Calmaria
Capítulo 12: Calmaria
-Claro que sou eu... Quem mais seria? – falou Sarah com um ar orgulhoso, largando a irmã e passando a abraçar a mãe que retribuiu o abraço com empolgação.
Helena fechou a porta e respirou fundo, não tinha palavras, deveria ficar com raiva? Afinal, sua irmã desaparecera durante 11 anos e de repente estava de volta, ela estava feliz com a volta de Sarah, mas no fundo sentia uma pontada de raiva da irmã por ter feito tanta bobagem e não ter dado noticias durante todo o tempo que esteve longe.
Sarah sentou-se no sofá ao lado da mãe que apenas sorria; para Rowena havia sido um presente ter sua filha mais velha de volta, mesmo que fosse após tantos anos sem noticias, a velha fundadora queria sua família unida devido, principalmente, a doença que a tanto custo escondia de Helena.
-Vocês vão se mudar? – perguntou Sarah ao ver as malas na sala.
-Não, exatamente – respondeu Rowena – mas nós vamos passar alguns dias na casa de Godric, porque o filho mais novo dele, o Natanael, está doente e eu e a Helga estamos ministrando uma poção na pobre criança...
Helena estava encostada no canto da sala, perdida em seus próprios pensamentos, aos quais a mãe não dava a menor atenção, quando escutou outra batida.
“Agora deve de ser o Arthur...” pensou e correu para abrir a porta, lá estava Arthur com o pai, na frente de uma carruagem que Helena ainda não havia visto, era de um lustroso vermelho escuro com um leão dourado em ambas as portas, alguns detalhes eram feitos com rubis, havia um ‘G’ muito bem desenhado perto do leão que rugia.
Godric estava um pouco melhor, mas ainda estava tristonho e cabisbaixo, usava um manto preto com as bordas vermelho bordo, sua espada embainhada aparecia sutilmente, na cabeça um chapéu, também preto com um enorme rasgo, Helena logo o identificou como o chapéu seletor devido a um movimento que o fez parecer sussurrar.
Arthur vinha vestido em uma roupa azul marinho, também trazia a espada embainhada, seu cabelo estava bagunçado, ele sorriu para Helena e disse:
-Imaginei que vocês trariam tudo para fora...
-Houve um imprevisto... – Helena murmurou e deu espaço para os dois Gryffindor passarem, fechando a porta logo depois que eles entraram.
-Mas não pode ser! – Godric exclamou logo que viu Sarah.
-Senhor – Sarah se levantou e fez uma mesura suave – Gryffindor – completou ao olhar para Godric – Minha mãe estava me pondo a par destes últimos onze anos os quais passei fora.
-Sarah? – perguntou Arthur desconfiado, ele havia visto a irmã de Helena pouquíssimas vezes, portanto não a reconheceu de imediato.
-Arthur? – Sarah o encarou, tentando lembrar do menino que costumava ser magricela e tinha dificuldades de empunhar uma espada de treinamento naquele homem formado – Parece que serás meu cunhado, não? – perguntou em um tom descontraído e olhou para Helena que pela primeira vez dirigiu a palavra à irmã:
-Parece que nossa mãe não perde tempo em lhe contar as novidades... – disse Helena sorrindo.
Sarah deu de ombros e perguntou em um tom mais reservado se dirigindo ao Godric:
-Senhor, se não for muito incomodo, pois sei que convidaste apenas minha irmã e minha mãe, mas eu queria acompanhar-lhes pelo menos até a tua casa, se não puder permanecer acho que ainda posso voltar para cá... – Sarah olhou para a mãe que acenou levemente, respondendo a pergunta da filha.
-Sarah, minha casa tem muitos quartos vagos, claro que podes vir passar algum tempo conosco, o convite está aberto para todos os parentes, afinal parece que nossas famílias em breve irão se unir...
Arthur e Helena trocaram um tímido olhar, novamente estava implícito os seus nomes e por conseqüência o casamento deles dois.
