Despencando
10o capítulo: Despencando
Eu descobri que sentir medo não é algo exclusivamente grifinório e que ver alguém rolar escada abaixo é tão assustador quanto descrevem. E se você está se perguntando se, por algum segundo, eu pensei em simplesmente ir embora, a resposta é sim. Despencar é algo bem relativo. Você pode despencar da escada, sua vida pode despencar de status, seu coração pode despencar depois de partido. Se todos esses casos não estivessem acontecendo, ao mesmo tempo, talvez eu deixasse de considerar “despencar” uma palavra tão relativamente interessante.
- Shit! – Draco falou alto e desceu as escadas correndo. Dois degraus de cada vez.
Gina estava caída no chão, o rosto virado para o lado e olhos fechados. Ele se ajoelhou e olhou atentamente. Não via sangue nenhum e ela estava respirando. Draco passou os braços sob o corpo dela e a ergueu.
***
- Cadê a Gina? – Dakota perguntou enquanto sentava na cama de Faith – Já são mais de onze da noite.
- Você tem razão – Faith falou preocupada – Brooke, viu a Gina?
- Estava falando com a Luna – Lyss respondeu – Não é Brooke?
- Nós vimos – Brooke concordou – Mas ela já deve estar vindo.
- Vou procurar – Dakota levantou da cama e calçou seus chinelos – Se ela aparecer, fala pra me esperar aqui.
- Algum problema? – Faith perguntou.
- Só um pressentimento ruim – Dakota falou e saiu do quarto. Desceu as escadas e chegou no salão comunal.
Colin estava por lá sozinho. Ela ficou em dúvida se ia falar ou não com ele. Dakota e Colin tinham se afastado drasticamente nos últimos tempos. Nenhum dos dois sabia dizer exatamente o motivo, mas o mais provável é que os caminhos tinham mudado.
Dakota estava indo para a Sonserina... e Colin... também? Ta, a melhor resposta seria: interesses diferentes.
- Oi – ela sentou do lado dele.
- Ah... oi – Colin a encarou. Dakota andava muito estranha. E mal falada também.
É mesmo muito feio sair com dois ao mesmo tempo.
- Você viu a Gina? – resolveu perguntar direto, porque viu que daquela conversa não ia sair muita coisa.
- Não vi não – ele falou indiferente – Deve estar por aí.
Colin sabia que a amiga tinha suas atividades noturnas e realmente não queria se aprofundar no assunto. Ele não tinha falado com muita gente, mas nas últimas semanas ela tinha sumido por umas boas horas da madrugada. Ninguém reparou e ela voltou inteira todas às vezes... então pra que se preocupar?
O quadro da Mulher Gorda se mexeu e eles ouviram passos apressados. Parvati e Lilá entraram esbaforidas no salão comunal.
- Gina está internada – anunciaram juntas, na voz mais trágica que fizeram na vida.
Colin e Dakota pularam do sofá, assustados.
***
- E como foi que isso aconteceu? – Harry perguntou sério para Madame Pomfrey – Como ela apareceu aqui?
- Eu não sei senhor Potter – a enfermeira respondeu irritada. Não aguentava mais Harry fazendo a mesma pergunta – Já disse que não sei. Colocaram a senhorita Weasley aqui e saíram.
- E o que aconteceu? – Hermione perguntou enquanto segurava a mão de Rony – Ela está bem? Vai ter sequela?
- Oh meu Deus! – Rony arregalou os olhos com horror – Minha irmãzinha não vai mais andar? É isso?
- Nada disso – Madame Pomfrey respondeu incrédula – Como vocês são desinformados assim? Já não disse que está tudo bem e que nada vai acontecer com ela? A senhorita Weasley só precisa dormir.
- Mas ela foi medicada? – Dakota perguntou.
- Sim – a enfermeira respondeu – Agora vocês precisam ir dormir. Eu mandei aquelas duas meninas avisarem só o senhor Weasley, mas aparentemente toda a Grifinória veio ver o que aconteceu – ela deu uma olhada ao redor.
Na enfermaria estavam Rony, Dominique, Harry, Hermione, Colin, Dakota, Faith, Lyss, Brooke, Rich, Valentin, Hayden, Lilá e Parvati.
- Mas eu quero ficar aqui – Rony protestou.
- E ele tem o direito – Hermione disse séria.
