Regras da Amizade

8^o capítulo: Regras da Amizade

 

Dakota falou comigo antes do jantar ainda. Acho que nem chegou a falar com Blaise, que por sinal, não anda nem um pouco feliz por ter que dividir Dakota com alguém. Eu sei que até Harry Potter e Hermione Granger andam decidindo se é melhor ter um amigo ou um namorado. Todas as pessoas vão passar por isso alguma vez na vida. E noventa por cento deles vão fazer a escolha errada.

 

- Eu já disse que a jogada está errada Owen – Draco esbravejou enquanto cortava o campo, indo até onde ele estava – Se continuar dando abertura, eles vão marcar pontos.

 

- Nós estamos cansados Malfoy – Noah reclamou – E é sábado caramba.

 

- Treinar um pouco não vai matar ninguém – Draco retrucou. O sol já estava quase desaparecendo no céu, mas em pouco tempo eles teriam um jogo contra a Grifinória e Draco queria que tudo saísse perfeito.

 

- Cara eu não aguento mais – Eduard falou, voando até Draco – Estou todo dolorido e tenho que terminar umas coisas do Snape.

 

- Tudo bem – Draco falou contrariado – Vocês podem ir embora. Mas segunda a noite vai ter treino.

 

Resmungando, os seis meninos desceram das vassouras e foram para os vestiários. Draco deu uma certificada no lugar, como fazia todas as vezes em que treinavam. Ele queria saber se Gina Weasley não estava ali com uma câmera e uma caneta.

Ele já sabia o estrago que ela poderia fazer com isso.

 

 ***

 

Hermione deu uma olhada para os lados e percebeu que ninguém estava prestando atenção nela. Dominique e Wynter escutavam a nova fofoca de Lilá e Parvati, enquanto Harry e Rony jogavam xadrez.

Ela abriu sua bolsa e pegou uma carta fechada que tinha recebido no café da manhã. Mas desde então não tinha tido sequer um segundo sozinha, e algo dizia que Terrence tinha tudo a ver com aquilo.

 

“Se você tem mesmo certeza de que não quer nada comigo Hermione, eu posso muito bem entender. Mas quando você se cansar desse seu namoradinho que sequer sabe o que fazer com uma garota, você sabe onde me encontrar. Estou te esperando.

 

 Terrence U. Grant”

 

- Hei – Harry falou com um sorriso, se sentando do lado de Hermione – De quem é essa carta?

 

- Ninguém – ela sorriu, o coração acelerado – Só uma besteira.

 

 Hermione atirou a carta na lareira.

 

- Você está com algum problema? – ele perguntou sério – Porque sabe muito bem que pode contar comigo.

 

- Não tenho problema nenhum – ela mentiu de novo.

 

Harry sorriu e a beijou. Hermione já está começando a entender porque a mentira é perigosa. Porque ela vicia, e com o tempo você vai ficando tão bom nisso que simplesmente se esquece de perceber o que é certo ou errado.

Rony continuou sentado na mesa, mesmo depois do jogo ter acabado. Ele queria ir falar com Dominique, mas ela estava falando com Wynter e ele realmente não se sentia preparado pra falar com as duas. Sua sorte mudou alguns minutos depois, quando Wynter subiu pra se arrumar para o jantar. Ele levantou e sentou do lado de Dominique.

 

- Ela está brava com você – ela falou direta, os olhos brilhando enquanto encarava Rony – Wynter está brava.

 

- Porque? – ele sorriu.

 

- Ela acha que te ama – Dominique balançou levemente a cabeça – As pessoas superestimam o amor entende? Algo como, se você não estiver apaixonada perdidamente por alguém tem um sério problema.

 

- Eu não penso assim – Rony falou. Não, é?

 

- Claro que pensa – ela sorriu divertida – Eu poderia apostar como você acha que está perdidamente apaixonado por alguém nesse instante.

 

- Então você não acredita em amor? – ele perguntou, querendo deixar de ser o foco do assunto.

 

- Acredito sim, Rony – ela se virou pra ele – Mas amor mesmo é muito raro de acontecer na escola. Porque vou me preocupar com uma coisa que vai acabar assim que Hogwarts acabar?

 

- E você e Simas?

 

- Eu e Simas somos amigos – ela encarou a lareira. Perto dali Harry e Hermione se beijavam – Sabe os dois ali, acho que aquilo é amor verdadeiro. Mas enquanto eles não se darem conta disso, o amor não acontece.

 

- Você deveria escrever um livro – ele disse divertido.

 

- Você não sabe? – ela olhou chocada pra ele – Eu já escrevi – Rony olhou surpreso pra ela. Dominique riu – Estou só brincando. Eu não escrevi nada.

