Castigados
Lyra e Sirius aguardavam do lado de fora da sala cinco, enquanto McGonagall, Madame Hooch e Slughorn decidiam o que fazer com eles e enquanto os garotos de Sonserina não saiam da enfermaria.
-A propósito... –Começou Lyra um pouco sem graça com o silêncio –Obrigada por rebater o balaço de Alfred.
-Foi um prazer. –Disse ele. –E aquele balaço que você rebateu na cara dele, foi uma boa tacada. –Disse Sirius sorrindo.
-Mas não pode nem ser comparado ao seu soco. Uau. –Lyra elogiou-o usando a mesma expressão que usou no jogo.
-Obrigado. Foi muito bom mesmo. –Disse ele convencido arrancando um sorriso de Lyra. –Bem, não sei bem o que dizer sobre você batendo neles com dois bastões. –Concluiu.
-Foi um horror! Aterrorizante, desnecessário e violento! –Respondeu ela arrependida.
-Eu ia dizer algo como “incrível”, mas acho que não iria te convencer. Não fique se sentindo culpada, se você não tivesse feito aquilo eu provavelmente estaria moído na enfermaria agora.
-Isso é verdade. E o Macnair, ele mereceu o braço quebrado.
-Na verdade, você rachou o osso dele no meio e o fez sair pra fora da pele. –Falou Sirius se lembrando da fratura exposta do adversário.
-Foi tão grave assim? –Perguntou ela mais uma vez com cara de arrependida.
-Nada que madame Pomfrey não resolva.
-Sr Black, Srta Dellabatti, Minerva os aguarda. –Informou Slughorn ao sair da sala acompanhado de Madame Hooch.
Os dois se levantaram e entraram na sala. Madame Hooch e Slughorn ficaram do lado de fora e fecharam a porta quando os dois passaram. Minerva se encontrava sentada à mesa no meio da sala e ao vê-los os indicou com um gesto as duas cadeiras a sua frente. Eles se sentaram.
-Não sei nem por onde começar. –Falou ela com o tom mais severo que Sirius já tinha escutado. –Nunca imaginei que algo desse calibre pudesse acontecer em minha casa, mas se o pensamento algum dia passou pela minha cabeça, posso garantir que as únicas pessoas capazes de tal atrocidade fossem você Black, e seu amigo Tiago. –Sirius revirou os olhos. Sempre, sempre podia se esperar o pior dele e de Tiago, isso já tinha virado clichê. –Mas de você Lyra...
Lyra baixou os olhos. Pobrezinha, pensou Sirius, ela não está acostumada com sermões.
-Para começar, você é uma GAROTA! E se envolveu nessa briga como... Como uma mulher-das-cavernas! Depois, BASTÕES? Não vejo tamanha violência desde que presenciei três trouxas marginais roubando um garoto! Que absurdo, que falta de escrúpulos!
Sirius nem sequer sabia o que “escrúpulo” significava, mas não ia perguntar.
-Como pode fazer isso Lyra? Envergonhar seu time e a si mesma! Desgraçar toda a nossa Casa sem o menor objetivo... –Continuou Minerva, mas nesse momento Lyra ergueu a cabeça, obviamente ofendida com o último comentário. –O que foi, acha que teve algum objetivo?
-É claro que teve! –Respondeu ela imediatamente.
-Ah, esse eu gostaria de ouvir. –Falou Minerva.
-Os três iam bater no Black! Três contra um! Você acha que eu ia ficar ali parada vendo ele apanhar?
-Não senhorita, acho que você deveria ter impedido, e não os machucado!
-Bem eu impedi, não impedi? Sirius esta inteirinho. –Disse Lyra com impertinência.
-Não acho que você esteja em condições de usar esse tom comigo mocinha, está beirando uma expulsão. –Repreendeu Minerva. Lyra imediatamente se calou. –Quero que me conte exatamente o que aconteceu Sirius e não minta, pois eu estava assistindo tudo e se você mentir...
-To ferrado, entendi. Aconteceu o seguinte: Alfred queria realmente fazer aquele gol e Lyra, como uma boa batedora, impediu. Só que ele ficou nervosinho, então foi até o Jackson, pegou o bastão dele e tentou acertar um balaço na cabeça dela, mas eu impedi. Então eu mandei ele voltar pra posição de artilheiro, ele mandou eu não me meter, eu brinquei com a cara dele, ele tentou me bater com o bastão e Lyra me defendeu rebatendo um balaço na cara dele. O Walden chegou e... –Sirius perdeu o ritmo. Porque mesmo que ele tinha batido no MacNair?
