Único parte 1



Capitulo 1 – Único parte 1.                                   


 


 Atualidade, Hogwarts.


 


 Hermione Granger entrou apressada na biblioteca de Hogwarts. A garota procurava um lugar para ficar sozinha e poder pensar. Há poucos minutos atrás ela viu seu amigo, Harry Potter, aos beijos com Louise Colton, uma garota da Lufa-Lufa. Não é que ela nunca tivesse visto o amigo com uma garota, mas é que de uns tempos pra cá isso começou a incomodá-la.


Hermione se dirigiu até o fundo da biblioteca, onde sempre estava vazio. Ela sentou em uma das mesas e escondeu o rosto com os braços.


Ela estava confusa. Ela era esperta o suficiente para perceber o que estava acontecendo. Ela estava apaixonada pelo seu melhor amigo. Por isso ela ficou daquele jeito quando o viu com outra garota. E agora ela não sabia o que fazer. Será que deveria tentar esquecer o tema? Ou ir falar com ele?


Tentando distrair a mente, Hermione passou o olhar pela estante de livros à sua frente. Ela não costumava circular por aquela área. Essa seção era apenas de romances. Na verdade toda a seção era pouco visitada, a maior parte dos alunos nem sabia de sua existência. Os bruxos não eram muito conhecidos pelos seus livros de ficção. Normalmente eram escritos livros para uso escolar.


A morena levantou e se dirigiu até a estante para olhar os títulos, quando um livro menor lhe chamou a atenção. Ele tinha uma capa de couro e  era amarrado por um cordão. Não havia nada escrito na capa. Curiosa, Hermione levou o livro até a mesa e se sentou. O livro estava bastante empoeirado, o que indicava que ninguém o segurava há bastante tempo. A garota abriu a capa e encontrou escrito:



De Connor para Cordelya, com todo o meu amor.  1008


 


Passando rapidamente as folhas amareladas, Hermione percebeu que se tratava de um diário. Fitou o livro por alguns segundos e então começou a ler a primeira página.


 


 Faz muito tempo que ganhei este diário. Apesar de gostar muito de ler, nunca me interessei a escrever o que acontecia comigo. Devo dizer que nunca precisei. Tudo o que necessitei contar a alguém, contei a Connor ou a Selene. Mas agora que tudo parece tão distante, pensei que seria o momento oportuno para contar a minha história. Uma história sobre um lugar, uma história sobre pessoas e sobre o amor. Pode parecer uma história comum, mas é importante para mim.


O que irá ler a seguir é a história da minha vida. Os momentos mais importantes, que definiram eu estar escrevendo neste momento.


Tudo começou em 992 d.c. quando os maiores bruxos de meu tempo decidiram criar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Eu era muito criança nessa época, mas qualquer pessoa sabe contar este fato. Antes da fundação da escola, os ensinamentos de magia eram feitos por tutores. As famílias possuíam os seus próprios, que ensinavam aos herdeiros. No mundo trouxa não era comum o ensino às mulheres, mas no meu mundo todos os bruxos podiam aprender. A escola foi criada na Escócia, e foi aberta a todos aqueles que viviam na Grã-Bretanha.


Eu nasci em 991, um ano antes da criação de Hogwarts. Enquanto meu pai Salazar Slytherin, junto com seus amigos Godric Griffyndor, Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff, construía o castelo, eu morava com a minha mãe nos arredores de Londres. Não me lembro deste período já que era muito nova. Sei que só fui ao castelo quando tinha  8 anos e a minha mãe morreu de pneumonia. Apesar da distância que havia entre meus pais, acho que eles se amavam. Talvez de modos diferentes. O amor era algo importante para a minha mãe, e para o meu pai também. O problema talvez fosse que meu pai amou mais a Hogwarts do que a ela. Durante muito tempo pensei que fosse o mesmo em relação a mim. Sempre havia Hogwarts ou meu irmão Henry, que era dois anos mais novo que eu. Nós dois fomos para o castelo, e nunca estive tão encantada. O castelo era enorme e eu podia sentir a magia ao seu redor.


Não havia crianças lá, a maior parte eram jovens entre 15 a 17 anos. Posteriormente meu pai e os outros descobririam que um período de 3 ou 4 anos era muito pouco para ensinar o que se devia aos jovens. Os alunos eram colocados em dormitórios particulares, e as moças e os rapazes eram separados em alas que eram vigiadas pelos professores que dormiam lá. As aulas eram dadas pelos fundadores. Meu pai, ao contrário dos outros, só ensinava aqueles de sangue-puro. Eu não via nenhuma diferença entre eles e aqueles que não tinham pais bruxos, mas nunca comentei nada. Para meu pai, os nascidos trouxas eram fracos e não mereciam receber uma educação bruxa. Nunca fui adepta dessa ideia, mas também nunca a disse a meu pai. Eu e meu irmão tínhamos ordens quanto a não ficarmos perto deles.


Na maior parte do tempo eu ficava acompanhada da Selene. Selene Zabine chegou a Hogwarts quando eu tinha 11 anos. Com seus cabelos negros e  pele bem pálida, ela parecia uma boneca de porcelana. Ficamos amigas quase que imediatamente.


