Rita Skeeter



Fazia um belo dia em Hogwarts. A chuva que não parava mais fazia semanas agora tinha sumido e as nuvens deixaram o sol e sua claridade invadirem o terrirório do castelo. Os passarinhos cantavam alegremente para quem quisesse ouvir e os outros pássaros não tardaram a se exibir também, voando por cima das árvores e deixando uma sensação gostosa por onde passavam. Havia também uma brisa saudável no ar e quando misturada com os raios solares que penetravam pelas janelas e batiam nos rostos de todos deixando aquela sensação agradável, faziam com que qualquer um ficasse de bom humor e pronto para enfrentar as aulas que deveriam assitir naquela manhã.


                Porém, Megan van der Woodsen, uma das garotas mais bonitas de Hogwarts, se não era a mais, por ter cabelos negros compridos, ondulados e brilhosos, dentes alinhados e brancos, enormes olhos azuis, lábios carnudos, e uma pele clara que fazia tudo no seu rosto contrastar, sem falar do corpo perfeito, era uma exceção. Não por escolha, mas porque estava na ala hospitalar e Madame Pomfrey ainda não havia dado a ela permissão para sair. Por culpa das chuvas dos dias anteriores Megan tinha pego uma forte gripe e por isso teve que ficar alguns dias deitada em uma cama desconfortável e cercada por cortinas listradas de branco e azul.


                - Por favor ! - Suplicou ela à Madame Pomfrey. - Prometo que vou me cuidar quando sair. Estamos na primeira semana de aula, preciso ter tempo para aproveitar lá fora enquanto os exames não se aproximam.


                - Não é minha culpa se você saiu na chuva quando não deveria - retrucou a mulher, enquanto abria as cortinas da cama de um menino da Corvinal que tinha bolas de pus por todo corpo e enchia seu copo com um líquido amarelado.


                - Já estou aqui a dias - resmungou a garota -, e me sinto perfeitamente bem. Aliás, estou perdendo muitas aulas e Hermione me disse que o novo conteúdo de História da Magia é muito interessante.


                - A saúde vem em primeiro lugar, e você sabe muito bem.


                - Não quando se trata de História da Magia - insistiu Megan –, você não tem noção da quantidade de conteúdo que...


                Mas Madame Pomfrey apenas saiu do campo de visão de Meggy, cansada dos seus argumentos.


 


 


                No Salão Principal, Rony, Hermione e Harry tomavam apressados o café da manhã. Queriam ter tempo de dar um “oi” a Megan antes que as aulas do dia começassem.


                - Queria estar no lugar dela - disse Rony, enquanto atacava um pedaço de bacon - imagina só, Harry, ser dispensado dos deveres.


                - Não diga uma coisa dessas, Rony - falou Hermione aborrecida. - Megan não está gostando nem um pouco de ficar lá perdendo as aulas. Não é, Harry?


                - Ah, claro – respondeu o garoto distraído -, mas também seria bom estar no lugar dela - completou ao ver o olhar aborrecido que Rony lhe lançara.


                Várias cabeças no Salão Principal se viraram para cima ao ouvir o inconfundível som do correio coruja chegando. Em todas as mesas os alunos procuravam anciosos reconhecer a sua coruja ou esperavam ser surpreendidos com alguma carta ou pacote. Harry sentiu uma saudade súbita das cartas que recebia de Sirius no quarto e quinto ano, mas obrigou-se a parar de se torturar pensando em pessoas que nunca voltariam. Ficou meio depressivo ao pensar nisso, porque por mais infantil e idiota que fosse, ainda esperava que algum dia recebesse uma carta do padrinho. Para Hermione chegou o rotineiro Profeta Diário. A garota o agarrou antes que a coruja voasse rapidamente de volta e o abriu, cobrindo totalmente seu rosto e uma pequena parte do seu cabelo armado.


                - Algo novo? - perguntou Rony.


                - Não, mas aparece o nome do seu pai - respondeu ela e leu para os dois amigos escutarem: ... mas Arthur Weasley, chefe da Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, confirmou que o Ministério ainda está a procura de Emily Benjamin, apesar de não haver nenhum progresso por enquanto. Lúcio Malfoy, no entanto, esclareceu melhor, dizendo que ele mesmo está a procurando pessoalmente e que sente estar perto de encontrá-la...


