O Ancião da Montanha



           _Ei barbudão! _ disse Doni _ De onde foi que vocês vieram mesmo?


           _De uma escola de magia e bruxaria chamada Hogwarts meu amigo.


           _Isso mesmo _ disse Alvo _ e você também!


           _Ah! Então você continua achando que já me conhece? _ perguntou Doni _ Ele é sempre maluco assim barbudão?


            _Na verdade _ disse Dumbledore sorrindo _ o que ele está dizendo não deixa de ser verdade.


            _Então eu também vim dessa tal escola também? _ perguntou Doni com ar zombeteiro.


            _Nós encontramos você numa outra viagem _ disse Dumbledore _ e você nos seguiu até a escola e depois desapareceu.


            _E então eu vim parar aqui?


            _Isso eu não sei dizer.


            _Sei... _ disse Doni descrente.


            Eles seguiram caminhando pelas nuvens por um bom tempo, a claridade do lugar estava começando a diminuir e parecia que logo chegaria o anoitecer, o céu estava ganhando uma tonalidade rosada e uma leve brisa acompanhava os viajantes.


            _Ainda falta muito? _ perguntou Alvo.


            _Se falta! _ disse Doni _ Nós ainda nem começamos a subir a montanha!


            _E essa montanha está próxima? _ perguntou Dumbledore.


            _Está logo à frente! Vocês realmente não conseguem vê-la?


            _Infelizmente não.


            _Isso vai ser divertido _ disse Doni _ se vai!


            _Como é que... _ começou a dizer Alvo, mas ele não pôde terminar a frase porque de repente aquele cenário simplesmente desapareceu de sua frente; ele se viu de volta a um certo lugar assustador...


            _Professor! O que está acontecendo? Nós estamos de novo no...


            _Sim Alvo! Nós estamos no elevador! _ gritou Dumbledore em meio ao barulho infernal.


            _Como isso pode está acontecendo?


            _Eu também não entendo! Você está bem?


            _Meu corpo está preso e meu braço dói...


            Repentinamente tudo acabou, com um grande choque, Alvo percebeu que estavam de volta a Estação Celeste.


            _Doni! _ disse Alvo _ Nós estamos aqui!


            _É claro! O que você esperava?


            _Mas há um minuto nós estávamos...


            _Você viu algo estranho acontecer Doni? _ perguntou Dumbledore.


            _Tirando o fato que você ficaram como se estivessem dormindo, só que acordados, não... tudo perfeitamente normal.


            Eles seguiram em frente, aquela visão assustadora ainda perturbava os pensamentos de Alvo, como aquilo poderia estar acontecendo? Onde eles estavam afinal? Depois de mais alguns minutos Doni parou.


            _Bem _ disse ele _ chegamos.


            Alvo olhou em volta e não viu nada de diferente na paisagem, apenas nuvens até perder de vista.


            _Hum... onde nós chegamos exatamente? _ perguntou Alvo.


            _Aos pés da montanha _ disse Doni.


            _Nós continuamos sem conseguir vê-la _ disse Dumbledore.


            _E o que faremos então?_ perguntou Alvo.


            _Você tem certeza que ele está aqui Doni?


            _Se tenho! _ respondeu o garoto _ Isso certamente é uma montanha, e das grandes!


            _Neste caso _ disse Dumbledore _ vamos subir.


            _Sem conseguir ver?! _ disse Alvo.


            _Não temos escolha. Você poderia ir à frente Doni?


            _Tudo bem barbudão!


            O garoto se adiantou alguns passos e para grande surpresa de seus companheiros, começou a subir pelo ar, como se estivesse voando.


            _Viram? _ disse ele _ Agora acreditam que aqui existe uma montanha?


            _Sem dúvida _ disse Dumbledore _ vamos Alvo.


            Não foi uma experiência agradável, Alvo começou a subir e sentiu sob seus pés o solo rochoso e inclinado da montanha, mas não conseguia ver onde pisava.


            _Ela é muito alta Doni?_ perguntou Dumbledore.


            _Põe alta nisso! Nem consigo enxergar o final...