- Quem manda aqui sou eu. Todos dormindo – Madame Pomfrey foi despachando todo mundo – E amanhã só a família pode vir.
- Ela vai ser liberada amanhã? – Harry perguntou.
- Sim. E amanhã vocês podem perguntar como ela chegou até aqui.
A enfermeira esperou o último sair e voltou para sua sala, que ficava em uma portinha escondida no fundo da enfermaria. Draco estava lá dentro, sentado em uma poltrona de veludo.
- Pronto senhor Malfoy – ela disse – Todos já foram embora e o senhor pode ir também.
- Ela despencou escada abaixo – Draco falou sério e a enfermeira percebeu que ele estava realmente assustado com o que tinha visto. Ela conhecia Draco desde os onze anos e nunca tinha visto ele tão assustado – Eu não consegui segurar.
- Eu sei – ela sorriu amigavelmente – Agora vá dormir e não se preocupe.
- Certo – ele levantou – Bem... amanhã passo aqui. Ela não vai ter nenhuma sequela mesmo?
- Não se preocupe. Nada mais grave aconteceu.
***
- Atenção! – Snape esbravejou e toda a sala se voltou pra ele – Não quero saber desses malditos rumores sobre a senhorita Weasley, só quero que vocês parem de conversar e terminem a poção.
- Ele não iria se importar se alguma coisa séria acontecesse com um grifinório, agora deixa uma daquelas garotas da Sonserina quebrar a unha – Hermione sussurrou para Harry – Ele é um babaca.
Harry sorriu.
- Nunca te escuto falar isso dos outros – ele segurou gentilmente a mão dela embaixo da mesa – Mas você fica uma gracinha brava.
Do outro lado da sala Terrence olhava sério para os dois. Scarlett viu isso. E mais uma vez... seu mundinho despencou.
***
- Ele cancelou a aula hoje porque parece que a Gina Weasley está internada – Elisha falou para Lexie enquanto as duas garotas iam para a segunda aula – Ele veio falar comigo logo cedo.
- Eu nem sei direito quem é Colin Creevey – Lexie falou. Nunca tinha parado pra olhar pro melhor amigo da grifinória sem noção da Weasley.
- Ali ele – Elisha sussurrou enquanto entravam na sala de História da Magia.
Lexie viu e ficou chocada. Talvez por ter andado tão obcecado por Hayden, se esquecesse de olhar direito as coisas. Colin Creevey não era só uma gracinha, ele era lindo. Lindo mesmo. Loiro, alto, sorriso simpático e aquele jeito de quem jamais, nunquinha, vai enganar ninguém.
Ah... ela precisava de alguém assim. Estava cansada de chorar por Hayden. Lexie balançou a cabeça. No que estava pensando? Ele era só um babaca da Grifinória. E pior, Elisha já estava de olho nele.
- Razoável – falou com desdém.
- Ah Lexie... seja sincera – Elisha sorriu – Ele é bonito.
- Já disse – ela deu de ombros – Razoável.
- Quem desdenha quer comprar – Elisha falou, mas só pra implicar com Lexie. Ela sabia que uma Parkinson jamais ficaria com um grifnório.
Elisha nunca falou nada tão certo na vida. Mesmo que nenhuma das duas soubesse ainda. Porque é sim Lexie, quem desdenha quer comprar.
***
Scarlett saiu rápido da primeira aula e não seguiu os amigos. Encostou em uma parede e ficou vendo alunos do sétimo ano passarem, todos em direção a aula de Herbologia na estufa dois.
- Não vem Scarlett? – Millie perguntou quando passou por ela.
- Depois – ela respondeu indiferente.
- Vai matar aula? – Roxy e Noah perguntaram.
- É – ela respondeu.
Um minuto depois quem ela queria, passou. Theodore Nott andava meio deprimido desde o dia em que ela tinha terminado com ele. Na ocasião, foi o coração de Nott que despencou... hoje era o dela.
- Quero falar com você Theo.
- Comigo? – ele sorriu esperançoso – O que?
- Não faz essa cara de esperança – ela revirou os olhos – É meio ridículo ver isso de um Nott. Tad não faria isso.
- Não sou o Tad – ele sorriu pretensioso. Bem... ela tinha voltado pra ele. Não importava o motivo... só que ela estava ali.
- Vamos – ela o puxou pela mão. O coração martelando enquanto os dois andavam em direção contrária ao fluxo de alunos.