                - Que mentira - disse Harry irritado -, essa tal de Emily com certeza já foi morta pelos amiguinhos Comensais dele. Afinal, quem é ela?


                - Trabalha no Ministério - respondeu Rony -, junto com meu pai. É nascida trouxa.


                - Não sabia que ainda existiam nascidos trouxas no Ministério - falou Mione brincando com o mingau de aveia que nem tinha provado -, achei que Voldemort já tinha providenciado para todos serem banidos.


                - Talvez ela fosse a última - sugeriu Harry.


                - Talvez... mas não temos tempo para discutir isso agora - disse Hermione apressada, olhando o relógio de pulso -, vamos ver a Megan.


                Os três se levantaram depois de Rony abocanhar seu último pedaço de bacon. Ao passar pela mesa da Sonserina, Malfoy gritou bem alto para todo salão ouvir: “Então Emily Benjamin está nas mãos de um Weasley viciado em trouxas. Qualquer um ficaria com pena dela. Rony foi controlado pela tentação de ir até a mesa dos sonserinos e lançar um feitiço em Malfoy por Hermione que falou para ele: “Não dá bola, é isso que ele quer, que você se irrite e se descontrole”, apesar do garoto ter colocado a mão no bolso à procura da varinha.


                Subiram o mais rápido possível até o andar da ala hospitalar, apesar de as vezes serem interrompidos por um degrau falso ou uma escada que mudava de rumo. Entraram silenciosamente e localizaram a amiga antes de se dirigir a ela. Megan estava ainda de braços cruzados, com a cabeça deitada nos travesseiros expressando tédio. Harry, Rony e Hermione riram ao notar isso, ela parecia realmente estar de mau-humor. Mas, quando ouviu as risadas dos amigos se virou subitamente para a porta.


                - Finalmente! - exclamou, e Madame Pomfrey lhe lançou um olhar rígido e fez sinal para ela abaixar o tom de voz. - Estive esperando vocês a manhã inteira.


                - Megan, são a recém nove horas - disse Hermione.


                - Eu sei, mas quando se está cercada por um garoto cheio de pus e outro cheio de perebas que ficam te lançando olhares intensos o tempo demora para passar.


                Rony e Harry soltaram altas gargalhadas e sorriram para a amiga. Depois, junto com Hermione, os três se sentaram na beira da cama e contaram sobre o Profeta Diário e Malfoy.


                - Esse menino é ridículo - disse Meggy aborrecida -, temos que fazer alguma coisa a respeito disso, ele não pode continuar se achando superior por falar essa coisas.


                - Concordo com você - disse Rony.


                - Eu também - disse Harry, e os três olharam para Hermione.


                - Claro que eu concordo - disse ela rápido sob pressão dos olhares -, mas qualquer coisa que nós fizermos Malfoy vai usar de desculpa para nos dar uma detenção.


                - Tem que ter alguma exceção - falou Megan esperançosa.


                - Pois é, Malfoy com certeza não tem a ficha limpa... - começou Harry, mas foi impossibilitado de continuar quando Madame Pomfrey se aproximou.


                - Srta. Woodsen, vamos medir sua febre e dependendo do seu estado poderei deixá-la sair.


                - Ótimo - disse Megan sorrindo - tenho certeza de que já estou bem.


                Madame Pomfrey pediu para Rony e Harry sairem dali. Os garotos obedeceram, mas meio contrariados. Hermione fechou as cortinas ao redor da amiga e se sentou novamente na beira da cama. Meggy tirou a blusa e Madame Pomfrey encostou a varinha no seu peito para medir a temperatura. Depois de um tempo ela anunciou que se a menina prometesse se cuidar e continuar a tomar os remédios conforme o combinado poderia ser liberada.


                - Meggy - disse Hermione gentilmente, depois que a garota já tinha colocado a camiseta novamente e as cortinas foram abertas -, vou no dormitório pegar o livro de Estudo dos Trouxas que eu esqueci e já trago vestes limpas pra você.


                - Muito obrigada, Mione - agradeceu Megan.


                - Ainda não entendo porque você e Mione fazem Estudo dos Trouxas se nasceram trouxas - disse Rony confuso.


