A Difícil Arte de Recomeçar
A Difícil Arte De Amar
By Isabelle Delacour
Capítulo 1-
A Difícil Arte de Recomeçar
Ainda não decidi o que é pior, o fim dessa guerra maldita ou voltar para Hogwarts para meu último ano. Apesar de ter sido poupado pelo Potter eu não sei bem como será a recepção para um comensalzinho barato como eu. Aquele que não teve coragem de matar Dumbledore. Mas, eu sou um Malfoy e devo andar de cabeça erguida.
Encolhi meu malão decido a ir sozinho até a estação. Logo na entrada, olhares de todos os tipos, mas principalmente desprezo. Pensei que isso não fosse incomodar. Enganei-me. Incomoda e muito. Entro em uma cabine e faço minha viagem sozinho, será que devo olhar no espelho para ver se fui azarado e tenho furúnculos pelo rosto? Deixa pra lá. Olho pela janela do trem e a paisagem me conforta um pouco. Fico imaginando como será a escola sem Dumbledore e o professor Snape. Acho que estou indo para outra guerra.
Quando chegamos, Slytherins me evitando, devo ser um traidor para eles. Os outros jamais teriam amizade comigo, sou filho de comensal da morte. Esse ano promete e muito. Carruagem só para mim então.
— Vamos essa está vazia! – Quase caio do assento quando vejo o trio maravilha entrando na minha carruagem.
— Se importa Malfoy? – A sabe tudo me pergunta como se perguntasse a um estudante qualquer.
— N-não. Sintam-se a vontade.
Eu viro os olhos. O que será que o cicatriz tem em mente? Eu sei que não vou gostar. Mas enfim...
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O começo do ano letivo não foi fácil para mim. Mas, eu chego até o fim dele, nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Não tenho amigos, minha casa me isolou. Por motivos diferentes. Uns por eu ser filho de quem sou. Os Malfoys traidores do sangue. Outros, por suspeitarem que ainda devêssemos obediência para o insano-das-trevas, mesmo depois de morto. Isso é paradoxal. Mas, eu sobrevivo. E para completar o trio-perfeito-maravilha, fica me cercando. Contudo, isso tem lá sua serventia, não sou obrigado a fazer trabalhos em grupo sozinho.
Dois meses depois do inicio das aulas sou chamado no gabinete da diretora. A nova professora de poções e diretora da Slytherin é a Medibruxa Dryade Noxon. Ela lutou na guerra e teve um romance com meu padrinho Snape. Ela mostra sinais de tristeza vez ou outra. Mas, é brilhante como ele. É uma Ravenclaw em todos os sentidos. Mas, está conduzindo nossa casa com louvor. Ela mandou me chamar em sua sala. Não faço a mínima idéia do que possa ser. Paro diante da porta do gabinete dela. A mesma que Severus ocupava. Sinto saudades. Nunca imaginei que meu soturno padrinho faria falta. Bato a porta e ela se abre.
— Entre senhor Malfoy. – Ela me olha com olhar sério. A Parkinson está com ela. — Sente-se, por favor. Obrigada por me atender tão rapidamente.
— Por nada senhora. Minha obrigação. – Respondo polidamente.
— O motivo de chamar o senhor aqui é que... – Nesse momento a Parkinson a interrompe.
— Eu estou grávida Draco... – ela tem a voz em meio tom, mostrando que está com medo.
Pansy interrompe a professora Noxon e despeja a bomba. Ainda me lembro das nossas escapadas pela mansão durante a guerra. Isso me fez gelar. Como isso pode acontecer justo comigo? Merlin me pune! Eu realmente devo ter feito muitas coisas erradas na vida!!!
— Eu... – Eu realmente não sabia o que falar. Mas como um Malfoy deveria assumir meu erro, quer dizer meu filho! Droga!
— Vocês devem entender que uma criança requer responsabilidades. E que devo chamar seus pais, apesar de vocês serem maiores de idade. Correto? E que já devem saber tudo acerca de nossos costumes com relação ao casamento. Então, por favor, me digam que entendem a gravidade de tudo isso!?
— Sim senhora. Vou acatar o que nossos pais e a Parkinson resolverem. – Não havia outra resposta a ser dada.
— Ótimo fico feliz com sua decisão. Agora gostaria que voltassem para o salão comunal e, por favor, cada um no seu dormitório por enquanto. – A bruxa tinha um olhar cansado, contudo firme.
— Sim senhora. – Faço uma reverencia e me retiro.
