Susto

Pouco depois

Gina observa Cody que come avidamente. Ela mesma não tem fome, mas se esforça pra comer algo. A última coisa que a ruiva quer é ter uma recaída e agir como agiu na noite anterior, seus olhos dançam entre o filho e Harry que sorve uma xícara de café

Você vai estar aqui quando eu voltar? – o menino pergunta olhando para Harry

Acho que não (Harry balança a cabeça e logo completa ao ver o semblante decepcionado de Cody) vou fazer melhor, vou pegar você na escola e nós vamos para a casa do Dumbledore

Oba! – o garotinho fala, entusiasmado

Neste momento eles ouvem a buzina do ônibus escolar. Cody dá um beijo na mãe e olha para Harry, o garotinho parece vacilar por um momento, então ele o abraça e se dirige para seu transporte seguido pela mãe

Pouco depois a ruiva retorna – Já avisei para o motorista, assim ele não precisa ficar esperando

Harry olha para Gina, ele não pode negar que o abraço de Cody o desconcertou, mas ele também não pode negar que o gesto o fez se sentir muito bem

Você espera um minuto enquanto eu troco de roupa? (a ruiva pergunta) Eu também vou ligar para a escola do Cody e avisar que você irá pegá-lo.

Pouco tempo depois, Gina desce. Ela carrega uma pequena sacola – É uma roupa para o Cody (ela explica) só Deus sabe o estado que o uniforme vai estar quando ele voltar da escola

Harry sorri. Ele passa a mão pela cintura de Gina e a conduz para fora. Ele está feliz, não apenas pelo fato de Gina estar bem. Mesmo tendo dormido muito pouco, Harry tem que admitir que essa foi uma das suas melhores noites

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Nas empresas Dumbledore

Harry acabou de chegar, pela primeira vez em muito tempo ele se atrasou. Ele chega na sua ante-sala e vê que Luna Lovegood o espera. A mulher loira é uma das assessoras de imprensa da empresa, Harry se lembra que quando ele começou os cortes seu nome foi um dos primeiros cotados, mas ele foi veementemente criticado tanto por Gina quanto por Dumbledore. Harry argumentou que a moça era distraída demais e que parecia estar sempre no mundo da lua deixando a desejar no trabalho, mas acabou sendo convencido pelas palavras da ruiva de que Luna tinha potencial e mesmo não concordando Harry sucumbiu

Ele acha estranho a presença dela, afinal o trabalho de Luna é cuidar da parte de divulgação e eventos. Ela olha pra ele e se explica – ouvi dizer que a Gina estava doente, então resolvi dar uma mão

Harry olha pra ela, intrigado. Luna sorri – ela é minha amiga. É isso que amigos fazem, não é mesmo? (e antes que Harry responda ela completa) há um recado pra você na sua mesa. A pessoa disse que era urgente, mas não adiantou muita coisa

Harry sorri – não se preocupe, Lovegood. Eu sei exatamente do que se trata, obrigado. Eu tenho certeza que a Gina vai agradecer sua solidariedade

O moreno fala e entra em sua sala com a sensação que finalmente conseguirá descobrir o que está acontecendo na empresa

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Mais tarde, na casa de Dumbledore

Eu estou bem, Alvo. Não se preocupe (Gina fala pela décima vez) foi só um vírus. Já estou praticamente recuperada

Agora você sabe como me sinto quando se trata de super proteção (o ancião sorri de forma travessa) se você já está bem, devo pressupor que Harry cuidou de você direito (Alvo fala como quem não quer nada, mas Gina já o conhece muito bem pra não perceber que há algo nas entrelinhas)

A ruiva o encara. Ela não tem a mínima intenção de fazer o joguinho do homem a sua frente, então ela apenas responde – cuidou sim, eu tenho que admitir. Embora um simples vírus da gripe não requeira cuidados especializados

Dumbledore fica calado por um minuto com um sorriso misterioso na face, então ele fala simplesmente – realmente, um vírus desse não requer cuidados especializados, mas eu sei que você sente falta de pequenos cuidados se é que me entende

Gina respira fundo. Ela olha para o ancião que neste exato momento é a personificação da inocência, mas ela já conhece Alvo Dumbledore muito bem para cair em suas armadilhas – não, Alvo. Eu não entendo (ela o encara) eu sempre me virei sozinha, você sabe melhor do que ninguém. Eu agradeço ao Harry por estar comigo, mas você deve saber que eu teria conseguido passar por isso. Eu sempre o fiz e sempre farei