 

- Certo – ele segurou uma almofada e a colocou atrás de cabeça – Então você e Simas são amigos? – perguntou, tentando parecer casual.

 

 ***

 

- Fazia um tempão que nós não sentávamos pra conversar – Luna falou enquanto ela e Gina escolhiam um lugar na grama pra sentar.

 

Gina colocou os pés na água do lago e percebeu como ela estava começando a ficar bem fria. O Lago Negro, ao contrário dali, estava cheio de alunos aproveitando os últimos resquícios de sol no céu.

 

- É verdade. E como vai você e o Zacarias?

 

- Ah, vai tudo bem – Luna sorriu – Ele não é tão babaca quanto eu pensei que fosse, pra ser bem sincera.

 

- É, ele é bem legal – Gina concordou distraidamente.

 

- E você? Não está com medo de alguma represália? Toda a escola já está sabendo da história da menina que estava saindo com o Malfoy e o Zabine.

 

- Eles não vão se vingar – falou despreocupada. Sabia que nem Draco nem Blaise poderiam fazer alguma coisa. No fundo, os dois sabiam que ela sim podia se vingar. Desenterrar coisas que os amigos perfeitos não queriam que o mundo visse.

 

Como a obsessão de Scarlett por Terrence, ou até mesmo Pansy, que não sabe em qual dos três investir. Ela quer mesmo Draco, mas ele não quer mais ela, então Blaise seria ótimo pra se vingar do ex, mas Blaise está vidrado na grifinória vadizinha. Tem Terren, que sempre a faz rir e passa bastante tempo com ela.

 

- Foi um escândalo quando Blaise Zabini ganhou o título de capitão, passando Draco Malfoy pra trás – Luna comentou – Eu me lembro muito bem do dia. Não se falava de outra coisa.

 

- Eles são muitos amigos, pensando bem – Gina falou – Mas no fundo vão ser sempre inimigos.

 

- Você não está mais chateada por aquilo, está? – Luna perguntou solidária – Todo mundo já esqueceu, mas sei que você não esqueceu o que Terrence fez.

 

- É... você tem razão – Gina suspirou, sentindo uma pontada de mágoa. Não importava se Terrence tinha ou não traído. O que importava é que ela tinha sido humilhada publicamente.

 

 E uma coisa assim... a gente simplesmente não esquece.

 

- E Huxley? O capitão da Corvinal? Ele sempre fica grudado em você, quando passa por ele – Luna sorriu – Ele parece ser uma boa pessoa.

 

- É só um amigo – Gina retribuiu o sorriso – E não vai passar disso.

 

- Tem certeza? – Luna perguntou em dúvida.

 

- Claro que sim – ela riu – Somos só amigos.

 

 ***

 

Scarlett olhou emburrada para Pansy e Terrence, que estava conversando há mais de duas horas. Eles não paravam de rir... e isso era tão irritante.

 

- Já falei com você Scarly – Blaise segurou a mão dela gentilmente – Terrence ainda vai perceber, pode demorar mais um pouco, mas vai.

 

- Eu não sei se vou estar esperando ainda Blaise – ela falou séria – De verdade, às vezes eu só acho que... – ela resmungou alguma coisa e voltou os olhos para os dois.

 

- Para Terren – Pansy gritou divertida, enquanto os dois quase caiam do sofá.

 

- Quem acendeu a lareira? – Blaise falou de repente, tendo mais uma vez um pouco do atenção de Scarlett – Eu não vi acenderem.

 

- Também não – ela murmurou e fechou os olhos por alguns segundos – Eu já estou tão.. cheia disso – ela suspirou e encarou Blaise – Você acha que eu devo esperar mais, Blaise?

 

- Acho que você tem que fazer só as coisas que a fazem feliz – disse simplesmente – Rastejar não te faz feliz, faz?

 

- Claro que não – ela retrucou – Mas não pense que é fácil esquecer.

 

- E quando é? – ele perguntou, olhando Pansy e Terrence.

 

Agora os dois estavam falando baixinho, e dando aquelas risadinhas secretas que sempre irrita as pessoas. Solidário, ele passou o braço sobre o ombro da Scarlett e começou um novo assunto. Ela o ouviu atentamente, mas de hora em hora seu olhar caia em Terrence.

Se o amor fosse fácil... não seria tão divertido.

 

 ***

 

Faith desceu o último lance de escadas e suspirou aliviada ao ver que já estava no térreo. Ultimamente coisas estranhas vinham acontecendo o tempo todo, como tropeçar em degraus ou afundar o pé neles. Também vivia caindo, quebrando, rasgando coisas. Ela se sentia no inferno.