                - Ah Rony - resmungou Megan -, é importante saber a visão que os bruxos tem do trouxas. Na última aula que eu fui depois de vir pra cá, a professora disse que quando os telefones tocam só uma vez é porque acham que são despertadores.


                - Os telefones acham que são despertadores? - perguntou Harry rindo.


                - É o que ela pensava - respondeu Megan, fazendo o amigo rir ainda mais -, mas é claro que eu e a Mione explicamos para ela que isso não era verdade.


                - Talvez seja - disse Rony corando um pouquinho.


                - Óbvio que não, Rony - retrucou Megan.  


                Enquanto esperavam Hermione voltar, Harry, Rony e Meggy ficaram conversando sobre maneiras de fazer Malfoy se dar mal. Por um lado Megan se parecia muito com Mione. As duas estudavam muito, gostavam de prestar atenção na aula, passavam horas na biblioteca lendo e discutindo sobre os livros e o conteúdo aprendido nas aulas do dia e nunca tinham tirado uma nota ruim, sem falar que estavam voltando juntas com a campanha do F.A.L.E. (Frente de Apoio à Liberação dos Elfos Domésticos) mas ainda não tinham comunicado isso aos amigos. Além disso, por as duas serem meninas, todos os segredos que tinham contavam a outra e a maioria sem passar pelos ouvidos de Rony e Harry. Mas por outro lado Meggy também se parecia muito com os outros dois amigos. Sempre queria se vingar de quem fazia algum mal a ela ou aos seus amigos e não se importava de quebrar as regras da escola para isso. Junto com Harry e Rony devia ser quem tinha perdido mais pontos para a Grifinória. Era também muito corajosa, não se importava de se arriscar para conseguir alguma coisa que queria muito, principalmente porque quando colocava alguma coisa na cabeça era difícil de tirar. Sem falar de que não aceitava ser insultada – apesar disso ter acontecido pouquíssimas vezes, porque praticamente todos os meninos de Hogwarts eram meio encantados com sua beleza e as meninas faziam de tudo para serem suas amigas, porque tinham esperanças de que se conseguissem seriam mais notadas – ou ouvir um insulto a algum amigo seu sem responder ou levantar a varinha. Se ela estivesse junto quando Malfoy disse aquilo no café da manhã provavelmente não teria ignorado.


                Mas ao mesmo tempo, era totalmente o oposto dos amigos. Hermione não aprovava de jeito nenhum quebrar as regras do colégio e pouquíssimas vezes tinha feito isso. Só perdia pontos para sua Casa quando o único adulto perto era Snape. E de Harry e Rony ela era o oposto porque amava estudar e tirava notas ótimas e eles com certeza não, sem falar do fato óbvio de serem meninos.


                Hermione demorou um pouco para chegar, porque foi apreendida pela Profª McGonagall e teve que explicar seu atraso e o de Rony e Harry na aula de Transfiguração.


                - Aqui - disse entregando o uniforme da Grifinória para Megan.


                - Obrigada, Mione - agradeceu ela enquanto sentava na cama. - Harry, Rony, façam o favor - falou indicando a porta.


                Rony resmungou e saiu seguido por Harry. Logo que se viu livre dos amigos meninos, Meggy tirou a camiseta e vestiu a camisa branca com a brasão da Grifinória, e por cima colocou a gravata vermelha e dourada que fazia parte do uniforme. Colocou a sainha xadrez e as meias cinzas que iam até o joelho e depois calçou as sapatilhas pretas. Penteou o cabelo e deu uma mechida nele para ficar mais natural, e passou um batonzinho cor de boca. Se olhou no espelho da ala hospitalar e ficou feliz ao ver sua imagem por dois motivos: o primeiro era o de poder finalmente sair daquela cama e retomar as aulas, e o segundo porque não estava com cara de doente nem de cansada, na verdade estava ótima. Como sempre, apesar de ela não pensar assim.


