Prólogo



 


 


 


O filhote de cachorro foi a gota d’água.


 


Nicky amava Zouzou com todo o seu coração de sete anos de idade, de forma que na segunda noite ele levou o filhote para a própria cama. Ainda que ela não tivesse ouvido os barulhos excitados do filhote de cachorro vindo de sob a roupa de cama, Gina podia ter descoberto pelo olhar de extrema inocência do filho que ele tinha burlado as regras. Mas algumas regras poderiam ser afrouxadas um pouco.


 


Ela deixou o leite morno na mesa de cabeceira, deu o beijo de boa noite, e partiu, escondendo um sorriso.


 


Duas horas mais tarde quando a recepção finalmente tinha terminado, ela fez uma breve visita a Nicky novamente.


 


O filhote estava morto.


 


Nicky estava sentando sobre a cama, distante, o rosto com os rios de lágrimas, o filhote minúsculo enrijecido e inanimado em seus braços. Uma espuma amarelada seca estava agarrada em seu pequeno focinho.


 


“Ele não parava de passar mal. O que eu fiz, mamãe, o que eu fiz?”.


 


No chão ao lado da cama estava uma tigela pela metade junto com uma xícara vazia, a mesma xícara que ela tinha dado ao filho.


 


“Você bebeu do leite?”, ela perguntou, quase incapaz de erguer a voz acima de um sussurro.


 


“Tinha gosto engraçado”, ele disse. “Eu não gostei. Então dei para o Zouzou”.


 


E então ela soube. Se ele não tivesse dado o leite para o filhote de cachorro, Nicky é que seria o corpo pequeno e frio sobre a cama.


 


Ela entendeu então o que tinha que fazer. Não havia mais escolha.


 


 

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