Dia perfeito



"São as pequenas coisas que valem mais, é tão bom estarmos juntos... E tão simples... Um dia perfeito..."


Boquiabertos, estupefatos, surpresos. Várias palavras poderiam descrever o estado dos garotos. Alice sorriu satisfeita:


 


-É lindo não é?


 


-Caraca! Essa vista! –disse Sirius deslumbrado.


 


Realmente parecia uma pintura: a grama de um verde intenso terminava às margens do rio brilhante, de águas calmas e cristalinas. Mais à frente ouvia-se a cantoria alegre da pequena cachoeira. Os peixes que ali existiam, pareciam flutuar.


 


-Nossa Alice! Vocês compraram um pedaço do paraíso? –perguntou Ana, os olhos ofuscados pelos raios de sol.


 


-Nada! Papai nem sabia desse rio quando comprou o chalé...


 


-Um chalé? Isso vai ser demais! –falou Líl dando pulinhos de alegria.


 


-Passaremos a noite lá?


 


-Vocês é que sabem! Vamos aproveitar esse calor fora de época.


 


-É! Tá pior que o Brasil, nunca vi nada assim...


 


-Beleza então! Vamos nos trocar?


 


As meninas saíram correndo dando risads e gritinhos histéricos, enquanto os marauders as observavam divertidos. Tiraram as camisas, descalçaram os pés e se aproximaram do rio.


 


No fim das contas, o segundo dia de feriado foi muito divertido, em todos os sentidos: até ensinar os meninos a pescar Líl e Ana, que eram filhas de pais trouxas, levaram umas duas horas:


 


-Não James! A isca é do outro lado naquele ganchinho; o anzol! –riu-se Líl ao ajudar um James totalmente perdido.


 


À noite, o calor continuou forte: numa cena promissora todos largaram-se na grama banhados pela luz lunar e ao som de água precipitando da cachoeira juntamente ao grilos cricando:


 


-Adorei Alice! Foi maravilhoso!


 


-Ah Lí, quando quisermos é só combinar.


 


-Aonde fica o chalé?


 


-Há alguns metros não muito longe.


 


Ana estava deitada ao lado de Remus, que parecia deprimido (N/S: Quando o Moony não parece deprimido?*mexendo os braços*), seu olhar estava distante. Ela aproveitou a chance de todos estarem distraídos e perguntou baixinho:


 


-Ei! Moony, qual o problema?


 


-Ãhn, o quê?


 


-Remus você está parecendo tão triste...


 


O menino loirinho suspirou; o rosto pálido:


 


-Não é nada...


 


-Por favor! Se você quiser desabafar sou toda ouvidos.


 


Ele sorriu olhando para ela:


 


-Valeu Aninha! É que... –novo suspiro –Semana que vem é lua cheia...


 


-Nossa eu tinha esquecido! O que você vai fazer?


 


-Não sei, aqui tem bastante espaço...


 


-Vou ficar com você! Junto com os meninos...


 


-Não, não se incomode.


 


-Não é um incômodo, afinal, somos amigos!


 


Remus soltou uam risada abafada. Era do tipo de amigo que você quer proteger de tudo, abraçá-lo, alegrá-lo. Apesar que às vezes ele soltava seu lado marauder...


 


-Você é tão teimosa quanto o seu namorado! Valeu!


 


-Ahh você já me ajudou uma vez, nada mais justo que eu retribua!


 


O garoto apenas sorriu e virous seu rosto pálido para observar as estrelas.


 


-Está vendo esta constelação? –disse James para Líl deitada em seu peito, apontando para um conjunto de estrelas no céu.


 


-Hum –respondeu a ruiva pensativa –Parece-me a forma de uma flor...


 


-Mais precisamente um Lírio!


 


Ela sorriu para o menino:


 


-Lindo, mas não me peça pra decifrar... Sou péssima nisso!


 


-Cara! Péssima? Você teve E em Astronomia nos N.O.M.’s!


 


-E você um O!


 


-Ué a diferença está no gosto! Adoro essa matéria! Fiquei com E em Poções enquanto você, bem...


 


Os dois riram divertidos.


 


-Ah James eu adoro você! –desabafou carinhosa.


 


-Lírio, pena que demorou pra descobrir. O jeito é recuperar o tempo perdido.


 


-Há muitas coisas que ainda não descobri sobre você! –retrucou como se faznedo chantagem.


 


-Com o tempo... Se me aguentar o bastante pra ser seu marido.


 


-Lindos! –debochou Sirius –Cervinho você me comove!


 


-E você o que faz aqui? –retrucou James; um sorriso malicioso passando pelo seu rosto –Parece que o lobinho tá jogando uma conversinha na Jones...