            De repente a brisa se foi ficando mais forte, até se transformar numa ventania que desafiava a coragem e a perícia dos aventureiros, Alvo pensou que seria interessante ter algum ponto para se apoiar, mas só via o abismo a sua frente.


            _Essa não! _ disse Doni.


            _E que foi? 


            _O céu vai aparecer na lua mais cedo do que eu esperava...


            _E o que isso significa? _ perguntou Alvo.


            _Significa que estamos em apuros!


            A intensidade do vento continuou aumentando até se tornar praticamente impossível continuar de pé, Alvo teve uma sensação desagradável, como se seu corpo estivesse virando do avesso.


            _Deitem-se! _ disse Doni _ Vai acontecer agora!


            Tudo começou a girar, Alvo se sentiu no olho de um furacão, uma pressão insuportável oprimiu seu corpo, olhando para frente, ele teve a nítida sensação de que o céu estava se movendo, tudo ficou negro, mas não por muito tempo, logo uma luz ofuscante surgiu acompanhada de um forte rugido e então tudo terminou.


            _Ufa! _ disse Doni _ Hoje foi dos grandes!


            _O que aconteceu? _ perguntou Alvo.


            _O céu apareceu na lua _ respondeu o garoto apontando para o grande satélite natural à sua frente como se aquela mudança fosse a coisa mais natural do mundo.


            _Isso acontece todos os dias? _ perguntou Dumbledore.


            _Sim, mas normalmente não é assim tão demorado. Vamos continuar!


            Alvo perdeu a noção do tempo, eles seguiram pelo caminho que parecia não ter mais fim; como ele não conseguia ver onde pisava, vez ou outra tropeçava em algum acidente do trajeto, o que era muito assustador, levando em conta que o abismo sob seus pés estava cada vez mais alto.


            _Estamos chegando! _ disse Doni _ Já era hora! Vocês podem ver o castelo?


            _Sim! _ disse Alvo quando uma construção imponente que parecia flutuar no ar se agigantou à sua frente _ É muito belo!


            _Belo?! _ disse Doni aturdido _ O lugar está caindo aos pedaços!


            Alvo não entendeu, o que ele via era um castelo belíssimo, branco como neve com um belo jardim na entrada.


            _Para mim também é uma visão magnífica _ disse Dumbledore.


            _Vocês realmente são divertidos! _ disse Doni _ magnífica! Onde já se viu?


            A subida logo teve fim e eles atravessaram o esplendido jardim repleto de plantas coloridas e aves que brilhavam no escuro; se aproximaram da grande porta de carvalho e antes que fizessem qualquer coisa, a porta simplesmente se abriu.


            _Isso facilita um pouco as coisas, não é mesmo? _ disse Doni.


            Ao entrar, eles se viram numa luxuosa sala, com muitos tapetes, moveis antigos e uma luminária de cristal que emanava centenas de pontos luminosos.


            _Você continua achando o lugar feio, Doni? _ perguntou Alvo que estava maravilhado com o que via.


            _É claro! Tudo está em ruínas!


            _Boa noite! _ disse um homem de voz grave que estava no topo da escadaria que levava aos andares superiores; ele usava uma elegante manta púrpura e seu rosto estava coberto com uma mascara de marfim _É um prazer vê-los! Há muito tempo não recebo visitas.


            _Você é o ancião da montanha? _ perguntou Doni.


            _Eu preferiria ser chamado de Guelvim.


            _Mas como você pode dizer que não recebe visitas há muito tempo? Há poucos dias nós mandamos para cá outras pessoas apareceram na Estação Celeste querendo vê-lo!


            _O tempo para mim meu amigo _ disse o homem mascarado _ é algo muito abstrato...


            _Muito bem Guelvim _ disse Dumbledore _ é um prazer conhece-lo. Eu me chamo Dumbledore e esse aqui é Alvo Potter; nosso amigo Doni nos disse que o senhor era a pessoa que poderia nos ajudar.


            _E o que é que vocês desejam, Sr. Dumbledore?


