Prólogo
Era uma manhã fria de dezembro, havia nevado na noite anterior, por isso o quintal do lado de fora da casa estava totalmente branco. O trio tomava uma xícara de chocolate quente sentados na mesa da cozinha.
Desde que Harry e seus amigos terminaram o sétimo ano em Hogwarts, foram se esconder na casa do Lupin e da Tonks enquanto os membros da Ordem da Fênix procuravam as Horcruxes que restavam. Há menos de uma semana receberam a noticia de que todas haviam sido destruídas, a batalha final poderia acontecer a qualquer momento.
- O que vocês acham de irmos até lá fora depois? – a morena perguntou parecendo uma criança pequena – Podemos construir um boneco de neve e depois fazer uma guerrinha.
- Não fala essa palavra – um dos garotos pediu.
- Desculpe! – abaixou a cabeça parecendo bastante arrependida – E então, o que vocês querem fazer?
Os outros dois ficaram algum tempo em silêncio como se estivessem pensado, nesse momento um homem entra no local.
- Bom dia para vocês! – sorriu para eles.
- Onde está a Tonks? – Hermione quis saber, já era quase meio dia e a dona da casa ainda não havia aparecido.
- Estava se sentindo um pouco mal – começou a explicar – E achou melhor ficar mais um pouco cansada (a mulher está grávida de dois meses).
Voltaram as suas atividades, ficando em silêncio por mais alguns minutos. De repente, uma coruja totalmente marrom entra pela janela, ela trazia um rolo de pergaminho enrolado na pata.
- De quem será? – a garota perguntou quando a ave pousou em frente ao de olhos verdes.
- Vamos descobrir isso agora! – disse simplesmente.
O moreno pegou a carta e viu o animal sair voando em seguida. Desenrolou o papel e começou a ler.
Caro Harry,
Soube que você conseguiu destruir todas as minhas horcruxes. Meus parabéns! Mas saiba que isso não será o suficiente para me derrotar.
Posso perceber que você está tão cansado dessa guerra quanto eu, portanto proponho que acabemos com ela de uma vez por todas.
Encontre-me na saída de Londres em duas horas, pode levar reforços se quiser. E que vença o melhor.
Atenciosamente,
Voldemort.
Percebeu que o pergaminho foi puxado das suas mãos. Olhou para trás e viu seus dois melhores amigos lendo o papel.
- Você não está pensado em ir até lá? – Hermione quis saber – É muito perigoso.
- Pode ser a única chance que eu tenho para acabar com essa guerra toda – respondeu bastante convicto – Tenho certeza de que vai dar tudo certo.
- Está bem! – ela suspirou pesadamente – Aqui diz que você pode levar reforços. Vou com você.
- Eu também! – o ruivo levantou batendo levemente nos ombros do amigo.
- Concordo de o Rony ir – começou bastante cauteloso – Mas você não Mione.
- Por quê? – a morena gritou mais alto do que imaginava – Acho que eu não tenho competência para lutar em uma guerra?
- Não é isso! – segurou os braços dela – Mas não consigo esquecer da nossa ida ao ministério da magia no 5º ano, você poderia ter morrido.
- Isso não é justos – continuava gritando – Eu sei muito bem me cuidar sozinha – saiu da cozinha e seguiu para o andar de cima da casa.
Harry se sentiu muito mal por isso, mas sabia que era o único jeito de protegê-la.
- Acho que vocês dois não deviam ir sozinhos, vão haver milhares de comensais no local – Lupin começou, depois de alguns minutos em silêncio – Vou com vocês, e também pedirei a Ordem para mandar reforços.
Os garotos concordaram balançando a cabeça afirmativamente.
- É melhor nos preparamos então! – o moreno se levantando da cadeira e saindo do local.
Ele subiu as escadas e foi diretamente ao quarto da amiga. Bateu várias vezes na porta, e como não recebeu resposta entrou. Encontrou Hermione deitada na cama e chorando.
- Eu sinto muito Mione! – passou a mão pelos cabelos cacheados dela.