Godric tirou o chapéu e mostrou-o a Rowena dizendo:
-Acho que acabamos as ultimas modificações no chapéu seletor, ele passou alguns dias em minha cabeça, mas acho melhor passá-lo a alguém que não esteja tão conturbado com problemas quanto eu, Rowena acho que você deveria começar a testá-lo, depois a Helga, então eu, o Salazar e os nossos filhos que estiverem dispostos, mas creio que deveria ser um número comum, o mesmo número para cada fundador, como você tem apenas duas filhas, então fecharemos as contas em dois, dos meus irão os dois mais velhos, se você encontrar a Helga antes passe para ela essa informação, tentarei falar com o Salazar... – Godric falava casualmente, apesar de sua voz ficar um pouco severa cada vez que citava o fundador sonserino.
-Está certo Godric, repassarei a informação... – respondeu Rowena distraída.
Godric e Arthur auxiliaram as corvinas a colocarem suas malas na carruagem, Rowena perguntou com curiosidade:
-Eu sei que tem algo puxando está carruagem, porque uma carruagem não pode se mover sozinha, só ainda não descobri o que é, então me diga Godric ela está enfeitiçada ou algo?
-Não, mas tem sim um animal puxando a carruagem, eles não meio esquisitos, mas se treinados corretamente inofensivos e tem um ótimo senso de direção.
-Eu não consigo vê-los... –comentou Helena.
-Nem eu minha filha – falou Rowena com a testa enrugada de curiosidade.
-Pois eu o vejo perfeitamente – falou Godric.
Arthur concordou com o pai e entrou na carruagem ajudando Helena e Sarah a entrar primeiro.
Godric e Rowena foram na parte da frente, conversando sobre a estranha criatura que guiava aquela carruagem.
Não demorou muito eles chegaram à casa dos Gryffindor, poucas palavras foram trocadas durante o trajeto, Sarah desejou pêsames pela morte de Justine e Arthur disse um “obrigado” quase inaudível.
-Ainda acho arriscado sair em épocas como esta com uma carruagem levada por animais invisíveis – falou Rowena assim que chegaram à casa dos Gryffindor.
-Minha cara Rowena, você já experimentou viver a vida além do óbvio e mais inteligente a se fazer? – perguntou Godric com um sorriso no rosto, era a primeira vez em muitos dias que Helena o via sorrir.
Helena colocou seus pertences no quarto que passara os últimos dias, Arthur a ajudou a levar as malas.
Quando tudo já estava em seu devido lugar, Helena sentou-se e Arthur pegou o diário em que Helena escrevia.
-Posso? – perguntou já abrindo o diário.
-Não! – falou Helena se levantando e puxando o diário das mãos dele.
Arthur não largou o diário e disse sorrindo:
-Por que não Helena? – perguntou ele olhando fundo nos olhos dela.
-Simplesmente porque há certas coisas ai que não quero que leias... – respondeu ela acrescentando um silencioso ‘ainda’ puxando o diário das mãos dele, mas ele continuou segurando o caderninho sem esforço algum.
-Ora, ora, o que pode ser tão... – ele parou buscando uma palavra – Absurdamente constrangedor para eu não poder ler...?
-Pensamentos meus – respondeu Helena como se fosse a coisa mais natural a se pensar.
-Mas em breve estaremos casados, ficarás de segredo com seu futuro marido? – perguntou Arthur com uma sobrancelha levantada e um olhar brincalhão.
-Quando este futuro passar a ser presente te deixarei ler, mas não agora – respondeu ela conseguindo finalmente arrancar o diário das mãos dele
Arthur soltou um suspiro pesado e disse tentando se fazer sério:
-Boa colocação de palavras... – falou se dirigindo a porta do quarto dela para se retirar – Duas coisas: primeira, amanhã iremos visitar a obra do castelo, queres vir? – perguntou ele e Helena respondeu apenas acenando a cabeça afirmativamente – segunda: será que posso ter a honra de encontrar a minha noiva no mesmo horário que nos encontramos ontem? – perguntou e, aproveitando que Helena havia se aproximado para fechar a porta, deu-lhe breve beijo.
-Talvez... – respondeu sorrindo desviando-se do olhar dele – se tiveres sorte...
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