A carta
Thiago era um garoto qualquer de 13 anos. Morava no subúrbio de uma cidade grande na costa sul do Brasil, o que significava que era um dos poucos do país que conhecia o frio e o que era um ciclone. Morava com os pais, e estudava numa escola não muito distante de onde morava.
No todo, não era um menino tímido. Falava com todos no colégio, o que implicava dizer que ele era popular, mas não tinha muitos amigos. Na verdade, ele não tinha amigos de verdade. O que ele tinha eram colegas, dispostos a rir com ele quando contasse uma piada e que se afastavam dele quando fazia alguma coisa ou aparentava estar mal.
A rotina era bem simples: da casa para a escola e da escola para casa. Em casa, não dava trabalho para os pais, que, apesar de tudo, amavam o filho, e ele os amava, como em retribuição. Thiago não era o que se pode chamar de garoto infeliz, não na opinião dele.
Nunca fora muito normal, o que lhe garantiu a popularidade. Na terceira série, fez levitar uma mochila, aparentando estar levantando-o com apenas o dedo mínimo. À época, seus pais foram chamados na escola, mas não conseguiram explicar o comportamento anômalo do filho:
_O filho de vocês não é por todo normal. Algo nele é diferente, eu sei que sim_ não cansava de dizer o diretor_ Hoje ele se mostrou capaz de levantar uma mochila com 3 cadernos apenas usando o dedo mínimo.
_Ora diretor, sabemos que as crianças podem se desenvolver dependendo da idade delas. Provavelmente vocês estão servindo espinafre ao meu filho_ brincava o pai.
_Impossível. Há algo de errado nele!
_Talvez seja hora de se preocupar com os seus, não diretor?_ retrucava a mãe, iniciando uma gritaria que se demorava por horas.
No fim, tudo acabava da mesma forma: os pais de Thiago iam embora estressados, se perguntando o que havia de errado com ele, e tentavam interrogar o garoto, que sempre se dizia passível de culpa.
E assim viveu ele, até dezembro de 2120.
Porém, ele não havia visto nada ainda.
As coisas começaram a ficar estranhas numa tarde chuvosa do meio de dezembro. Olhando pela janela, Thiago viu o carteiro deixar uma série de cartas, provavelmente contas dos pais, na caixa de correio, e foi tomado por um impulso de ir até a caixa, debaixo de chuva, para pegar tudo. Voltou pra casa encharcado.
Começou a verificar as cartas. Uma era do INSS, para seu pai; a outra, de um banco federal, para sua mãe, com a parcela da geladeira; a terceira também era para seu pai, e vinha com uma conta de luz. A quarta foi uma surpresa: era endereçada a ele.
Tomado de susto, entregou as cartas aos correspondentes e correu para abrir a sua, fechada por algo que lembrava cola derretida e em formato de H. Lia-se:
Nunquam nuto of polleo per unus vir mortuus.(nota: nunca duvide do poder de um homem morto)
Keith McGonnagal
Excelentíssimo Sr. Ribeiro. Venho, por meio desta, informar-lhe que você está oficialmente matriculado para o primeiro semestre da escola de magia e bruxaria de Hogwarts. O ano letivo inicia-se a primeiro de fevereiro, sendo esta em regime de internato. Lhe é permitido a volta para casa no feriado da páscoa, que dura toda a semana, por todo o mês de julho, nas duas últimas semanas de dezembro e nas duas primeiras semanas de janeiro.
Para o caso de aceitar a vaga, segue abaixo uma lista de tudo o que lhe será solicitado para o primeiro ano. É importante que saiba que sua ida confirma um vínculo com a escola, que só pode ser quebrado quando você completar 20 anos, idade em que, no geral, se forma. Para o caso de precisar se formar com até 23, lhe é permitido. Depois dessa idade, lhe é proibido continuar os estudos na escola.
É facultado o estudo mágico em outras culturas (EMOC) sendo que este lhe garante o semestre que fizer fora, e sendo responsabilidade do aluno os custos fora e o aprendizado da linguagem.
LISTA DE MATERIAIS PARA ALUNOS DO PRIMEIRO ANO:
A Teoria dos feitiços básicos
O guia da autoproteção
Transfiguração para iniciantes
Planetas e suas posições
De anões e homens a elfos e seus conflitos: a história da magia
Seu embarque deve ser realizado na plataforma preta-e-branca da estação da Sé, em São Paulo. Atrás desta, vem em anexo seu bilhete de embarque. Para o caso de ser um nascido-trouxa, aguarde dois dias que lhe será enviado um representante de Hogwarts. A plataforma se alcança ao atravessar a parede norte da estação, no nível da linha azul. A instituição salienta o cuidado que se deve tomar com os trouxas.
