Voltando a estaca zero

Mansão Dumbledore

Harry e Gina chegam exacerbados. A ruiva está com o coração aos pulos, ela não sabe se vai suportar caso algo aconteça com o seu melhor amigo

Como ele está? – Harry pergunta ao doutor Lupin tentando não deixar sua angústia transparecer. Ele sabe que para Severo Snape se dar ao trabalho de ir chamá-lo, a situação não deve ser boa

Já foi medicado e está estável (O médico responde usando um tom profissional) ele começou a sentir fortes dores no peito e de início suspeitamos de um novo princípio de enfarto (ele olha para Gina que está visivelmente assustada) Não se preocupe Gina, não era. Foi apenas esforço excessivo...

Ele não deveria ir para o hospital? – Harry interrompe sentindo um bolo no estômago. Apenas agora ele viu o quanto é frágil o homem a quem ele quer como um avô. Harry percebe que seu tempo é curto e que se algo acontecesse a Dumbledore antes que eles pudessem conversar realmente, ele nunca se perdoaria. Mas Harry sabe que esta não é a melhor hora, não com Dumbledore convalescendo e, pelo que ele pode perceber, correndo o risco de uma recaída

Sim, ele deveria... (Remo Lupin fala) mas infelizmente não há muito a fazer (ele olha para Gina que lhe dá um olhar de compreensão)

A ruiva se vira para Harry e esclarece – ele nos fez prometer que não o ligaríamos a nenhum tipo de aparelho, ele não quer ser apenas um vegetal...

Como assim? (Harry fala exasperado) Ele não pode!

Sim, ele pode! (Snape interrompe) Ele está totalmente lúcido e se não quer viver como um vegetal, a escolha é dele!

Muito conveniente pra você! (Harry fala num impulso) Pra todos vocês! (Ele só se dá conta do que falou quando vê o olhar magoado que Gina lhe lança)

Sem saber o que dizer, Harry vai para seu quarto como um menino a quem disseram que não poderia comer sobremesa

Os presentes olham estarrecidos, ninguém esperava essa reação. Gina também olha estarrecida, mas além do estarrecimento há algo mais em seu olhar, mágoa.

Eu vou atrás dele – Remo quebra o silêncio

Não! Eu vou! (Snape contesta) Já está na hora de alguém dizer umas verdades pra esse rapaz

Ele sobe antes que alguém fale alguma coisa

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Harry chuta a mesa em sua frente fazendo a sua antiga coleção de carrinhos voar longe. Ele sabe que esta é uma atitude infantil, mas Harry precisa extravasar a sua raiva de alguma forma

Pelo que conhece de Dumbledore, Harry admite que a última coisa que ele iria querer era ter a sua vida atada a aparelhos, mas mesmo assim Harry não se conforma, agora que ele estava começando a pensar na probabilidade de dar uma chance aos dois, o destino lhe prega essa peça

De uma maneira quase cruel, Harry percebeu que os anos que passaram foram mais pesados para Dumbledore que para si. Dumbledore já não era um homem jovem quando Harry perdeu os pais e ele tem a impressão que Dumbledore envelheceu muito mais do que os quinze anos passados. Essa constatação trás um aperto em seu peito aliado a uma grande revolta. Ele já perdeu pessoas demais em sua vida, não é justo que Dumbledore parta também.

Ele senta-se em sua cama e segura a cabeça com as mãos, Harry luta para não deixar as lágrimas fluírem. Há muito tempo ele não sabe o que é chorar, desde que percebeu que chorar não adiantaria, que lágrimas não tinham o poder de mudar a sua situação. Nesse momento ele se pega pensando que todo o rancor que guardou não o levou a nada, ele tentou arrancar Dumbledore da sua vida, mas está percebendo da maneira mais dura possível que não é tão fácil assim, que mesmo após tantos anos Harry quer bem ao ancião como um neto ao avô, e é como um neto que ele sente seu coração apertar diante da possibilidade de perdê-lo

Ele está absorto em seus pensamentos quando Severo Snape entra sem bater na porta – eu pensei que você tivesse crescido, Harry. Mas pelo jeito você continua o mesmo menino mimado de sempre, um menino que só vê o seu lado. Você acha realmente que Dumbledore seria feliz vivendo como um vegetal?