O caminho foi silencioso, Pans sabia muito bem que eu não a amava. E que me casaria com ela somente por causa do meu filho. Meu filho... Agora me dei conta.
— De quantos meses você está? – Pergunto a queima roupa.
— Cinco. Desculpe Draquinho, eu devo ter me esquecido do feitiço anticoncepcional só uma vez!
— SUA... – Eu respiro fundo. — Tudo bem agora já era... Por que demorou tanto para nos comunicar? – Eu realmente não entendo essa demora. Ela está aprontando algo.
— Não consigo fazer o feitiço do glamour. E minha barriga já está aparecendo, não posso mais apertar. – Sua voz, eu noto, está cheia de constrangimento.
Eu viro os olhos. Típico. Nem sei como uma bruxa tão incompetente chegou ao ultimo ano de Hogwarts, alguém trapaceou aqui, com certeza. Nem compensa continuar esse assunto. Nem quero pensar o que ela ia fazer com meu filho se tivesse conseguido conjurar o feitiço.
Nunca pensei em filhos. Sinto alguma coisa estranha quando imagino que carinha ele vai ter, a minha é claro. Loiro, inteligente, e poderoso como eu, sem dúvida alguma...
Dias depois estávamos sentados no gabinete de Noxon. Os Parkinsons, os Malfoys, eu e a Pans. A conversa foi muito mais fácil do que eu imaginei. A mãe dela mal conseguia disfarçar sua alegria. Parecia que tinha ganhado um grande prêmio. Lucius não estava muito feliz, mas tinha negócios com o Sr. Parkinson, eles eram de uma família respeitável. As bruxas tomaram conta da conversa e saímos de lá com a data marcada. Os detalhes... Ahhh. Esses iriam ser discutidos até na hora do grande acontecimento. Mesmo com o nome Malfoy não tendo a mesma força de outrora seria um grande acontecimento.
Despeço-me de todos. Tenho muito que estudar. Já estava quase na porta da biblioteca quando lembro de que me faltava algumas anotações. Tenho que voltar aos meus aposentos. E foi aí que vi a cena mais inusitada da minha vida: Potter apertando a mão de Lucius e em seguida a de minha mãe. Não entendi. Eu não estava delirando com certeza. Eles não me viram. Mas não ouvi nada, era uma despedida. Vou ter que descobrir o que em nome de Merlin está acontecendo. Definitivamente isso é muito estranho.
oOo
As aulas se arrastavam. Agora tínhamos a melhor equipe de trabalhos da escola. Tenho que dar o braço a torcer, é bom trabalhar em equipe. A sabe-tudo é realmente brilhante. Eu sei que ela era a parte inteligente do trio, ela deve ter ajudado bastante o Potter e o Weasley. Eles não são brilhantes, mas, são obstinados. Então com a minha chegada ali, a qualidade dos trabalhos só veio a crescer e a insuportável da Granger por vezes era mais rigorosa que eu. Então pelo menos no quesito estudo concordava-mos em tudo.
Com o tempo percebi que mesmo não tendo trabalhos para fazer estudávamos juntos. Os NOMS do final do ano letivo seriam bem rigorosos. Eles pretendiam seguir a carreira de auror, então essa nota deveria ser perfeita, então na maioria das vezes Potter e Weasley levavam a sério o que a sang... Digo a Granger dizia.
Não sei quando que a obrigação de estar com o trio deixou de ser obrigação. O fato é que me sentia integrado ali. Eu era somente Draco e o garoto que sobreviveu e venceu o hipogrifo-depenado-das-trevas, era somente Harry. Eu quase não me lembrava mais da guerra e das nossas eternas diferenças. Então eu me lembrei daquele aperto de mão entre ele e minha mãe, e o olhar agradecido de Narcisa. Foi aí que resolvi que era hora de fazer o Potter desembuchar.
— Potter, na ultima vez que meus pais estiveram aqui, vi o aperto de mão entre você e minha mãe. O que exatamente foi aquilo? – Perguntei em um dia em que caminhávamos até o lago, no fim de uma tarde cheia.
— Na-Nada, apenas fui educado e... – Potter definitivamente não sabia mentir.
— Qual é cicatriz? Acha mesmo que vou crer nisso? – Fixo meus olhos nos dele, ele contudo desvia o olhar constrangido.
— Bem... – Potter olha para mim e vira os olhos. – Sua mãe me pediu para que não o deixasse isolado... – o garoto a minha frente parece mais constrangido ainda.
— Poderosa Circe! Vocês não tinham o direito!!
