A Mansão Ravenclaw
—Capítulo 3—
A Mansão Ravenclaw
A manhã seguinte já havia começado quando Pedro, por fim, acordou. Demorou um pouco até lembrar-se do que havia acontecido. Os restos do sofá ainda jaziam ao seu redor. Com um certo esforço e sentindo como se estivesse saído de um dos maiores porres de sua vida, o garoto levantou-se, apoiando as mãos na parede.
O resultado do acontecido ontem ainda estava ali. A sala completamente revirada. As paredes ligeiramente queimadas. O teto do pequeno corredor que ligava a sala à seu quarto havia desabado e mesmo os entulhos, assim como o resto de suas roupas e pertences estavam queimados, espalhados pelo chão do quarto.
Com certo pesar, atravessou o mar de tijolo e reboco no corredor e chegou ao quarto. O chão negro ainda fumegava bastante. Da cama só havia restado uma parte da estrutura de metal. Do armário não sobrara nem as dobradiças e de suas roupas nem um botão. Haviam pedaços de livros queimados espalhados por cada canto, assim como um mar de penas e pergaminhos retorcidos pelo fogo. Conseguiu resgatar alguns Galeões no meio de toda a destruição e guardou no bolso. Por fim, sentindo que talvez o chão fosse ceder, saiu do quarto e retornou à sala.
Não conseguiu evitar sentir um aperto no peito. Aquele apartamento havia sido sua casa durante os últimos três anos. Para o bem ou para o mal, era ali que ele se abrigava cada vez que retornava de Hogwarts. Ver sua casa parcialmente destruída lhe doía o peito.
O rufar de asas chamou sua atenção. Uma desconfiada coruja negra foi planando até o garoto, pousando em seu ombro. Bicou carinhosamente sua orelha e aconchegou a cabeça próxima à do dono. Com um suspiro demorado, Pedro ergueu a mão e passou suavemente por entre as pernas da coruja, sentando-se na cadeira próxima a bancada da cozinha.
—É Chronus...parece que vamos ter que nos mudar...
O dinheiro que lhe restava serviu para comprar uma mochila nova. Colocou o que lhe restava do lado de dentro e enfeitiçou para que coubesse também a espada da família. Guardou num bolso externo o álbum com as fotos de seus pais e jogou a mochila nos ombros. Enfiou a mão no bolso da calça e puxou um papel.
A letra caprichosa indicava um endereço. Conhecia o local, era longe dali, mais para o centro, numa região mais rica de Londres. Mordeu o lábio inferior antes de soltar um suspiro resignado, antes de guardar o endereço novamente no bolso. Tentando parecer casual, caminhou até um beco isolado ali perto. Posicionou-se atrás de uma grande lixeira e ficou olhando de canto para ver se ninguém aparecia.
Destinação, determinação e deliberação murmurou em sua mente, antes de girar no ar.
No instante seguinte, tudo escureceu. A sensação de estar sendo fortemente puxado em todas as direções apoderou-se de seu corpo. Não conseguia respirar, como se tiras de ferro envolvesse seu peito, comprimindo-o. Suas orbitas estavam sendo empurradas para o fundo da cabeça e seus tímpanos iam entrando cada vez no crânio.
Então, tudo parou. O ar invadiu seus pulmões novamente, numa gostosa lufada de ar. Quando seus olhos pararam de doer ele teve coragem de abrir-los novamente.
Era uma rua tranqüila, pouco movimentada. Haviam árvores de copas imensas, amenizando o clima no local. Enormes muros se estendiam de lado a lado, delimitando as mansões daquela rua.
—Ah, Merlin... —Suspirou Pedro, aliviado ao ver que todas as partes do seu corpo haviam ido com ele.
Por fim, virou-se. Encarou o grande portão de ferro, pitado de negro, com um grande emblema no meio. Conhecia bem aquele emblema. O escudo azul com uma águia de bronze no meio. Havia uma inscrição em latim no meio e embaixo, em letras garrafais, o nome RAVENCLAW.