Harry levanta os olhos torcendo para seu semblante não revelar a sua dor e pensa em responder de forma grosseira, mas ele não consegue. Talvez porque Snape esteja correto

Eu sei que não... (Harry concorda, desanimado) Mas eu não estou preparado para...

Ninguém está, Harry... (Snape interrompe, mal humorado) Acredite, ninguém está. Mas nem por isso saímos ofendendo pessoas que também amam Dumbledore

O homem taciturno não fala mais nada. Harry sabe que não é preciso e as palavras dele ficam martelando na cabeça do moreno mesmo depois que Snape se retira

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Algum tempo depois, já mais calmo, Harry sai do quarto. Lupin e Minerva tomam chá na sala e Harry vê a cena aliviado. Se eles estão tomando chá isso significa que Dumbledore deve estar fora de perigo. Mas seu alívio some quando percebe que Gina não está mais lá.

Como ele está? – Harry pergunta

Dormindo (Minerva responde deixando o alívio transparecer em sua voz) foi um belo susto, mas ele vai superar

Alvo é mais forte do que imaginamos – o doutor Lupin fala sorrindo

Desculpe meu comportamento anterior – Harry fala meio sem jeito

O que é isso, querido (Minerva fala) nós entendemos. Pra gente também foi difícil aceitar a decisão dele, mas ele vai se recuperar. Alvo é forte e agora com você aqui, ele tem outro motivo para ficar bem...

Harry sente-se estranhamente mal ao ouvir estas palavras, mais ainda, ele se sente ainda mais culpado por deixar o rancor tomar conta de seu coração e ter sumido por tanto tempo – onde está a Gin... A senhorita Weasley (ele pergunta tentando mudar de assunto)

Ah, ela já foi (Minerva explica) Nós falamos para que esperasse, mas ela disse que o Cody ia ficar sozinho. Ela ficou de passar aqui amanhã ou depois com o Cody. Eu falei pra ela esperar que o Hagrid a levasse, mas aquela lá quando cisma (a governanta fala lançando um olhar a Harry. Está na cara que ela sabe que a ruiva ficou chateada com suas palavras)

Eu vou ligar pra ela – Harry deixa escapar num impulso

Sim, faça isso – Minerva fala como se soubesse exatamente o que passa em sua cabeça e seu coração

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Na casa de Gina

Ela ajuda Cody com as tarefas da escola, ou melhor, tenta ajudar. Sua cabeça está longe. Por sorte o menino não precisa de muita ajuda para colorir alguns desenhos. Ainda bem que ele ainda não estuda matemática... A ruiva pensa. Eu não seria de grande ajuda hoje

Ela não seria de grande ajuda porque neste exato momento seu pensamento está totalmente voltado para Harry Potter. Primeiro, nos beijos e carícias ousadas que trocaram no escritório, depois na atitude infantil que ele teve na casa de Dumbledore. Atitude essa que a magoou mais do que esperava – idiota!

O que eu fiz, mãe? – o garotinho pergunta assustado e Gina se dá conta que pensou alto. Alto demais

Nada, meu bem (a ruiva trata de acalmar o filho) a mamãe só pensou alto

E quem é idiota? – o menino pergunta

Gina olha para o filho desconcertada – ninguém Cody, deixa isso pra lá

Neste momento o telefone toca e Cody corre pra atender

Mãe! É o Harry! Ele quer falar com você! – o ruivinho grita depois de alguns minutos

Gina sente seu coração falhar uma batida. A última coisa que ela quer agora é ouvir a voz dele, a ruiva está magoada com as palavras do moreno na casa de Dumbledore. Ela se conhece e sabe que falar com ele agora não é uma opção

Diz pra ele que eu estou no banho – ela fala para o filho

Cody dá um olhar curioso para a mãe e Gina lhe devolve um olhar que diz que é melhor obedecer sem perguntar

Ele disse que liga mais tarde – o menino desliga o telefone fala ainda meio cismado

Se ele ligar de novo, diz que eu estou com dor de cabeça e fui deitar, ok – ela fala para o filho

Cody a olha espantado, não é do feitio da mãe fazer essas coisas – você está com dor de cabeça, mãe?