Ela se levantou para encará-lo, seus olhos estavam extremamente vermelhos. Enxugou uma lágrima de sua bochecha, mas ainda permanecia em silêncio.
- Tenho um presente para você – mexeu no bolso da calça – Espero que goste – retirou o objeto e entregou para a garota.
Olhou a pequena pulseira em suas mãos, nela havia um pequeno pingente com letra “H”.
- É lindo! – disse sorrindo.
- Quando a vi em uma loja de Hogsmead, me lembrei de você – explicou – Tive que comprar, mas precisava de uma ocasião especial para te dar.
- Coloca para mim? – pediu estendendo o braço para ele.
Após colocar o presente na amiga, ficou olhando para ela como se criasse coragem de falar algo.
- Mione, eu ia esperar até o fim da guerra para te falar isso, mas mudei de idéia – começou, segurando as duas mãos dela – Eu te amo! Foi por isso que eu pedi para você ficar aqui, morreria se algo de ruim te acontecesse.
- Harry! – uma lágrima escapou de seus olhos nesse momento – Eu também sinto a mesma coisa.
Aproximaram seus rostos até seus lábios se tocarem. Era o primeiro beijo que os dos trocavam, mas parecia que suas bocas se conheciam há anos. Quando se separaram, ficaram se encarando e sorrindo.
- Eu preciso ir Mione! – foi tudo que ele disse, quebrando o silêncio.
- Isso não é justo! – o abraçou com toda a força que tinha – Agora que nos entendemos, corremos risco de nos separar.
- Eu vou voltar! – tinha muita convicção na voz do moreno – Derrotarei Voldemort, por nós dois.
Deram mais um selinho e voltaram a se olhar.
- Promete? – perguntou, segurando o rosto do amigo.
- Está vendo isso? – levantou o braço dela e mostrou a pulseira – É a minha garantia que ficaremos juntos para sempre.
A morena sussurrou um “Eu te amo” e voltou a beijar o garoto. Continuaram dessa maneira por vários minutos, sem o menor indicio de que iriam se separar, até que a porta se abriu e o ruivo entrou no quarto.
- Desculpem! – olhava para baixo como se fosse retirar a imagem que acabou de ver da sua cabeça – Mas Lupin disse que os reforços já estão a caminho do local, é melhor irmos também.
- Sim! – ele estava extremamente vermelho, da mesma maneira que a “amiga” – Vamos!
Rony saiu, o outro ia atrás, quando sentiu alguém segurando seu braço.
- Toma cuidado – Hermione pediu quando o garoto virou para ela.
- Pode deixar! – deu um selinho nela antes de ir.
Quando a porta foi fechada, ela deitou na cama e fechou os olhos. Queria muito que tudo desse certo e estava otimista em relação a isso.
Duas horas haviam se passado e ninguém apareceu para dar notícia, isso estava preocupando a morena. Resolveu ir até a cozinha, onde encontrou Tonks preparando chá.
- Você também quer? – perguntou, vendo a garota balançar a cabeça negativamente – O que aconteceu? – sentou-se em uma das cadeiras com a xícara na mão.
- Será que eles vão demorar muito? – a outra também se sentou, ficou olhando fixamente para o relógio.
- É uma batalha, costuma demorar muito mesmo – a mulher passou a mão pelo ombro de Hermione – Logo eles estarão aqui.
As duas ficaram conversando, foi a maneira que a dona da casa viu de acalmar a de olhos castanhos. Elas nem perceberam que mais uma hora havia se passado.
De repente, ouvem a porta da sala se abrindo. Vão até lá e encontram Lupin e Rony, parecendo bastante cansados.
- E então, como foi? – a morena perguntam extremamente ansiosa.
- Voldemort não é mais um problema – o lobisomem sentou-se no sofá – Graças ao Harry.
- E onde ele está? – pensou que ele pudesse estar resolvendo alguma coisa no ministério, pelo menos, era o que queria acreditar.
Os dois permaneceram em silêncio durante vários minutos.
- O que aconteceu? – estava bastante nervosa, agora tinha certeza de que aconteceu algo.
