One-Shot
.:: Não Quero Te Esquecer ::.
“Para todas aquelas que já perderam alguém e não quiseram acreditar nisso”
Cheguei em casa, joguei o sobretudo, a bolsa e os óculos, todos negros, em cima do sofá. Segui até o quarto e me deitei lentamente na cama assimilando melhor todos os últimos fatos. Observei a única cor que eu usei naquele dia: meus sapatos peep-toe vermelhos de vinil que ele tanto amava em meus pés. Sabia que onde quer que ele estivesse, gostaria que eu usasse hoje. Com esses pensamentos as lágrimas voltaram a cair, escorrendo pelo meu rosto e marcando o travesseiro dele. Sentia seu cheiro, mas não sentia sua presença. Ele não estava mais comigo. Eu não tinha mais seu calor naquela cama. Olhei para frente e vi seu rosto a centímetros do meu sorrindo como ele só sorria para mim e com a cabeça repousada levemente no meu travesseiro.
- Boa noite, amor. – disse ele sorrindo.
- Draco, me diz que foi uma brincadeira de muito mau gosto.
- Nunca brincaria com isso, Mi. Mas saiba que eu sempre estarei contigo. Sempre.
- Mas eu quero mais do que isso.
- Infelizmente, dessa vez não vou poder dar o que quer. As circunstâncias não deixam.
- Mas você voltará para mim, não é?
- Claro que vou. De outro jeito, mas vou.
Tu calor sobre la almohada
Se esfumo y hoy me hace falta
Los recuerdos no me dejan ver
Que nada volverá a ser como ayer
Como ayer
Seu calor sobre o travesseiro
Desapareceu e hoje me faz falta
As memórias não me deixam ver
Que nada voltará a ser como antes
Como antes
Fechei os olhos para que mais lágrimas caíssem e quando os abri, ele havia sumido. O peso no meu peito dobrara. Esmagava minhas costelas e meus pulmões de um jeito que eu mal respirava, apenas chorava baixinho, indefesa. Num momento gritei. Gritei desesperadamente o nome dele fazendo-o ecoar pela cobertura que ele comprou para nós no prédio mais luxuoso de Londres. Não adiantava gritar, nem chorar, nem sofrer, nada o traria de volta. Lentamente me sentei na cama e olhei para onde havia o visto. Estava comprovado. Eu estava enlouquecendo. Onde já se viu enxergar o marido que estava morto?!
El dolor me desarma
Y llorar ya no me calma
Poco a poco empiezo a enlouquecer
Y no se que podrá venir después
Después
A dor me desarma
E chorar já não me acalma
Pouco a pouco começo a enlouquecer
E você não poderá vir depois
Depois
Tirei meu vestido negro, os sapatos, soltei meus cabelos e me enfiei debaixo das cobertas, minhas pálpebras se fecharam e quando abriram novamente, ele estava comigo de novo, sorrindo, com a mão quase no meu rosto. Meus olhos marejaram novamente e eu sorri para ele.
- Draco, volta para mim. Volta para mim, meu loirinho. Eu sei que você pode.
Ele apenas me sorriu e não disse nada. Coloquei a mão em seu rosto, mas ele estava muito mais gelado que o normal. Era como tocar gelo. Aproximei meus lábios dele e quando estávamos quase nos beijando senti algo frio tocar minha testa. Abri os olhos e me percebi num local completamente branco. Estava internada no St. Mungus, recebendo várias compressas frias para abaixar a febre que me tomou. Ótimo. Agora eu queimava por dentro e por fora. Já que meu coração não estava quebrado ou partido ou esmigalhado. Estava queimado. Havia virado cinzas, assim como os olhos de Draco.
- Hermione, querida. Você se sente melhor?
- O que houve, Sra. Weasley?
- Fomos até sua casa ontem ver como estava, mas te achamos dormindo queimando em febre vestindo vários ternos do Draco.
- Você é maluca, Mi?! – exclamou Ginny pegando a minha mão com preocupação e me fazendo suspirar pesadamente ao ouvir o apelido que Draco me chamava. – Poderia ter morrido!
- Que diferença faria?
- Faria diferença para todos nós! Como ousa dizer isso?!
- Ginny, deixe-a descansar. – suspirou Harry que me olhava com pena.
Puede que me ciegue la fe
Pero vuelvo a creer
Que esto no se acaba
Sueño que te intento besar
Y me vuelvo a quemar
La vida se me escapa
Y aunque cada beso eres más
No te quiero olvidar
Posso estar cega de fé
Mas volto a crer
Que isto não se acaba
Sonho que tento te beijar
E volto a queimar
A vida me escapa
E embora cada beijo seja mais
Não quero te esquecer
Eu não queria a pena dele. Nem de ninguém. Só queria ficar em paz com o meu loiro. Em paz novamente. Sem aquela dor e aquele coração destruído. Só ele poderia consertá-lo. Só o meu loiro.
- Ginny, eu o vi. E falei com ele.
- Com quem, Mione?
- Oras, Gin! Com quem mais?! Com o Draco, claro!
- O Draco faleceu, Mione. Você sabe disso.
- Ele disse que voltaria para mim. Que sempre ficaria comigo.
- Doutor, ela teve alucinações. – informou Ron que saiu da sala.
- Não foi alucinação, Gin. Foi real. Eu o toquei. Mas ele estava frio.
- Ele estava morto.
- PARA DE DIZER ISSO! ELE ERA A ÚNICA COISA QUE EU TINHA NESSA MERDA DE VIDA!
