Capítulo I



Capítulo I
de Pur Sucre


 
Dedico este capítulo a linda da Michelle,
 que adora a fic e apóia minha idéia e, acreditem,
isto é um dos maiores incentivos que eu tenho
para a ‘Pur Sucre’. Espero que gostem, boa leitura!


- Muito obrigado mesmo, .... – eu comecei a dizer, mas daí me dei conta de que não sabia o nome dele.


- Edgar Bones – ele pegou minha mão e a beijou. Estes franceses, sempre derretendo corações com este tipo de cortesia.


- Emmeline Vance – eu sorri para ele, que retribuiu. Estávamos na porta do meu hotel (achado!). Na caminhada daqui para lá ele tentou (inutilmente) me ensinar algumas regras básicas no francês, mas eu nunca fui muito boa – Obrigado mesmo, Edgar. Você me salvou de um sufoco que eu ia passar, talvez eu tivesse que dormir na rua – eu ri do meu próprio drama e ele me acompanhou.


Edgar era francês e sabia inglês porque morou boa parte da vida com a mãe em Dublin, e visitava a Inglaterra em intervalos freqüentes. Graças a boa parte da vida em Dublin ele também sabia irlandês, o que contribuiu para seu currículo e para que ele ingressasse de vez na área de comércio exterior.


- Bom, eu vou indo – eu disse, mesmo contra minha vontade – Eu tenho uma amiga que está provavelmente me procurando. Preciso avisar que estou aqui, viva e sem nenhum órgão faltando – eu ri sem graça.


- Tudo bem, - ele disse e eu me virei, caminhando para o hotel.


E foi muito estranho quando ele começou a me seguir, diga-se de passagem.


Ah droga, ele está me SEGUINDO! Será que ele é um psicopata que se aproveita das mulheres perdidas em seus hotéis? Então ele usa isso como artifício para descobrir onde estamos? Bem que mamãe me falou para não confiar em ninguém, até as pessoas bonitas são malvadas.


Ah droga, por que será que eu nunca dei ouvidos a ela? Agora estou condenada! Ah, Deus. Será que eu consigo chamar a polícia? Como se diz ‘polícia’ em francês??


Olhei sobre o meu próprio ombro e constatei que ele ainda estava me seguindo, para o meu desespero. Ok, eu só preciso respirar. Eu não posso perder a calma, esse tipo de gente sente o cheiro do medo.


Olhei mais uma vez e quase pulei de susto quando ele falou em todo seu esplendor de sotaque francês:


- Aconteceu alguma coisa? – ergueu uma sobrancelha, em pergunta.


- Porque você está me seguindo? Minha família é incrivelmente pobre, sabe, não teremos dinheiro para pagar o resgate! O hotel é chique mas eu ganhei as passagens e... – desatei a falar.


- Você está pensando que eu sou um...


- Sequestrador/Serial Killer ou derivados – eu respondi, sem graça. – Não é...?


Ele riu, parecendo divertido. Ah droga. Eu realmente preciso de tratamento psicológico. Porque minha mãe sempre põe medo na minha cabeça, hein hein? Assim eu fico achando que todo mundo que eu encontro é bandido.


Me diz como que eu vou casar, assim. Eu não consigo ficar nem um minuto sem falar algo idiota e totalmente sem noção.


Ah droga, estou sentindo minhas bochechas esquentarem, de novo.


- Eu não sou nada disso! – exclamou, rindo. – Estou hospedado neste hotel também.


Ok, eu já posso morrer agora. Porque, senhor, porque eu não tenho uma língua menor e um cérebro maior, hein hein?


- Hm... legal – eu disse, tentando esconder com os cabelos a cara de tacho que eu estava fazendo naquela hora, e a vontade de morrer, também.


- Não fique assim – ele me diz segurando o riso. – Que tal jantarmos hoje? Aí você poderá guardar as informações e reparar que eu não sou um psicopata, no final das contas – e piscou.


Ah, Deus, tem como eu me sentir pior?


Concordei com a cabeça. Eu acho que posso fazer voto do silêncio, a humanidade ia se sair muito melhor com a minha boca fechada.


- Que tal no próprio restaurante do hotel? Ele não é tão ruim, mas se você não gostar nós podemos procurar alguma coisa... – fiquei só concordando afirmativamente com a cabeça, totalmente sem graça.


- Te encontro às sete, então – ele disse, sorrindo. Além daquele sotaque francês maravilhoso ele ainda tem esse sorriso que deve ter sido muito caro, porque é totalmente perfeito.


Esbocei um sorriso, sem graça:


- Ok.


Observei-o enquanto se afastava, indo para o próprio quarto do hotel. Eu mal tinha feito o juramento e já quebrara meu voto do silêncio...


