginar, todos me ignoravam, eu era a louca depressiva, simples assim, mas a máscara de Emme caiu duas semanas depois, quando ela foi vista rindo de mim. Grandes tolas, acharam que eu era errada, mas elas próprias se enganavam, uma acreditando que seu namorado era o garoto mais perfeito do mundo e que cuidava de sua mãe doente em dias de lua cheia. HELLO DORCAS ELE É UM LOBISOMEM! E a outra ignorava o que todos viam, que James a amava, e ela além de esnobá-lo, sai pelos corredores ficando com grandes babacas do estilo Amos Diggory.
Minha segunda tentativa de suicídio ocorreu nas férias, estava na casa de campo dos meus pais acalmando meus nervos, quando recebo a cara dele, me dizendo que pensava em namorar, mas mais uma vez não era eu, era a Emmeline, e que ele não entendia como de uma hora pra outra havíamos virado grande inimigas, e que mesmo ele namorando a Emme, ele não me abandonaria, e que qualquer problema eu deveria chamá-lo. E eu o chamei, em berros, e gritos, entra lágrimas e depressão, mas ele não me ouviu. Dessa vez tentei me matar de uma maneira mais “rehab”, tomei todos os antidepressivos de uma vez, 31 comprimidos misturados com vodka e uísque, em instantes me senti fraca e tudo escureceu. E mais uma vez acordei em uma enfermaria, mas agora do Saint Mungus, após uma lavagem estomacal, diziam que era sorte eu ter sobrevivido, mas eu mais uma vez fiquei furiosa por não conseguir. E eu continuava sendo uma incompreendida.
Após essa tentativa meus pais pensaram seriamente em me tirarem de Hogwarts, me levarem para Beauxbatons, mas eu os ameacei de me atirar de um penhasco. Eles temeram pela minha vida, decidiram que eu continuaria em Hogwarts, mas que ele deveria cuidar da minha segurança. Justo ele, que me fazia tentar suicídio, mas eles não sabiam disso. Voltei a Hogwarts com ele grudado em mim, como um cachorro, no início acharam que estávamos namorando, até descobrirem que ele estava com a Emme, e que eu havia tentado me matar novamente e meus pais só confiavam nele para ele me parar. Em todo lugar que eu ia ele estava próximo me cuidando. E foi desse modo que trocamos nosso primeiro beijo, algo do nada, só me lembro de eu estar quase caindo, ele me segurar e levar meu corpo para próximo do dele, e no instante seguinte estarmos entre um beijo caliente e justo naquele momento em que eu estava em êxtase, uma foto é tirada pela fofoqueira da Berta Jorkins. No outro dia está espalhada em toda escola, Emme fazendo seu típico escândalo, Sirius meio que sendo meu segurança e esquecendo o que tinha ocorrido e eu mais uma vez depressiva.
Estava no meio do sétimo ano, parecia nunca ter ocorrido um beijo entre ele e eu, Emme era excluída das rodinhas grifinórias, principalmente após o diário dela vazar, com os xingamentos dela a todos, eu me senti honrada por ter sido chamada de galinha, hipocondríaca, alcoólatra e depressiva. Que bom que ela sabia exatamente como eu era. Parabéns, mas será que ninguém desenhou. Foi quando surgiu Josh Zabini, um cara simpático e educado, mas com um problema, sonserino, era querido em todos seus atos comigo, não andava com as primas e muito menos com aqueles defensores de sangue-puro, dizia ele que o chapéu errara, mas Sirius dizia que ele não se conhecia, pois o chapéu jamais erraria. EU gostava dele, não era como o meu sentimento por Sirius, mas eu era feliz, até o grande babaca atrapalhar tudo com seus ciúmes de amigo. Começar a estar presente onde eu estava ficar dizendo que meu pai mandará ser meu segurança, não deixar eu me aproximar mesmo que centímetros. Zabini se cansou daquilo e começou a sair com outras e eu fique chorando. Sirius fingia estar triste, mas ele não estava, estava feliz, pois eu era como o brinquedinho favorito esquecido que era lembrado quando alguém queria brincar. Lily brigava mais freqüentemente com James, mas ela própria já se tocará que o amava, tinha medo de admitir. Eu meti minhas caras nos livros, quem saiba eu me sairia bem em alguma profissão. Ou melhor seria uma ótima Inominável, porque segredos, obscuridade era comigo mesma.
Os Niem’s vieram com a mesma pressa que a troca de estação, e me sai bem, e conseguirá entrar para escola de Inomináveis, meus pais não gostaram da minha opção, acreditando que fosse me deixar mais depressiva, mas pelo contrário eu sentia um amor pelo que eu decidira, no baile de formatura tudo tinha sido maravilhoso, Lily e James noivaram, e Sirius se declarou pra mim, surpreendendo a todos, até mesmo o par dele de formatura. Eu sentia que minha vida estava perfeita. MAIS UMA VEZ UM GRANDE ENGANO. Eu tinha que enfrentar meu pai criticando meus atos, principalmente pelo meu ato de sair de casa e morar numa casa em um bairro bruxo, que logo em três meses passou a ser ocupado por Sirius. Vivíamos como marido e mulher, em perfeita harmonia, poucas brigas. Ele queria tornar-se um auror e adorava minha profissão, dizia que tornava-me uma mulher misteriosa e atraente; mas esse incrível castelo ruiu após dois anos. Terminando nossos cursos, ele percebeu que todo o mistério e atração acabará e que ele não me queria mais. Eu era mais uma vez um brinquedo jogado na parede.
Mais algumas tentativas de homicídio, e mais depressão, eu usava só preto e vivia dentro das Salas Inomináveis, perdi de arrumar as coisas pro casamento de Lily e James pelo mero fato de encontrá-lo, até porque seria madrinha e ele padrinho. Mas não deixei de ir ao casamento, todas as madrinhas deveriam usar vermelho, eu escolhi um belo par de sapatos dourados e fiz um coque bagunçado. Me sentia bela, como a tempos não me sentirá, era essa a hora de eu superar meu passado. De conseguir entrar de cabeça erguida e me orgulhar de tudo e não soltar sequer uma lágrima. Chegando ao local, Lily estava divina, com seu vestido branco, tomara que caia, com pequenos cristais, e eu ajudava, ela resolverá me colocar de par de seu primo Richard Mayer, para que não tivesse que ficar o tempo inteiro com Sirius, eu a agradeci. Senti que esse era o momento maior. Coloquei-me do lado do tal Richard, com cabelos castanhos, olhos verdes, alto e magro, era um trouxa, mas tinha um sorriso infantil belíssimo, eu correspondi o sorriso, e puxamos assunto enquanto não entravamos, tínhamos muito em comum, até mesmo na profissão, ele era agente secreto, senti que meu antigo coração dilacerado fora substituído por um novo, e que sabia que era igual do outro lado. Quando James passou, Sirius parou do meu lado e me olhou, vi em seus olhos azuis que ele queria estar comigo, mas eu pela primeira vez não queria estar com ele.
E, pela primeira vez na vida, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim.
Eu posso me apaixonar de novo, e você? Pode nunca encontrar alguém igual a mim.
N/A: Eu vi essa frase em uma comu e achei o máximo pra fazer uma fic. Sei que ficou extremamente deprimente, mas eu queria ver a Lene superando tudo e mostrando que Sirius jamais a mereceu. Espero que gostem.
beiijos
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