Alívio

Na sala

Dora vê, assustada, que o chefe dos seqüestradores lhe parece cada vez mais desajustado. Ele continua discutindo com o policial do lado de fora. Por algum motivo ele se recusa a deixar que Cody se comunique. Ela não entende direito o porquê, se ela estivesse no lugar dele faria o possível para mostrar que não há ninguém ferido. Isso seria o mais sensato, mas infelizmente sensatez não é algo que um viciado provavelmente em crise de abstenção tenha de sobra

Ela se agarra ao pequeno ruivo, dá pra ver que ele tem receio até de respirar mais profundamente e os semblantes dos demais homens também não é muito melhor, ela tem certeza que se eles pudessem, já teriam se entregado. No entanto a arma daquele homem amedronta a todos, ou talvez não, talvez se mais alguém estivesse empunhando uma arma esta pessoa se encheria de coragem para enfrentar os policiais, ou talvez confrontasse o próprio líder o que não seria nada bom. Dora só pode respirar aliviada por existir apenas uma arma naquele lugar

Mas o que Dora não sabe é que não existe apenas uma arma naquele lugar...

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Enquanto isso

Hermione acaba de estacionar na rua perpendicular ao local que Luna lhe indicou, já é possível ver a movimentação dos transeuntes assim como a curiosidade no olhar de cada um. Ela respira fundo e diz antes que a comitiva saia do carro – eu sei que é difícil, Gina. Mas eu lhe peço que mantenha a calma, você não sabe se é realmente o Cody que está lá e eu sei que a última coisa que você quer é chamar atenção dos repórteres que estão aqui

A ruiva assente com a cabeça. Ela sabe que vai ser difícil, mas realmente não seria bom que a imprensa soubesse que ela é a mãe do garotinho que está lá. Não por ela, mas se Dumbledore ou a sua família estiverem assistindo isso poderia alcançar proporções catastróficas

Eles descem do carro e logo notam o olhar das pessoas, passar desapercebido não vai se tão fácil quanto imaginavam. Dá pra notar logo de cara que eles não pertencem àquele local – e agora? – Rony sussurra para a noiva

Vamos fingir que somos apenas um grupo de curiosos que resolveu checar o que está acontecendo – Hermione diz aparentando uma segurança que não sente – de repente conseguimos alguma informação – ela olha para a amiga – e você, Gina, tente se controlar o máximo que conseguir. Lembre, vai dar tudo certo

Gina assente com a cabeça lutando contra as lágrimas, ela respira fundo e diz – vamos logo

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No cativeiro

Dora respira aliviada, tão aliviada quanto alguém pode estar nas atuais circunstâncias. Finalmente o homem armado permitiu que o pequeno ruivo conversasse com o policial, ela olha para Cody e se dirige com ele para junto da porta, neste momento ela ouve um gemido muito fraco, seu olhar se volta para o homem mascarado caído ao pé da parede. Mesmo que ele seja um dos sequestradores, Dora fica feliz por ele estar vivo, bandido ou não ele é um ser humano e Dora não se sentiria bem em vê-lo morrer sem socorro

Ei, garoto – ela ouve uma voz vinda do lado de fora – você está bem? Está machucado?

Cody olha para a moça algemada a ele, Dora assente com a cabeça e o pequeno responde – eu não estou machucado – as lágrimas saem sem que ele tenha controle – eu estou com medo, eu quero a minha mãe

Escute – a voz do lado de fora procura falar da forma mais calma possível – nós estamos fazendo tudo pra que você encontre a sua mamãe. Tudo vai ficar bem, eu prometo. Você está com fome? Eles te deram comida?