Se você diz... (o ancião fala parecendo despreocupado) que horas são? (ele muda de assunto) daqui a pouco o Harry chega com o Cody. Preciso confirmar se Minerva fez tudo que ele gosta

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Enquanto isso nas empresas

Harry olha o homem a sua frente, ele sabe que seu amigo só trabalha com os melhores e que ele não costuma se enganar, mesmo assim Harry tem dificuldade em perceber o homem que lhe foi enviado como um dos melhores, como um gênio como lhe foi dito

Alheio a isso seu novo funcionário checa dados no computador. Ele só precisa de alguns minutos pra chegar à mesma conclusão que Harry – veja aqui (ele fala) estão fazendo vários desfalques

Isso eu já havia notado (é o que Harry responde) eu já fiz de tudo pra colocar a empresa nos eixos e sempre há um entrave

Não (o homem sacode a cabeça) os desfalques que você notou ocorreram um pouco antes de você chegar, depois que você chegou, eles praticamente pararam (o homem olha pra ele) seja lá quem for conhece a sua fama e decidiu ir com calma agora, mas veja os históricos, superfaturamentos, compras que nunca chegaram aqui...

Harry olha, atônito – isso quer dizer...

O homem a sua frente balança a cabeça – Sim, há alguém tentando sabotar as empresas e se não me engano isso está acontecendo há muito tempo

Harry não sabe o que dizer. Ele está confuso, as empresas Dumbledore sempre foram sólidas. Mesmo sem ter contato direto com Dumbledore, ele sempre procurou acompanhar tudo que acontecia e sempre lhe pareceu que Alvo fosse um bom administrador

Sinceramente, eu não entendo (Harry passa a mão pelos cabelos) Alvo sempre cuidou bem da empresa, ele sempre foi muito competente

Não estou questionando isso (o homem fala) mas pra mim está claro como água. Há algo errado aqui. Talvez Dumbledore tenha tido algum problema, algo que tirou seu foco e ele não prestou a atenção que devia...

Talvez o infarto – Harry deduz

Isso também (o homem assente com a cabeça) mas isso vem acontecendo há muito mais tempo, bem antes dos problemas de saúde. Eu diria que pode estar acontecendo há uma década ou mais

Harry sente um bolo em seu estômago, não é preciso ser um gênio pra saber que provavelmente isso começou com a morte dos seus pais. Ele se lembra que Dumbledore ficou arrasado, mas infelizmente logo depois eles perderam o contato e Harry não pode saber por tudo que o ancião passou, mas algo lhe diz que Dumbledore nunca se recuperou do acontecido

Eu não entendo (Harry senta-se, desanimado) as empresas Dumbledore sempre foram sólidas. Como alguém vem desfalcando a mais de uma década e ninguém notou? Se fosse apenas Dumbledore eu não falaria nada, mas existem outras pessoas, sócios, funcionários de confiança...

O homem suspira – pelo que pude perceber, esta é uma empresa que existe há mais de cem anos, vem passando de geração em geração. Infelizmente muitas vezes esse tipo de empresa tem costume de se apegar a tradição e não se atualizar no que se refere a modernidades

Mas não é assim (Harry argumenta) se você reparar bem, tudo está informatizado, fazemos negócios no exterior, as pessoas se atualizam

É verdade (o homem assente) com a cabeça, mas até que ponto as pessoas entendem realmente disso? Nenhum sistema não é cem por cento seguro, uma pessoa com os conhecimentos certos seria capaz de fazer um estrago, digo mais uma pessoa com os conhecimentos certos seria capaz de fazer estragos imperceptíveis por muito tempo

Harry respira fundo. Ele sempre foi um homem prático e ele sabe que agora não é hora de fazer conjecturas a respeito de como Dumbledore deixou as coisas chegarem a esse ponto, o momento agora é de pegar essa pessoa – E você tem condições de descobrir esses desfalques? Como eles têm sido feitos?