Mas havia alguém que me era próximo antes dela. Eu o conheci uns anos antes quando fui procurar a Senhora Helga para entregar um pedido de meu pai. Ele era um garoto aparentemente da minha idade e possuía os cabelos escuros. Ele estava sentado em um banco, enquanto Helga mexia em uma planta na estufa.


--- Olá Cordelya. --- Me cumprimentou a professora sorrindo. Na verdade ela sempre estava sorrindo. Lembro-me de poucos momentos em que a vi séria. --- Pode entrar querida.


--- Bom dia Senhora Helga. Trouxe um pedido de meu pai. --- Me aproximei envergonhada, evitando olhar para o garoto. Eu podia sentir o olhar dele em mim.


--- Ah, claro querida! Deixe me ver... --- Ela leu a carta. --- Vou separar os ingredientes que seu pai precisa. --- Ela estava começando a pegar algumas coisas e a colocá-las em uma cesta, quando parou. --- Como sou distraída... Querida, este é o senhor Connor Griffyndor. Ele é filho de Godric e vai estudar aqui em Hogwarts a partir de hoje. Connor, esta é a senhorita Cordelya Slytherin, ela é filha de Salazar e já está aqui faz alguns anos. Ela sabe tudo sobre o castelo, se quiser saber algo é só perguntar a ela.


Desde o momento que começou a apresentação Connor havia levantado do banco e estava parado olhando pra mim. Lembro dos seus olhos escuros curiosos. Que saudade que tenho daquele tempo...


Fiz uma reverência e ele fez o mesmo. Depois disso Helga voltou-se para o pedido e nos deixou parados em silêncio. Quando tudo estava pronto, ela nos deu algumas coisas para carregar e a acompanhamos até a sala do meu pai. Ele parecia tranquilo quando chegamos, até abriu um leve sorriso quando me viu entrar com Helga. Pode ser estranho para alguns, mas Salazar Slytherin não era um homem sombrio e aterrorizante como podem pensar. Meu pai era apenas um homem reservado e muitas vezes intransigente. Mas também existia o homem calmo, estudioso, preocupado...Provavelmente ele tinha problemas para demonstrar afeição, mas era o meu pai, e crianças não veem defeitos em seus pais.


Meu pai ficou um pouco mais sério quando viu Connor entrar atrás de mim.


--- O filho de Godric...--- Ele comentou.


--- Ele estava comigo quando Cordelya apareceu. Lhe pedi uma ajuda para trazer as coisas.


--- Tudo bem. Estou satisfeito que não tenha deixado os dois sozinhos trazerem as coisas até mim. Não seria algo correto mesmo nessa idade.


--- Por favor, Salazar. São apenas crianças. Deixe para se preocupar com isso quando forem mais velhos. Além do que, eu só os acompanhei porque não tinham como trazer tudo sozinhos, sem falar do fato de que alguns ingredientes são muito perigosos. ---- Meu pai balançou a cabeça contrariado.


 


Depois desse dia, eu e Connor nos vimos muito em Hogwarts. Acabávamos fazendo a maior parte das aulas juntos, e costumávamos sentar no jardim para ler. Na época fiquei sabendo que Connor moraria no castelo já que sua mãe havia viajado para a França. A mãe do Connor não poderia ser chamada de maternal. Os Griffyndor só tiveram um filho, e a senhora passava a maior parte do tempo viajando. Connor não costumava falar dela, e nunca cheguei a conhecê-la pessoalmente.


Além de alguns olhares contrariados, meu pai não interferia em minha proximidade com Connor. Todos levavam como se fossemos crianças, e nós  éramos. As coisas só realmente se complicaram quando tínhamos uns 13 anos. Nós estávamos crescendo e com a idade certas relações devem ser cortadas. Eu e Connor não podíamos ficar tão próximos, como estávamos acostumados.


 


--- Isso não é justo! Eles não podem simplesmente nos colocar em aulas separadas. --- Disse Connor. Nós estávamos sentados no jardim. Era um lugar considerado neutro. Como havia muitos alunos e criados espalhados, não havia problema em conversarmos.


--- Mas é isso que acontece com todos Connor. --- Eu expliquei triste. --- A professora Rowena disse que em certa idade homens e mulheres não podem ter aulas juntos. Vai contra a decência.


--- Mas eles não são como nós Cordy. --- Ele me disse, inclinando-se mais pra perto. Nós tínhamos mudado muito nos últimos tempos. Eu não podia deixar de notar as mudanças em mim e nele. Todos sabiam que Connor Griffyndor era um rapaz muito bonito e isso só aumentaria com o tempo. Seria um homem tão belo quanto seu pai. --- Não estou falando apenas do fato de sermos filhos dos fundadores da escola. Estou falando de que somos amigos há muito tempo. Às vezes nem consigo lembrar a minha vida antes de você, e isso só tem 3 anos. --- Ele explicou sorrindo. Eu gostava tanto quando ele sorria. E nesses momentos eu entendia por que era necessário nos separarmos, mesmo que não gostasse disso. Eu podia me apaixonar por ele. Eu só não sabia que já era muito tarde.