            _Nós queremos informações sobre a Pedra das Nove Luas.


            _Entendo... vamos até o meu escritório, lá poderemos conversar melhor.


            Eles subiram a escadaria e acompanharam Guelvim por um longo corredor ornamentado com um belo tapete vermelho e vários vasos de cerâmica expostos sobre moveis de madeira reluzentes; no final do corredor Guelvim os convidou para entrar num cômodo espaçoso com uma lareira coberta de desenhos em gesso e vários moveis requintados, uma musica suave tocava em um toca-discos antigo; eles sentaram nas cadeiras estofadas e o anfitrião se postou atrás da mesa com tampo de vidro, ele ficou com o olhar preso nas chamas vivas que crepitavam na lareira, depois de algum tempo finalmente falou.


            _Os senhores não são os primeiros que me procuram por este motivo.


            _Compreendo _ disse Dumbledore educadamente _ e eu poderia saber se algum dos outros viajantes obteve sucesso na sua busca?


            Guelvim pareceu novamente se distrair, Alvo conseguia ver o fogo refletindo em seus olhos muito azuis, que era  a única parte de seu rosto que não estava escondida pela mascara.


            _Todos fracassaram _ disse Guelvim _ a busca pela Pedra das Nove Luas já acabou com a vida de muitos homens.


            _Eu lamento muito _ disse Dumbledore.


            _Ainda assim vocês desejam prosseguir nessa empreitada?


            _Sim. A Pedra é de vital importância para a nossa missão.


            _De onde vocês vieram Sr. Dumbledore?


            O professor contou sobre Hogwarts e a forma como ele e Alvo haviam chegado naquele lugar.


            _Então vocês chegaram aqui por um elevador?


            _Isso mesmo.


            _Me diga uma coisa; por acaso vocês tiveram alguma visão com esse elevador, após o terem desembarcado dele?


            _Sim! _ disse Alvo espantado _ Como o senhor sabe?


            _Isso era previsível.


            _Mas porque isso está acontecendo? _ perguntou Dumbledore.


            _Vocês sabem alguma coisa à respeito da Pedra das Nove Luas?


            _Eu sei! _ exclamou Doni animado.


            _E o que você sabe? _ perguntou Guelvim.


            _Mamãe sempre me conta essa história... um príncipe era apaixonado por uma garota pobre, o rei não concordava com o amor do filho, então mandou-o para longe do reino, enquanto a moça foi aprisionada nos calabouços do castelo. Quando voltou para sua terra, o príncipe soube que sua amada havia morrido e ficou furioso, para desespero de seu pai, ele abandonou o castelo; começou a vagar pelo mundo e um dia encontrou um feiticeiro, contou ao homem seu problema, e o bruxo disse que poderia lhe dar um objeto que poderia faze-lo voltar no tempo e mudar o passado, mas que isso teria um preço; o príncipe nem se preocupou em saber o que teria que pagar, tudo que queria era reencontrar sua amada, o feiticeiro lhe entregou então a Pedra das Nove Luas, o príncipe voltou no tempo e fugiu com a moça; e assim eles viveram felizes para sempre!


            _Bela história Doni! _ disse Dumbledore sorrindo _ Mas creio que isso não deve passar de um conto-de-fadas.


            _Pois você está enganado Sr. Dumbledore _ disse Guelvim _ a narrativa do garoto foi bastante fiel a história da origem da Pedra das Nove Luas, menos a parte do “viveram felizes para sempre”. Mas não vou aborrecê-los com histórias antigas, o fato é que essa Pedra tem um poder fantástico, talvez o poder mais poderosa do mundo.


            _E o que é? _ perguntou Alvo curioso.


            _Ela pode controlar o tempo.


            _Controlar o tempo?


            _Exatamente. Com ela você pode voltar a qualquer dia do passado, avançar para o futuro, fazer com que os dias passem mais devagar e até mesmo pará-los.


            _Realmente é impressionante _ disse Dumbledore.


            _Todo esse mundo _ continuou Guelvim _ o mundo que vocês estão agora, é regido pelo poder dessa Pedra, por isso o conceito de tempo e espaço aqui é muito distinto.


