photographs, único.
photographs- capitulo único.
Peguei meio hesitante, meio ansiosa, aquela parte tão distante de meu passado. Aquela caixa que continha todas as minhas intimas lembranças, que eu tentara esquecer por todos estes anos. Mas, sempre nesta data, 25 de dezembro, eu forçava meu coração á agüentar mais uma parcela de saudade. Já haviam se passado longínquos 50 anos, mas eu me lembrava de cada fato, como se fosse ontem.
Respirei fundo, e abri a tampa da caixa. Uma névoa parecia turvar minha visão, mas me forcei a prosseguir. Poderia ser a idade, ou apenas uma férrea pontada de saudade. Eu nunca saberei. Ah, a primeira foto. Eu sempre organizava todas as minhas preciosas em uma ordem sentimental. Como se ao ver a imagem refletida em cada uma, eu pudesse voltar ao passado.
A primeira, naturalmente, era das pessoas mais importantes que haviam passado por minha vida. Meus dois amores, meus dois melhores amigos. Era uma foto do nosso ultimo ano em Hogwarts, com Harry e Ron. Eu estava sentada aos pés de uma frondosa arvore, enquanto Ron tentava arrancar os livros de minhas mãos, e Harry ria como se aquilo fosse a melhor piada do mundo. A primeira lágrima também escorreu por meu rosto.
A segunda foto era de minhas amadas amigas, Luna e Gina. Eu não saberia explicar como meu receio por aquela loira amalucada se tornara afeto, assim, amizade. Já Gina era compreensível. Vivíamos praticamente juntas, e minhas visitas constantes á Toca. Elas não eram como Ron e Harry, mas isso não diminuía o espaço que elas ocupavam em meu coração e em minhas memórias.
A terceira foto continha uma quantidade absurda de pessoas ruivas. Minha segunda família, eu costumava dizer. Senhora Weasley sorria maternal como sempre, o Senhor Weasley, naturalmente, ao seu lado. Fred e Jorge faziam chifrinhos em Rony, que exibia uma de suas típicas caretas. Gina também estava na foto, sorrindo, juntamente com seus irmãos Percy, Carlinhos e Gui. Confesso não ter convivido tempo suficiente para saber como os três últimos eram, mas vindos desta família tão especial, não se esperava algo muito diferente. Harry e eu também aparecíamos na foto, enquadrados, como se realmente pertencêssemos àquela cena. E eu realmente sentia que pertencia.
A quarta foto, era a mais normal, para o meu atual mundo, é claro. Ela não se mexia, e ela começara a fazer parte de minha coleção recentemente. Minha primeira família, meus pais. Eu os amava tanto, que fora difícil vê-los partirem. Minha mãe sorria radiante, enquanto meu pai fazia uma cara totalmente severa, bem conhecida por mim. Ao lado dele estava uma Hermione de 11 anos, com uma varinha na mão, uma ruga entre as sobrancelhas, tentando lembrar um feitiço qualquer. Eles haviam pedido para deixar aquela foto como eles conheciam, parada no tempo, sem se mexer.
A quinta foto mostrava as duas pessoas mais incríveis que eu já conhecera em minha vida. Alvo Dumbledore e Minerva McGonagall. Eles sorriam e dançavam, em um majestoso Salão de Baile. Uma foto que eu conseguira furtar de Collin Creeve, que fora tirada no Baile de Inverno. Eu não me arrependia de meu furto, a foto valia muito mais.
A última foto, pois minha coleção não era assim tão extensa, era a que me trazia mais emoção. Meus olhos não conseguiram suportar, e as lágrimas banharam rapidamente meu rosto. Estes 50 anos de nada haviam servido para amenizar minha saudade. Minha dor. Porque, sorriam para mim, daquela foto, ninguém mais que Draco Malfoy e Hermione Granger, juntos.