--- Eu sei o que quer dizer. E também não gosto da ideia de ficar longe de você Connor, mas não temos escolha. E sabe disso.


--- Tudo bem. --- Ele suspirou derrotado. --- Mas vamos nos ver fora das aulas, certo? E continuaremos a vir ao jardim juntos, não é?


--- Sempre. --- Eu sorri. Ele retribuiu e segurou a minha mão escondido. Ficamos alguns segundos assim antes de nos soltarmos.


 


O começo foi uma fase de adaptações. Frequentar aulas separadas e não poder ficar sozinhos. Felizmente tínhamos a Selene. Ela me acompanha o tempo todo e assim meu pai não podia reclamar em relação às minhas conversas com Connor. Mas nós dois sabíamos que não era a mesma coisa. E foi fácil perceber que estava apaixonada por ele, eu só não sabia se ele retribuía da mesma forma. E ainda havia meu pai que jamais permitiria uma união minha com Connor.


Você pode se perguntar por que, afinal Godric e Salazar eram amigos e fundaram uma escola juntos. Mas havia diferenças de opiniões e também Rowena Ravenclaw.


Rowena era uma mulher linda e encantadora. Era o tipo de mulher que eu queria ser quando crescesse. Ela passou muito tempo comigo na época que a minha mãe morreu. Era uma mulher forte e doce. Tanto que meu pai se apaixonou por ela. Ele nunca disse nada a respeito, mas eu o conhecia. Havia o modo como olhava para ela. Quando jovem eu achava que era admiração, mas hoje sei que era amor. Mas ele era reservado demais para contar-lhe. Porém o amor secreto dele não era o problema. O problema foi quando ele descobriu que Rowena gostava de Godric. Foi aí que a relação do meu pai com o pai do Connor piorou. Nem eu nem Connor sabemos dizer se Godric retribuía o sentimento de Rowena.


Um dia aconteceu algo muito importante: chegou a Hogwarts uma carta da mãe de Connor.


 De acordo com a carta, sua mãe estava de volta a Londres por causa de uma doença. Ela estava bastante enferma e havia chances de não sobreviver. Então Connor e seu pai teriam que viajar até Londres para vê-la.


 ----- Partiremos para Londres amanhã pela manhã. ---- Connor me disse. Nós estávamos perto da Floresta Escura. Era um lugar que eu e Selene havíamos descoberto há pouco tempo. Minha amiga estava afastada observando se estávamos sozinhos. Estávamos de frente um para o outro e ele segurava as minhas mãos.


---- Eu entendo. Você deve ir ver a sua mãe.


---- Mas não vamos demorar. ---- Ele afirmou.


---- Não se preocupe comigo Connor. É a sua mãe que precisa de você agora.


---- Ela só precisou ficar doente para perceber isso, não é? --- Ele disse com amarga ironia.


---- Não diga isso. ---- Coloquei os dedos sobre sua boca. ---- Ela pode ter agido errado, mas é sua mãe.


---- Eu sei. ---- Ele concordou enquanto pegava a minha mão que estava em seu rosto e a beijou.


Oh Merlin, como eu o amava! Às vezes eu queria gritar isso.


---- Cordelya! Connor! --- Chamou Selene num sussurro.


---- Já está ficando tarde, ainda tenho que falar com meu pai. ---- Connor disse.


---- Tudo bem. ---- Eu concordei. Mas o que eu queria dizer era “não vá! Não me deixe!”.


Ele apertou as minhas mãos e sorriu. Ele me soltou e se virou para sair. Eu senti um aperto no peito. Como uma sensação de que não o veria de novo. Então eu segurei sua mão rápido. Ele se virou curioso.


---- Espere. --- Eu pedi. --- Tenho algo que quero que leve com você. --- Então tirei o colar que trazia no pescoço. Era uma placa de prata com os dizeres  O coração é a chave para a felicidade.


A placa foi um presente da minha mãe para mim. Meu pai costumava dizer que minha mãe era uma tola, eu acho apenas que ela era romântica.


--- Mas era da sua mãe, Cordy. Não posso aceitar.


--- Mas eu quero que aceite. Pode me devolver quando voltar. --- Então Connor me puxou para ele e nos abraçamos. Era um abraço apertado e quente. Eu tinha tanto medo de perdê-lo.


Então nos afastamos só um pouco e nos encaramos. Então Connor colocou uma mão em meu cabelo e aproximou meu rosto de dele e me beijou. Foi doce e perfeito. Ele beijou meu rosto e cheirou o meu cabelo.


---- Eu vou voltar Cordelya. --- Ele disse quando voltou a me encarar. Eu nunca o vi tão sério antes. Era como se ele estivesse me fazendo uma promessa.


 


--- Hermione? --- A garota parou de ler ao ouvir seu nome. Quando levantou a vista viu Rony. --- Eu estava procurando você.


--- Eu vim ler um pouco. --- Hermione tentou mostrar tranquilidade.


--- Ah certo. É que você saiu tão rápido que eu achei que podia ter acontecido alguma coisa. --- O ruivo sentou de frente para a amiga. Ele sabia que tinha algo errado, só não sabia o que. --- Se tivesse algo você me diria, certo?