O homem sorri e assente com a cabeça – não vai ser fácil, eu teria que ter acesso a tudo e provavelmente irei descobrir que isso está acontecendo de fora daqui. Pode demorar um pouco, mas eu descubro (ele olha para Harry) eu só preciso de um trabalho aqui, algo que me permita misturar em todos os escalões sem causar estranheza (ele sorri) apesar que meu tipo me permite misturar bem com outras pessoas e me manter anônimo desde que eu não tenha que me fazer de intelectual, aí ninguém acreditaria...

Harry fica meio sem jeito, foi exatamente isso que ele pensou ao vê-lo. Que aquele homem nunca poderia ser um gênio em informática como seu amigo falou

Alheio a seus pensamentos, o homem pergunta – você desconfia de alguém? Por mais absurdo que possa parecer? Talvez seja um começo...

Harry pensa por um minuto ou dois, então seu semblante se ilumina ao mesmo tempo em que ele se recrimina por ter deixado isso passar – na verdade sim. Pode ser até implicância minha, mas existe uma pessoa que eu acho que deve ser investigada...

Depois de passar os detalhes os homens apertam as mãos. Harry diz – você pode passar no departamento pessoal. A partir de agora você é um dos meus assessores

O homem sorri – grato pela confiança, mas eu estava pensando em algo menos glamoroso...

Harry olha para o homem sem entender e seu sorriso vai crescendo à medida que ele explica. De fato ele me mandou o melhor... Este é o seu pensamento

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Mais tarde, na escola de Cody

O garotinho brinca com sua massa de modelar. Ele gosta muito da escola, mas hoje ele mal pode contar os minutos para sair, pois além de ir jantar na casa do vovô Dumbledore onde ele tem certeza que tia Minerva fará tudo que ele gosta, Harry Potter ainda irá buscá-lo na escola

Ele é um cara legal. Cody pensa. Me ensinou a acertar a bola na cesta. Todos os meus amigos ficaram com inveja e disseram que iam pedir para os pais deles ensinarem também

Ele olha para o relógio. Cody não sabe ver as horas direito, mas ele sabe que quando o ponteiro grande estiver no doze e o pequeno no cinco eles irão para o pátio e logo depois os pais começam a chegar, logo Harry irá buscá-lo

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Na mansão Dumbledore

Gina ajuda Minerva com os últimos detalhes da sobremesa, pavê de chocolate com amêndoas. É uma das preferidas do seu filho e de nada adiantou a ruiva dizer para Minerva não se dar a esse trabalho. Gina sabe que para a senhora e para Dumbledore a presença do garotinho na casa é como se fosse uma festa particular

Você nos deu um susto e tanto – Minerva fala

Imagine, foi apenas um vírus (a ruiva retruca) se eu não estivesse fraca isso não teria sido nada

Mas você está (a governanta a encara com uma expressão parecida com a de sua mãe) eu sei que você preza muito a sua independência, Gina. Eu compreendo, pois também prezo a minha, mas nós precisamos das pessoas e elas precisam de nós

Você está convivendo demais com o Dumbledore – a ruiva fala sem encará-la

Ele é um velho meio maluco (Minerva diz e Gina vê um ligeiro sorriso em sua face) mas ele é acima de tudo um sábio. Ele já passou por coisas demais nessa vida...

A ruiva espera que Minerva diga algo, mas a governanta permanece calada por alguns instantes e depois muda de assunto – ele deu trabalho pra ir descansar?

É claro (Gina sorri) fez aquela chantagem de sempre dizendo que eu quase não apareço e quando eu venho ele é obrigado a dormir como um bebezinho

Típico dele – Minerva fala com azedume e se a velha governanta não fosse uma dama, Gina poderia jurar que ela rolaria os olhos – falta muito para o Cody chegar?

Harry deve estar passando na escola agora (a ruiva responde e sorri) estou com pena dele, ele não sabe o quanto meu filho pode ser tagarela em uma viagem de carro. Principalmente quando está com alguém que ele gosta

Minerva se esforça para não sorrir. Ela não é como aquele velho teimoso, mas ela tem que admitir que também está gostando da interação de Harry com a ruiva e o garotinho. É isso que eles precisam... Ela pensa com seus botões

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Enquanto isso

Harry entra correndo na escola de Cody. Ele está vinte minutos atrasado por culpa de um caminhão de garrafas que virou na estrada e tumultuou o trânsito. Por sorte ele havia saído cedo, o engarrafamento já alcança dois quilômetros, ele soube pelo rádio do carro. Embora não esteja está tão atrasado, mesmo assim ele está apreensivo, Harry não tem muita experiência com crianças, mas ele sabe que um garotinho da idade de Cody pode facilmente se apavorar se não houver ninguém para buscá-lo na hora certa

