27/ December /1980



Dica de musica: Westlife - Angel

http://www.youtube.com/watch?v=m2Gmg9W5t_E





Eu olhava para ele ali sentado na fileira da frente, de terno preto e óculos escuros, o olhar fixo no buraco a sua frente. Ele não chorava, mas a expressão em seu rosto era pior do que qualquer lagrima. Queria poder abraçá-lo e dizer que eu estava bem, que tudo iria ficar bem e um dia ele voltaria a me ver. Fiquei do lado dele agarrada a seu braço esquerdo o tempo todo. Ele não me via e muito menos poderia sentir o contato do meu “corpo” no dele. Eu quis chorar como nunca.


Dois homens vestindo longas e brancas vestes se aproximaram, e com gestos delicados de ambas varinha luzes claras se transformavam em terra e aos poucos, foram preenchendo o buraco, profundo e simetricamente cortado em um retângulo. Ao final, uma pedra de mármore branca se materializou em cima da terra, e mas uma vez os dois homens de branco acenaram suas varinhas, fazendo com que dessa vez letras douradas de uma caligrafia fina, gravassem na lapide meu nome, as datas, do meu nascimento, da minha morte e a frase “ Viveu cada dia intensamente, amou e foi amada, doce filha e apaixonada esposa”. Os dois homens se afastaram e em passos lentos  minha melhor amiga tomou o lugar ao lado da minha lapide. Ela olhou para todos que estavam ali presentes. Mesmo escondendo seus olhos esmeralda atrás de um óculos escuro, eu sabia que eles estavam marejados.


- Me pediram para falar algumas palavras. – Ela fez uma pausa, e pude vê-ela buscando forças dentro de si para continuar. – Quem teve a sorte de conviver com a Lene sabia a pessoa maravilhosa que ela era. Pra mim ela foi alem de uma amiga, alem de uma irmã. – A emoção na voz da Lili fez com que eu sentisse minha tristeza aumentar. – No momento em que nos conhecemos até o fim, não teve um dia em que eu não vise a coragem brotar de dentro dela. Eu fui privilegiada de tela na minha vida. - Ela tirou de dentro bolso do vestido envelope preto um papel um tanto amassado pelo tempo. – “Lili não pense que a vida vai ser sempre um mar de rosas, coisas ruins acontecem, não estou dizendo que cicatrizes não ficam, mas sim que as feridas se curam com o tempo...” – Ela leu com a voz tremula e uma lagrima escorreu através dos óculos escuros parando em seu queixo. – Esse é um trecho da ultima carta que ela me enviou. – Ela então se agachou virando-se para a pedra de mármore, e como se eu fosse estar lá, a tocou com delicadeza. – Você virou meu anjo Lene, e sempre... vou sentir sua falta.


Olhei para o Sirius. Ele havia abaixado a cabeça, e respirava muito devagar fazendo seu peito subir e descer com intervalos demorados. Assim que me virei para Lili novamente, vi que ela já não estava mais parada ao lado da minha lapide. Procurei em volta e a encontrei abrasada com James que tinha Harry dormindo em seus braços. Olhei para o Harry dormindo em paz,  agradeci por ele ser tão pequeno e não entender o que estava acontecendo.


 As poucos as pessoas foram se levantando, algumas se aproximavam e deixavam flores, outras apenas davam uma ultima olhada e partiam.


Eu continuei parada ao lado do Sirius, e foram poucas vezes que ele se mexeu. Queria saber o que estava se passado na cabeça dele. Porque ele não estava chorando? Eu sabia que ele estava muito devastado, que estava triste, porque não botar isso para fora? Queria conversar com ele, ajudá-lo a superar minha morte. Não queria vê-lo triste, ele tinha que seguir com a vida dele.