Estou furioso e saio dali em direção a qualquer lugar longe dele. Bem isso era minha intenção. Ele me puxou pelo braço, me obrigou a ouvir.
— Olha aqui seu egoísta mimado. Não pense que faz parte dessa equipe por caridade! Eu não creio em um mundo em que pessoas são rotuladas e excluídas, eu não passei o que passei para permitir que a discriminação fizesse parte da minha vida. Pro seu governo independente de dever minha vida a sua mãe, eu o convidaria para fazer parte desta equipe mesmo que ela não pedisse! Jamais deixaria você ou quem quer que fosse excluído nessa escola. – nunca vi Potter tão irritado.
— Terminou? – Eu o encaro.
— Sim. Agora faça sua cena de mimadinho, eu não me importo. – Ele respira fundo e mira os sapatos. Um silêncio desconfortável reina por alguns segundos.
— Obrigado... – Eu realmente não sei o que dizer. Não queria estragar o que parecia ir bem.
Virei as costas e me afastei. Acho que fiquei quase uma semana evitando os três. Estava com raiva. Não conseguia aceitar piedade dos outros. Foi quando ouvi uma discussão. Demorei para entender do que se tratava. Granger e Goyle discutiam. Ele e um outro aluno da Slytherin haviam encantoado a garota. Saquei minha varinha e mandei que saíssem, fiquei ao lado da sang... Digo Hermione.
Eu realmente não sei quando passei a me importar com eles, quando passei a considerá-los amigos. Sei apenas que defender a morena foi instantâneo, eu nem sequer pensei. Então percebi que ela não agiu como se eu fosse uma aberração. Mas, como um amigo. Amigos defendem-se quando necessário.
— Não precisava se indispor com seus amigos de casa por minha causa, eu estava indo muito bem. – Ela sempre com aquela pose orgulhosa.
— É. Sei. Mas, como eu não tinha nada para fazer... – Ela nunca daria o braço a torcer.
— Estou curiosa Malfoy, quando passou a defender sangues-ruins? – Ela sabe exatamente onde machucar.
— Quer saber? Nunca fui preconceituoso com meus amigos. – Percebo que agora eu a deixei boquiaberta.
— Então tudo bem, acho que posso receber a ajuda de um amigo vez ou outra. – Ela tem um leve sorriso no rosto.
— Eu estava indo para a biblioteca estudar, gostaria de discutir alguns aspectos da aula de hoje, e acho que estamos um pouco atrasados com aquele trabalho de poções...
— Não por minha causa. Você é que resolveu não aparecer depois das aulas. – Ela me encara desafiadora
— Então vamos ver o que pode ser feito a esse respeito. – Aponto o caminho e sigo logo atrás dela.
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Meu relacionamento com Pansy não passava de perguntas acerca do seu bem estar e do meu filho. Eu nunca a amei. Ela sabe disso. Ah! Merlin, como eu me arrependo das nossas aventuras durante a guerra. Mas agora não adianta chorar pelo suco de abobora derramado. O que importa agora é meu filho.
Nosso casamento foi realizado com muita pompa. Nunca imaginei que me irritaria tanto com uma cerimônia. Mas, enfim, eu tinha a obrigação de passar por tudo aquilo. As famílias não pouparam na festa. Afinal, minha família não poderia deixar transparecer sua decadência depois da guerra. Era importante para os negócios passar uma imagem de glamour.
Não tivemos uma lua de mel, estávamos ainda no meio do ano letivo. Pansy não ficou muito tempo em Hogwarts depois do casamento. Ela começou a se sentir desconfortável. Minha mãe a levou para a mansão, pois com certeza moraríamos ali depois da formatura.
Meu filho nasceu em meio a uma onda de violência e intolerância a ex-comensais, que haviam escapado de Azkaban durante e depois da guerra. Eles eram entregues a aurores do Ministério, quando não, eram encontrados mortos em algum beco escuro. Havia uma nova onda de terror, pois muitos inocentes foram mortos também.
Nunca imaginei que eu tivesse a capacidade de amar alguém em minha vida. Quando segurei meu filho pela primeira vez e lhe dei o nome de Antoine Alexander Malfoy, senti algo que preencheu meu coração. Senti a vida dele, seu cheiro, foi um momento único. Eu o amei acho que desde aquele dia na sala da Noxon. Dryade foi uma grande surpresa para mim. Ela me apoiou desde então. Estava comigo quando ele nasceu. Minha melhor amiga desde aquele momento.