                As duas garotas saíram da ala hospitalar e se encontraram com os amigos na porta. Juntos, os quatro se encaminharam para a aula de Transfiguração. Rony estava abrindo a porta da sala, quando Megan o agarrou pelas costas o impedindo de completar sua ação. Ele olhou para trás e Megan fez sinal para os amigos a seguirem em silêncio. Ninguém estava entendendo que ela queria. Mas quando Meggy se escondeu atrás de uma coluna, seguida pelos amigos, e apontou para uma mulher com cabelos cacheados e loiros, óculos de pedrinhas, com uma mão masculina agarrada a uma bolsa de pele de dragão, todos entenderam. Era Rita Skeeter, repórter do Profeta Diário, que deveria receber um prêmio por escrever mentiras. Ela vinha seguida de um homem baixo e gordo, que carregava uma câmera pendurada no pescoço.


                - O que ela está fazendo aqui? - murmurou Harry, mais para si mesmo do que para os amigos.


                - Shhhh - ralhou Hermione -, vamos ouvir.


                - ... e de qualquer jeito, Dumbledore com certeza está ficando caduco - disse a asquerosa Rita Skeeter -, Você-Sabe-Quem ter voltado é a pior piada do século. Parece até que ele não percebe que ninguém mais acredita nas mentiras que inventa. Você-Sabe-Quem ter voltado, hahah...


                - Você quer fazer uma reportagem sobre isso? - interrompeu o fotógrafo.


                - Ai, ai, querido Brucce, quantas vezes vou ter que te dizer que como melhor repórter do Profeta Diário eu tenho o dever de trazer notícias novas e não algo que todo mundo já sabe?


                - Então... será sobre o quê? - perguntou Brucce coçando a cabeça.


                - Precisamos descobrir alguma coisa ruim sobre Hogwarts, alguma coisa que ninguém fora deste castelo saiba. Alguma coisa sobre algum professor ou aluno, ou até mesmo... sobre o diretor - disse ela com um sorriso malicioso. - Essa escola não pode ser tão perfeita assim, não é? - completou dando uma alta gargalhada.


                - Ahn? Ah, claro que não - respondeu Brucce rapidamente.


                - Já marquei uma entrevista com aquele garoto... como é mesmo nome? O filho do Lúcio... Drake... Drack... Draco! Isso, acho que é Draco. Draco Malfoy. Ele sempre tem boas notícias, aquele menino.


                Rita Skeeter e Brucce desapareceram de vista, de modo que Rony, Megan, Harry e Hermione não conseguiram mais escutar a continuação da conversa. Mione e Meggy estavam preocupadas pelo fato de estarem perdendo conteúdo enquanto ficavam fora da sala, por isso, antes mesmo de pelo menos conversar sobre o que tinham acabado de ouvir, Megan voltou para o corredor da sala de Transfiguração e abriu a porta.


                - Com licença, professora. Realmente, me desculpe o atraso, mas eu estava na ala hospitalar e o Ronald, o Harry e a Hermione foram me ver, então...


                - Já sei Srta. Woodsen - cortou rispidamente McGonagall -, entrem rápido.


                Os quatro entraram na sala o mais rápido que podiam. Hermione sentou com Megan em uma classe que sobrara na primeira fila, deixando Harry e Rony com uma cheia de chicletes colados no tampo no fundo da sala. Rony resmungou e sentou contra sua vontade.


                - Abram o livro, os quatro, página 375, e leiam o texto sobre como transformar um corvo em uma taça - disse a Profª Minerva McGonagall -, quando todos tiverem terminado de ler, começaremos a praticar.


                Os alunos de sétimo ano da Grifinória e Lufa-Lufa fizeram o que a professora mandou. Hermione abriu o livro e começou a ler...


“O JEITO MAIS SIMPLES DE TRANSFORMAR UM CORVO EM UMA TAÇA


                Os bruxos medievais tinham o costume de fazer grandes banquetes tanto com o fim de realizar comemorações, quanto para apenas apreciar a comida em um dia casual. Mas naquela época era muito raro encontrar taças de qualidade e com o mesmo aspecto físico, por isso um grupo de bruxos criou o feitiço ‘Corvullos’ que transformava corvos¹ em taças iguais e totalmente usáveis. O feitiço foi totalmente aprovado pelos outros, e até hoje é usado. Para ver as etapas de aprendizado, leia abaixo:


¹corvos: nos tempos medievais o animal corvo era muito fácil de ser encontrado, por isso a escolha desse animal para realizar o feitiço.