-E me chamou de “lindinha”. –Completou Lyra.
-Isso, isso. –Continuou Sirius. –Aí eu meio que o ameacei. Ah, não faz essa cara Minerva, ele mereceu. Enfim, eu o ameacei e ele tentou me dar um soco, eu desviei, entreguei o bastão para Lyra e quebrei o nariz dele. Então os três partiram pra cima de mim e a Lyra metia o bastão neles toda vez que eles tentavam fazer alguma coisa entende? Tipo, o Walden tentou me dar mais um soco, aí ela fraturou o braço dele. O Alfred também, então ela dilacerou a mão dele. O Jackson tentou me chutar, então ela rachou a canela dele. Depois...
-Chega Black, já entendi. –Interrompeu Minerva. –Vocês têm muita sorte de não serem expulsos, acreditem. –Lyra sorriu ao ouvi-la dizer isso. –Madame Hooch os queria fora de qualquer forma, mas Slughorn e eu concordamos que essa não era a melhor alternativa. Felizmente quem começou a briga foram eles. Portanto, o castigo de vocês será um pouco mais leve, mas acreditem, muito pouco mais leve. Começando por você Lyra. Todos os dias, às cinco da tarde, terá Aulas de Boas Maneiras com a Professora Maxime que veio passar um tempo em Londres e se dispôs a ensiná-la. Só poderá deixar as aulas quando ela autorizar. Também terá de ajudar Hagrid a matar as lesmas que infestaram nossa horta. Elas são gigantescas, portanto, terá de esmagá-las e sua ferramenta será um bastão - talvez assim você aprenda a controlar sua força e descontar sua raiva. Irá ajudá-lo todas as sextas às seis horas até a primavera.
“Você Sirius, está proibido de passar pelos corredores da Sonserina até sob a maior emergência. Se alguém o vir por lá, terei de tomar providências drásticas. Vai ajudar o professor Binns à tirar a poeira de seus livros e irá ajudar a organizar a biblioteca todos os dias às seis da tarde, todas essas duas tarefas até a primavera.”
“Quanto aos castigos conjuntos...
-O que? Mais? –Perguntou Sirius pasmo.
-Sim Black, mais. Como eu ia dizendo, terão de cumprir uma hora de detenção comigo todos os sábados pela manhã e estão proibidos de visitar o vilarejo de Hogsmeade. –Continuou Minerva. Sirius não se importou muito já que conhecia as passagens secretas, mas Lyra...
-O que? HOSMEADE? Ah não Minerva, por favor, deixa a gente ir...
-Não Lyra. E tem mais, enquanto os seus colegas estiverem visitando o vilarejo vocês terão aulas suplementares de Quadribol, onde a Madame Hooch lhes ensinará as regras do quadribol uma por uma.
-Não! –Disseram Lyra e Sirius ao mesmo tempo. Com as aulas ele realmente não poderia ir a Hogsmeade. Mas Minerva ignorou os lamentos e pedidos dos dois.
-Já ouviram seus castigos. Vocês têm sorte de não serem expulsos e de poderem continuar no time. Acreditem o desempenho de vocês na quadra hoje foi a única coisa que os impediu de estarem fora do time da Grifinória e suas notas foram os únicos empecilhos para uma expulsão definitiva. –Informou-lhes a professora.
-Quer dizer que o burro do Walden será expulso? Quer dizer, se for por notas ele está ferra...
-SIRIUS! –Interrompeu Minerva. –Já não está suficientemente encrencado?
-Ah, desculpe. –Pediu ele enquanto observava Lyra prender um risinho.
-Estão dispensados. –Mas quando os dois alunos se levantavam, McGonagall repensou. –Ou melhor, Dellabatti, pode esperar lá fora por um momento? Gostaria de ter uma palavrinha rápida com Sirius.
-Claro professora. –Disse Lyra antes de se retirar lançando um olhar encorajador a Sirius.
-Sr Black –Começou a professora quando Lyra encostou a porta. – Devo informar-lhe que você bateu o recorde de detenções de Hogwarts. Está satisfeito?
Ele queria gritar SIM, SIM! MUITÍSSIMO! Mas é claro que não o fez, ao invés disso deixou a professora continuar.
-Tiago está apenas duas detenções atrás de você, mas acredito que até o final deste mês já tenha o alcançado. Pensa que isso é algum tipo de brincadeira? Se essa atitude não estiver COMPLETAMENTE mudada até o natal, não continuaremos a tolerar essas brincadeiras da mesma forma. Não é a primeira vez que você fica por um fio de ser expulso senhor Black, mas eu espero que seja a última, pois não haverá mais uma chance nem para você e nem para Tiago. Fui clara?