O garoto não entendeu nenhuma linha do que estava dizendo ali. Que diabos eram elfos e Hogwarts, e quem era Keith e como sabia seu nome e sobrenome? Mostrou a carta aos pais, que se preocuparam bastante. Ambos pensaram em dar parte da polícia, mas acabaram por desistir; resolveram por esperar a chegada do enviado.
E o enviado chegou. Dali a dois dias, numa quinta-feira monótona, alguém bateu a campainha dos Ribeiro, no meio da tarde. Thiago correu para atender e se assustou: era um estranho. Resolveu atender gritando através da janela.
_BOA TARDE!
_Boa tarde!_ disse o estranho, que usava um paletó verde com calças pretas, aparentando estar com muito calor_ por acaso o jovem... (consultou uma folha de papel) Thiago Ribeiro mora por aqui?
_Por acaso sou eu_ respondeu, meio sem jeito.
_Bem, Thiago, imagino que você tenha recebido uma carta oficial sobre a sua matrícula definitiva na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Estou certo disso?
_Está sim.
_Então, eu sou o enviado de Hogwarts. Meu nome é Elton Mesquita, e lecionarei Feitiços para você na escola. Tenho umas perguntas a lhe fazer. Primeiro, é de seu desejo estudar em Hogwarts?
_Eer.. não sei, nunca ouvi falar dessa escola_ respondeu Thiago, meio sem jeito.
_Então, como eu supunha, vou me convidar para entrar e lhes explicar sobre Hogwarts.
Meio contrariado, mas tomado por imensa curiosidade, Thiago chamou o estranho para entrar em sua casa. Elton continuou:
_Thiago, você é um bruxo. Isto deve lhe parecer estranho_ acrescentou, ao ver a cara de espanto do jovem_ mas, nunca lhe aconteceu nada estranho, nada sem explicação?
_Eeer... já_ Thiago sentiu que a verdade era essencial.
_Não pense que eram por doença ou qualquer outra coisa. É a magia aflorando no seu sangue. Como você não tem controle sobre ela ainda, ela apresenta sinais dessa forma. Você entenderá com o tempo.
“Após sua entrada em Hogwarts, poderá solicitar viagens de intercâmbio e mudanças integrais de escola, se assim desejar. Para isto, a única necessidade é que você fale algum idioma-oficial, como o inglês.
“Para alunos com necessidades financeiras exclusivas, a escola oferece uma bolsa-auxílio no valor de 250 galeões a cada início de período, para que o aluno possa se manter. Galeão é o dinheiro bruxo, assim como o sicle e o nuque. 17 sicles vale 1 galeão e 29 nuques valem 1 sicle. 1 galeão vale 3,50 no dinheiro trouxa...
_Desculpe_ interrompeu o jovem_ trouxa?
_É, como chamamos quem não é bruxo. Como ia dizendo, 1 galeão vale 3,50...
_Reais!_ explicou o jovem.
_Isto, reais. Enfim, sua renda família consegue cobrir os gastos de 875 celais por semestre?
_Penso que sim.
_E agora, torno a perguntar: é de seu desejo entrar em Hogwarts?
_Bem, se tudo que você disse é verdade, eu quero sim. Mas me mostre alguma coisa, alguma coisa voando.
_Não posso. Há toda uma declaração, que impede que magia seja realizada na frente de um trouxa, então... na escola haverá tempo para isso. Agora, eu preciso da permissão dos seus pais para que possamos ir à São Paulo, comprar seu material...
_SÃO PAULO? Quando, como...?
_Bem, se você disser que sim, agora mesmo. Mas não diga que vai a São Paulo... diga que vai... numa loja qualquer.
_Direi sim!_ disse Thiago, saindo do cômodo sorridente e desaparecendo por um tempo. Depois de uns 10 minutos, voltou.
_Eles me perguntaram que é o estranho que está aqui em casa e o que você quer comigo.
_Imaginei isso_ retrucou Elton, saindo da cozinha e, guiado pelo garoto, indo até a sala e explicando tudo de novo aos pais.
_... e os ganhos que ele terá estudando fora serão maravilhosos_ terminou Elton.
_Mas isto está muito de repente_ disse o pai de Thiago_ Será que poderíamos ter um tempo para pen...
O resto da frase, ninguém soube. Elton apontou a varinha para cada um dos dois e murmurou confundus, o que deixou os pais de Thiago meio lentos, mas depois, deixaram, sem esforço, que o menino fosse a São Paulo e estudasse onde quisesse. Sem entender muito bem, Thiago saiu com o estranho, louco por conhecer São Paulo.
_Segure no meu braço. A maioria dos bruxos detesta a sensação do que vamos fazer agora, e chama-se aparatar, iremos desaparecer daqui e aparecer em outro lugar.
se teim alguem lendo, próximo capítulo na segunda ou terça, depende do qnto eu tiver ocupado com escola :S
vlws :D
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