Etapa 1: deve-se escolher um corvo totalmente negro e de estatura média (podem ser usadas corujas também, mas nesse caso requer mais prática) e posicioná-lo bem na sua frente. É importante citar o cuidado que deve se ter porque estará se usando um animal vivo.  


Etapa 2: depois de posicioná-lo corretamente como na figura, você vai mirar a varinha na parte de trás do animal, balançá-la circularmente uma vez e em seguida falar claramente: Corvullos.


Etapa 3: Reversão do feitiço: o mesmo procedimento que o anterior, mas nesse caso você mira a varinha para dentro da taça e deve-se falar: Reparacorvullos.”


                Do lado do texto estava uma foto bruxa de um corvo e uma mão que segurava uma varinha e a mexia circularmente. Megan e Mione comentavam animadas baixinho sobre o feitiço Corvullos. Mais para trás na sala, Rony e Harry riam sem parar pensando nas expressões que Malfoy faria em diversas situações constrangedoras.


                - Potter, Weasley, vocês leram o texto? - perguntou McGonagall com um quê de irritação.


                - Anh? Ah... sim - disse Harry tentando ser o mais verdadeiro possível, apesar de estar na cara que não tinham lido.


                - Então, imagino que o senhor Weasley não se importariam de me dizer sobre o que se trata - disse ela, se virando para Rony.


                - Sim, claro - disse Rony, olhando discretamente para o livro aberto - o texto fala sobre... anh... taças e... e...corvos - terminou, sorrindo débilmente para a professora que lhe lançou um olhar nada simpático.


                - E você Potter, me diga qual era o feitiço ensinado.


                - Por que o mais difícil para mim? - murmurou ele baixinho, sem deixar a professora ouvir. Rony riu. - O feitiço era... era... - disse ele, tentando a tática do amigo de olhar discretamente para o texto - era... anh... eu não sei - admitiu, dando um sorriso tão débil quanto o de Rony.


                Megan e Hermione lançaram um olhar fulminante ao amigo, as duas de mãos levantadas para responder a pergunta. McGonagall olhou para elas, como se as duas garotas fossem a salvação de um sério problema e disse:


                - Srta. Granger poderia me dizer o feitiço e você, Srta. Woodsen, a reversão, por favor. Quanto aos senhores, Potter e Weasley, quero que me tragam dois rolos de pergaminho sobre esse feitiço na próxima aula - Rony e Harry bufaram -, e sem cópias dos livros - completou e virou-se para Hermione, permitindo a garota de falar.


                - O feitiço se chama Corvullos, e serve para transformar um corvo em uma taça, muito usado antigamente, e criado por um grupo de bruxos. Escolheram o animal corvo porque ele era muito comum naquela época - disse Hermione orgulhosa, tomando fôlego.


                - Perfeito Srta. Granger, dez pontos para a Grifinória. Sinta-se a vontade Srta. Woodsen.


                - A reversão é o feitiço Reparacorvullos, o procedimento é igual ao do Corvullos, mas nesse deve mirar a varinha no centro da taça. Além disso, os corvos usados para o feitiço precisam ser totalmente negros e de estatura média. Podem ser usadas coruja também, mas o procedimento é mais difícil - disse Megan, cheia de si como Hermione. As duas lançaram um olhar intimador para Rony e Harry que expressavam inveja. Quando Rony olhou para elas, fez uma careta como se estivesse nem ai para a superexplicação delas. As garotas se viraram rindo. Ele realmente fingia muito mal.


                - Mais dez pontos para a Grifinória, Srta. Woodsen - exlamou a Profª Minerva.


                Pelo resto da aula Rony ficou de mau-humor, principalmente quando a turma começou a praticar o feitiço e ele foi o único na sala que não tinha tido absolutamente nenhum avanço. Seu corvo continuava sendo totalmente um corvo. Até o de Neville estava melhor, pelo menos ele havia conseguido transformar metade do bico do animal em vidro.


                Depois de Megan e Hermione demonstrarem diversas vezes o feitiço e o contra-feitiço para a turma à pedido da professora, os alunos foram liberados. Minerva não passou dever de casa, apenas para Harry e Rony.


                - O que vocês acharam da conversa que ouvimos da Rita Skeeter com o fotógrafo? - perguntou Mione assim que os quatro saíram da sala.