-Sim Professora.
-Mais uma coisa. O diretor deseja ver você, Tiago e Lílian em uma hora. Encontre-se com seus colegas e avise-os.
-Sim senhora.
Então Sirius se levantou e deixou a professora sozinha na sala cinco. Do lado de fora ele observou Lyra por um momento, que estava agachada e com a orelha pregada na porta da sala seis.
-O que está fazendo? –Perguntou ele.
-AH! –Lyra assustou-se e se levantou de um salto. –Sirius não me mate de susto! Eu estava tentando descobrir se algum dos garotos da Sonserina foi expulso.
-E?
-Nenhum. Eu realmente tinha esperança de que o Walden saísse dessa escola de vez... –Disse ela.
-É realmente uma pena. Vamos voltar para a torre da Grifinória, eu quero saber quanto ficou o jogo. –Pediu ele com um sorriso amigável.
-Gente, já está tarde, acho que deveríamos ir dormir. –Disse Danielle. –Eles ainda devem demorar a chegar e talz...
-Está louca? Lyra e Sirius podem ter sido EXPULSOS e você quer que eu vá dormir?? –Perguntou Lílian furiosa. Toda a Grifinória estava no salão comunal esperando os dois batedores voltarem da reuniãozinha com a diretora da casa, professora McGonagall. Até os garotos do primeiro ano (apesar de que estes já estavam dormindo no sofá).
-A Lily tem razão Danielle,acho melhor agente esperar. –Falou Tiago sorrindo para a ruiva.
-Não me chame de Lily, só os meus amigos me chamam assim. –Advertiu ela. Digamos que com a vinda de novembro não foram só mudanças boas que ocorreram. Depois que Sirius e Tiago mostraram a cueca de ranhoso para qualquer um que quisesse ver, Lílian tinha voltado a detestá-lo.
Já passava de meia noite quando o quadro na parede se abriu e o corpo deslumbrante seguido do sorriso maroto de Sirius entraram, seguidos por Lyra (não menos estonteante).
-LYRA DELABBATTI! –Gritou Lílian. –O QUE DEU EM VOCÊ?
-Calma Lily, está tudo bem, com exceção de algumas detenções. –Respondeu ela.
-Você está brincando com aminha cara? –Perguntou Lily. –VOCÊ QUASE FOI EXPULSA! MINHA MELHOR AMIGA!
-Ta, ta, tem razão. Desculpe Lily.
-Quanto ficou o jogo? –Perguntou Sirius sorridente.
-Duzentos e trinta a vinte. Para nós, claro. –Respondeu Tiago bagunçando o cabelo.
-Isso não importa agora, -Disse Lupin –O que aconteceu na sala da Minerva?
-Bem, ela nos xingou bastante. –Respondeu Lyra. –Mas com razão, foi muito errado de nossa parte. –Completou ela ao encontrar o olhar de Lílian.
-Com razão nada! Nos não vamos poder ir à Hogsmeade durante todo esse ano! –Informou Sirius arrancando exclamações surpresas dos colegas.
-Você supera Almofadinhas. –Disse Tiago dando uma palmadinha sugestiva no ombro do amigo.
-Não, você não entendeu. Nós vamos ter aulas de quadribol com Madame Hooch enquanto vocês visitam o vilarejo.
-Vixi... Meus pêsames.
-Bem, agora que nossos colegas chegaram são e salvos, posso dormir? –Perguntou Danielle friamente.
-Pode Dany, na verdade, eu vou com você. –Disse Lílian.
-Não, não! –Interrompeu Sirius. –O Prof. Dumbledore pediu que eu, você e Tiago fossemos até sua sala.
-E eu? –Perguntou Pedro Pettigrew esperançoso enquanto coçava o olho.
-Não, só eu Pontas e Lílian.
-Em que besteira vocês me colocaram? –Perguntou Lílian.
-Eu sei lá. –Respondeu Sirius indiferente.
-Não colocamos você em besteira nenhuma Lily. –Disse Potter.
-Pra você é Lílian! –Insistiu a ruiva com Tiago.
-Enfim, vamos? –Perguntou Sirius. Lyra o olhou com curiosidade por um segundo seus olhos passando do cinza claro para um cinza carregado, tempestuoso. Mas logo ela se virou e seguiu para seu quarto.
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