- Enquanto ele e Voldemort lutavam, começaram a andar e sumiram de onde estávamos – o ruivo evitava olhar para a amiga de qualquer maneira – Depois que terminamos de deter os comensais, fomos procurar eles. Achamos o corpo de Voldemort, mas o Harry...
- Não! – começou a chorar desesperadamente – É mentira de vocês, ele já deve estar vindo para casa.
- Por favor, Mione! – segurou o braço dela levemente – Sei que é difícil de aceitar, mas é verdade.
- Não pode ser! – gritava muito alto – Não pode ser! – saiu correndo para o seu quarto.
Passou a noite toda chorando, não conseguia acreditar que o amor de sua vida estava morto e que nunca mais iriam se ver. Na manha seguinte arrumou sua mala e desceu para a cozinha, todos os outros já estavam no local.
- Aonde você vai Mione? – a mulher perguntou.
- Para casa! – ficou encarando o chão para que não vissem seus olhos inchados – Já está tudo resolvido, não preciso mais ficar aqui dando trabalho para vocês.
- Sabe que não é trabalho nenhum – sorriu para a morena, que continuou a não demonstrar emoção nenhuma – Pelo menos come alguma coisa antes sair.
- Não estou com fome! – respondeu, estava se segurando para não chorar novamente.
- Mione! – foi a vez de Rony interrompe-la – Você já não jantou ontem, se continuar assim vai ficar doente.
Ela voltou a chorar. O garoto abraçou a amiga permitindo que ela encostasse a cabeça em seu ombro. Ficou dessa maneira por vários minutos.
- Então você me deixa leva-la para casa? – segurou o queixo da morena delicadamente.
- Claro! – balançou a cabeça afirmativamente.
- Também vou voltar para a minha casa – virou-se para os donos da casa – Mas primeiro vou com a Mione, depois volto para pegar as minhas coisas.
- Está bem! –Lupin concordou.
Os dois foram para o quintal e de lá aparataram em um beco próximo a casa da família Granger. Andaram mais um pouco e chegaram em frente ao portão. Como Hermione tinha a chave, abriu a porta e os dois entraram na sala.
- Mione! – uma mulher apareceu ao ouvir o barulho – Finalmente você apareceu – a abraçou a filha com bastante força – Espero que tudo tenha dado certo.
O pai de garota também apareceu e sorriu ao vê-la.
- Espero que vocês não se importem – caminhou em direção as escadas – Mas eu quero ficar um pouco sozinha.
- O que aconteceu! – o senhor Granger perguntou, vendo que a morena estava bastante abatida.
- É uma longa história – Rony começou – É melhor se sentarem.
Contou tudo que aconteceu na batalha final contra Voldemort. No final, os dois adultos estavam bastante chocados.
- Foi um choque para todos, principalmente para Mione – continuou – Ela vai precisar de todo o apoio possível.
- Está bem Rony! – o homem se levantou e apertou a mão do ruivo.
- Eu preciso ir agora – explicou – Mas vou passar aqui sempre que der para ver como a Mione está.
- Tudo bem! – os outros dois responderam ao mesmo tempo.
Os dias foram passando e Hermione continuava da mesma maneira: passava a maior parte do tempo trancada no quarto chorando e só comia quando sua mãe insistia muito. Com olheiras profundas e visivelmente mais magra, era uma questão de tempo até ficar doente.
A senhora Granger estava na sala lendo um livro quando a campainha tocou: era Rony.
- Boa tarde! – cumprimentou, parecendo um pouco triste – Como está a Mione?
A mulher balançou a cabeça negativamente.
- Passamos a semana no local onde aconteceu a batalha – explicou – Não quis contar nada para Mione, mas ainda tínhamos alguma esperança de encontrá-lo.
- E então? – perguntou ansiosa.
- Não achamos nada – contou – Não há mais nada o que fazer.
Ficaram em silêncio por vários minutos.
- Posso ver a Mione? – o ruivo perguntou.
- Claro! – sorriu para ele – O quarto dela é o segundo a esquerda.