                - Achei ridícula - disse Megan -, totalmente ridícula. Já foi provado que Voldemort voltou.


                - Meggy, o problema é que ninguém quer acreditar - disse Hermione, soltando um longo suspiro.


                - Pensei que ela estivesse proibida de voltar a Hogwarts - comentou Rony.


                - Quem? Rita Skeeter? Sim, ela está, fiquei pensando em como ela entrou - disse Hermione.


                - É horrível precisar dizer isso, mas, mesmo que a gente não queira, Hagrid corre perigo nas mãos dela. É o único professor que teria alguma coisa ruim para ser dita a seu respeito. Quer dizer, não ruim, mas Hagrid está sempre aprontando - disse Meggy preocupada.


                - Isso é verdade - comentou Harry -, será que devíamos... falar com ele?


                - Talvez - disse Rony -, mas ele pode se magoar, o que vocês acham...


                - Hermione! - Berrou Megan, fazendo a amiga levar um susto e derrubar seu livro de poções no chão.


                - Que foi Megan? - perguntou Mione ofegando enquanto juntava o livro.


                - Estudo dos Trouxas! Estamos atrasadas - e pegando a mão da amiga saiu correndo em direção a sala de aula.


                - E nós temos Adivinhação - resmungou Rony.


                - Vamos - disse Harry -, quero saber porque vou morrer hoje - completou. Rony riu.


                Os garotos subiram a escada circular para a torre de Adivinhação. Dentro estava quente e abafado como sempre e um forte cheiro de insenso pairava no ar. Rony e Harry sentaram em uma mesinha circular no meio da sala. Estavam adiantados. Aos poucos vários alunos foram chegando e ocupando os lugares em volta deles, até a hora em que uma mulher com vários xales e enormes óculos que aumentavam dez vezes o tamanho dos seus olhos, chamada Sibila Trelawney, entrou. 


                - Bom dia, meus queridos - disse ela abrindo os braços. - Hoje vamos começar a  aprender a descobrir o futuro a partir da caligrafia - Parvati e Lilá estremeceram de excitação. - Esse conteúdo requer muita prática, portanto é bem provável que vocês não tenham nenhum avanço na aula de hoje. Para começar, devem escrever no pergaminho a sua frente a seguinte frase: “O futuro está em nossas mãos se temos um pedaço de pergaminho, uma pena e um tinteiro”, em seguida vocês devem trocar com o colega a sua frente e, consultando o nosso livro, tentarão deduzir algo. Podem começar.


                Rony pegou o pergaminho e partiu em dois. Deu uma metade para Harry e na outra, depois de molhar a pena no tinteiro, escreveu o recomendado pela professora.


                - Isso é ridículo - murmurou para o amigo. Harry riu.


                Eles trocaram de pergaminho e Harry examinou o de Rony. No quadro estava indicada a página onde deviam consultar. A caligrafia do amigo era desigual e meio corrida. Pelo livro isso significava que momentos de estresse e raiva estão por vir. Mas também era torta e a letra “a” era arrendondada, então ele ficaria romântico, carinhoso e carente.


                - Rony - disse Harry rindo -, futuramente você vai ser estressado, raivoso, romântico, carinhoso e carente, ou seja, um perigoso fofo.


                As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Ele terminou de consultar o livro e anunciou para Harry:


                - Pelo que diz aqui  você vai ficar mais desatento e ganhar uma grande facilidade para tropeços. Eu não entendi direito, mas acho que você vai ficar mais atrapalhado.


                - Conseguindo avanços, meus caros? - perguntou a Profª Sibila, assustando os garotos.


                - Sim - mentiu Harry. Ele e Rony riram discretamente -, estamos realmente nos saíndo muito bem - terminou fazendo o amigo rir mais ainda.


                - Ótimo, ótimo, então imagino que não se importariam de apresentar para a turma os resultados da caligrafia que encontraram, não é? E também vou passar um dever extra para vocês, vai ser divertido.


                No final da aula, os dois meninos saíram da sala de Adivinhação irritados. A professora passou dois deveres de casa enormes e ainda tinham o da Profª McGonagall, sem falar do constrangimento que tiveram ao apresentar a leitura de caligrafia para a turma.