--- Claro Rony. Mas não se preocupe, está tudo bem.


--- Mione...


--- Ok! Não está tudo bem! --- Hermione se rendeu. Ela escondeu o rosto.


--- Me diga e eu vou te ajudar. --- Rony segurou sua mão.


--- É algo que eu tenho que resolver sozinha. Eu...Eu preciso de um tempo pra pensar.


--- Então eu vou deixar você sozinha, mas já sabe... --- Rony sorriu e levantou da mesa.


--- Obrigada Rony. --- Hermione retribuiu o sorriso.


O ruivo estava saindo quando parou e se voltou.


--- O Harry não gosta realmente da Colton. Ele só...Não está sabendo lidar com algumas coisas. --- Ele disse. E antes que Hermione pudesse falar alguma coisa, ele saiu.


A morena ficou pensando no que o amigo falou. Será que estava na cara que ela tinha ficado com ciúmes de Harry? E por que Rony lhe disse aquilo? Que dizer que ela poderia ter uma chance com o amigo?


Ela pensou em Cordelya e Connor. Os dois amigos, apesar das diferenças entre os pais, e ainda apaixonados. Eles não pararam pra pensar no problema que estavam se metendo. Mas os apaixonados fazem isso, não é? Será que ela deveria correr o risco?


Mas enquanto o amor entre o antigo casal era retribuído, o dela podia ser uma decepção. E podia terminar com a amizade de anos.


Hermione decidiu voltar ao diário.


 


Não posso nem dizer como foram dificieis os primeiros dias longe de Connor. Eu andava pela escola esperando vê-lo e isso não acontecia. Eu me sentia triste e não conseguia esconder isso. Selene tentava me distrair e isso às vezes funcionava. Mas eu não fui a única que mudou com a partida dos Griffyndor. Meu pai parecia quase satisfeito. Não acho que fosse vontade de ver Godric pelas costas. Talvez fosse alivio em ver os Griffyndor longe das mulheres da sua vida. De um lado ele teria a Rowena apenas para ele e por outro ele não precisava se preocupar com a minha relação com Connor.


Rowena parecia levar os acontecimentos bem. Eu podia ver um brilho de tristeza passar às vezes em seu olhar, porque eu entendia sua dor.Era a mesma que a minha.


Uma semana após a viagem, eu recebi uma carta. Na verdade ela não foi entregue a mim. Como uma jovem solteira, todas as cartas passavam pelas mãos de meu pai e não é nenhuma novidade que ele jamais me entregaria uma carta mandada por Connor.


Eu estava caminhando por um dos corredores do castelo, acompanhada de Selene, quando Rowena apareceu. Ela me pediu para acompanhá-la até sua sala e um pouco curiosa quanto ao motivo a segui.


--- Como está, Cordelya?


--- Bem, professora Rowena. A que devo o chamado?


--- Eu recebi uma carta interessante esta manhã. --- Ela foi até sua mesa e retirou um envelope da gaveta. --- Quando a abri havia outra carta endereçada a você.


--- A mim? --- Meu coração começou a bater mais forte. Só uma pessoa faria isso. Alguém que queria falar comigo, mas sem meu pai ficar sabendo.


Rowena sorriu e me entregou o envelope. Tentei não deixar minha mão tremer. Depois disso ela se retirou e me deixou sozinha para ler a carta.


 


Dentro do diário estava um papel dobrado. Hermione percebeu que se tratava da carta mandada por Connor.


 


Querida Cordy,


 


Desculpe a demora em escrever, mas as coisas estiveram conturbadas aqui em Londres.  A minha mãe realmente parece muito mal. Toda a doença não a deixa dormir a noite e meu pai passa a maior parte do tempo tentando achar um feitiço ou poção que possa ajudá-la. Sei que ele não ama a minha mãe como antes, e não o culpo por isso, mas sei também que ele não a quer mal. 


Sinto sua falta Cordy. É como se faltasse um pedaço de mim. Pareço muito romântico?


Só no que consigo pensar é em você e no castelo. Londres e a minha mãe me parecem coisas desconhecidas. Devo me sentir culpado por isso? Minha mãe parece se preocupar com nossa relação agora que está doente. Não a culpo, mas talvez não tenhamos tempo.


Torço para que ela melhore e então poderei voltar ao castelo.


Me pergunto se as folhas das árvores já começaram a cair pelo outono, ou como seu pai deve estar feliz em me ter longe de você. Por que ele deve estar, não é Cordy?


Mas ele não deve se alegrar muito. Em poucos dias estarei de volta, e nunca mais a soltarei. Sei que somos jovens, mas sei também que não posso ficar sem você.


Espero que esteja sentindo minha falta, tanto quanto sinto a sua. Agradeça a Rowena por lhe entregar esta carta. Eu sei que posso contar com ela.


Mande meus cumprimentos a Selene e lhe diga que quero que lhe tome conta.


 


Com todo meu ser, Connor Griffyndor.


 


Hermione sorriu ao término da carta. Era tão encantador o modo como Connor falava a Cordy. Eles eram tão jovens...