 

- Sem nenhum dano – disse com um sorriso e deu alguns passos confiantes. Logo a frente estava um menino. Muito bonito por sinal, ela observou. Do outro lado do saguão duas meninas conversavam baixinho.

 

Branca de Neve e Elisha... coisa boa não pode vir.

 

- Aí! – Faith gritou desesperada quando começou a derrapar pelo chão repentinamente molhado.

 

- Hei! – alguém a segurou com força, deixando-a firma no chão.

 

Faith piscou algumas vezes, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Foi então que seus olhos se encontraram com os de Noah e ela quase, mas quase mesmo, suspirou. Ele era o menino bonitinho que ela tinha visto.

 

- Você está bem? – ele sorriu, divertido – Melhor tomar cuidado.

 

- Estou bem – ela murmurou sem graça.

 

- Certo – ele a soltou. Faith o encarou, mordendo levemente o lábio inferior. Noah era até bonito demais pra ser verdade.

 

- Sou Noah – ele falou de repente – E você?

 

- Faith – ela respondeu com um leve sorriso. Ele era um sonserino, ela percebeu pelo cachecol, mas e daí? O resto da roupa era normal. Uma calça jeans e uma camisa preta... só o cachecol – Preciso ir – ela murmurou admirada.

 

- Até outro dia – ele gritou às costas dela, também sorrindo bastante.

 

Faith não chegou a se virar pra ver se ele ainda tinha os olhos nela, mas se virasse ia ver que ele a acompanhou até que estivesse fora de vista.

 

 ***

 

- Ela não vai ficar com o Noah, vai? – Elisha perguntou indignada para Lexie enquanto as duas se desencostavam da parede – Ele é bom demais para aquela...

 

- Coisinha grifinória – Lexie falou com desgosto – Não se preocupe, ela vai virar um problema ambulante. Vai quebrar tudo o que achar pelo caminho... trombar, tropeçar. Ninguém vai ficar perto dela.

 

- Vai ser interessante assistir – Elisha falou enquanto atravessavam a porta para o jardim. Já estava escuro, mas elas não se importavam.

 

Várias pessoas zanzavam por ali, e aquela parte do jardim era perfeitamente iluminada. Lexie colocou uma tiara vermelha para segurar sua franja, que por ser muito lisa, irritava-a o tempo todo.

 

- Ouvi dizerem que o Wade anda perguntando sobre você para várias pessoas – Elisha falou para a silenciosa Lexie – Você não acha que seria interessante ficar com ele? Pelo menos poderia esquecer o...

 

- Não diga o nome dele – Lexie a cortou – Não quero falar sobre relacionamentos, Elisha – suspirou – Vamos só... falar sobre qualquer outra coisa.

 

- Você manda – Elisha riu – A Roxy estava me falando que...

 

 ***

 

Colin se ajeitou na grama e tirou mais duas fotos. Ele teria que clareá-las depois, porque para não chamar atenção, não estava usando flash. Tinha passado um bom tempo no jardim quando avistou as duas meninas. Elisha e Lexie. No momento em que ele bateu a primeira foto ela estava colocando uma bonita tiara vermelha.

As outras fotos mostravam uma Lexie se esforçando para sorrir... mas que, definitivamente, estava infeliz. Colin sentiu algo se debater em seu peito, algo como uma idiota vontade de vê-la sorrir de verdade. Ele nunca tinha visto Alexandra Parkinson sorrindo de verdade.

Elisha falava sem parar... Lexie fingia escutar, mas seu coração estava longe dali. Pelo menos foi isso que Colin achou. Que ela estava tão perdidamente apaixonada por Hayden, que agora que o namoro tinha acabado, simplesmente não podia mais tirá-lo da cabeça.

 

 ***

 

Draco pendurou sua mochila preta no ombro e saiu do vestiário masculino. Tinha acabado de tomar banho e seu cabelo estava molhado e com um delicioso cheiro. Draco usava tênis, uma calça jeans e uma camisa azul escuro. Mal tinha dado dois passos quando escutou um farfalhar e prestou atenção em uma das imensas árvores que estavam por ali.

 

- Quem é? – perguntou irritado, mas com a sensação de que só poderia ser uma pessoa – Eu sei lançar todos os tipos de a azaração. E sou mais rápido que você.

 

- Não duvido disso – Gina disse divertida, saindo de trás da árvore – Juro que só cheguei agora Malfoy. Mas perdi meus brincos favoritos e estou reconstruindo todos os meus passos desde sexta.

 

- Procurar brincos no escuro não é inteligente, Weasley.

 

- Mas são de rubi – ela falou baixinho, tentando esconder sua frustração.