Eu comi pizza ontem – Cody diz – hoje não comi nada, eu estou com fome

E assim a conversa flui por mais tempo que Dora esperaria, ela olha para o homem armado que surpreendentemente parece alheio ao fato. A Dora parece que ele está aproveitado esse momento para pensar em algo e provavelmente está se dando conta que não há mais o que fazer, mas ao mesmo tempo ela está cismada. Pra ela é ilógico que os policiais percam tanto tempo acalmando um garotinho apavorado ao invés de tentar negociar, ela só espera que haja algo por trás desta atitude, algo que finalmente tire a ambos deste inferno

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Em outra parte da casa

Harry evita até respirar enquanto mais homens entram pela janela, ele se pega perguntando como estes homens conseguem ser tão silenciosos e também em como eles conseguem se comunicar apenas com os olhares. É evidente que eles sabem exatamente o que fazer, eles engatilham as armas e se preparam para invadir o local e Harry se pega desejando que tudo saia como planejado, que ninguém saia ferido e que este pesadelo possa acabar

Sirius respira fundo, ele sabe que tudo pode terminar muito mal se eles não contarem com uma boa dose de sorte. Eles estão contando com o elemento surpresa

Ele checa mais uma vez a sua arma enquanto faz um gesto para o afilhado para que este não se mova. Harry vê os homens caminharem cautelosamente para fora do depósito. É tudo ou nada

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Enquanto isso, na sala

Dora vê que os sequestradores estão incomodados com o diálogo entre o policial e o pequeno ruivo. Este chora enquanto responde as perguntas, é de cortar o coração ver o menino assustado e a agente não pode deixar de pensar que alguns dos sequestradores também se compadecem do estado do menino. Alguns, mas não o homem armado que a ela parece cada vez mais alterado

Sua experiência lhe diz que ele está sofrendo os efeitos da abstenção e que isso em hipótese alguma pode ser algo bom. Ela se lembra que no final de sua adolescência foi voluntária em um centro de reabilitação de viciados e que as crises devido à falta da droga era uma das etapas mais difíceis para os internos

Ela procura ouvir a conversa lá fora e ao mesmo tempo prestar atenção ao que acontece do lado de dentro e Dora não gosta nada quando vê um dos bandidos entrar no quarto em que eles estiveram. Sua preocupação chega ao desespero quando vê que ele sai de lá trazendo seu comunicador nas mãos

Chefe – o homem fala dirigindo-se ao homem armado – eu achei isso lá dentro

O homem armado pega o aparelho em suas mãos e neste momento seu semblante se enche de ódio – sua vadiazinha! – ele vocifera enquanto aponta a arma em sua direção. Dora sente seu coração acelerar e ela fecha os olhos por um momento esperando a sua execução sumaria, mas logo ela os abre ao ouvir as palavras com as quais havia sonhado desde que foram levados

- Ninguém se mexe, é a polícia!

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Um pouco antes, do lado de fora

Gina tenta se movimentar em meio à multidão de curiosos que tenta ver tudo pelo melhor ângulo. Ela vê que um homem conversa com os repórteres, está óbvio que ele é um policial que tenta manter a imprensa informada sem colocar tudo a perder, por um momento ela pensa em ir até ele para tentar maiores informações, mas isso é esquecido rapidamente no exato momento em que ela vê um garotinho ruivo não muito distante dela

A mulher sente um bolo em seu estômago. Ela sabe que não é seu filho, embora de longe possa enganar outra pessoa seu coração de mãe sabe que não é o seu pequeno, mesmo assim ela caminha até ele e toca suavemente no seu ombro ele se vira e ela diz, meio desconcertada – desculpe, pensei que fosse outra pessoa, você pode dizer o que está acontecendo?

Você é ruiva também! – Ele diz entusiasmado como se houvesse descoberto a pólvora – não têm muitos como eu por aqui – ele diz meio cabisbaixo – os outros meninos falam que eu sou esquisito

Eu vou te contar uma coisa – Gina diz sentindo uma óbvia simpatia pelo ruivinho – de onde eu venho, têm muitos como nós. Você não é esquisito, você e lindo! – ela diz e sorri ao ver o garoto abrir um sorriso onde se pode ver a falta de dois dentes dianteiros – você mora por aqui? – ela pergunta – o que está acontecendo?

Você é da polícia – ele pergunta com um ar assustado – o pessoal daqui não gosta da polícia

Não – ela diz tranquilizando-o – eu juro que não sou da polícia, só estava passando. Aí vi o carro da polícia e fiquei curiosa. O que houve?