 


Meu coração não podia aguentar a felicidade que aquela carta me causou. Enquanto lia, eu podia vê-lo sentado escrevendo. Podia ver seu olhar sonhador ao falar de Hogwarts ou seu sorriso irônico ao falar de meu pai. Eu queria tanto que ele voltasse!


Os dias seguintes à carta foram bem melhores do que os anteriores. Sempre que me sentia triste eu recorria a ela, que estava escondida embaixo de minha cama. Eu esperava que ele voltasse logo para Hogwarts, mas duas semanas depois recebi uma nova carta.


Quando Rowena me chamou ela não parecia tão alegre quanto na vez anterior. Fiquei sabendo que com a minha carta de Connor havia chegado uma de Godric. E as noticias nas duas cartas não eram das melhores.


 


Cordelya,


 


Eu nem sei como escrever  esta carta. Eu queria não ter que escrevê-la. Na verdade eu esperava neste momento estar aí do seu lado, mas isso não é possível.


A minha mãe está melhor, mas não curada. O mais recomendável é que ela vá para algum lugar calmo e que possa se recuperar. E tudo indica que ela não irá sozinha. Meu pai está preparando tudo para a viagem. Nós iremos com ela, Cordy.


Por favor entenda, não é algo que eu gostaria de fazer. Por Merlim que eu não quero fazer isso, mas você mesmo disse que ela é a minha mãe, e estar com a família reunida depois de tanto tempo pode ajudar.


Mas eu vou repetir o que já lhe disse: eu vou voltar Cordelya. Assim que ela estiver bem o suficiente. Afinal o meu pai não vai ficar longe de Hogwarts por muito tempo, e nem eu.


Nós vamos ser fortes Cordy. Nós temos que ser.


Sinto sua falta demais.


 


Sempre seu,


                           Connor.


 


Costumasse dizer que os jovens são dramáticos. Que tudo parece o fim do mundo. Mas quem é que não sente como se o chão desaparecesse debaixo de seus pés se visse aquilo que mais ama sumir? O amor é o sentimento mais bonito e o que mais pode lhe tornar feliz. Mas também pode lhe trazer a pior dor de todas. E eu, nos meus 13 anos, não pude deixar de sentir aquele aperto no peito, aquela sensação de não conseguir respirar.


Ele não iria voltar. Esse pensamento ecoou em minha cabeça. A mãe dele podia demorar meses ou até mesmo um ano para estar curada. E como eu aguentaria isso?


As semanas seguintes foram uma tortura.


 


Duas semanas depois da última carta de Connor, Godric Griffyndor voltou a Hogwarts. Eu estava em meu quarto quando Selene apareceu. Ela entrou apressada no quarto e parou encostada na porta para respirar.


--- O que houve Selene? --- Perguntei preocupada.


--- O professor Griffyndor está de volta. ---- Ela me disse sorrindo. ---- E mandou chamar por você.


Não consegui conter a alegria e nós duas demos um pequeno grito de euforia. Saímos rápidas pela porta, praticamente corríamos pelo corredor vazio. Em certo momento uma das amas apareceu e nós voltamos a caminhar. Depois de sua passada, apressamos o passo. Só quando estávamos perto da sala dele é que pensei por um momento.


--- Connor não voltou com ele? --- Perguntei em um sussurro à minha amiga. Ela negou triste. Tentei pensar positivo. Batemos na porta e entramos na sala.


--- Boa tarde senhorita Zabine, Srta Slytherin. Podem entrar, não se envergonhem. --- Godric estava sentado em sua mesa verificando papeis. Era incrível a sua semelhança com Connor. Godric sempre era sorrisos, tão diferente do meu pai.


--- O motivo pelo qual chamei você aqui, Cordelya, em companhia de sua amiga, é para lhe entregar uma carta de meu filho. --- Ele sorriu e me passou um envelope que segurei apertado contra o peito.


--- Obrigada, senhor.--- Agradeci.


--- Não há problema nenhum, menina. É claro que sabemos que seu pai faria uma verdadeira tormenta se soubesse disso. ---Ele comentou com um ar cúmplice.


 


Logo depois seguimos de volta para o meu quarto. Selene me deixou sozinha para ler a carta.


Esta carta definiu os 3 anos seguintes da minha vida.


 


 


Cordelya,


 


Uma parte de mim não queria escrever essa carta. A outra queria não precisar escrevê-la.  Lembra quando éramos menores e você ficou com medo de descer daquela arvore? Eu lhe disse que não a deixaria cair, que você podia confiar em mim. Eu vou precisar que acredite em mim de novo.


A minha mãe teve uma recaída e os médicos afirmam que ela teria mais chances se fosse para um lugar mais calmo e arejado. Uns parentes mais afastados de nós possuem uma casa na França. A mamãe o papai decidiram que o melhor é ela ir para lá.


O meu pai não pode abandonar a escola, então eu terei que ir com ela.


Eu sei, Cordy. Sei como dói, por que estou sentindo esse aperto no peito também. Mas preciso que confie em mim. Não sei quanto tempo passarei lá e não poderei mandar cartas, por causa da distância, mas eu preciso que confie em mim.


Não vou esquecer-me de você, e você também não vai esquecer-se de mim, promete?


Eu vou lembrar-me de você em cada momento, sempre que segurar o seu colar que está em meu pescoço.