Scarlett sabia muito bem que dormir com Theodore não a faria esquecer Terrence. Mas como nada conseguia fazê-la esquecer-se dele, o melhor era usar o que tinha pra usar. Felicity Groshow viu os dois e sorriu.
Mais uma notícia de última hora pra contar pra todos.
***
- Outra aula com a Grifinória é demais pra mim – Pansy reclamou enquanto ela, Terrence, Blaise e Draco procuravam um lugar pra eles.
- É só mais essa, eu espero – Terrence olhou furtivamente para Hermione, que agora conversava com Dominique.
- Bom dia – Sprout sorriu enquanto ajeitava suas coisas na mesa – Hoje vamos cuidar de queimaduras feitas por Magia Negra.
- Olha só – Rony falou alto para Harry e Hermione – Vamos aprender a nos defender dos feitiços do Malfoy. Depois dessa aula ele vai ter que abaixar a cabeça, não acham? Afinal... não vai mais matar ninguém com feitiços de queimadura.
Blaise antecipou os movimentos de Draco, e o segurou pelos ombros. Toda a sala ficou em silêncio, enquanto Rony e Draco se encaravam mortalmente. Harry olhava atentou para Terrence, pensando que ele talvez pudesse sair brigando.
- Você vai pagar por isso Weasley – Pansy sibilou.
- Ele não pode pagar Pansy – Draco falou com um sorriso irônico – Esqueceu que os Weasley não tem dinheiro nem pra sobreviver?
- Filho da puta! – Rony gritou, avançando sobre Draco.
Harry não fez nada pra impedir, porque achava que Draco Malfoy merecia isso e muito mais. Ele só levantou e seguiu Rony, a armada que evitaria a presença de outros sonserinos na briga.
- Alguém precisa segurar o Rony – Hermione falou pra Dominique.
- Pra que? – ela deu de ombros – Rony precisa extravasar todos esses hormônios – ela viu os socos que Draco dava e recebia – E acho que o Malfoy também. Eu não entendo os meninos... são tantos hormônios, não acha?
Hermione balançou a cabeça e riu levemente. Pansy estava com Millie e Roxy, e também não parecia interessada em acabar a briga. Blaise e Harry discutiam e foi então que Hermione sentiu um puxão na mão e um segundo era tirada da estufa.
Ninguém chegou a perceber, nem Dominique, porque eles estavam concentrados demais na briga e nos gritos histéricos da professora Sprout.
- Que é Terrence? – ela perguntou com um suspirou resignado enquanto se virava de frente pra ele.
O jardim estava agradavelmente deserto e o sol aquecia o suficiente pra que ela só ficasse com a camisa branca. Terrence sorriu pra ela e se inclinou um pouco. A diferença de alturas não foi um problema quando ele a beijou.
Hermione se deu conta de que Terrence era muito mais bonito quando ela se permitia tocá-lo. Os ombros... o cabelo caindo um pouquinho no rosto dele e o perfume. Ele era irresistível, e isso seria um problema e tanto.
Talvez porque ela já tenha um namorado.
***
- Esse Weasley filho da mãe começou – Draco esbravejou enquanto era empurrado para dentro da enfermaria.
- O que houve? – Madame Pomfrey perguntou mais por costume do que qualquer outra coisa. Ver Draco e Rony entrando machucados na enfermaria era bem comum – Brigando de novo?
- Esses moleques – Filch empurrou Rony também – É bom você arrumar calmantes para a Professora Sprout.
- Cada um em uma cama – a enfermeira avisou enquanto entregava um frasco para Filch – Ela vai ficar mais calma com isso – avisou.
Assim que ele colocou os pés pra fora da enfermaria uma multidão de alunos entrou. Faith era um deles, e ela foi a primeira a se dar conta de que Gina estava acordando. Por isso, quando abriu os olhos, Gina viu mais de trinta cabeças viradas em sua direção. Viu Faith, Dakota, Colin, Hermione...
- O que houve? – Hermione perguntou, quebrando o silêncio que repentinamente caíra na enfermaria.
Gina viu o irmão, olhando-a ansiosa e com o rosto machucado... olhou um pouco mais pra frente e viu Draco, encostado na grade de uma das camas. Ele também parecia machucado e olhava sério pra ela.
Respirando fundo Gina tomou sua decisão.
- O que houve Gina? – Faith perguntou.