- Sirius se você pudesse me ouvir. – Eu disse inutilmente, pois ele não se moveu. – Mesmo assim, eu sei que a sua alma pode, então por favor escute. – Eu me agachei na frente dele colocando minhas mãos em seus joelhos, e encarei seu rosto. – Você vai sofrer, mas não para sempre, porque no fundo você sabe que irá me encontrar novamente, e eu prometo, eu vou te esperar. – Eu continuei lá abaixada olhando para aquele homem que sem explicação foi a pessoa mais importante para mim dez do momento em que eu o vi pela primeira vez. Nossa conexão agora eu sabia, era de vidas passadas, meu destino sempre fora e sempre será ele, nossas almas estavam ligadas.


- Sirius. – Ele virou-se para a mão da Lili em seu ombro.


- Eu vou ficar mais um pouco. – Sua voz era um sussurro rouco. – Depois nos falamos ok?


- Está bem. – Ela disse beijando a cabeça dele antes de começar a se afastar, indo em direção ao marido e o filho.


Percebi que o tempo havia passado, o dia dava seus últimos sinais de luz, o céu estava como se fosse um pintura, uma mistura de laranja com azul. Um ultimo raio de sol iluminava o tumulo a nossa frente destacando meu nome.


Sirius pela primeira vez mexeu os braços e as pernas, e se levantou. Ele andou até a lapide, ficou a encarando por um tempo, antes de tirar de dentro do bolso do paletó a metade de um papel.


Eu me aproximei o bastante para ler o que estava escrito.


 “Sinto por todas as coisas que eu não vou te dar. Eu nunca vou comprar outro sanduíche de almôndega, e sempre o maior. Nunca vou te fazer sorrir, eu só queria que envelhecêssemos juntos. Juntos até o fim.  Perto do lago como no seu quadro. Era o nosso paraíso. Teremos saudades de muitas coisas, dos livros, dos beijos e das brigas, é nos tivemos umas ótimas, obrigado por elas, por todas as gentilezas, por você ser uma pessoa de quem eu sempre me orgulhei, pela coragem, pela sua ternura, e o jeito que você sempre estava, porque eu sempre queria tocar você. Você era a minha vida. Peso desculpas por todas as vezes em que falhei com você, especialmente a ultima. Eu sei que não posso perdoar a mim mesmo.


Eu amo você Marlene.”


- Eu não vou te esquecer nunca. – Ele tentou se segurar mais eu vi quando lagrimas rolaram pelo seu roso. – Sabe Lene. – Ele sentou-se no gramado, com o papel ainda entre as mãos. – Eu gostei do que a Lili disse, foi como se eu estivesse te ouvindo mais uma vez. – Ele fez uma pausa, sua voz quase não saia. Eu fiquei lá, de pé ao lado dele, desejando  tocá-lo mais uma vez. – Eu amo tanto você. – Ele soltou uma das mãos do papel e segurou a grama a seu lado. E lá ele ficou, chorando por alguns minutos.


Eu sabia que meu tempo estava acabando, eu teria que começar uma nova jornada, e ele teria que terminar seu propósito na terra, só assim, daqui sabe-se quanto tempo chegaria a hora de nos encontramos. Agachei-me ao lado dele, e o abrasei. Choramos juntos por longos minutos. O sol se fora dando lugar a uma noite sem estrelas e uma lua crescente.


 Ele então se levantou, tirou os óculos, e eu vi pela ultima vez aqueles olhos cinzas, que agora estavam tristes e sem o brilho que costumava ter.  Eu fiquei lá parada, olhando ele se afastar. Queria correr atrás dele e ficar olhando-o para sempre, mas essa não era a coisa certa a fazer, eu tinha que deixá-lo ir.
 
                                     

N/A:Hey everyone!

Essa fic é bem curtinha, só vai ter mais um cap, que eu vou postar logo logo! A segunda parte foi baseada no filme August Rush (O Som do Coração), e na primeira parte a carta do Sirius eu tirei do filme What Dreams May Come(Amor alem da vida).
Bom é isso espero que gostem e não esqueçam de comentar :D
XOXO CHANEL.


 

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