Quero que continue levando as coisas com calma e mantenha-se longe dos rapazes. Não ria, Cordy! Sabe como vai ser difícil estar aqui sabendo que seu pai deve estar quase pulando, no sentido figurado claro, de alegria?


E não precisa se preocupar com as moças, nenhuma delas é como você. Todas são fúteis e mimadas, e só pensam em festas e casamentos. Como poderia passar nem que seja 5 minutos perto de uma delas?


Estarei de volta antes que perceba.


 


Com amor,


                          Connor.


 


Preciso dizer o quanto essa carta acabou comigo? Acho que não.


E infelizmente Connor estava errado quanto à sua última frase. As semanas se passaram e ele não voltou. A dor no começo foi insuportável e era difícil aparentar normalidade. Principalmente na frente de meu pai. Connor estava certo quando disse que meu pai ficaria feliz com sua ausência.


Uns meses depois a dor havia saído do palco. Ela não havia desaparecido, mas estava afastada. Às vezes quando estava sentada no jardim ou antes de dormir Connor me vinha à cabeça. Eu rezava que eu estivesse na dele também.


Um ano depois ele era apenas uma lembrança da melhor época de Hogwarts. Porque desde então havia muitas coisas para se preocupar. Com o crescimento vinha certas responsabilidades. Além das aulas mágicas havia as aulas de música e pintura. Nós, moças, tínhamos que aprender a cantar e a dançar. Tudo para atrair um bom casamento. Eu tentava não pensar muito nisso.


Três anos após a última carta de Connor, eu tinha meus adoráveis 16 anos. A idade em que as moças começavam a receber seus primeiros pretendentes. Tanto as moças quanto os rapazes estavam ansiosos pelo baile de primavera que traria convidados de todos os lugares do país. Selene estava sonhando com o dia. Passava horas experimentando joias e penteados. Ela estava tão eufórica que acabei me contagiando. Afinal festa é festa.


 No dia do grande baile estava passeando perto do lago. Surpreendeu-me ver meu pai se aproximar de mim acompanhado de um rapaz. Ele tinha um porte elegante e vestia roupas da melhor qualidade. Com certeza era um puro sangue, meu pai não andaria com pessoas abaixo disso. Ele tinha os cabelos claros presos atrás e seus olhos eram azuis.


--- Minha filha deixe-me lhe apresentar o senhor Claudius Malfoy. Claudius esta é minha filha Cordelya.  


Meu pai nos apresentou. Claudius era um amigo londrino de meu irmão e havia sido convidado para o baile. Acho que ficou claro o motivo de sua vinda a Hogwarts, principalmente quando meu pai alegou negócios e nos deixou sozinhos.


--- Ansiosa para o grande evento desta noite Srta? --- Ele me perguntou, enquanto passeávamos pela margem do lago.


--- Devo dizer que sim. Não se falou em outra coisa nestas últimas semanas. --- Lhe respondi.


--- Todos passam tanto tempo aqui.... --- Ele comentou. --- Já esteve em algum baile Srta Slytherin?


--- Faz oito anos que moro aqui. Só frequentei os eventos de Hogwarts e nenhum nunca foi desta magnitude.


--- Oito anos que não vai a Londres?!? Isto sim, eu não esperava. ---- Disse Claudius espantado. --- Deve ser muito aborrecedor ficar aqui tanto tempo.


--- De modo algum, senhor Malfoy. Amo este lugar, poderia passar toda a minha vida aqui.


--- É uma pena que isso não acontecerá. --- Ele deve ter percebido meu olhar confuso, pois me esclareceu. --- Quando se casar, seguirá seu marido, não é?


--- Sim.  --- Sussurrei.


 


 Foi em um silêncio pensativo que cheguei aos meus aposentos. As últimas falas de Malfoy não saíam da minha cabeça. Eu não conseguia, e não queria, imaginar casar e ter que ir embora com um desconhecido. Meu pai viu Claudius como um pretendente e nos deixou sozinhos como uma forma de termos nossas primeiras impressões. Claudius parecia um bom homem, mas eu não o amava. Amava um homem que não sabia nada havia três anos. Como me senti tola. Eu não podia passar a vida esperando Connor, e se ele nunca voltasse? Nessa hora eu pude ouvir a voz dele dizer: "Eu vou voltar Cordelya."


 


 Na noite do baile, cheguei ao salão, acompanhada por Claudius. Selene vinha logo atrás com seu acompanhante. O salão de Hogwarts, onde normalmente é servido as refeições, estava todo enfeitado. Foram colocada várias mesas pelo salão, onde seria servido o jantar mais tarde. No centro estavam vários casais dançando e vi meu pai ao longe conversando com um casal e com Helga. Claudius me guiou até ele.


--- Minha filha, Claudius. --- Cumprimentou meu pai. --- Então rapaz? Estamos equiparados a um baile londrino?


--- É um prazer dizer que sim. Pensei estar em Londres quando entrei. --- Disse Claudius.


--- Isso é ótimo. E você Cordelya? Está muito bem. Não concorda comigo Claudius? --- Perguntou Helga.