- Eu... – ela respirou fundo mais uma vez, olhando atentamente para Faith e depois para Draco – Eu tropecei e caí sozinha.
Draco relaxou levemente, Gina percebeu. Não chegou a sorrir... mas ela poderia jurar que algo parecido com um sorriso apareceu nos lábios dele. Mesmo que por uma fração de segundo.
***
Draco tocou levemente o curativo e sentiu uma dorzinha chata. Estava aliviado, é verdade, já que Gina não tinha feito nada pra ferrá-lo. E ele sabia que ela podia ter feito. Ela sabia também.
O sol estava se pondo e poucas pessoas ainda circulavam pelos jardins, ele era uma delas. Sentou-se em um banco de pedra e respirou fundo. Quando saiu da enfermaria, Gina ainda estava lá, fazendo uns últimos exames. Madame Pomfrey queria ter certeza de que não ficara nenhuma sequela.
Draco e Rony foram liberados ao mesmo tempo e graças a isso ele não pudera ficar nem um pouquinho à sós com Gina. Sem querer ele estava agradecido, e isso não podia continuar.
- Hei Malfoy – uma voz soou atrás dele.
Draco se virou lentamente e a primeira visão que teve foi o sorriso irônico de Gina. Ela usava uma calça jeans apertada e uma camisa azul. Ele já vira meninas muito mais arrumadas e com roupas muito mais caras, mas de uma forma inexplicável, ela o sugou pra dentro de sua órbita.
- Hei Weasley – ele falou lentamente.
- Eu só vim dizer que você não precisa se preocupar – ela falou por fim, o vento estava forte... o frio começava a dar sinais de que em pouco tempo estaria invadindo os jardins de Hogwarts.
Mas não se precipite, ainda temos muito de outono pela frente.
- Você está bem? – ele perguntou, levantando-se.
- Você sabe que sim – ela deu de ombros – E só pra você saber... eu não estava espionando nada Malfoy. Eu já disse, não tenho motivos pra me vingar. Por enquanto, eu não tenho motivos.
- É meio difícil acreditar em você depois de tudo.
- Você está dizendo que eu não transmito confiança? – ela arqueou as sobrancelhas – Você já deve saber que estou me lixando pra isso, não sabe?
- Quanto foi que você ficou tão calculista? – ele perguntou curioso – De verdade. Você sempre foi assim, não é? Você só usou a história do Terrence pra fazer o que sempre quis. Você julga tanto os sonserinos... e você é uma de nós.
- Eu não sou uma de vocês – ela sorriu – Na verdade Malfoy, eu sou melhor que isso. Eu posso ser uma grifinória e posso ser uma sonserina. Ou qualquer outra coisa.
- Você sabe que os degraus podem afundar, não é?
- Eu vou estar preparada Malfoy – ela inclinou a cabeça levemente de lado e o observou – Está doendo? – apontou o curativo.
- Não – ele falou – E você?
- Nadinha – ela sorriu – Nenhuma dor. É preciso mais que um tombo de escadas pra me derrubar.
- Um tombo não literal a derrubaria.
- Não Malfoy, porque eu ia voltar a subir, entende?
Draco deu um passo na direção dela. Gina ergueu a cabeça e o encarou nos olhos. Um raio lançado na direção dela, que ela recebeu de volta. Um raio de entendimento. Agora me pergunto, como é que nenhum deles nunca se deu conta de que são tão parecidos?
- Nós somos guiados pela ambição, não é? – ela murmurou.
- Sim – ele respondeu de volta, passando uma mão atrás da nuca dela e a outra na cintura – Sempre a ambição.
Ele a beijou, ela o beijou. Um daqueles beijos que você nunca vai esquecer. Todos já tiveram um... foi com aquele cara que por ser tão absurdamente lindo fez tudo ficar melhor ainda. O beijo que revira estômagos e cabeças. O beijo que te faz ficar alguns centímetros acima do chão, mesmo quando o aconselhável é manter os pés bem firmes na terra.
Porque não se esqueçam, nunca, de que o cara absurdamente lindo e que sabe usar muito bem as palavras... é Draco Malfoy. O ambicioso número um, o príncipe Sonserino. Não há chão regular quando se fala dele... o imprevisível Draco Malfoy. Um sonserino acima de tudo. Um Malfoy.
Nota da Beta: AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!! Sério, você é uma fonte de inspiração D/G Lali *0*... PERFEITO!!!!! õ/
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