Ele olha para os lados tentando localizar o ruivinho. O pátio está praticamente vazio, por um minuto ele se sente perdido, ele não sabe a quem procurar

Pois não? – uma mocinha que provavelmente deve ser uma auxiliar o interpela

Boa tarde – Harry responde com um sorriso – eu vim pegar o Cody Weasley, a mãe dele ligou avisando

Ah sim, o ruivinho (a moça sorri, mas o sorriso morre quando ela olha para todos os lados e não vê sinal do garoto) ele estava aqui ainda agora (ela fala tentando parecer calma) vamos dar uma olhada lá dentro, pode ser que ele tenha entrado pra pegar alguma coisa

Nem é preciso dizer que não há sinal do menino. Embora seu lado racional diga que ele não tem culpa, que o engarrafamento foi uma fatalidade. Harry se sente culpado, se ele não tivesse se atrasado isso não estaria acontecendo

A garota o leva para uma sala que ele presume ser a sala da diretora e o diz para não se preocupar, que o Cody deve estar brincando em algum lugar, mas Harry mal ouve as suas palavras, a única coisa que ele pensa é em como irá dar essa notícia a Gina

Ele sente um bolo crescer em seu estômago. Neste momento, várias pessoas são mobilizadas para procurar o menino. Ele se sente impotente, Harry quer ajudar, mas ele não conhece a escola e algo lhe diz que um jardim de infância deve ter vários lugares onde um garotinho levado pode se esconder, isso pensando positivamente que seja apenas uma travessura do pequeno

Para seu alívio, pouco tempo depois alguém chega trazendo o menino pela mão. Harry não pode descrever em palavras o alívio que ele sente ao ver Cody – oi campeão! (ele fala num sorriso) desculpe eu ter atrasado. Onde você estava?

Ele nota que o ruivinho parece apreensivo – o que foi? (Harry pergunta e nota que ele não parece muito à vontade) pode falar, eu prometo que não vou brigar com você

Promete mesmo? – Cody fala esperançoso

Harry pensa por um momento. Não é preciso ter filhos pra saber que qualquer criança que diga essas palavras deve ter feito algo errado

Ele respira fundo – prometo, mas uns conselhos eu tenho que dar se achar que você errou. Isso eu posso, não posso?

O menino fica calado por um minuto então balança a cabeça afirmativamente – eu estava no parquinho esperando você. Quase todo mundo já tinha ido, mas eu não estava com medo (o ruivinho fala com convicção arrancando um sorriso de Harry) eu sabia que você viria. Então chegou um homem, ele me perguntou se eu era o Cody e disse que o motorista do meu ônibus estava doente e que ele havia pedido pra me pegar. Aí eu lembrei que tinha prometido não ir com alguém que não conheço, eu disse que ia pegar minhas coisas e fiquei escondido no banheiro (ele fala orgulhoso)

Muito bem, campeão (Harry fala tentando esconder sua apreensão) você fez direitinho agora pegue suas coisas que eu tenho certeza que tem um banquete te esperando na casa do Dumbie

O garotinho dá a mão para Harry de forma confiante e ambos se dirigem ao carro. Cody tagarela o tempo todo, mas Harry presta pouca atenção, o que aconteceu não sai da sua cabeça. Harry Potter está preocupado, muito preocupado...

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NOTA DA AUTORA

Capítulo postadinho! E desta vez consegui postar um pouquinho antes do que eu havia previsto. Aproveitei minhas férias pra escrever bastante! A má notícia é que tudo que é bom dura pouco e as ferias acabaram

Espero que tenham gostado do capítulo. Será que alguém está curioso pra saber quem foi o homem que o amigo do Harry mandou? Será que alguém arrisca um palpite? Por falar nisso a identidade do amigo será revelada no próximo capítulo (embora eu ache que muita gente já matou a charada...)

Vou fazer o possível e um pouquinho do impossível pra não enrolar muito com o próximo capítulo, mas não prometo muito já que voltando ao trabalho meu tempo diminui consideravelmente. Espero que entendam

Bjos e até o próximo

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