Nós percebemos quando o amor

Nós percebemos quando o amor começa e quando ele cai pelo nosso constrangimento quando estamos sozinhos.

 

- Então Evans, aonde você quer ir primeiro? – ele perguntou. Porém ao ouvi-lo me chamar de “Evans” tão formalmente me deu um aperto no coração.

 

“Não vá fazer nada do que possa se arrepender, Lily!”

 

  - Bom James, eu acho que a gente podia ir ao Três Vassouras

  - É, pode ser, vamos tomar algumas cerv- espera você me chamou de James!

  - Sim, é o seu nome! - eu disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

 

  “Uma língua que não obedece ao próprio cérebro! Agora essa!”

 

  - Quem diria, Lily Evans me chamando de James!   - Sim, eu gosto do James! Mas eu odeio o Potter!   - E o que é que os diferencia?

  - O Potter é arrogante, egocêntrico, galinha e metido. O James é engraçado, preocupado, inteligente e... bonitinho. É assim que eu diferencio os dois.

 

  Com essas palavras ele abriu um sorriso. Não aquele sorriso conquistador! O sorriso verdadeiro, o sorriso do James, o meu sorriso!

 

  Eu fiquei extremamente corada, mas me senti em paz.

 

  Fomos andando até o Três Vassouras falando sobre o Sirius e a Lene, e na porta, concluímos que o amor deles é recíproco. Nós sentamos e logo a cerveja amanteigada chegou.

 

  - Sabe Lils, eu acho que na hora que você descreveu o James, você esqueceu muita coisa.

  - Sério? Então me conte mais sobre o James!

  - Além de ele ter uma aparência maravilhosa e um enorme e sensível ego. O James não gosta de ser chamado de veado, muito menos de mentiroso. Ele não tolera provocações! Por outro lado, ele é muito corajoso, um verdadeiro grifinório, é apaixonado por uma ruivinha e preza acima de tudo os amigos e a família.

  - Eu acho que agora você deve querer saber um pouco mais sobre a Lily, não?

  - Com certeza!

  - A Lily é sensível e leal, se ela põe alguma coisa na cabeça, não há santo que tire. Ela não suporta ser interrompida e simplesmente ama ler! Ela não gosta de tirar notas baixas e ela tem um cantinho secreto, só dela. E como o James, acima de tudo, ela preza os amigos e a família.

  - Agora eu repito: Lily Evans revelando sua vida para James Potter.

  - É mesmo, quem diria!

 

  Nós saímos do Três Vassouras e eu perguntei:

 

  - Aonde nós vamos agora, James?

  - Vamos dar uma olhada na Dedosdemel, pode ser?

  - Huum

 

  Nós andamos durante alguns minutos em silêncio, cada um entretido em seus pensamentos. Até que ele resolveu se manifestar:

 

  - Lils você sabia que eu também tenho um cantinho secreto?

  - É verdade? – eu fiquei curiosa

  - É, você é a primeira pessoa pra quem eu conto isso. Então é uma espécie de segredo. Se você quiser, eu te levo lá, ruivinha!

 

Eu ri.

 

  - O que foi? – ele perguntou abobado

  - É que eu preciso admitir, eu gosto quando você me chama de ruivinha.

 

  Ele riu junto comigo dessa vez.

 

  Ao entrarmos na Dedosdemel ele ofereceu:

 

  - O que você acha de um doce piquenique, literalmente?

 

  Nós compramos vários doces, o suficiente para um mês praticamente.

 

  - Como nós vamos para esse lugar? – eu perguntei após pagarmos os doces.

  - Voando!

  - Mas eu não sei voar!

  - Por isso mesmo que você vai voar comigo! Accio Vassoura!

 

  Uns três minutos depois a vassoura de James chegou e eu fiquei paralisada.

 

  - Você sabe como montar em uma vassoura?

 

  Eu respondi com um simples e apavorado não com a cabeça.

 

  - Não precisa ter medo! – ele gargalhou – Vem, eu vou te ajudar!

 

  Ele ofereceu sua mão, e eu peguei. Seu toque me transmitia calor e segurança, o que me convenceu a chegar perto do objeto voador complicado e assassino.

 

  - Primeiro passe sua perna direita sobre o cabo da vassoura. – eu apertei sua mão e obedeci a sua instrução – Eu não vou te soltar só vou te ajustar na vassoura, está bem? – ele soltou a minha mão e pousou as suas em minha cintura, eu me senti como se nada mais importasse no mundo, só nós dois. Ele me ajustou na vassoura e continuou com as instruções – Agora eu vou sentar na sua frente e você vai se segurar em mim – dito e feito, ele se sentou na minha frente e eu o abracei, com mais força que o necessário.

 

  Com um impulso inicial ele subiu uns quatro metros e eu senti a brisa em meu rosto, eu abri um sorriso tímido e involuntário ao ver que ele me olhava. Ele subiu mais alguns metros e acelerou. O vento deixava meus cabelos rebeldes, o que iria me dar muito trabalho depois.