Foi para o andar de cima da casa e caminhou até a porta indicada pela mulher. Entrou sem ao menos bater.
A morena estava deitada em sua cama com a cabeça enfiada no travesseiro, não se mexeu nem um minuto.
- Mione! – sussurrou se aproximando da amiga.
- Deixa-me sozinha – sua voz estava bastante fraca – Não quero ver ninguém.
Suspirou e, em seguida, sentou-se e começou a brincar com os cabelos castanhos da garota.
- Harry me contou sobre vocês dois – continuou de forma casual – Fico feliz que isso tenha acontecido.
- O que adianta agora – se sentou para olhá-lo, estava chorando – Ficamos juntos por menos de uma hora.
- Pelo menos você teve seus sentimentos correspondidos, ao menos um pouco – olhava para o próprio sapato – Isso nunca vai acontecer comigo – sussurrou.
- O que você disse? – ela perguntou.
- Nada! – suas orelhas estavam vermelhas – Olha Mione, sei que é difícil de acreditar, mas a vida continua e você tem que seguir em frente.
- Diz isso por que nunca se apaixonou de verdade por ninguém – passou a fitar um ponto qualquer da parede.
- Você está enganada – isso a fez olha-lo incrédula – Eu já sofri muito por amor, e ainda sofro.
- Quem é ela? – a garota quis saber – Talvez eu possa te ajudar.
O ruivo segurou as duas mãos da amiga e passou a olhá-la nos olhos. Isso a deixou bastante confusa.
- Nunca te contei isso por medo e tenho certeza de que esse também não é o melhor momento, mas eu preciso fazer isso – tentava criar coragem respirando fundo várias vezes – Mione, eu te amo desde o dia em que te vi pela primeira vez no expresso Hogwarts e isso tudo foi crescendo com o tempo.
- Rony... – foi tudo que ela conseguiu falar, pois começou a chorar novamente.
O garoto a abraçou e ficou assim até ela se acalmar.
- Não precisa dizer nada agora, apenas deixa eu te perguntar uma coisa – segurou o rosto da morena com as duas mãos - Sei que estou sendo insensível e um péssimo amigo, mas não vou conseguir dormir se não falar nada – continuou – Sei que você ama o Harry e nunca vai esquecê-lo, mas será que você me daria uma chance de te fazer feliz?
Hermione ficou fitando por algum tempo aquele par de olhos azuis. Ele parecia estar sendo sincero quanto aos próprios sentimentos e esse era, sem dúvida, um fator muito importante.
- É claro que sim Rony – respondeu, por fim – Mas vou precisar de um tempo para podermos oficializar tudo. Ainda estou muito abalada com tudo que aconteceu.
- Eu te espero o tempo que for necessário – tinha um enorme sorriso no rosto naquele momento – Eu te amo.
A morena apenas sorriu, ambos sabiam que ela nunca poderia responder da mesma maneira. O garoto segurou as duas mãos dela e levou aos lábios.
- Eu tenho que ir, combinei de ir com Gina fazer algumas compras – se levantou, parecia bastante desanimado quanto a promessa que fez para a irmã – Mas será que eu posso te pedir um favor?
- Sim! – também ficou de pé.
- Você me daria um beijo – pediu com os olhos bastante esperançosos – Somente um.
Seus rostos foram se aproximando até seus lábios se tocarem. Foi apenas um selinho, embora Rony tenha aprofundado o contato levemente.
- Bem, então é isso – o ruivo disse depois que se separaram – Tchau.
Assim que a porta do quarto se fechou, a garota se sentou na cama bastante pensativa. Aquele beijo foi completamente diferente dos que trocou com Harry (que tiveram muito mais paixão) e ainda sentia-se culpada por achar que estava traindo o “amigo”, mesmo sabendo que ele nunca mais voltaria. Resolveu, então, deixar as preocupações de lado: havia dado uma chance ao ruivo e iria tentar ser feliz com ele, apesar de tudo.
***]
Sei que o inicio é bem triste, mas sei que vocês vão gostar
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