Conhecia bem aquela estrutura em estilo vitoriano. Aqueles altos pilares ladeando os portões, com águias solenes e suas enormes asas abertas de modo ameaçador. Havia vivido sua infância quase toda numa mansão daquelas. Não aquela em especifico, mas não havia nada de diferente em suas estruturas.
Seus pensamentos foram subitamente interrompidos pelo ranger dos portões. Uma pequena criaturinha de pele enrugada, nariz de batata, grandes orelhas murchas e expressivos olhos verdes, surgiu por trás do portão. Usava o que parecia ser um vestidinho de empregada, velho, surrado e remendado, como se não o tirasse para nada.
—Pois não? No que Luthi pode ajudar-lo, senhor?
—Aahm...oi...bom-dia. —Murmurou Pedro, vendo a elfa-doméstica incrivelmente surpresa com a educação do garoto para com ela. Antes que Luthi começasse a chorar ou qualquer atitude exagerada comum aos elfos, tratou de terminar a frase. —eu gostaria de falar com Sophia ou Jinx Ravenclaw.
—E quem deseja falar com as senhoritas? —Perguntou Luthi, em sua voz fina e subserviente.
—Diga que é um amigo. —Disse Pedro, sentindo-se meio desconfortável.
A pequena elfa balançou a cabeça positivamente e sumiu com o estalo de um chicote. Durante uns dez minutos, Pedro ficou parado na porta, os braços cruzados sobre o peito, olhando desconfortável para os lados. Vez ou outra passava um carro de aparência luxuosa, dobrando em alguma rua transversal e sumindo de sua vista.
—Você pode entrar. —Um novo estalo de chicote e a voz fina de Luthi chamaram sua atenção. Virou-se de um salto e ficou encarando a pequena elfa por um instante antes de concordar com um aceno de cabeça.
Os portões se abriram lentamente, com um rangido suave. O garoto hesitou, como se estivesse prestes a cruzar a entrada da toca de um dragão. Por fim, quando a elfa já parecia irritada pelo garoto estar atrapalhando seus afazeres, Pedro adentrou os portões da mansão.
Assim como ele se lembrava da grande mansão Ravenclaw em Liverpool, os jardins ali era amplos e bem cuidados. Árvores ornamentais cresciam pelo caminho, formando um corredor que alargava-se, formando uma espécie de praça circular. No centro havia uma fonte. No meio da fonte estava a única coisa que diferia da Mansão onde vivera a infância. A estatua do mais puro ouro de uma bela mulher de cabelos ondulantes e um olhar sábio, fitava todo o jardim, como se vigiasse a casa. Sua cabeça era ornada por um belíssimo diadema. As seus pés estava talha a mesma frase em latim que havia no portão.
Sem prender-se muito aos detalhes da estatua – apesar de o diadema na cabeça da estatua de Rowena ter despertado algo em sua mente – o garoto deu a volta na fonte e seguiu rumo à escadaria de mármore que levava até o grande edifício de três andares que compunha a mansão. Era toda feita no luxuoso estilo vitoriano e suas janelas eram altas e largas, possibilitando ver o interior do local.
Parou diante da imponente porta de carvalho e ficou encarando o puxador em forma de águia que lhe encarava de uma forma astuta. Sua mão hesitou parada no ar, como se não soubesse se queria seguir em frente ou se daria meia-volta e desistiria daquela idéia.
Por fim, quando a segunda opção crescia em sua mente, a porta abriu-se com um rangido suave. Um rosto enrugado, de nariz pontiagudo e grandes olhos turquesa lhe encaravam vivamente. Usava um fraque velho e desbotado, como se fosse um mordomo.
—A...Srta. Sophia Ravenclaw está lhe esperando. —Disse num guincho de voz que lembrava muito à de Luthi.
Ficou dois minutos encarando o pequeno elfo à sua frente, até que a mensagem penetrasse em sua mente. Balançou a cabeça negativamente, tentando espantar aquelas duvidas, antes de entrar em passos lentos.