 

  Uns cinco minutos depois ele pediu para que eu fechasse os olhos que ele queria que fosse uma surpresa. Eu fechei.

 

  Ele fez um pouso suave, com uma das mãos ele fechou meus olhos e com a outra me ajudou a descer da vassoura.

 

  Quando ele desvendou meus olhos eu pude ver uma paisagem maravilhosa, estava no topo de uma montanha, o gramado ainda continha o orvalho matinal, era possível ver toda Hogwarts e o povoado de Hogsmead. Era perfeito!

 

  - Já deu pra ver que você gostou

  - Ahn... desculpe, não ouvi o que você disse

  - É claro que não, vamos comer?

 

  Nós comemos e rimos bastante, até começar o pôr-do-sol. A vista de lá de cima era diferente, mais nítida. Nós assistimos em silêncio. E aquilo me incomodou. Rapidamente escureceu.

 

  - James, a gente tem que ir – eu disse

  - Tá, só vou juntar as coisas e nós vamos.

 

  Nós recolhemos tudo e montamos na vassoura, o vento me trazia uma felicidade indescritível.

 

  “O vento ou a companhia de James? Nada disso Srta. Evans!”

 

  Nós pousamos em um beco em Hogsmead e James enviou sua vassoura de volta a Hogwarts.

 

  - Lily, posso te contar um segredo?  Ele está formigando na ponta da língua e pedindo para ser contado para alguém!

  - Claro James, pode confiar em mim!

  - O Sirius, bom, ele... Ele dorme abraçado com um ursinho de pelúcia.

 

  Eu desatei a rir retardadamente.

 

  Imagine a cena: eu e James de braços dados, andando pelas ruas de Hogsmead, rindo como bêbados. Eu garanto, não era uma alucinação.

 

  Logo a frente vimos os quatro mais cedo abandonados. Eles encaravam a cena com os olhos arregalados e a boca escancarada.

 

  - O que foi? – eu perguntei sem entender bulhufas.

  - Não é obvio Lil’s? Eles estão impressionados com o nosso recente namoro! – ele respondeu

  - James, eu achei que era para gente contar só mais tarde! – eu o repreendi, entrando na brincadeira e o abraçando.

 

  Não sei como, mas a boca de Emme conseguiu abrir mais ainda ao compreender a minha resposta.

 

  - Ah ruivinha, eu achei que já que eles são nossos amigos eu podia contar – o James continuou, acariciando meu rosto – Além do mais, se a gente se acertasse antes, o casal em conflito se acertaria. Não foi o que você disse mais cedo?

  - James, esse era o nosso outro plano secreto, lembra? Que namorado mais burro que eu arranjei!

 

  Novamente nós começamos a rir, e os quatro sem entender nada.

 

  - Lily Evans, dormitório feminino da grifinória em cinco minutos! – Lene falou (leia-se: gritou) puxando Emme junto.

  - Ok – eu disse ainda me recuperando das risadas – A gente vai se ver mais tarde? – eu perguntei me virando para James

  - Do jeito que você quiser, ruivinha.

  - Então até mais – eu me aproximei e dei um beijo em sua bochecha e saí andando, mas ainda foi possível ouvir um “o que foi isso?” de Remo.

 

  Eu fui caminhando sem pressa pelos corredores, atravessei a Mulher Gorda e já fui subindo as escadas.

 

  Eu abri a porta e vi Lene andando de um lado para o outro e Emme  sentada na ponta da cama.

 

  - Sente-se! – ordenou Lene apontando pra a cama que estava Emme, eu, como não queria me machucar, obedeci.      - O que diabos foi aquilo? – ela gritou.

  - Aquilo foi eu e o James zoando de você e do Sirius.

  - James! Como foi que – antes que ela gritasse mais, Emme interrompeu:

  - Ela quer saber como foi à tarde de vocês e o porquê você já o está chamando de James e o que foi aquela encenação romântica.

  - Foi realmente muito bom o encontro, eu descobri que o James não é só um bagunceiro, ele é mais que isso. Nós fizemos um piquenique. Foi muito gostoso. Eu não posso dar detalhes, pois é meio que um segredo. Bom, James é o nome dele, não? E sobre aquela encenação, foi apenas uma brincadeira.

  -Ótimo! Eu vou atrás do Sirius, eu necessito de detalhes!

 

  E então Lene saiu do quarto batendo a porta.

 

  - Ela realmente está feliz por vocês! – Emme tentou me animar

  - Eu sei. E como foi o dia de vocês?

  - Aah, tirando as discussões do Sirius e a da Lene, foi bem legal.

  - Que bom! Agora eu vou tomar um banho. Estou exausta!

  - Você vai descer mais tarde?

 

  Eu pensei em James, mas o cansaço venceu.

 

  - Não, de boa noite a todos por mim.

  - Pode deixar. – respondeu Emme já saindo do quarto.

 

  Eu tomei um banho quente e demorado, deitei em minha cama e dormi.

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