Eu sei, às vezes eu mesmo tenho dificuldade em acreditar. Havia acontecido tão rápido, em meu ultimo ano em Hogwarts. Eu sabia de tudo, tudo o que ele havia planejado com o Lord das Trevas. E fiquei sabendo disso, um dia na biblioteca, enquanto eu, inocente, ainda estudava para os exames. Ele pensava estar sozinho, e meio enlouquecido, ou insano, havia falado para o nada seus planos, ou sentenças. Eu o surpreendera, jogando algumas verdades em sua cara, e ameaçando contar tudo para Dumbledore, mas ele não permitira. Havia me ameaçado, me ofendido, mas no final, havia se rendido. Eu nunca vira Draco daquele jeito, e foi isso que me deteve, e me fez esperar. E naquele dia, ele chorou. Sim, chorou. Na frente de uma sangue ruim imunda, uma rival natural de sua família, alguém que ele tinha a obrigação de matar. E desabafou. Como eu nunca havia visto.
Na época eu não pensava, mas agora observo que tudo isto pode ter sido uma armação do destino. Quando ele iria revelar seus profundos anseios e planos para mim? Ele não confiava em mim, e nem eu nele. Mas, a partir daquele dia, eu confiei.
E, como se fosse normal, nos encontrávamos as escondidas pelo castelo, e a amizade, ou não inimizade, tornou-se algo mais profundo, de uma maneira que eu nunca poderia explicar. Acho que nós nos encaixávamos de uma maneira estranha e bizarra, mas certa, acima de tudo. As palavras transformaram-se em beijos, os beijos em gemidos, os gemidos e algo totalmente mágico. O castelo mostrava-se nosso santuário e esconderijo. Eu não falava disso com ninguém, mas meus amigos haviam começado a desconfiar.
Mas, meu mundo perfeito foi interrompido pela grande guerra. O bem x mal. Harry x Voldemort. Não gosto de lembrar disso, mas é necessário. A última vez em que eu o vi, foi naquele dia. Ele estava ferido, lutava ao lado de Voldemort para proteger sua mãe, mas sempre tentava me proteger. Eu estava bem, mas não conseguia tirar a idéia de super proteção da cabeça dele. Ele havia acabado de dizer que me amava, e que eu deveria calar minha enorme boca e deixar ele me proteger, quando aquela terrível luz verde veio em sua direção. Eu não pude fazer nada, e seu corpo já sem vida caiu aos meus pés. Meus olhos ficaram vidrados ao seguir a origem da maldita luz verde, encontrei um rosto tão amado e vitorioso, de meu melhor amigo, Harry. Eu não podia culpá-lo, Draco era um inimigo aos olhos dele. E também não conseguiria contar nada do que havia acontecido. Naquele dia matei mais pessoas do que posso me lembrar. Comensais sem rosto, que se aproximavam de mim, não saiam vivos. A guerra acabou, com o bem como vencedor, mas levou metade de meu coração.
Então, eu simplesmente me despedi de meu amado mundo mágico, pois não conseguia viver com o vazio da morte dele, nem da culpa que eu nunca poderia descontar em meu melhor amigo.
Por isso, meus últimos 50 anos foram solitários, vividos sozinha em uma pequena vila no sul da França. Não houve nenhum homem em minha vida, além de Draco.
Sem perceber, meus lábios encontraram aquela foto tão amada, e a ultima lágrima respingou em meu rosto sorridente. Fechei vagarosamente a caixa, deixando as fotos em sua ordem natural. Preparei-me para dormir, como todos os dias, mas uma sensação ainda me perturbava, por todo o dia. Como a ansiedade antes de um grande acontecimento.
Deitei-me em minha confortável cama, e ao fechar os olhos, visualizei aquela foto velha, e ao mesmo tempo tão nova, de meu eterno amor. Então, eu entendi.
-Não o farei esperar mais, meu amor. Eu já estou indo.- e assim fechei os olhos para a eternidade que se estendia a minha frente.
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n/a: oooi :]
well well, idéia meio que do nada, que me deixou tão animada pra escrever nas madrugadas da vida.
acho que foi a fic mais 'fofinha' que eu já escrevi até hoje. e eu, sinceramente, amei. [autora coruja, alok]
enfim, comentem.
03 de julho de 2010.
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