O beijo

Minutos após a comemoração na sala comunal da Grifinória

 

Algo profundo, frio, doloroso e cruel havia perfurado seu peito impiedosamente. Aquele não podia ser Rony, não podia ser ele.

 

Não era um beijo discreto, não mesmo. Era intenso, voraz. E a maneira como ele deslizava as mãos pelas curvas bem feitas dela estava lhe causando um embrulho desagradável no estômago.

 

Harry se virou sorrindo de forma boba e viu um maço de cabelos castanhos desaparecer pela entrada do buraco do retrato da mulher gorda. Sua expressão mudou rapidamente de risonha para preocupada, torceu intimamente para que ela não tivesse visto, mas achava essa possibilidade muito pouco provável. Afinal, Rony não estava realmente se escondendo não é mesmo?!

 

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Hermione andou depressa, sua visão embaçada pelas grossas lágrimas, e entrou na primeira sala vazia que encontrou. Seu coração batia descompassadamente. O que havia sido aquilo? Por que Rony tinha beijado Lilá?

 

Lamentou profundamente, tentando limpar as lágrimas, quando viu Harry entrar atrás dela.

 

- São muitos bons - disse o moreno apenado apontando para os pássaros que ela havia conjurado.

 

- Estou só treinando - sua voz estava estranhamente embargada e trêmula.

 

A porta se abriu mais uma vez e ela praguejou para si mesma, sentindo o coração diminuir de forma esmagadora.

 

Evitou olhar Rony nos olhos, levantou-se depressa e andou em direção a porta. Sentiu ele a seguir com os olhos e não pôde conter sua fúria.

 

- Oppugno.

 

Ouviu Rony pedir ajuda, mas não olhou para trás.

 

Quando saiu daquela sala e se viu diante de um corredor deserto, pôde finalmente deixar que as lágrimas caíssem copiosamente mais uma vez.

 

Seu peito doía miseravelmente. Não podia ser verdade, não podia.

 

Mas era verdade, ela havia visto com seus próprios olhos. Merlim, ela sempre soube que aquilo um dia aconteceria, mas não estava preparada... nunca estaria... definitivamente nunca estaria.

 

A dor e a raiva a faziam cega e surda e ela não ouviu quando Luna a chamou. Entrou no banheiro da Murta, sentou-se em um canto, perto de algumas pias, apoiando a cabeça nos joelhos que estavam dobrados colados ao próprio corpo, e chorou, chorou até não ter mais forças e seu corpo exausto adormecer.

 

 

... 

 

 

Escutou uma voz ao longe a chamando, mas permaneceu imóvel. Queria ficar sozinha. Não queria falar nem ver ninguém.

 

A voz a chamou de novo e ela abriu os olhos lentamente, mas não ergueu a cabeça.

 

- Hermione. – Luna se aproximou e sentou ao seu lado. – O Harry está preocupado com você e me pediu para vir se estava tudo bem.

 

- Sim está tudo bem, agora pode ir. – Respondeu com a voz abafada, ainda com a cabeça enterrada nos braços que estavam apoiados sobre os joelhos.

 

- Você estava chorando. Eu vi quando passou por mim no corredor mais cedo.

 

Hermione não disse nada. A última coisa que queria era ter uma conversa sobre seus sentimentos e como se sentia com Luna Lovegood.

 

- Sabe, acho que você está chorando porque o Ronald está com uma namorada.

 

Aquela palavra a fez erguer os olhos e fitar Luna perigosamente. 

“Como assim namorada? Deus... seria verdade, eles já eram namorados, assim tão rápido?!” Hermione sentiu o corpo febril... seu coração parecia ter diminuído mais alguns centímetros e respirar se tornou mais uma vez difícil.

 

- É por causa dele, eu sei. – Insistiu a loira com sua voz calma e aérea. – Sabe, eu acho ele bem engraçado e... bonito, mas é muito grosso algumas vezes.

 

A maneira como Luna falava as coisas às vezes a assustava. Era tão sincera e direta que causava um certo desconforto.

 

- O que importa se é por causa dele ou não? – Disparou magoada sem muita educação.

 

- Bom, acho que ele não merece que você chore, afinal ele parecia feliz quando o vi passando de mãos dadas com Lavander.