Um pouquinho (Gina fala sem mentir, toda a história realmente lhe deu dor de cabeça) eu vou descansar um pouco no sofá, você me ajuda se não fizer muito barulho.

Eu posso assistir televisão? - Ele pergunta

Se não colocar muito alto, pode (Gina responde se sentindo um pouco culpada. Ela dá um beijo no ruivinho) não se preocupe, filho. Daqui a pouco passa

Para seu espanto Gina acaba realmente cochilando. Ela é acordada com o barulho do telefone e ainda sonolenta ouve o filho dizer o que havia mandado, ela se sente um pouco culpada pela mentira, mas a culpa logo se esvai ao lembrar as palavras duras de Harry na casa de Dumbledore. Idiota! Ela pensa

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Na mansão Dumbledore

Harry desliga o telefone, frustrado. Droga! Ele pensa. Não é preciso ser muito inteligente pra perceber que a ruiva não quis atendê-lo e ele não tira a sua razão. Harry sabe que as suas palavras a atingiram profundamente mesmo que não tivesse sido essa a intenção. Pelo que conhece do gênio da ruiva, Harry sabe que vai ter muito trabalho com ela. É como se estivesse voltado à estaca zero

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Os dias passam, e logo Harry vê que seus temores estavam corretos, Gina o vem evitando deliberadamente, desta vez sem procurar esconder a sua mágoa. A ruiva se dirige a ele apenas de maneira profissional, totalmente fria, sem lhe dar oportunidade sequer de se desculpar

E Harry bem que tentou, mas Gina agora foge dele com uma convicção ainda maior do que a que tinha antes, e embora ele não veja mais a animosidade que existia quando a conheceu, a mágoa que vê substitui a antiga animosidade perfeitamente

Mas eu domo essa ruiva teimosa! Eu vou me explicar nem que seja a força!

Ele se levanta num impulso e sai a sua procura

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Enquanto isso Gina está em sua sala. Por enquanto ela conseguiu se livrar de todas as tentativas de aproximação de Harry, mas ela tem consciência que não vai ser sempre assim. Idiota! Ela pensa. Aliás, esta é a palavra com que se refere a ele com mais frequência nestes últimos dias. Quando a ruiva pensou que finalmente estavam se entendendo, ele faz isso. Gina não pode evitar um rubor quando se lembra o quanto estavam se entendendo bem.

Ela sabe que Harry agiu num impulso. Mesmo assim ela ficou magoada, não apenas com suas palavras, mas pela forma como ele a olhou e ela sabe que esta mágoa ainda vai demorar um tempo pra passar. Melhor assim. Gina pensa, ela sabe que lá no fundo alguma coisa em seus sentimentos por Harry estava começando a mudar. Estavam mudando de uma forma que ela não tinha controle e perder o controle é a última coisa que ela quer

Um toque do seu celular lhe tira do devaneio, os pensamentos em Harry Potter se afastam de sua mente ao mesmo tempo em que Gina abre um sorriso e sai de sua sala apressadamente

Ela desce as escadas correndo e se não o fizesse iria com certeza dar de cara com Harry Potter que acaba de sair do elevador indo a sua procura

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Harry entra na sala de Gina sem bater. Na verdade ele nem pensou nisso, apenas após estar dentro da sala que Harry percebeu que seu ímpeto poderia causar mais uma discussão com a ruiva. No entanto, ao contrário de uma Gina enfurecida com a sua atitude, o moreno dá de cara com a sala vazia