            _Eu não entendo _ disse Alvo.


            _Existem várias realidades, como se fossem túneis, cada uma chega até esse lugar por um caminho diferente; e isso influência a forma como o tempo passa e as coisas são.


            _Então neste caso _ disse Dumbledore _ um minuto para nós é algo diferente para você; e que nós enxergamos também pode ser diferente.


            _Exatamente.


            _Então é por isso _ disse Doni _ que vocês não conseguem ver como esse lugar está acabado, chega a dar arrepios!


            _Isso não foi muito educado com nosso anfitrião Doni _ disse Dumbledore.


            _Deixe ele! _ disse Guelvim _ O que ele está dizendo é a mais pura verdade, o que vocês vêem, não corresponde a realidade atual de meu castelo; mas voltando ao assunto da Pedra, eu devo advertir que apesar de seus poderes fantásticos, todos que a possuem, acabam tendo um destino terrível.


            _Eu creio que nós teremos que arriscar _ disse Dumbledore tranquilamente.


            _Está certo _ disse Guelvim _ eu não vou impedi-los, apenas queria alerta-los como faço com todos que me procuram... infelizmente ninguém nunca me deu ouvidos.


            _Então, onde nós podemos encontrar a Pedra?


            _No presente, tanto o meu quanto o de vocês, é impossível chegar até a Pedra.


            _O que faremos então? _ perguntou Alvo.


            _Vocês precisarão voltar ao passado.


            _E como faremos isso? _ perguntou Dumbledore.


            _Eu também tenho os meus truques... _ Guelvim esticou seu braço direito e da palma de sua mão surgiu uma fumaça tênue que foi se adensando até virar uma massa circular que parecia um espelho d’água, mas invés de refletir a sala em que eles estavam, ele mostrava a orla de uma floresta onde dois homens conversavam num arbusto.


            _Para que época nós iremos? _ perguntou Dumbledore.


            _Você irão para o único dia da história em que existe alguma chance de se apoderar da Pedra das Nove Luas; o dia em que o tal feiticeiro entregou o objeto ao príncipe.


            _O quê?! _ disse Alvo admirado.


            _E o que devemos fazer? _ perguntou Dumbledore.


            _Vocês precisam convencer o príncipe a desistir de sua amada, essa é a única forma de conseguir levar a Pedra; devo dizer que não será uma tarefa fácil, ele estava perdidamente apaixonado...


            _E quando nós conseguirmos _ disse Dumbledore _ como voltaremos?


_Estando com a Pedra das Nove Luas, o tempo não será mais problema para vocês.


            _E se nós não conseguirmos? _ perguntou Alvo.


            _Bem... Nesse caso vocês não poderão voltar.


            _Ficaremos lá para sempre?!


            _Eu creio que “para sempre” _ disse Guelvim _ não durará tanto tempo.


            _Como assim?


            _Vocês sofreram algum tipo de acidente quando estavam viajando; de alguma forma vocês foram divididos pelo tempo\espaço.


            _Isso significa... _ disse Dumbledore.


            _Significa que vocês estão aqui, mas também ainda estão no elevador; é por isso que vocês ainda estão tendo visões daquele lugar.


            _É possível estar em dois lugares ao mesmo tempo?! _ perguntou Alvo.


            _Nesse mundo é algo perfeitamente normal... e como vocês disseram que a situação no elevador não estava nada confortável...


            _O que irá acontecer? _ perguntou Dumbledore.


            _Bem, se porventura vocês morrerem naquela realidade, consequentemente vocês também morrerão aqui, portanto vocês precisam controlar o tempo para poder voltar de forma consciente ao elevador.


            _E nós só conseguiremos isso com a Pedra das Nove Luas _ concluiu Dumbledore.


            _Exatamente _ disse Guelvim _ por isso, de um jeito ou de outro, vocês ficaram numa situação difícil se não conseguirem convencer o príncipe a entregar-lhes a Pedra... desejo-lhes boa sorte...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.