 


Sirius observou enciumado Ana falar animada com Remie:


 


-Sophie, a luz da lua deixa seu rosto ainda mias bonito sabia? –vingou-se ele em voz alta.


 


-Ei! Que palhaçada é essa pra cima da minha namorada? -retrucou Remus da outra ponta fingindo indignação e todos riram gostosamente. Josie bocejou:


 


-Alice, vamos pro chalé...


 


-Tá, tudo bem... Líl guia eles depois? –respondeu no ato que a ruiva concordou –Boa noite então!


 


-Ei lobinho! Vamos trocar agora?


 


-Tudo bem, Paddy...


 


Os garotos inverteram seus lugares de modo a formar corretamente os casaizinhos.


 


A conversa foi fluindo, fluindo, até chegar a um ponto desagradável na opinião de Ana: família. Não que a sua fosse ruim, mas nela houve uma série de desavenças. Ela percebeu que Sirius evitava alongar o assunto também, já que há um ano fugiu de casa. Finalmente lembararm da solene existência da morena – para seu grande desgosto:


 


-E você? Nunca nos disse nada...


 


-Nunca perguntaram –respondeu com simplicidade –Bem, meus pais são brasileiros, minha mãe é irmã da do Peter.


 


-Seu pai também mora na França né? Quase nunca falou sobre ele...


 


-Não –respondeu hesitante –São separados, meu pai ficou no Brasil.


 


Houveram seguidas exclamações de espanto e a garota sentindo-se realmente incomodada, foi até a margem do rio depressa, a fim de não responder outras perguntas. Sirius seguiu até onde ela estava depois de minutos:deu um levo sorpo em seu pescoço, em seguida ela soltou uma exclamação:


 


-Calma sou eu! –disse ele brandamente.


 


-Que susto Si! –reclamou ela.


 


-Então que te deixou aborrecida?


 


-Não gosto de falar da minha família. Não que ela seja ruim –disse depressa ao olhar preocupoado dele –É só que... Não gosto.


 


-É. Pra falar a verdade... A minha não me agradou nenhum pouco.


 


-Você é filho único?


 


-Nam, tenho um irmão mais novo... E você?


 


-Tenho uma irmã e um irmão mais velho.


 


-Ela estuda em Beauxbatons?


 


-Hum-hum –respondeu acenando a cabeça negativamente, olhando para baixo. A conversa já estava indo bastante longe...


 


-Qual o nome dela?


 


-Kim... Kim Jones... Si, se não se importa, não quero responder mais perguntas ok?


 


O garoto pareceu desconcertado e se calou. Ana ainda se sentia incomodada:


 


-Desculpa é que...


 


-Não, não se preocupe.


 


-Me preocupo sim. Ah, eu vou te contar, mas por favor... Não comente com os outros sério...


 


-Tudo bem, não quero que se sinta forçada a dizer nada...


 


-Não é isso! Alguma coisa me diz que eu vou passar o resto da vida com você e... Você merece saber.


 


-O livro oculto e misterioso por Ana Jones.


 


-É sério! –retrucou chateada abafando mal um riso –Deixa eu falar! A Kim, bem, ela sempre foi meio virada desde pequena e... Quando recebeu a carta9eu tinha oito anos) papai ficou realmente frustrado: acha isso uma loucura, esquisitice total o mundo dos bruxos. Então Mamãe veio pra frança com agente e ficamos meses sem notícias dele. Pra piorar pelo menos uma vez por semana chamavam minha ma~e na escola dizendo que Kim se tornava cada vez mais displicente ao passar do tempo. Ela meio que se badiou para as trevas, pelo menos era o que eu desconfiava. E não deu outra: ano passado saiu de casa depois de uma briga feia... E Paul, bem... É um ano mais velho que eu, ele... Tem uma... Uma deficiência rara que o impede de armazenar informações por muito tempo.


 


Os dois ficaram em silêncio.


 


-Mas e... Seu pai? –perguntou Sirius em voz baixa.


 


-Ah, já estou falando com ele de novo, nos damos bem –respondeu animada.


 


-Seu irmão também é bruxo? –hesitou ele.


 


Ana fez sinal negativo com a cabeça.


 


-Então –começou Sirius quebrando o longo silêncio –Acho que você tem o direito de saber um pouco sobre mim também.


 


E ele contou uma história que pareceu durar horas:


 


-Quer dizer que você é a ovelha branca da família?


 


-Isso aí –respondeu com satisfação.


 


-E seu tio te deixou uam herança...Inteira?


 


-É.


 


-Bom, pelo menos nossos filhos vão ser bem sustentados –debochou ela quando os dois riram e viraram-se para trás ao chamado de James:


 


-Por Merlim, vamos dormir!