O lado de dentro também era exatamente igual ao que ele lembrava. Assim como o exterior, tudo ricamente decorado no melhor estilo vitoriano. Grandes retratos de seus antepassados estavam espalhados pelo local, olhando para ele de uma maneira solene e até um pouco debochada. Uma grande escadaria, pintada de banco, com corrimões dourados e um belíssimo tapete vermelho cobrindo a parte central, levava até os andares superiores. O elfo domestico fechou a porta assim que ele passou e caminhou até uma porta lateral.
Uma vez já dentro da casa, não havia mais porque hesitar. Em passos rápidos caminhou até a porta. Ficou olhando para o lado de dentro através da janelinha de vidro na parte da frente, antes de entrar.
Era o que parecia ser uma grande biblioteca. Estantes se alinhavam verticalmente, formando corredores largos. Ao fundo pôde visualizar uma mesa e algumas cadeiras dispostas num circulo perfeito. Por trás das cadeiras havia uma grande janela que mostrava uma parte dos jardins.
Em passos lentos foi atravessando as estantes. Não olhou para os grossos volumes que se empilhavam em cada prateleira, nem as pastas contendo dúzias de documentos relativos à família. Venceu a distância e chegou até onde estavam as cadeiras.
—Pedro? —Perguntou uma garota de cabelos negros, até a cintura, terminando em cachos, e olhos incrivelmente azuis. Usava uma espécie de blusão com o escudo da Corvinal no meio. Os pés descalços, levantou-se rapidamente e foi até o garoto, abraçando-o pelo pescoço. —O que faz aqui?!
—Hey..Soh! —Disse Pedro, sorrindo de leve, retribuindo o abraço da prima. —Hmmm...poderíamos sentar? O assunto é longo.
—Claro, claro... —Murmurou Sophia Ravenclaw, a mais velha – alguns minutos – das filhas de seu tio. Soltou-se do primo e sentou-se na mesma poltrona que estava antes, indicando a poltrona à frente.
Pedro foi até a poltrona indicada e, largando a mochila de lado, sentou-se. Deixou o olhar percorrer cada canto do amplo aposento. Não parecia saudoso, apenas..nostálgico. Deixou sua mente ser levada para anos no passado, quando vivia em Liverpool, com seus outros tios. Umedeceu os lábios antes de virar-se para a prima, que o olhava com uma expressão curiosa.
—Onde está a Jinx? —Disse por fim o garoto.
—Saiu para visitar o James. —Disse Sophia, com as sobrancelhas ligeiramente erguidas.
—E seus pais?
—Viagem de negócios. —A garota estreitou o olhar na direção do primo. —Você não veio aqui para saber como está minha irmã ou meus pais...por que está tentando desviar tanto do assunto?
Pedro olhou para a prima por um tempo, antes de desviar o olhar até as janelas. As palavras voavam em sua mente que tentava pescar as melhores para pode falar. Por fim, com um suspiro demorado, voltou a olhar para ela, tentando não parecer tão trágico.
—Meu apartamento foi invadido por um comensal...ontem a noite.
—Oh, Merlin! —Exclamou Sophia, levando as mãos até os lábios. —E o que aconteceu?
—Bem...nós duelamos. Ele tentou me matar, mas errou. E o feitiço acabou incendiando parte do apartamento. —Tossiu de leve, pigarreando ao sentir a voz ligeiramente embargada. —Tudo o que restou está nessa mochila. —Deu um tapinha na mochila no chão, antes de voltar a falar. —E bem...na verdade eu não tenho onde ficar e eu pensei que...
—Claro que você pode ficar aqui! —Concluiu Sophia, antes mesmo do primo terminar de falar. —Digo, a casa é imensa. Tem vários quartos para hospedes e eu mesma estou usando o quarto dos meus pais pra dormir.
—Obrigado, Soh. —Disse Pedro, sorrindo de leve para a prima. —Mas eu juro que são apenas por alguns dias!
—Ah, por favor, Peh! Você pode ficar aqui o tempo que quiser.
—Eu agradeço a gentileza, Soh, mas eu só preciso de alguns dias mesmo. —Disse Pedro, parecendo mais sério agora. —Eu só preciso de um tempo para descansar e deixar algumas coisas em ordem. Depois eu pretendo deixar a cidade.
