A Dança dos Mascarados
"Quando à época da primavera
em que as árvores estão coroadas de folhas
Os freixos e carvalhos, bétulas e teixos
estão vestidos com belos laços."
Não era uma época como qualquer outra. Era setembro. Não apenas o nono mês do ano, mas uma época mágica. Disso Luna Lovegood sabia muito bem. Ela vagava por entre as árvores da floresta negra em Hogwarts. Ninguém poderia culpá-la por escapulir no meio da noite, quase sendo chamada pelo colorido das folhas e pela luz singela da lua.
"Quando as corujas chamam à quieta lua
no véu azul da noite
As sombras das árvores aparecem
Em meio à luz das lanternas."
Sua cabeça se arqueou para trás enquanto os grandes e curiosos olhos, fechados, observavam sem ver as luzes da noite envolverem os galhos mais altos das árvores. Ela podia escutar as corujas anunciarem sua chegada. Anunciarem sua chegada à quem, ela não saberia responder, mas sabia que era a hora de se juntar ao que parecia ser uma grande comemoração.
"Estivemos caminhando pela noite inteira
E também por uma parte deste dia
Agora, mais uma vez retornando
Trazemos uma guirlanda de flores."
A corvina abriu os olhos ao mesmo tempo em que expunha um sorriso realizado. Agora ela sabia o que havia ido fazer naquela floresta. Agora que as corujas praticamente falavam com ela, a convidando a juntar-se à dança. A garota abaixou-se, juntando do chão coberto de grama fofa, o que ela tinha certeza que se tratava de uma flor. Mesmo no escuro, ela sabia que não poderia juntar-se àquela dança sem nada a oferecer.
"Quem vai descer até os sombrios bosques
E lá invocar as trevas?
E amarrar um laço nos braços protetores
Nesta primavera?"
Ao longe conseguia enxergar as formas mais estranhas que já havia visto. Seriam fadas voando em círculo ou apenas humanos fantasiados cultuando alguma coisa? Os círculos de fada nunca eram calorosos, mas ali ela podia sentir a boa energia sendo exalada pelas formas humanas, que aos poucos se faziam melhor visiveis. Apenas ela não usava uma máscara, mas, como se servisse de consolo, seus pés estavam descalços, assim como os deles.
"O cantar dos pássaros parece preencher o bosque
Que quando o bardo toca
Todas suas vozes podem ser ouvidas
Mesmo após o passar dos dias da floresta."
Os pés, que não lhe eram problema, acostumaram-se muito rápido ao ritmo em que os pés dos mascarados fantasiados emitiam. Era um vai e vem convidativo. Uma coisa que ela nunca conseguiria evitar. Poderia estar entrando um círculo de fadas e permanecer naquela dança até morrer de cansaço, mas seus pés não conseguiam abandonar o ritmo mágico. Imagens eram projetadas em suas cabeças. Ela poderia muito bem passar horas descrevendo o que via, porém resumiria em uma cena: Beltane.
"E eles deram as mãos e dançaram
Uma ciranda, em círculos e fileiras
E cai a jornada da noite
Quando todas as cores se vão
Luna estendeu a mão em que trazia uma flor quando seus pés pararam finalmente de dançar. Ela não saberia dizer quanto tempo ficara naquela roda de comemoração juntamente com os mascarados fantasiados, mas a sensação que trazia em seu peito era de dever cumprido. O sol estava nascendo e levando consigo as lembranças daquela noite de alegria. Os mascarados correram cada um em uma direção ao sentirem os raios do sol em suas costas.
"Uma guirlanda de flores nós lhe trazemos
E em sua porta nós estamos
É um broto bem cuidado,
o trabalho da mão de nosso senhor"
A flor que a única garota sem máscara levava caiu aos seus pés.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!