Vazio
Ela olhou para ele com angústia em seus olhos. Do que ele estava falando? Não era possível, ela ouviu errado, só podia ser isso. - Bem… Acho que é porque eu a amo.
- O-o quê? – Hermione se forçou a perguntar.
- Você escutou, eu não aguento mais. Acabou. – ele repetiu com uma convicção que fez os olhos dela umidecerem no mesmo instante.
- Nã-ão, você não pode estar falando sério! - ela murmurou com a voz falha.
Sem olhá-la, Ron virou e começou andar, aumentando a distânica a cada passo. A figura de cabelos castanhos que ele tinha deixado para trás já estava de joelhos, com as mãos no rosto, esperando que tudo aquilo fosse um pesadelo, e que ela acordaria em instantes.
A garota levantou a cabeça e viu que o menino de cabelos ruivos já não estava a vista. De repente, até pensar se tornou díficil, todos os seus pensamentos se tornaram agulhas, que resolveram se tornar contra ela. Ela já não inspirava ar, e sim fumaça, uma densa fumaça feita do nada que se formava dentro dela.
As lágrimas que saiam abundantamente de seus olhos eram pesadas demais para ela suportar, nada naquele momento poderia fazê-la se sentir melhor. Mais do que nunca, ela queria ser outra pessoa, queria poder arrancar seu coração fora e dar para alguém que merece aquele sofrimento.
Então, permaneceu ali, esperando que algum milagre acontecesse e pudesse fazer com que ela se sentisse melhor, apesar de achar que isso seria impossível.
Perdeu totalmente a noção do tempo, não soube dizer se passou minutos ou horas desde que permaneceu ali, sentindo a maior solidão de sua vida. Mas naquele momento o tempo não importava, nada mais importava.
Respirou fundo, sentindo seu coração doer, e olhou para cima finalmente.
- Você está bem, Hermione? – um menino de óculos redondos perguntava com uma preocupação óbvia na face.
- Sim. – mentiu.
Na hora, Harry percebeu que a amiga não estava bem, e invés de ajudá-la, resolveu tirar satisfações com o causador do sofrimento da garota.
Ela não se importava com o que aconteceria depois, a única coisa que lhe importava no momento era se conformar com seu estado de profunda solidão. Com uma dificuldade imensa, se levantou, e foi andando o mais devagar possível para o banheiro. Tentou ver seu reflexo através do nublado que suas lágrimas faziam nos seus olhos. Sem sucesso, resolveu lavar o rosto. Enxugou-o em seguida.
Finalmente conseguiu se ver, estava realmente sozinha.
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- Cara, eu tive que fazer isso! – berrou Rony para o amigo.
- Cala a boca! Você não tinha que fazer nada! – gritava Harry, já bem próximo do outro.
- Você não entende… - o ruivo murmurou com os olhos baixos.
- Não mesmo! Então me explica! – gritava o outro, já impaciente.
- Se eu não terminasse com ela… Eu… Eu ia morrer. – concluiu Rony com os olhos brilhando.
- Isso não faz sentido nenhum!
- Harry… - hesitou. – Eu fiz um voto perpétuo.
O de óculos o olhou perplexo, sem saber o que dizer.
- O-o quê? – perguntou sem entender.
- Eu prometi que se algum dia eu a fizesse mal, eu teria que terminar com ela. – o ruivo afirmou com lágrimas correndo pelo seu rosto. – Eu não sabia que derrubar um livro no pé dela contava como “mal”.
Harry o olhou de outra maneira. Chegou a sentir pena do amigo, mas depois se condenou por isso e perguntou já sabendo a resposta:
- Por quê você fez o voto perpétuo Rony?
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Hermione finalmente saiu do banheiro. De novo, desconhecia do tempo, já não se importava mais em chegar na aula no horário certo.
Apontou a varinha para si própria e em instantes, facas apareceram e começam a cortá-la. Viu o próprio sangue escorrer no chão, e finalmente percebeu que só assim se libertaria da dor que a consumia antes.
Fechou os olhos e deixou a escuridão a levar, mas, infelizmente, tudo que via era laranja.
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