                - Estou morto de fome - resmungou Rony -, e ainda temos um período de Defesa Contra as Artes das Trevas - falou, consultando a tabela de aulas.


                - Pelo menos o Prof. Mohammed é legal e não costuma passar muito dever - comentou Harry. Rony respondeu com um grunhido indefinido.


                - Harry, Rony! - Gritou uma voz familiar. Os garotos se viraram. Era Megan com Hermione.


                - Como foi a aula de Adivinhação? - perguntou Mione com um sorrisinho irônico quando as garotas alcançaram os amigos.


                - Ótima - respondeu Harry sarcástico -, agora sabemos tudo sobre leitura de caligrafia.


                - A aula de Estudo dos Trouxas foi realmente ótima - disse Megan soltando um longo suspiro. Hermione riu e Rony e Harry lançaram um olhar questionador para as amigas.


                - O que aconteceu? - perguntou Rony curioso.


                - Nada - respondeu Meggy rápido olhando para Mione incisiva.


                - O que aconteceu? - repetiu Rony baixinho para Hermione. Ela apenas riu e não respondeu, fazendo Rony bufar e ficar carrancudo.


                A sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, cheia de esqueletos de lagartos e dentes de crocodilo flutuando no ar, perto das fotos bruxas nas paredes de animais se atacando entre si, estava com um ar confortável e nada abafado como a de Adivinhação. Rony dividiu uma mesa com Hermione e Harry uma com Megan.


                - Você quer me contar porque a aula de Estudo dos Trouxas foi tão interessante? - continuou um Rony insistente para Hermione quando Mohammed entrou.


                - Não! - Gritou ela estressada - E agora fique quieto, preciso prestar atenção.


                Rony lançou um olhar suplicante a Harry, que quando ia abrir a boca para perguntar a Megan, ela foi mais rápida e disse decidida:


                - E você também, Harry, fique quieto, os exames estão se aproximando, preciso prestar atenção.


                - Que cara é essa Hermione? - perguntou Harry no Salão Principal na hora do almoço.


                - Estou preocupada - admitiu a garota - com Hagrid... Se Rita Skeeter escrever alguma coisa ruim sobre ele de novo, vocês sabem... ele vai ficar arrazado, e talvez, não sei, ele corra perigo, vocês sabem... o Ministério pode obrigar o Dumbledore a mandá-lo embora ou algo assim - e caiu no choro.


                Rony, que estava sentado ao lado dela, rapidamente a abraçou e começou a consolá-la, eles realmente pareciam um casal. Megan e Harry se entreolharam constrangidos. A cena toda foi interrompida quando algo aterrisou dentro do prato de sopa de feijão de Rony, lançando comida por todo lado. Era uma corjua. Realmente parecia atrapalhada. E aquilo era muito estranho, não estava mais na hora do correio.


                - Harry, é para você - disse Mione, tirando a carta da perna da coruja e entregando para Harry. Os três se juntaram em volta do amigo para ler também.


                Era uma carta rápida, e a letra irregular de Hagrid prenchia o mini pedaço de pergaminho.


                “Me visite hoje às dez horas da noite. Traga Rony, Megan e Hermione junto. Não se atrasem e de preferência não sejam vistos. Hagrid.”


                Rony olhou para a mesa dos professores, copiado por Harry, Megan e Hermione. Hagrid não estava lá.


                - Isto é estranho - comentou Megan franzindo a testa, quando todos voltaram novamente seu olhar para a mesa -, Hagrid não vem almoçar, manda uma coruja na hora do almoço e pede para nós o visitarmos às dez horas da noite.


                - É mesmo, mas... nós vamos visitá-lo hoje, não vamos? - perguntou Hermione secando o rosto molhado de lágrimas.


                - Claro - respondeu Megan rapidamente.


                -  E como vamos sem sermos vistos? - perguntou Rony. - Não cabemos mais juntos na Capa da Invisibilidade.


                - Mas de dois em dois cabemos - disse Harry -, eu posso levar um de cada vez até fora do castelo e depois que saímos não precisamos mais da capa. Ninguém vai nos ver lá fora, vai estar escuro.


                - Então está combinado - disse Hermione -, vamos, Megan?


                - Onde vocês vão? - perguntou Rony.


                - Biblioteca - respondeu Megan,  se levantando.

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