--- A Srta Slytherin é encantadora, e com todo o respeito, parece ainda mais radiante esta noite.


--- Veja, está deixando a menina corada. --- Comentou uma senhora.


--- Porque não pega algo para ela beber Claudius? --- Pediu meu pai. E Malfoy logo saiu.


--- Parece que tudo está indo muito bem. --- Comentou meu pai aos outros. --- Vejo que em poucas semanas minha filha será a senhora Claudius Malfoy.


O meu pai não parecia se importar com a minha opinião, ou ele realmente achava que eu retribuía a afeição de Malfoy. Por sorte, Rowena apareceu neste momento pedindo a minha companhia e meu pai não negou. Apoiadas uma na outra, passamos a circular pelo salão.


--- Você está muito pálida Cordelya.


--- Estou bem senhora.


--- Não tem nada haver com Salazar tentando unir você e o senhor Malfoy?


--- Meu pai está pensando no melhor para mim. --- Respondi.


--- Claro que sim. --- Nós paramos em um ponto e ficamos olhando a dança. --- Posso te contar um segredo? --- Perguntou-me ela.


--- Claro.


--- Está vendo aquele jovem do outro lado? Olhe discretamente... --- Fiz o que ela me mandou. E lá estava um homem, que devia ser no máximo um pouco mais velho do que eu. Ele tinha cabelhos escuros que chegavam ao colarinho da roupa, e tinha o olhar fixo em nós. ---- Ele chegou a poucos momentos, e não tirou os olhos de você desde então.


--- De mim? A senhora o conhece?


--- Nunca o vi antes, apesar de me parecer levemente familiar. Mas vou procurar informações a respeito. --- Ela sorriu e saiu do meu lado. Tentei chamá-la, mas acabei sozinha de todo modo. Evitei a todo custo olhar para o desconhecido. E por isso não o vi se aproximar de mim.


--- Srta?  -- Ele reverenciou. --- Pode me conceder a honra da dança? --- Pensei em negar. Era exatamente isso que pretendia fazer, mas foi só olhar nos olhos dele e não consegui. Era como se ele tivesse me hipnotizado e quando vi já estava em meio aos outros pares dançando.


Não trocamos palavras por um longo tempo e o modo como ele me olhava me deixava desconcertada.


--- Algum problema Srta? --- Ele questionou. Pude ver um leve sorriso em seu rosto.


--- Nenhum senhor. Só não tenho o costumo de dançar em tão completo silêncio.


--- E a música? Ela e as conversas ao nosso redor, não existem?


--- Estava me referindo a falta de conversa entre nós, senhor. --- Respondi  encabulada.


--- Me desculpe senhorita. A culpa é minha. Entretive-me com sua imagem e esqueci-me dos bons modos. Então vamos conversar. Estuda em Hogwarts?


--- Sim. Moro aqui há muito tempo. Mas o senhor não, certo?


--- Conhece a todos do castelo para saber?


--- Posso dizer que sim.


--- E eu posso dizer que já estive aqui antes.


--- Não me lembro do senhor. ---- Disse me forçando a tentar lembrar dele.


--- Isso acontece. Pode se lembra do senhor Malfoy? Pois ele esteve aqui antes.


--- Claudius? --- Isso foi uma surpresa. --- O Sr Malfoy estudou em Hogwarts?


--- Sim, mas se não me engano ficou apenas duas semanas, isto aqui foi demais para o coitado. --- Na época eu não compreendi o tom que o desconhecido usou, mas depois foi fácil: antipatia.


Antes que pudéssemos conversar algo mais, a dança acabou e ele me levou até meu pai que agora estava com Claudius e os outros fundadores.


--- Cordelya, eu já estava pensando em procurá-la. --- Disse meu pai severo.


--- A culpa foi minha Sr Slytherin, eu não pude resistir a uma dança com sua filha. --- O desconhecido disse sorrindo. Ele falava como se conhecesse meu pai.


--- E quem é você, rapaz? --- Perguntou meu pai.


--- Sei que faz alguns anos, mas não reconhece mais meu filho? --- Disse Godric. Naquele momento eu parei de respirar.


--- Connor Griffyndor? --- Perguntou meu pai.


--- É um prazer estar de volta a Hogwarts. --- Ele disse a todos. Não olhei para ele. Fiquei olhando o nada, com milhares de coisas passando pela minha cabeça.


--- Por onde esteve? --- Perguntou Helga.


--- Eu e mamãe passamos um longo período na França, ela ficou realmente boa não faz mais de um ano.


--- Não querendo parecer uma cobrança Connor, mas por que demorou tanto? --- Perguntou Rowena. Sempre penso que ela fez essa pergunta por mim.


--- A minha mãe me fez prometer que tentaríamos estabelecer uma relação que não tínhamos quando eu era criança. Eu não pude negá-la isso. Mas não pude deixar de vir a este baile.


--- Cordelya. --- Claudius me chamou em um sussurro. --- Está se sentindo bem?


--- Ahn? Eu... O lugar está um pouco abafado, não acha? --- Respondi. Eu precisava sair dali. Se não acabaria fazendo algo que não devia.