—E para onde você vai? —Perguntou a garota, olhando o primo com um ar ligeiramente preocupado.
—Eu ainda não sei. —Murmurou as ultimas palavras, abaixando o olhar e fitando os próprios pés. Ficou assim por um instante antes de forçar um sorriso e voltar a olhar para a prima. —Então! Onde eu vou ficar?
O quarto de hospedes no fim do corredor do primeiro andar estava perfeito. Tinha vista para o jardim da frente, onde podia observar a fonte e estava impecavelmente limpo. Os lençóis na cama eram novos e os armários estavam livres de qualquer tipo de praga. Largou a mochila ao lado da cama, sem preocupar-se em pendurar as roupas no armário. Como havia dito à prima, não pensava em ficar mais do que alguns dias ali.
O resto da manhã passara conversando com a prima, em algum canto do jardim. Por ser uma espécie de renegado, quase nunca tinha noticias da família. Sophia lhe informava como estavam seus outros primos e contava as novidades da família.
—A Nat está...ou estava... —E interrompeu a frase para jogar um pedaço de chocolate para dentro da boca. Mastigou rapidamente antes de voltar a falar. —saindo com o Johny Longbotton. Mas não sei se depois de tudo eles ainda estão juntos.
—E você? Não está com ninguém, Soh? —Perguntou o garoto, despretensiosamente.
—Ah...não... —Murmurou Sophia, meio que encolhendo os ombros. Pedro estreitou o olhar. Havia um ar de tristeza e magoa no olhar da prima. —não estou a fim de me envolver com ninguém. —Manteve o olhar baixo por um tempo, antes de dirigir seu sorriso mais convincente para o primo, tentando mudar o rumo da conversa. —E você? Deve estar com alguém!
—Ah...não, não...na verdade não...e até prefiro que fique assim. Ter um relacionamento agora seria arriscado de mais. Para os dois lados.
—Você me deixa preocupada falando desse jeito. —Murmurou Sophia, abaixando as sobrancelhas de leve. —O que você está pretendendo?
Por um instante Pedro olhou para a prima. Parecia hesitar. Não sabia se seria prudente contar a ela tudo o que pretendia. Não queria envolver ninguém naquilo. Quando sua mente já formulava as melhores desculpas possíveis, uma voz chamou a atenção deles.
—Hey, Soh... —Disse uma garota de cabelos negros, muito parecida com Sophia, mas não idêntica. Usava um casaco jeans e aparentava acabar de chegar da rua. —Peh! Você aqui!!
—Hey, Jinx! —Sorriu o garoto, levantando-se para receber o abraço da prima, agradecendo mentalmente pela súbita mudança de foco. —Como você está?
—Bem, bem... —Disse Jinx Ravenclaw, a irmã mais “nova”. Afasto-se do primo, olhando em seus olhos, com a testa franzida. —O que faz aqui?
—Ele vai ficar aqui por um tempo. —Disse Sophia, apoiando o corpo sobre os joelhos. Algo no olhar dela alertava Pedro de que ele não iria livrar-se daquela pergunta.
—Sério? Que legal! —Exclamou Jinx, sorrindo abertamente. —Quanto tempo?
—Só alguns dias. —Disse Pedro, coçando a nuca de leve, sorrindo meio sem graça. —Só até eu ajeitar algumas coisas. Mas então... —Pigarreou, como se quisesse esquivar-se daquele assunto. —Então! Como está o James?
—Ah...do jeito de sempre... —Disse Jinx, sentando-se ao lado da irmã, “empurrando-a” mais para o lado pra liberar mais espaço no banco. —Você conhece o James. Ele não muda nunca. Nem ele nem o Dean.
—Imaginei... —Murmurou Pedro, sorrindo de leve. Sentou-se no banco ao lado, pondo as pernas para cima.
Já era noite quando Pedro recolheu-se ao quarto onde estava hospedado. Havia passado a tarde conversando com as primas e vendo um filme trouxa. Largou-se na cama que balançou um pouco. Sentiu o colchão macio em suas costas e sorriu meio indolente.