Bem... Ela pode ter ido ao banheiro ou talvez tomar um café. Ele pensa enquanto sai da sala e senta-se na sala de espera. Harry quer fazer as pazes com Gina e definitivamente estar em sua sala sem permissão não é a melhor forma de conseguir uma conversa civilizada. Ruiva impossível! Ele pensa sem conter um sorriso

Ele espera por alguns minutos e nada de Gina retornar, durante esse tempo Harry pensa na relação conturbada que construíram. Se é que se pode chamar alguns beijos e muita briga de uma relação. Mas uma coisa é certa, a ruiva o intriga. O intriga e o faz se sentir vivo como há muito tempo não sentia. Harry não pode deixar de admitir que, de algum jeito, ele acabou gostando dela, dela e do garotinho

A chegada de alguém interrompe seu devaneio

Senhor potter? (um homem baixinho acima do pelo o chama olhando-o com curiosidade) Harry Potter? (ele fala entusiasmado)

Harry olha pra ele, por mais que force a memória não o reconhece

Não espero que você lembre, afinal você não passava de um garotinho (o homem fala meio sem jeito) fui muito amigo de seu pai, desde a época do colégio (ele estende a mão) Peter Pettigrew, eu trabalho aqui ,no departamento de finanças.

De fato não me lembro, desculpe (Harry fala meio sem jeito enquanto aperta a mão do homem) prazer em conhecê-lo, o senhor viu a senhorita Weasley?

Eu a vi há uns cinco minutos, ela estava no estacionamento – ele responde aparentemente feliz em ser útil

Desculpe a pressa (Harry fala enquanto se retira) tenho que falar com a senhorita Weasley com urgência. Foi um prazer, senhor Pettigrew

Se precisar de algo me procure, senhor Potter – o homem ainda fala enquanto o elevador se fecha

Ele se dirige rapidamente ao estacionamento logo vê os cabelos flamejantes de Gina, mas o que ele vê definitivamente não era o que estava esperando. Sem perceber, Harry aperta suas mãos até sentir suas juntas ficarem dormentes, então ele se vira e sai

Antes que chegue à porta, Harry sente uma mão grande em seu ombro, sem mesmo se virar ele já sabe de quem se trata, então ele diz – eu avisei que voltaria dirigindo, Hagrid. Não precisava vir me pegar (então ele se vira meio receoso) aconteceu algo com Dumbledore?

Não (o motorista o tranquiliza) pelo contrário, ele está terrível. Está colocando Minerva louca querendo vir ao escritório pra ver como estão as coisas

Ele não pode – Harry fala, preocupado. Ele sabe que Dumbledore ainda não está em condições de receber as notícias que não são assim tão boas

Por isso eu vim (Hagrid explica) eu prometi que conversaria com você, com o Snape e a senhorita Weasley e traria algumas notícias

Você pode ver a senhorita Weasley no estacionamento (Harry fala acidamente) embora eu não saiba o que ela está fazendo lá na hora do trabalho

Hagrid se vira e vê Gina ele abre um sorriso – Gina! (ele grita) Vamos lá Harry! Vamos falar com eles...

E Harry se vê arrastado pelo homem descomunal sem poder falar nada

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NOTA DA AUTORA

Capítulo postado! E um pouco mais rápido desta vez (autora quase explodindo de orgulho). Eu sei que pra muita gente eu enrolo muito, e eu mesma admito que isso é verdade. Mas eu juro que não faço de propósito! O problema é o mesmo de sempre, tempo (ou a falta dele).

Eu sei que muita gente deve estar curiosa com o que aconteceu. No próximo capítulo vocês vão saber o que deixou Harry tão chateado. Aguentem a curiosidade só mais um pouquinho e, é claro, quem quiser deixar uma palavrinha pode ter certeza que eu vou gostar muito

Bjos

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