Uma conversa difícil
Enquanto isso, no quarto de Harry
Harry estaria se perguntando o que está acontecendo lá fora se a sua mente não estivesse em plena ebulição com os últimos acontecimentos. Seu estômago se contrai só em imaginar que a história poderia não ter tido um desfecho tão favorável assim, um mínimo acontecimento diferente e as coisas poderiam ter terminado muito mal
Ele se pega fervorosamente dizendo que nada foi sua culpa, afinal ele nunca poderia adivinhar que o pequeno seria sequestrado, mas algo dentro dele teima em dizer que ele poderia ter feito algo que mudasse os acontecimentos. Harry conhece muito bem essa sensação, ele sentiu algo parecido quando seus pais morreram
Sim, em sua mente infantil ele se viu imaginando várias coisas que poderia ter feito, que fariam com que o acidente que levou seus pais não acontecesse e neste exato momento ele se encontra da mesma forma. Harry sabe que é irracional, mas ele não consegue deixar de se sentir culpado
Demorou um pouco, mas agora ele percebe que ama Gina com todas as suas forças e que ele ama o garotinho como se fosse seu e neste momento Harry sente uma pontada em seu coração só de pensar em quão perto estivera de perdê-lo e ele luta contra a incômoda sensação de que todos aqueles que ele ama de uma forma ou de outra se vão, sempre foi assim e algo dentro dele diz que sempre será
Neste momento a porta se abre, mas não é Gina como ele pensava. Harry vê o médico de Dumbledore entrar assumindo seu melhor tom profissional
- Eu já ouvi de várias fontes que você está bem, mas Dumbledore me mataria se eu não me certificasse pessoalmente – ele diz enquanto se aproxima – como você está se sentindo?
- Estou bem – ele diz sabendo que o médico irá relatar a Dumbledore apenas o que achar que o seu paciente deve saber – eu me meti onde não devia e tomei um tiro de raspão, mas tirando isso estou inteiro
O médico olha para o homem no leito. Ele pode ver que sim, fisicamente Harry está bem, mas existe algo em seu olhar, algo que Remo Lupin já viu em outra pessoa, mais especificamente em James Potter há muito tempo, mas que ele poderia reconhecer em qualquer lugar, o olhar de quem se sente culpado por algo que não poderia prever
No entanto, o médico sabe que não tem intimidade suficiente com Harry para tocar no assunto, ele não teve nenhum contato com Harry após a morte de James e Lilly. Remo se culpa por isso, mas os Dursleys nunca permitiram nenhum tipo de contato. Além disso, era doloroso demais pra ele, então Remo aceitou este afastamento sem questionar
Então o médico simplesmente diz – fico feliz que esteja bem, tanto Dumbledore quanto Minerva estão bem preocupados, eu devo dizer
- Ele está bem? – Harry pergunta começando a se sentir culpado, só agora ele percebe que esta história toda poderia causar um estrago na saúde de Alvo Dumbledore. A última coisa que ele quer é ser o responsável por isso também
- Sim – Remo o tranquiliza – ele é mais forte do que qualquer um de nós imagina, mas é claro que deixamos alguns pequenos detalhes de lado – o médico sorri – medida de precaução – ele olha para Harry – mas você está mesmo bem? Existe algo que eu possa fazer por você?
- Já que o senhor é médico e está aqui – Harry diz depois de pensar um pouco – poderia, por favor, descobrir quando vão me liberar desta cama? Eu já estou bem, é um desperdício de recursos me manter aqui quando poderiam estar cuidando de quem realmente precisa
Remo olha para Harry pensando se ele realmente sabe o quanto é parecido com o seu pai. O médico imagina o próprio James dizendo este tipo de frase, então ele diz – vou ver o que eu posso fazer
Dizendo isso, Remo Lupin se retira
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Quase ao mesmo tempo, no corredor do hospital
Gina evita olhar para o relógio. Faz apenas alguns minutos que seus sogros saíram para ver o filho, mas a ela parece que foram horas. Ela está sozinha, pois Sirius pediu licença para resolver alguns problemas inadiáveis, a ruiva sente um bolo em seu estômago cada vez que pensa em tudo que aconteceu e em como esta história poderia ter tido um final trágico se as coisas tivessem sido diferentes
Ela sacode a cabeça para espantar o pensamento. Seu filho está são e salvo e Harry embora tenha levado um tiro não corre perigo algum, e neste momento ela não pode deixar de pensar em tudo que ouviu dos seus sogros ainda a pouco e ela ainda não acredita que seu ex-marido tenha conseguido descer tão baixo e ela fica tentando adivinhar pelas poucas vezes que o viu nos últimos tempos se havia algo que indicasse que ele estava tendo problemas. No entanto ela não conseguiu perceber nada, talvez pelo fato do seu ex-marido continuar terrível como sempre
Neste momento os pais de Adam saem, ela pode ver que seu ex-sogro parece arrasado e a mãe do seu ex-marido apresenta um semblante banhado por lágrimas, seu coração palpita quando Gina a ouve dizer que seu ex-marido quer vê-la
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Um pouco depois, na delegacia