Balancei a cabeça para mim mesma, enquanto me dirigia ao meu quarto do hotel.


A porta estava com uma fresta aberta e eu entrei, procurando por Marlene. Será que ela tinha largado a porta aberta ou era o serviço de quarto


- EMMELINE! – ouvi alguém berrando o meu nome, e ao virar me dei de cara com Marlene, altamente preocupada e com uma séria cara de doida – ONDE VOCÊ ESTAVA, MULHER? QUER ME MATAR?


- Lembra que eu te pedi para me esperar do lado de fora da loja? Então, eu voltei e você simplesmente não estava lá! Não me culpe de encontrar um homem bonitão que me trouxe de volta e...


- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! E você nem me fala? – disse Marlene-escândalo-McKinnon. Eu podia jurar que Edgar ouviu este grito onde quer que estivesse.


- Shiiiu, doida, pare de gritar – gesticulei para que fizesse silêncio. Eu te conto tudo, se quiser...


- Então pode começar a contar a história – ela disse, juntando as mãos e piscando os olhos, como uma criança pidona.


Revirei os olhos.




 - LENE, SAI DA MERDA DO CHUVEIRO! – eu berrei, socando a maldita porta. Já eram seis e meia e eu não tinha começado a arrumar.


Além do fato que eu havia dormido e estava com orelhas que me conferiam a aparência de um urso panda, eu estava com a cara amassada.


Ok, essa neura com ‘caras’ foi tudo culpa da mamãe. Que insistia que eu fosse uma dama, toda certinha e blábláblá. E damas não tiram um cochilo com a cara na almofada, porque acordam com a cara amassada.


Me arrependi tanto naquele momento por não ouvir os conselhos da mamãe.


Lene saiu do chuveiro com uma toalha enrolada na cabeça e eu fuzilei-a com o olhar, pegando as minhas coisas, pulando lá dentro e fechando a porta.


Uma mania um tanto que idiota, eu sou viciada com banheiros. Adoro olhar banheiros bonitos (de shoppings grandes e de hotéis) e este não perdia para nenhum dos que eu tinha visto.


Tomei o meu banho razoavelmente rápido e troquei de roupa, colocando um vestidinho tomara que caia balonê todo floral, com um sinto largo na cintura e sandálias cor de caramelo no estilo das gladiadoras, só que curtinhas e cheias de detalhes metálicos.


Quanto a maquiagem eu já tinha um estilo praticamente imutável: o básico. Sombra marrom, batom um pouquinho rosado, rímel e blush dos que você chamariam de ‘laranja’, gosto de chamá-lo carinhosamente de blush-cor-de-cara, hahaha.

Peguei a bolsinha e soquei meu celular e minha carteira lá dentro, coloquei meu relógio fininho de couro e ouro – uh, uma combinação que eu chamaria de ‘sexy’ (e vocês esqueçam que eu chamei um relógio de sexy) – e apertei o botão do elevador.

Já eram sete e vinte! Ah, droga. Como diria mamãe, ‘sou uma vergonha para os ingleses, com esta minha noção de horário falha’.


Cheguei no restaurante com cara de pastel[?]. Um atendente havia falado educadamente algo comigo, só que como não entendia fui obrigada a sorrir e balançar a cabeça positivamente; ele me encarou um pouco confuso e depois ele se afastou.


Ok, podem me chamar de Emmeline-afugentadora-de-atendentes.


Podem saber que depois que eu voltar para Londres eu vou – direto – procurar um curso de francês para fazer.


Ou Edgar pode me ensinar.


Hahahaha.


Isto, é claro, se ele tiver me esperado.


Senti uma mão no meu ombro e eu estava prestes a chutar no estilo de Drew Barrymore em ‘As Panteras’ mas eu vi que não era nenhum tarado, só Edgar.


E cheguei mais uma vez a conclusão de que eu sou uma paranóica. Como se isto fosse uma grande novidade.

- Desculpe o atraso, Edgar – eu disse, completamente envergonhada. Eu tinha perdido a hora, além do fato de ter uma amiga-da-onça que não me acordou e me deixou igual a um panda.


- Tudo bem – ele abriu um sorriso travesso para mim e eu corei. – Vamos?


Seguimos até a nossa mesa, aparentemente reservada. Edgar acenou para um dos atendentes enquanto sentava. O restaurante era bem bonito, o tempo estava fresco.


Era todo de madeira, com uma vista enorme para a cidade, várias mesas numa espécie de deck e, do hotel, dava para sair e ir diretamente para a rua, onde havia uma variedade de lojas coloridas esperando os compradores compulsivos.


Todo o restaurante era bem iluminado e todos os garçons vestiam muito bem, com seu uniforme preto impecável e sorriso nos lábios.