 

Hermione sentiu vontade de bater em Luna. Ela não queria ouvir, não queria saber se ele estava feliz. Não queria ver Rony e Lilá nunca mais.

 

Mas Luna não tinha culpa de ser como era, e também não tinha culpa dela gostar de Rony. E de certa forma estava certa, ele não merecia, definitivamente não merecia. Não valia a pena.

 

Mas ele valia, e como valia! E não seria capaz de convencer seu coração do contrário.

 

- Hum... vou avisar o Harry então que você está bem. Até mais Hermione. – A loira levantou e saiu saltitando calmamente do banheiro.

 

Hermione voltou a enterrar a cabeça nos braços e esperou mais algum tempo, o qual considerou suficiente para que todos já estivessem em seus dormitórios, e voltou para a torre da Grifinória. Estava miseravelmente escabelada, arrasada, magoada e furiosa. ”Namorada!”

 

 

 

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Os dias se passaram vagarosamente. E o inevitável aconteceu: Rony e Lilá tornaram-se de fato namorados.

 

Ela podia ver as marcas do ataque dos canários nos braços do garoto. Mas ele não podia ver as marcas que havia deixado nela, as quais eram certamente muito mais profundas e dolorosas.

 

Harry não teceu nenhum comentário sobre o seu sumiço na noite da comemoração. E ela agradeceu intimamente por isso.

 

Seria humilhante demais ter que admitir para ele que gostava de Rony, embora suspeitasse que o amigo soubesse.

 

 

 

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“Ah Ronald se você pensa que vou passar o resto da minha vida chorando e lamentando o fato de você estar namorando a estúpida e fútil Lilá Brown, está muito enganado.”

 

Hermione levantou da sua cama e foi direto para o banheiro, ao se olhar no espelho percebeu que seus olhos mal conseguiam ficar abertos, estavam terrivelmente inchados e vermelhos. Ela estava deprimente.

 

Há três dias que passava a maior parte da noite acordada chorando. Ela e Rony não trocaram mais nenhuma palavra desde o dia daquele maldito jogo.

 

Lavou o rosto demoradamente e voltou a fitar a própria imagem no espelho.

 

Seu cabelo estava volumoso e desgrenhado. Terrível...

 

Lembrou-se dos cabelos lisos e bem cuidados de Lilá e teve vontade de quebrar o espelho.

 

Será que se fosse mais bonita Rony teria preferido ficar com ela?

 

Sentiu novas lágrimas se formarem no canto dos olhos e ergueu a cabeça inspirando profundamente. Não aguentava mais chorar... seus olhos ardiam, sua cabeça doía assustadoramente e seu corpo estava exausto.

 

Tirou o pijama, entrou debaixo da água morna do chuveiro e tentou relaxar. Ao fechar os olhos, a imagem de Rony abraçando e beijando entusiasticamente Lilá apareceu diante deles, a fazendo se amaldiçoar por gostar tanto daquele legume insensível. “Por que Rony, por que ela?”

 

O que mais a machucava era o fato de que eles tinham um encontro. Sim um encontro!

 

Afinal, eles iriam juntos ao baile do professor Slughorn, e Rony pouco se importou com isso. Ele havia literalmente lhe dado um bolo e ela sentia-se ultrajada, rechaçada.

 

Merlim, e agora ela nem mesmo tinha um par. Abriu os olhos e fitou a parede do banheiro. Precisava convidar outra pessoa.

 

Mas quem?

 

Teria que ser alguém melhor que Rony, mais bonito, mais inteligente, mais esperto.

 

Deus, onde ela arrumaria alguém melhor que ele? Ninguém era melhor que ele.

 

Fechou o registro do chuveiro, secou-se vagarosamente e vestiu um vestido simples, marrom, uma meia calça do mesmo tom e por fim colocou um casaquinho alaranjado.

 

Rony adorava laranja. Suspirou pesadamente e penteou o cabelo. Maldito cabelo, pensou infeliz se olhando mais uma vez no espelho.

 

Sentou na sua cama e pegou o frasco do perfume que Rony havia lhe dado no natal. Um perfume! “Era um presente sugestivo, afinal.”

 

“Talvez não!”






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N/A: Essa short baseada em uma Fic da Mione Granger Weasley terá três capítulos...

Viviane, brigada por ter comentado antes mesmo de eu postar ;)

Bjs a todos...

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