Sirius aguarda o policial que chefiou a operação enquanto agradece aos céus pelo fato do homem não ter preconceito contra detetives particulares, pelo menos não tanto quando outros policiais com quem trabalhou e ter prontamente concordado em dar maiores detalhes do planejamento do sequestro. Sirius não costuma fazer isso uma vez que o caso está solucionado, mas desta vez ele sabe que precisa de mais respostas para Gina e para seu afilhado
Alguns minutos depois, o detetive que chefiou a operação aparece pedindo desculpas pela demora
- Sem problemas – Sirius diz – imagino que os depoimentos tenham demorado
- Na verdade acabamos de tomar o último depoimento agora – o detetive diz aparentando cansaço – quer dizer, do último dos sequestradores que está em condições de falar e eu te digo meu caro, eu nunca vi um plano tão amador e com tantas falhas. Devemos agradecer aos céus todos os dias por esta história não ter terminado em um completo desastre
- É, eu percebi – Sirius responde – a impressão que dava é que nenhum deles havia feito algo mais sério do que roubar um som de carro ou uma bolsa dentro do ônibus. O que faz com que as pessoas fiquem tão idiotas de repente?
- Drogas – o policial diz e vê que Sirius assente em concordância – eu sou capaz de apostar meu distintivo como estes caras bolaram este plano enquanto estavam totalmente chapados. Você tem um tempo? – o policial pergunta – a história é meio longa
Se Sirius for realmente pensar, ele não tem tanto tempo assim afinal o detetive saiu sem sequer avisar Gina e seu afilhado, mas ele sabe que precisa ter mais detalhes para dar alguma explicação então ele assente e diz – me conte tudo
- Pelo que eles me disseram – o policial começa – o grupo costumava se reunir para usar drogas pesadas, ficar chapado, estas coisas. E como todo grupo de doidões na maioria das vezes eles não falavam coisa com coisa
- Típico – Sirius murmura enquanto o policial assente com a cabeça e continua
- Pelo que pude entender o pai do garoto disse que seus pais tinham grana, mas que estavam ser recusando a lhe dar dinheiro e ele tinha que arrumar uma forma de conseguir, aí eles acabaram tendo a ideia de sequestrar o menino para tentar tirar algum dinheiro dos avós. Quando eles conseguiram o dinheiro, o bandido que foi morto resolveu que não iriam libertar os reféns e a coisa realmente saiu do controle
Sirius não precisaria ser o homem inteligente que é para concluir o óbvio – então é claro que o pai do garoto não concordou e acabou tomando um tiro
- Exatamente – o policial diz – provavelmente pensaram que ele estava morto, ele ficou ferido e esquecido até que teve a oportunidade de atirar e talvez salvar o filho
- Mas ele poderia tê-lo matado também – Sirius pondera, o detetive sabe que foi apenas por muita sorte que a situação não terminou de forma trágica
- Sim, ele poderia, mas isso não aconteceu e provavelmente um bom advogado vai usar isso a seu favor – o policial fala, ele olha para o detetive – eu espero que ele resista e possa pagar pelo que fez. E seu afilhado como está?
- Deve ter alta ainda hoje. Assim que tudo for resolvido no hospital, eu o trago para depor – Sirius diz se lembrando que esqueceu completamente dele
Neste momento seu telefone vibra. Sirius vê que um de seus agentes de confiança deixou várias mensagens. O detetive suspira, ele se esqueceu completamente dos problemas nas empresas Dumbledore o que é perfeitamente perdoável devido às circunstâncias, mas agora é hora de voltar a se concentrar neste problema, ele pede licença ao policial e se retira
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No hospital
Gina respira fundo enquanto segue o enfermeiro até a UTI. Falando sinceramente, a ruiva não pode dizer que gostaria de encontrar o pai do seu filho naquele momento, mas ela sabe que precisa fazer isso, ela precisa saber que tipo de explicação ele pode lhe dar. Gina precisa olhar nos olhos do seu ex-marido e ver se ele realmente sente algum tipo de amor por seu filho ou se o garotinho sempre foi apenas uma espécie de brinquedo do qual ele não poderia se livrar quando não o quisesse, ela precisa ouvir da sua boca que ele não sabia o que estava fazendo e que se arrepende de ter colocado a vida do seu menino em risco, ela precisa saber que ele se arrepende
A ruiva vê que o enfermeiro lhe dá algumas instruções, mas sinceramente Gina não poderia dizer o que lhe foi dito. Ela está nervosa demais para prestar qualquer atenção
Ela vê a porta sendo aberta, ao mesmo tempo em que tenta em vão ignorar o bolo crescente em seu estômago. Gina se aproxima lentamente enquanto lágrimas descem dos seus olhos castanhos, ela chora por tudo que aconteceu, pelo sofrimento que ela tem certeza que o filho passará, pelo fato de ver uma pessoa que amou descer tão baixo
Ela olha para o semblante pálido do seu ex-marido e vê que ele quer dizer alguma coisa – não... Não se esforce – ela se vê murmurando – você não deve se cansar, depois conversaremos
- Você não existe, sabia? – ele murmura – eu faço o que eu fiz e só o que você tem a dizer é que eu não posso me cansar?