Quando morara na Mansão de Liverpool, dormia num quarto reservado aos elfos domésticos. O quarto era minúsculo, mau cabendo sua cama e seus pertences. O colchão era duro e desconfortável e não havia janelas. Pensar que agora estava num dos quartos da Mansão de Londres, deitado numa cama grande, com um colchão macio e confortável, observando despreocupadamente o jardim que era iluminado por holofotes e lâmpadas penduradas entre os arbustos ornamentais.
A vida era irônica, ele tinha que admitir.
A batida na porta chamou sua atenção. Tratou de ajeitar-se na cama rapidamente e, depois de pigarrear de leve, murmurou um “entre”.
—Pedro? —Perguntou Sophia, colocando a cabeça para dentro do quarto. —Tava dormindo?
—Soh! Não, não...pode entrar. —Disse o garoto, sorrindo meio sem graça.
A morena entrou lentamente e fechou a porta. Caminhou em passos lentos até uma cadeira e virou-a para poder ficar de frente para o primo. O silêncio no quarto era quase palpável entre eles.
—Então... —Murmurou Pedro, batendo os dedos suavemente no colchão, como se tentasse quebrar o gelo.
—Você não me disse o que pretende fazer... —Murmurou Sophia, estreitando o olhar. —Digo...sei que não deve ser da minha conta e se não quiser me responder eu vou aceitar numa boa.
Um ar sério apoderou-se do rosto de Pedro. Lentamente abaixou o olhar e fitou as próprias pernas, parecendo indeciso. Não queria meter a prima no meio de tudo aquilo. Aquilo tudo era um problema seu. Uma obsessão que crescerá dentro dele há quatorze anos. Por outro lado, algo dentro dele gritava que era falta de educação não falar. Soltou outro suspiro pesado antes de voltar-se para ela novamente.
—Eu vou atrás dos assassinos dos meus pais, Sophia... —Disse Pedro, o olhar um tanto duro. Sophia ergueu as sobrancelhas de leve, com um misto de espanto e duvida. —eu vou atrás da minha vingança.
O silêncio de antes voltou ainda mais pesado e um pouco tenso. Era como se houvesse uma bomba no quarto e, qualquer movimento, pudesse detonar-la. Sophia olhava o primo um tanto estarrecida, as mãos apoiadas nos joelhos, apertando de leve o tecido da calça. Por fim, ela deixo o ar sair de seus pulmões pesadamente, como se retirasse uma bola de ferro de seu peito.
—Você quer dizer que vai...matar...eles?
—Sim... —Disse Pedro, ainda num tom de voz baixo. —eu sei que parece abominável e que você provavelmente vai me achar um monstro, mas...esse tem sido meu único objetivo nos últimos anos.
—Eu...nem sei o que te dizer, Peh... —Murmurou Sophia, inclinando o corpo para trás e encostando-se no espaldar da cadeira. Levou a mão até os lábios, o olhar indo de um lado para o outro, parecendo perdida. —É horrível, mas...ao mesmo tempo eu não posso te condenar...
—Escuta Soh... —Disse Pedro, indo até a beira da cama e segurando as mãos da prima entre as próprias, olhando para ela com atenção. —Eu só preciso de alguns dias aqui. Só disso. Apenas uns dias para descansar e esperar algumas informações...depois disso eu juro que saio daqui.
—Não, Pedro! Não é nada disso. —Disse Sophia, voltando a olhar nos olhos do primo, balançando a cabeça negativamente. —Você é e sempre será bem-vindo aqui. Eu só...nunca imaginei você matando alguém.
—Eu não sou um assassino. —Disse Pedro, abaixando o olhar, ainda sério. —Eu só quero vingança.
—Não sei se ter um objetivo te torna diferente deles. —Murmurou Sophia, meio sem pensar no que falava.
Pedro endureceu o olhar e franziu mais a testa, abaixando as sobrancelhas. Não sabia o que o deixava mais irritado: o fato da prima não lhe compreender ou a voz no fundo de sua mente que sussurrava que ela estava certa. Por fim, soltou as mãos da prima e arrastou-se para trás, ficando quase no meio da cama.
—Eu não sei o que isso vai fazer de mim, mas eu não vou desistir.
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