 


Os amigos sonolentos então seguiram para o chalé guiados por Líly. Chegaram com facilidade a casinha de ar campestre, muito simpática. Cada um se dirigiu a um quarto, as três meninas para o mesmo. Enquanto Josie e Líly pareciam descansar profundamente, Ana não pregou o olho, por mais que tentasse dava apenas levez cochilos. A noite pareceu uma eternidade.


 


Logo que o sol nasceu anunciando o que seria um dia de calor incomum, ela se levantou sem sono, mas indisposta: sentia os olhos inchados. Dirigiu-se a pequena salinha no meio e acomodou-se num dos sofás. Todos pareciam bastante adormecidos, o silêncio invadia intensamente o local. Ela começou a pensar no que confessou a Sirius... Será que devia? Será que não soltou muita coisa? Apesar dele Ter contado algunas de seus segredos –se é que dá pra chamara assim –pra ela... Seus olhos estavam cada vez mais pesados. Adormeceu... Após quase uma hora acordou assustada e com um pouco mais de energia; as olheiras já tinham diminuído.


 


-Caiu da cama? –perguntou uma voz vinda do quarto. Ela virou-se, Alice estava encostada na porta:


 


-Pra dizer a verdade não dormi a noite toda...


 


-Sério? Por quê? Alguma coisa errada com a cama?


 


-Não, claro que não Alice! Está ótima... É que... Depois que você e a Josie saíram eu... Eles começaram a conversar sobre família e eu odeio esse assunto... Mas... Depois acabei contando umas coisas pro Sirius... Ah sei lá, não que eu me arrependa...


 


A menina prestava atenção em cada palavra... Alice era uma das meninas mais tranquilas e meigas do grupo.


 


-Acho que você não devia se pressionar tanto... Às vezes é bom a gente dividir uns segredos com alguém... Ninguém melhor que seu namorado... Ou um amigo...


 


As duas ficaram em silêncio. Então Ana sorriu e disse baixinho:


 


-Você sabe sobre a gente não é? Eu e os meninos...


 


A morena olhou para os lados e num gesto leve sentou-se no sofá:


 


-Desculpe, mas a desculpa que você deu naquele dia foi absolutamnete ridícula!


 


Ana bafou uam risada.


 


-É, eu sei...


 


-Não sei como as meninas acreditaram...


 


-Nem eu... Nem eu!


 


Elas riram baixinho.


 


-E o que você quis dizer com eu e os meninos?


 


Ana corou.


 


-Se entregou! Pode falar!!!


 


-Ah... Tá... Alice por favor...


 


-Pode deixar!


 


-Eu também... sou.


 


A garota levou as mãos a boca com a revelação:


 


-Mas... no que?


 


-Normalmente.. Lince...


 


-E quando?


 


-No fim do quarto ano comecei ame interessar. Fiquei com um medão de fazer burrada, é uma das coisas mais complicadas que já vi.


 


-Bom dia! –disse James saindo do quarto animado e se espreguiçando –Caíram da cama?


 


Elas só riram.


 


-O que tantop cochichavam aí?


 


-Não nada... Coisas de garota.


 


-Ãhn –respondeu não convencido, cruzando os braços e encarando-as.


 


-Que foi?


 


-Sei lá, vocês são meio perigosas... E essas conspirações –debochou sombriamente.


 


-Cala a boca! Besta...


 


Os três caíram na risada enquanto Sirius e Líl sonolentos também chegavam a sala:


 


-Qual é, que horas são? –reclamou Sirius esfregando os olhos.


 


-Hora de cachorro sair da casinha e fazer pipi –respondeu James fazendo todos rirem e o amigo dar um inputil tapa no ar.


 


-Volta a dormir...


 


-Com essa conversa?


 


Todos começaram a atirar almofadas nele.


 


O dia passou bem e ao fim da tarde os garotos já estavam de volta à casa de James. Como o próprio previu seus pais retornaram na véspera do natal, tiveram uma grande ceia naquela noite. Os últimos dias de férias foram também bastante proveitosos e finalmente o frio característico da época começou a chegar.


 


-Nunca vi nada tão esquisito! –disse Remus pesaroso quando voltavam para Hogwarts.


 


Em questão de um dia o frio congelante se instalou definitivamente: o lago era puro gelo e os professores liberaram algumas partes para a patinação, onde as camadas estavam mais espessas.


 


A conversa com Wormtail não pareceu render muito, e depois de um mês de aula ele continuava a se distanciar mais e mais.


 


-Vocês sempre forma tão amigos, quero dizer... São os marauders!


 


-É, mas acho que isso não está importando pra ele... Cada vez eu percebo mais que agora somos só três.


 


Os meninos ficaram realmente aborrecidos com a atitude do garoto que parecia nem notar a existência deles.


 


O clima começara a ficar pesado novamente...

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