 

Não podia acreditar que seus lindos brincos estavam agora perdidos por aí. Ela só se deu conta do sumiço enquanto se preparava para o jantar. Sempre que sai do banho ela escolhe um par de brincos... e quando procurou por eles.

 

- Quando foi a última vez que os usou? – ela perguntou de repente.

 

- Como é? – Gina o encarou. Será que ele ia ajudá-la a procurar pelos brincos?

 

- Perguntei quando foi a última vez que os usou – Draco repetiu pacientemente, largando sua mochila no chão e andando até ela.

 

- Eu vim estudar – ela respondeu, olhando nos olhos dele – Eu e Colin sentamos aqui embaixo dessa árvore... depois fui tomar banho, jantar... dormir...

 

- Se não estiver aí, pode esquecer – ele falou sincero. Mas Gina desejou que pelo menos uma vez na vida ele a ajudasse a pensar positivo.

 

- Você me desanimou, seu idiota – ela suspirou, se sentando embaixo da árvore. Sua varinha estava jogada no chão e iluminava um pequeno círculo ao redor de Gina – Não precisa ficar aqui pra atrapalhar, tá?

 

- Eles eram importantes pra você? – Draco perguntou antes que pudesse controlar as palavras que saiam da sua boca – Muito importantes?

 

- Bastante – ela acenou afirmativamente – Minha avó me deu e foi o último presente.

 

Draco se sentou do lado dela, no chão, e nem mesmo se importou por estar sujando suas lindas calças novas. Na verdade, isso nem mesmo chegou a passar na cabeça dele. Gina virou o rosto para outro lado e suspirou lentamente.

 

- Aqui seus brincos – ele disse de repente, pegando uma das mãos dela e colocando algo dentro.

 

- Não acredito – ela olhou chocada pra ele – Você... como?

 

- Ontem a noite vim fazer um treino sozinho – ele explicou, se perguntando porque tinha sido tão legal com ela.

 

- Porque me ajudou? – ela perguntou séria. O coração batendo de um jeito meio bobo agora que tinha se dado conta de onde estava.

 

Todo o lugar estava na mais completa escuridão. Só a luz que saia da varinha de Gina iluminava alguma coisa. Draco e ela se olharam silenciosamente.

 

- Eu não sou seu amigo, se quer saber – ele falou com desdém – Eu só achei os brincos e guardei, porque não sabia de quem era.

 

- Certo – ela murmurou.

 

Os dois ficaram em silêncio por mais alguns segundos. Draco foi o primeiro a fazer alguma coisa, ele inclinou seu rosto na direção do dela e um segundo depois os dois estavam se beijando lentamente. Ele colocou uma mão na nuca dela, e a outra na cintura, puxando-a pra mais perto.

Gina pensou em empurrá-lo, mas por dentro, se sentia em dívida com ele pelos brincos. Por isso se deixou beijar. Mas no final, alguns minutos depois, já não estava nem um pouco arrependida.

 

- Preciso ir – ela murmurou, espalmando as mãos no peito dele.

 

Draco não falou nada. Gina pegou sua varinha e foi embora pela trilha. Ele continuou lá sentado por alguns minutos, até se levantar, pegar sua mochila e ir para o castelo. O jantar já devia estar quase no fim, pensou enquanto avistava alguns alunos no jardim.

Se me perguntassem se esses dois têm alguma chance se serem amigos, eu diria com toda a certeza que não. Eles quebraram todas as regras de amizade. Primeiro porque se odiaram antes de achar algo em comum, também porque se beijaram quando nem mesmo se gostavam.

Amizades coloridas são aquelas que saem dos abraços amigáveis para os beijos, agora sair dos beijos para os abraços... é algo que eu nunca vi.

 

 ***

 

Hayden seguiu os passos de Faith enquanto ela procurava um lugar pra se sentar nos concorridos sofás do salão comunal.

 

- Aqui – ele acenou pra ela.

 

- Finalmente – ela sorriu e se sentou do lado dele – Depois do jantar o salão sempre fica lotado. Principalmente nos sábados.

 

- É porque ninguém tem mais o que fazer – ele disse simplesmente – Você está bonita hoje Faith. Mais que de costume.

 

- Eu agradeceria – ela falou – Mas com você, todo cuidado é pouco.

 

- Você parte meu coraçãozinho falando assim – ele passou o braço sobre o ombro dela – Não me trate mal desse jeito Faith.

 

- Deixa de ser bobo – ela riu e começou a falar algo sobre Dakota, Lyss e Brooke. Hayden ouviu atentamente, como um bom amigo, mas a verdade é que ele queria muito mais que isso. E estava cada vez mais difícil fingir o contrário.

 

Nota da Beta: LOVE LOVE! Ok, ainda não, mas queeeem sabe num futuro próximo... /o/

 

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