Eu nem queria imaginar o processo de seleção para ser garçom neste hotel.


- O que você vai querer? – perguntou Edgar, os olhos colados no cardápio.


Parei um segundo para observá-lo. Seu cabelo era loiro e curto, parecia um tanto desarrumado, mas isto lhe conferia uma aparência extremamente, hm, galante.


Vestia calça jeans preta, tênis totalmente preto – não consegui identificar a marca, não é como se eu pudesse ficar focando o pé dele o tempo todo, igual a um elevador – e uma camisa branca, com alguns botões abertos no topo, revelando uma correntinha dourada.


- E então? – ele disse, e eu me obriguei a abrir o cardápio...


Todo em francês.


- O mesmo que o seu – disse, abrindo-lhe um sorriso torto. Geralmente eu não sou de deixar o macho[?] decidir o que vamos comer, mas eu realmente não estava entendendo nada.


Ele sorriu para mim, como se soubesse o tempo todo que eu iria lhe falar isto e comunicou alguma coisa para o garçom que estava ao nosso lado – que eu nem tinha visto chegar.


Os pratos não demoraram a chegar, enquanto isto Edgar me contava da sua vida, da sua infância, de como sabia falar inglês e dos seus pais. Me contou da sua antiga escola, das confusões que causava na adolescência com um monte de garotos da sua idade – tão travessos quanto ele.

Não pude deixar de rir de todas, é claro. Ele me contou da vez que, com uns trezes anos, foi pular uma cerca – ele havia acabado de roubar maçãs da casa de um senhor muito rabugento – quando sua calça ficou presa na ponta da cerca, exatamente onde era um tanto cortante. Ele me disse que ficou pendurado pelo ‘popô’ por aproximadamente uma hora antes de alguém ir ajudá-lo.

Eu não conseguia imaginar o Edgar preso com a bunda para cima em nenhum lugar, e quanto mais eu pensava, mais imagens engraçadas vinham na minha cabeça e mais eu tinha vontade de chorar de rir.


- Realmente – eu disse, entre lágrimas, tentando controlar os risos – deve ter sido muito idiota.


- Nossa! – ele exclamou – foi horrível, nunca me senti mais ridículo.


Falar com Edgar era realmente engraçado, ele era um tipo de conjugação ideal de todas as qualidades que você queria encontrar em um homem, mesmo.


Nossos pratos chegaram e eu contive muito – muito – a careta que ameaçava surgir no meu rosto.


Sobre a linda louça de porcelana jazia algo parecido com lesmas carbonizadas, ao lado de uma lagosta aberta ao meio, com alguma coisa – pareciam vísceras – dentro.


Mas é claro que não eram vísceras, quer dizer, eles não fariam isto.


O mais estranho era ver Edgar atacar aquilo com a boca boa, como se fosse extremamente delicioso. Ugh.


“Uma dama nunca rejeita um prato de comida, não quando ela já está posta. É totalmente rude negar algo que alguém preparou com expectativa.”

Tá bom, mãe, já entendi. E lembro de todos os seus conselhos.


Dei uma garfada nas vísceras, primeiro. Eu poderia agradecer aos céus por ser tão pouca comida. Eu olhava para as lesmas carbonizadas e eu tinha certeza que elas estavam olhando para mim de volta, quando Edgar me interrompeu;


- Emmeline? – o encarei, como se fosse uma criança sendo pega fazendo algo que não devia – alguma preferência de vinho?


Era o garçom mágico, que se aproxima rasteiro e me faz pensar sempre que ele brotou do lado da mesa. Dei um suspiro discreto, de alívio:


- Vou deixar que você escolha, desta vez – sorri sem mostrar os dentes, afinal, eu não tinha confiança se aquilo era algum tipo de alimento constrangedor, como salada (sempre grudando nos dentes).


A verdade era que eu estava ainda muito concentrada nas lesmas.


Logo o garçom – que a propósito, era bem bonito – nos servia do vinho que Edgar pedira, e este eu não tive medo de experimentar.


Afinal, não tem muita coisa o que inventar para fazer um vinho. Não igual a pratos. Por isto que eu morro de medo de comida, poderia até chamar de comidofobia.


Rimos bastante, ele me contava mais casos. Foram servidos vários pratos, alguns gostosos, outros com uma cara totalmente horrível – mas que eu comi mesmo assim – e saladas, sobremesas e vinho vinho vinho.


Dei graças a Deus por ter uma estranha resistência ao álcool. Sempre tive medo de ser daquelas bêbadas estranhas que acabam pagando calcinha em algum lugar e acordam no sofá da casa de um estranho.


Voltando.