Hoy que no
No queda nada
De um amor
Que se apaga
Poco a poço empiezo a comprender
Que no me queda tanto que perder
Que perder
Hoje não
Resta nada
De um amor
Que se apaga
Pouco a pouco começo a entender
Que não tenho muito a perder
A perder
Subi o lençol até cobrir minha cabeça e comecei a chorar cada vez mais desesperadamente. Ele era meu alicerce, minha escada e ponte, minha total estrutura. Eu só viveria se ele estivesse aqui, junto comigo. Me amando sempre, como ele prometeu. Agora eu não tinha mais nada. E parecia que aos poucos, nosso amor ia se deteriorando. Apagando das nossas mentes. Ele já não aparecia em todos os meus sonhos, nem fora deles, já não me sorria, ou falava... E nesse ponto eu já não ligava tanto. O que mais eu poderia perder?! Depois que saí do hospital, fui morar com Hannah e Herriett, duas irmãs gêmeas que eram enfermeiras e minhas melhores amigas. Foram incumbidas de cuidar de mim, já que eu não conseguia trabalhar, ou até mesmo pensar.
Puede que me ciegue la fe
Pero vuelvo a creer
Que esto no se acaba
Sueño que te intento besar
Y me vuelvo a quemar
La vida se me escapa
Y aunque cada beso eres más
No te quiero olvidar
Posso estar cega de fé
Mas volto a crer
Que isto não se acaba
Sonho que tento te beijar
E volto a queimar
A vida me escapa
E embora cada beijo seja mais
Não quero te esquecer
Até que, uma semana depois de sair de lá. Herriett chegou em casa alegre carregando um envelope nas mãos. Um envelope médico, com o logo do St. Mungus e na frente indicava um teste de gravidez, com o meu nome. Quem mandou aquele exame ser feito?! Porque não me avisaram?!
- Mione! Adivinha o resultado!
- Não sei.
- Deu positivo, querida! Está grávida! Grávida do Draco!
- Agora você terá uma lembrança sólida dele, Mione. – sorriu Hannah.
Era o apocalipse, o Armageddon, o fim do mundo, o fim do universo! Já bastavam as minhas lembranças abstratas de que eu sou cegamente apaixonada por ele. Só os meus fantasmas estavam de ótimo tamanho. Não precisava disso para precisar seguir em frente. Não um filho. Mas lembrei de quando ele faleceu. Havia dito que queria um filho, fazer uma família. E eu lhe daria aquele presente. Era o mínimo a se fazer. Olhei no relógio e vi que precisava mudar. Me conformar com a perda dele e seguir em frente. Meu filho precisaria de uma mãe saudável, não uma louca varrida que via o pai dele por aí e sonhava com ele. Precisava voltar á vida real.
Y miro el reloj
Empiezo a aceptar que el tiempo me atrapa
Y um um segundo finjo que me quiero escapar
Pero vuelvo por más y, al final, ya no hay más
Olho para o relógio
Começo a aceitar que o tempo me segure
Em um segundo finjo que quero escapar
Mas volto para mais e, no final, já não há mais
Faziam 11 anos desde Draco havia falecido naquele fatídico assassinato. Tudo por causa de dinheiro. Nosso filho ingressaria em Hogwarts naquele dia. Scorpius Draco Malfoy teria seu primeiro dia de aula no mesmo dia em que perdeu seu pai. Sorri para ele ao perceber como ele ficava idêntico á ele no uniforme negro, com seus cabelos loiro-brancos e olhos acinzentados. Era a cópia do pai, apenas a personalidade e inteligência era parecida comigo. Eu sabia que ele não voltaria como Draco, mas ele voltou para mim, para estar sempre ao meu lado. Mas estava como Scorpius. Pude perceber pelo sorriso. Ele me sorria do mesmo jeito. Ao som do apito do trem, ele soltou minha mão e sorriu mais.
- Tchau, mamãe, até o Natal!
- Tchau, querido, até o Natal. Me escreva e não se esqueça de...
- Dar boa noite ao papai. Eu sei, mamãe.
Ele me deu um beijo estalado no rosto e entrou correndo no trem. O beijo poderia não ser o mesmo, mas o beijo de Draco ainda estava marcado na minha alma, assim como o de Scorpius ficou no meu rosto, não me deixando esquecê-los.
Nenhum deles.
Os loiros da minha vida.
Puede que me ciegue la fe
Pero vuelvo a creer
Que esto no se acaba
Sueño que te intento besar
Y me vuelvo a quemar
La vida se me escapa
Y aunque cada beso eres más
En mi alma
Y aunque cada beso eres más
No te quiero olvidar
No te quiero olvidar
Posso estar cega de fé
Mas volto a crer
Que isto não se acaba
Sonho que tento te beijar
E volto a queimar
A vida me escapa
E embora cada beijo seja mais
Na minha alma
E embora cada beijo seja mais
Não quero te esquecer
*-*-* No Te Quiero Olvidar *-*-*
n/b: *secando as lágrimas discretamente* Foi um cisco que entrou no meu olho. Bem, a fic ficou muito boa. Emocionante. Nunca imaginei a loucura de uma pessoa desse jeito, mas convenhamos que eu e você entendemos de loucura, não é Morenaah? Não deixem de comentar e de ler as outras shorts/songs dessa linda talentosa. Te amo, Morenaah!
n/a: Obrigada por betar para mim, Raphinha! Também te amo, lindo. Eu tive a idéia dessa fic quando estava ouvindo essa música. Comecei a imaginar uma short Dramione para fazer. A história veio tão perfeita na minha cabeça, que resolvi postá-la. Espero que gostem e se emocionem tanto quanto eu e o Rapha. Comentem, certo?
beeijoz. :*
kaate black
Comentários (1)
musica da anahí com essa historia linda e triste , ficou perfeita
2012-10-03