Gina não pode deixar de emitir um pequeno sorriso entre as lágrimas, é como se bem lá no fundo ainda existisse um pequeno resquício do homem pelo qual ela foi apaixonada – isso não significa que eu não estou furiosa e que vou não querer muitas explicações quando você estiver em condições
- Condições – ele diz com dificuldade – provavelmente não vou estar nunca em condições – ele diz e continua antes que Gina fale algo – nós dois sabemos que as minhas chances de sair dessa são remotas
- Não diga isso – Gina diz lutando contra as lágrimas – o pior já passou você vai sair dessa – ela respira fundo – não sei como você se meteu nesta confusão e nem posso dizer que você é exatamente o pai que eu gostaria para meu filho, mas o Cody adora você, então não se atreva a morrer e partir o coração dele, está entendendo? – ela diz de forma enfática ignorando as lágrimas que agora descem livremente – não se atreva a morrer!
- Talvez fosse melhor – ele diz – assim meu filho não saberia no que o pai dele se tornou... Eu estava desesperado, Gina, mas eu juro por tudo que é mais sagrado que em momento algum eu quis que o garoto fosse ferido, eu juro que não estava nos meus planos machucar meu próprio filho. Se por um momento eu soubesse... Eu só achei que ia ser um bom modo de conseguir grana, o resgate seria pago e o Cody iria pra casa...
Gina olha para o homem a sua frente, é evidente que ele não deveria se esforçar assim, mas ao mesmo tempo ele parece muito querer falar. Então ela permanece calada enquanto ele continua
- Eu estava sendo ameaçado. Eu devia uma bolada para um traficante, ele ameaçou me matar e ir atrás do meu filho também, eu não podia deixar, eu sei que você não acredita, mas eu pretendia sair dessa. Eu só queria pagar o que devia e sair daquela vida, eu pretendia me limpar...
- Por favor – Gina diz ao perceber que seu ex-marido fala cada vez com mais dificuldade – não se esforce tanto, primeiro você tem que se recuperar, depois pensamos nisso
- Não – ele balbucia – eu preciso falar... Eu quero que você diga ao Cody que o pai dele o ama. De um jeito meio torto, eu admito. Mas eu amo meu filho, eu nunca iria machucá-lo ou deixar que alguém o machucasse
- Eu não vou dizer nada – ela diz enquanto as lágrimas descem copiosamente – você vai fazer isso, você vai pagar pelo que fez, é verdade. Mas isso é o certo a se fazer e você vai dizer a seu filho que o ama e vai prometer a ele que um dia ele terá muito orgulho do pai que tem
Antes que seu ex-marido possa dizer mais alguma coisa os monitores apitam de forma descontrolada. Gina, atônita, vê vários médicos entrarem e o cercarem ao mesmo tempo em que um deles a coloca para fora dizendo que precisam trabalhar, e a ruiva se vê pedindo com todas as suas forças para que este pesadelo finalmente acabe e quem sabe seu menino possa ver seu pai mais uma vez...
NOTA DA AUTORA
Não sei se alguém achava que eu havia desistido, mas isso não aconteceu e nem vai acontecer então aqui estou eu! Desculpem a demora, eu sei que prometi não enrolar tanto, mas eu viajei nas férias e passei alguns dias longe das fics. Quando retornei as férias acabaram e meu tempo diminuiu. Agora estou me organizando novamente e garanto que o próximo capítulo deve sair um pouco mais rápido
Espero que tenham gostado. A fic está começando a entrar na reta final, não é como se fosse acabar nos próximos capítulos mas estamos chegando lá.
Bjos e até o próximo
Comentários (1)
Boa! Vai seguindo como pode! O importante é não abandonar a história. Seguindo um bom ritmo
2017-03-27