Tem um garotinho lá dentro – ele diz parecendo entusiasmado em contar a história mais uma vez – o homem disse que era um garotinho assim como eu

Um homem? – ela diz com o coração aos pulos, somente Harry diria que era um garotinho assim como ele – e esse homem – ela pergunta – onde ele está?

O menino olha para ela sem saber se deve falar alguma coisa, mas a sua língua solta faz com que ele não resista. Então ele diz – ele foi para a escada no fundo do prédio depois eu não vi mais

Ela pensa em perguntar mais alguma coisa, pedir para que o menino diga como era este homem, mas Gina não o faz, pois neste momento ela ouve um som que faz com que seu coração gele, em outra ocasião ela não saberia identificar o estampido, mas neste momento ela sabe muito bem o que é. Tiros

A ruiva sai correndo em direção aos policiais, dane-se a história de tentar ser discreta, ela limpa as lágrimas com as costas da mão enquanto é seguida de perto pelo irmão e a cunhada

Ela pode notar que todos estão alvoroçados. Não é preciso ser um policial para concluir que assim como ela todos ouviram o barulho, os policiais têm dificuldade em conter os repórteres e os curiosos. Ela suspira entre desanimada e desesperada, à Gina parece quase impossível conseguir chegar mais perto sem ter que revelar quem realmente é

Para a sua sorte um dos homens que tenta conter a multidão a reconhece e se encaminha até ela

Senhorita Weasley! – ele diz assoberbado – não deveria estar aqui

Gina olha para o policial. Como assim, ela não deveria estar ali? Ela deve estar onde seu filho está, sempre. Mas agora não é hora de comprar esta briga, então ela diz – o que aconteceu? Onde está meu filho? – ela diz enquanto as lágrimas descem sem que tenha controle

Antes que o policial diga alguma coisa, ela vê seu filho surgindo nos braços de Sirius, aparentemente ileso e neste momento é como se um peso saísse do seu coração, mas isso dura apenas um segundo quando ela nota que Harry não está com eles

Ela se dirige ao filho e o toma nos braços sem deixar de olhar para os lados procurando Harry em vão, neste momento os repórteres avançam dando à polícia trabalho para contê-los. Ela olha para Sirius e neste momento vê algo em seu colete. Sangue

O barulho de sirenes diz que nem tudo correu tão bem assim, Gina se afasta para dar passagem aos paramédicos enquanto reza mentalmente para que Harry não esteja ferido, ela vê uma mocinha de cabelos rosa choque sair em uma maca e a reconhece como a monitora que estava com seu filho a agente de Sirius e logo depois uma outra pessoa

Nada poderia preparar Gina para o que viu...

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Enquanto isso, na mansão Dumbledore

Minerva assiste a cobertura do sequestro em um canal sensacionalista. Ao mesmo tempo em que ela está um pouco aliviada de não ficar sem notícias, ela se sente apreensiva, pois agora que Dumbledore está se recuperando ele pode a qualquer momento entrar e ver o que está acontecendo o que definitivamente não seria bom para seu coração convalescente

Por sorte, a governanta tem um coração forte, se não fosse assim ela não aguentaria ver o que está se passando agora, as câmeras da TV filmam uma Gina desesperada literalmente se atirando para seu filho enquanto a repórter fala da beleza do momento. Minerva respira aliviada ao constatar que o pequeno ruivo está bem, mas seu alívio só dura até o momento em que ela percebe que Harry não está lá

Um barulho vindo da escada mostra que alguém se aproxima. Ela então desliga rapidamente a TV ao mesmo tempo em que ouve Dumbledore

- Será que agora você pode me dizer o que está acontecendo?

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NOTA DA AUTORA

Eu sei que pra muita gente deve estar parecendo que eu desisti das minhas fics por causa da demora, mas fiquem tranquilos que isso não vai acontecer. Estou tentando me organizar melhor e se tudo der certo postarei com um pouco mais de regularidade, não vai ser tipo toda semana mas espero diminuir o tempo entre as postagens consideravelmente. Aguardem e confiem. Desculpem qualquer erro que tiver passado, vou viajar amanhã e não queria deixar pra postar só na volta.

Espero que tenham gostado do capítulo. Beijos e até o próximo

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