Mal percebemos que éramos os últimos dali do restaurante, o que não devia ser nada para os garçons, que continuavam sorrindo como se fosse um prazer nos atender.


- A conta – deve ser o que Edgar falou para o atendente, que logo chegou com uma pequena pasta de couro com o valor da conta para pagarmos.


Comecei a futricar na minha bolsa, para pegar a carteira e ele fez uma cara muito, muito feia para mim.


- O que é? Você não vive na era do machismo, vive? – eu disse, rindo da cara de cão sem dono que ele fazia.


- Não, sou da era do cavalheirismo – ele respondeu com uma careta.

- Nesta era, mulheres não trabalhavam, agora podemos muito bem pagar nossa conta. – eu disse, arqueando a sobrancelha enquanto ele continuava com a careta.

Own, que bonitinho.
- Bem, pelo menos eu tenho a pasta – e piscou para mim, colocando a nota (não sabia qual era de olhar, eu tinha que contar nos dedos) e entregando para o garçom (que mais uma vez materializava ali).


Não  reclamei, depois desta não era como se eu pudesse chamar o garçom de volta e pedir para por a minha nota la dentro – principalmente pelo fato de não saber falar frances.


E esta bendita língua fazendo-se mais e mais necessária para mim.


Dali – mesmo que estivesse beeem tarde – saímos para andar pela cidade, que era maravilhosa (mesmo no escuro).


(Principalmente no escuro, cof cof).


Edgar insistiu para que víssemos como a cidade era sem aquela agitação toda, mesmo que fosse com a cidade ‘adormecida’.


Não que ela parecia realmente adormecida, na verdade, parecia bastante ativa. Havia bastante gente andando nas ruas e entrando em pubs, restaurantes...


- Aqui é mesmo lindo – soltei pela milionésima vez.

- De fato – ele disse, pelo menos pela milionésima vez também.


Ok, eu estava completamente sem assunto. O que, by the way, é horrivel. Andamos uma parte do percurso em silencio e finalmente chegamos de volta ao hotel.


- Te vejo por ai? – eu disse, quando entramos no elevador. E isto era simplesmente A PIOR coisa que eu poderia dizer num momento como este. Totalmente imprópria.


E ninguém venha me negar que elevadores sao objetos criados proporcionalmente para te constranger.


Eu tinha a impressão que se não fosse pela musica de fundo do elevador ele poderia ouvir meu coração tentando desesperadamente pular pela minha boca – sim, mesmo crescendo continuo como se fosse da quinta serie.


Ele abriu um sorriso (lindo):


- Te vejo por ai – e piscou, chegando bem perto para me dar um beijo na bochecha.


E este e um daqueles momentos onde você não esta pensando com muita clareza e que seu corpo se move sozinho, mesmo você falando para ele que isto não se faz.


Virei o rosto e encontrei sua boca, sentindo seus braços fortes me segurarem pelos ombros – provavelmente para que eu não caísse – enquanto o elevador (aparentemente) parava em algum andar.


Não sei exatamente por quanto tempo eu fiquei ali, beijando Edgar no elevador, mas sei que quando ele interrompeu o beijo para me mostrar um sorriso lindo e desejar boa noite eu desci num andar que não era o meu, abri uma porta que não era minha e quase fui engolida por um poodle selvagem – que também não era meu.


Se não fosse pelo meu abobamento momentâneo, eu estaria me sentindo idiota. Mas como eu não tinha essa capacidade ainda, subi pelas escadas ate o meu andar com um sorriso viajado no rosto, recebendo olhares enfurecidos de Marlene sendo acordada e afundando o meu rosto no travesseiro do hotel.


Afinal, ficar perdida na França não é tão ruim assim.




N/a: EIS ai, criançada, o primeiro capitulo de Pur Sucre *-* Aviso de antemão que ela não vai ser grande, com três humildes capítulos. Perdão a demora, eu estava com um serio problema de inspiração. Queria agradecer a Michelle – daa, ta la no inicio do capitulo – que adora fic, fez aquela capa maravilhosa ee so. Obrigado mesmo pelo apoio, Mi, este capitulo e pra você. L.

Ps; visitem o meu blog, uh uh. OS blogs, na verdade.
http://etcoetra.blogspot.com  - resenhas de livros e de filmes, com direito a promoções!
http://buraconegro.ispirazione.org – blog pessoal, não recomendado para pessoas com nível de sanidade abaixo do normal.


 


N/b: Eis ai meu povo, a beta desnaturada, ou seja eu, finalmente betou o capitulo um , hahah. Gentem diz ai quem quer um Edgar desse levanta a mão \o/. Acho bom comentarem.


Ps; Visitem o NOSSO BLOG né dona Chel....


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