--- Sr. Slytherin. --- Claudius chamou meu pai a um canto e trocaram sussurros. Meu pai olhou atentamente para mim e concordou com o outro.


Não me lembro da desculpa que deram, mas me senti aliviada quando me vi no jardim.


--- Está se sentindo melhor? --- Claudius me perguntou.


--- Obrigada. --- Respondi. --- Acho que não estou habituada a grandes festas.


--- Não se preocupe, tudo é questão de costume. Quando formos para Londres, não vai querer sair dos salões. --- Ele sorriu. Depois do meu silêncio, ele continuou, agora sério. --- Você sabe quais são os planos de seu pai, não sabe?


--- Sim. Eu sei. --- Respondi evitando seu olhar. Eu não queria falar daquilo naquele momento. Eu tinha acabado de ver, e dançar, com Connor!


--- Cordelya, eu a quero com esposa. Sei que deve estar assustada, afinal os gêneros possuem criações diferentes, mas eu vejo um grande futuro para nós dois. ---- Claudius se colocou à minha frente e segurou as minhas mãos. --- Não haverá uma união mais proveitosa do que a de um Malfoy e uma Slytherin. Duas famílias da alta sociedade, dois sangues puros.


Ele falava como se tudo fosse um negócio. Onde estava o amor, o desejo de querer um ao outro? Como podia existir casamentos com menos que isso? Eu não queria isso pra mim!


--- Vou deixar você por alguns momentos para que pense nisso. Por que no final do baile, seu pai pretende anunciar o nosso casamento. ---- Claudius beijou minha mão e saiu. Eu fiquei ali parada tentando entender tudo o que estava acontecendo.


Respirei fundo e decidi ir para o meu quarto, diria a algum criado que estava me sentindo mal e não sairia dos meus aposentos em circunstância alguma. Quando me voltei tomei um susto ao ver Connor tão perto. Como não pude reconhecê-lo antes? Lá estavam os traços de Godric e aqueles olhos profundos. Eu não conseguia me decidir. Uma parte minha estava feliz por vê-lo, a outra estava com raiva por ele ter demorado tanto, e nem mandar uma mensagem.


Sem parar para pensar e vendo o jardim vazio, saí correndo.


Quando parei estava no antigo esconderijo onde nos encontrávamos. A única luz era a da lua, e quando olhei ao redor vi Connor se aproximar.


--- Está louca!? Este lugar é muito perigoso à noite! --- Ele me disse com raiva. Com raiva!


--- Nenhum lugar é mais perigoso do que perto do senhor!


--- Por que? Tem medo do que o Sr Malfoy pode pensar? --- Ele perguntou irônico. Isso foi uma surpresa. Connor nunca agiu assim comigo antes. Mais uma prova de que ele não era o mesmo.


--- Não é de sua incumbência!


--- Oh desculpe a esse tolo, que achou ter alguma importância infantis juras de amor. --- Me disse. Ele tinha um semblante sério. Eu na hora não percebi isso. Nem o que ele realmente quis dizer com aquilo.


--- Quem é você para... --- Eu comecei a chorar. --- Para... --- Eu senti as minhas pernas fraquejarem e caí de joelhos no chão. Escondi o rosto chorando. Eu me sentia uma fraca daquele jeito.


--- Cordelya? --- Senti um movimento perto de mim e suas mãos em meu cabelo. Eu queria empurrá-lo, mas eu só consegui chorar mais.


--- Por que está fazendo isso comigo? Deixou-me sozinha e agora...


--- Oh Cordy. --- Ele me abraçou apertado, mantive a cabeça escondida em seu peito. --- Eu sinto tanto... --- Pude sentir sua respiração em meu cabelo. --- Eu só não podia... Não posso deixar você ser de outro...


--- Claro! Se eu soubesse que era só casar com outro, teria aceitado um pretendente antes. --- Resmunguei.


--- Nunca mais brinque com isso. --- Connor levantou meu rosto e me fez olhar em seus olhos. --- Como senti sua falta...


--- Sentiu mesmo?


--- Ficar longe de você foi uma tortura, mas acabou.




Eu estava muito confusa. Connor estava de volta e disposto a nunca mais me deixar, e isso era ótimo. O problema era o meu pai. Ele queria me casar com Claudius e jamais aceitaria meu casamento com um Griffyndor. O que eu poderia fazer?


Naquela noite, não pudemos conversar muito, logo Selene apareceu me procurando. Connor se escondeu na escuridão e eu a segui. Quando chegamos até meu pai, ele me olhou concentrado, como se procurasse algum indicio de que estive fazendo algo errado. Acho que não encontrou nada.


Ele me levou até o salão, dizendo que já estava na hora do pedido de Claudius. Eu me perguntei se meu pai havia percebido que nem havia pedido a minha opinião a respeito daquilo. Claro que não...


Se o pedido oficial acontecesse, eu estava perdida. As chances de impedir o casamento seriam poucas. Olhei ao redor procurando uma solução. Então vi Connor conversando com Rowena, ele parecia nervoso, e olhava para mim e meu pai toda hora. Parece que nem ele sabia o que fazer. Fiz então a única coisa que passou pela minha cabeça. Fingi um desmaio.




                                                                                                                                             CONTINUA...

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