Com o nascimento de Antoine, eu tenho a impressão que algo em mim mudou. Potter conseguiu me convencer a ser um auror. Eu sei que jamais a academia iria me admitir, mas eu deixei o testa-rachada me convencer.
Terminei Hogwarts. Fui viver na mansão com meus pais e minha família. Fiz o teste para auror e passei em primeiro lugar, Potter em segundo, eles não tiveram como me evitar. Sei que teve um dedinho de Potter nisso. Pois estávamos na mesma equipe na academia. Precisei repensar o que pensava sobre o cicatriz e seus amigos desde o primeiro dia, pois percebi que eles não me deixariam em paz nunca. Então agora temos algo parecido com amizade. E pra falar a verdade, nossa equipe é muito boa, faço um ótimo serviço com a sabe-tudo, tenho que dar o braço a torcer a sang... digo a Granger é muito competente.
Estávamos no oitavo mês de academia. Foi nessa época que os atentados se intensificaram. Apesar de eu ser quase um auror a mansão Malfoy foi atacada. Recebemos a noticia de Mille no alojamento, a elfa estava ferida e não falava coisa com coisa. Eu transfigurei minhas roupas e aparatei na mansão, qual não foi minha surpresa quando segundos depois minha equipe aparatava lá também. Eu nunca vou entender esses Gryffindors.
— O que fazem aqui? – Eu ainda estou atônito. — Deixa pra lá!
Corro pela mansão, ela está muito danificada. Vejo os seguranças de Lucius mortos pelo caminho. Minha mãe está caída no chão e meu pai está em uma roda de tortura feita por bruxos cujos rostos estão cobertos. O duelo entre eles e nós foi terrível, acertamos três dos sete que ali estavam. Os outros desaparataram. Com certeza não queriam confrontar o cara que havia matado o próprio Lord das Trevas. Ter o Potter na equipe tinha suas vantagens.
Corri para minha mãe, graças a Merlin estava desacordada apenas. Um corte na cabeça. Hermione ajudava a socorrer Lúcius e o restante corria pela mansão em busca de outros. Nesse momento meu coração gelou, meu filho!!! Corri para o quarto dele, depois para o meu, percorri cada aposento, cada corredor daquela imensa mansão.
Sentei-me no chão apoiado em seu berço, peguei o pequeno cobertor que estava esquecido ali. Eu chorei... Nesse momento, eu não sei de onde apareceram, eu estava desarmado. Fui estuporado...
Acordei em algum lugar, quero dizer, nas masmorras de algum lugar. Estava a ferros. Meus seqüestradores queriam saber a localização dos comensais que haviam fugido. Eles acreditavam que minha família lideraria um levante. Isso com certeza não ia acabar bem...
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Potter chegou a tempo de ver Malfoy ser levado inconsciente para algum lugar. Ele então reuniu os outros. Aurores do ministério chegaram e pelo que Harry podia sentir não estavam nem um pouco preocupados com os últimos acontecimentos. Harry, Hermione e Ronny aparataram da mansão em Wilt Shire direto para o Ministerio. Foram recebidos pelo Ministro, Arthur Weasley.
— Olá garotos! Hermione! O que os trazem aqui?
— Senhor a mansão Malfoy foi atacada, Draco foi raptado, a esposa e o filho estão desaparecidos, Lucius e Narcisa estão no Saint Mungus. Esse grupo está fazendo justiça com as próprias mãos, ignorando o poder do Ministerio. Isso tem que parar. Não podemos nos igualar a Voldemort. – Harry esboçava sua decepção e revolta com toda aquela situação.
— Acalme-se filho. Você tem toda a razão. O que temos de concreto aqui? – Arthur também concordava com ele.
Harry e seus amigos descreveram tudo o que estava acontecendo. Arthur resolveu nomear a equipe de Harry aurores de fato antes da formatura. Com certeza para jovens que haviam lutado em uma guerra esse treinamento era uma brincadeira.
Harry e sua equipe interrogaram os bruxos que haviam sido presos na mansão. Não foi assim tão difícil, a legilimência do trio era muito boa. Draco só não morreu graças a sua equipe, num resgate impressionante do cativeiro bem guardado onde estava. Passou vários dias desacordado, estava entre a vida e a morte quando foi encontrado, a hospitalidade do grupo de extermínio aos comensais, como se intitulavam aqueles insanos, tinha requintes de crueldade. Ninguém acreditava que ele um dia acordaria.
Mas ele acordou.
E se lembrou de tudo.
E a vingança tomou seu coração.
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