efêmero
Autor: Perséfone Black
Título: efêmero
Ship: Draco/Pany
Gênero: Hurt/Confort
Classificação: K
Observação: POV da mãe da Pansy
Item: Bolhas de sabão
Bônus:Se a fic for contada através do POV da mãe da Pansy.
efêmero
Eu olhava aquela bolha de sabão subir lentamente e lembrava de Pansy.
Ela subia em espirais furta-cores e me parecia tão frágil em contato com o ar frio quanto a pele pálida de minha filha contra o veludo carmim.
E Pansy fora tão quebrável quanto aquela bolha de sabão. Tão leve, tão frágil.
E a bolha de sabão que aquela menina sorria ao fazer naquele parquinho era tão delicada, tão pueril, tão bonita... que eu quase acreditava que minha Pansy estava aqui, tão sorridente quanto esteve uma doença e vinte primaveras antes.
Ela sorria e brincava, girando no ar como aquela bolha fazia agora, ambas em direção ao mesmo fim. A bolha girava e refletia cores, assim como Pansy refletia em seus olhos o quão agradável fora exibir a si mesma em seu novo vestido ao menino Malfoy.
E ela sorria e girava e girava e girava.
Tão inocente. Tão infantil quanto qualquer menina de cinco anos mimada pode ser ao ver o príncipe dos seus sonhos.
E Pansy caminhou mais algumas tentativas frustradas e vergonhas, assim como a bolha de sabão ganhava os ares primaveris. Foi também em uma primavera que Pansy voltou triste para casa. Sua primeira desilusão.
Draco não quis beijá-la e ela sentiu ferida – tão instável quanto aquela bolha que oscilava e ameaçava quebrar-se. Minha Pansy não quebrou, não dessa vez.
E assim como a bolha se maninha no ar, Pansy se manteve sempre ali, por perto. Agarrando-se a própria vontade de ter Draco e aproveitando o quanto dele ele pudesse lhe dar. Pansy nunca pediu demais, nunca.
E Draco nunca lhe deu demais. Ofertou sua companhia, seus beijos e seu corpo.
Minha Pansy oferecia tão mais! Ela lhe dava carinho, amizade, seus beijos e suas atenções. E aquele menino apenas sorria e a descartava.
E até que ele percebesse que ela estaria sempre ali, minha Pansy já havia mudado. Vivia com aquilo, ao invés de viver para aquilo.
E a bolha subia em espirais oscilantes e crescia antes de finalmente explodir.
Assim como Pansy.
E só depois que a bolha explodiu com um suave ploc, e o coração de minha Pansy parou de bater com o barulho contínuo de diversos aparelhos médicos, que nós nos demos conta disso.
Eu e Draco.
E nós choramos.
Porque, assim como a bolha, Pansy já não estava ali. E ela havia mudado tanto, crescido e vivido consigo mesma seus medos e frustrações – e nós não vimos suas próprias espirais, seus momentos de alegria furta-cor e o quão rápido sua vida terminara até aquele momento.
No parquinho que Pansy costumava brincar onde uma bolha de sabão subia.
Em sua efêmera eternidade entre o instante que une os extremos de seu nascimento e sua morte.
Como Pansy.
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