capítulo único



            

Everything


Tudo
                                                                                                                                                              


C
apítulo único #



Vi as três abraçadas em um soluço constante. Senti um bolo se formando na minha garganta, à medida que me aproximava delas, na margem do lago, quando o choro de desespero dela se tornava mais alto. Ignorei todo perigo ou indelicadeza e corri para lá. Não conseguia vê-la assim. Doía demais.


Ela estava entre Marlene e Dora, ambas sentadas na grama, chorando muito, mas não mais que ela. Porque eu sabia o quanto nela doía. Respirei fundo e me ajoelhei do lado delas. Marlene levantou os olhos marejados e vermelhos para me olhar e Dora fez o mesmo. Eu murmurei algo para elas e elas levantaram. Lily continuou de joelhos, chorando. Eu me aproximei e toquei seu ombro. De imediato, pensei que ela gritaria comigo ou que corresse dali ou até que me ignorasse, mas a reação dela me desarmou.


Ela simplesmente pulou em meus braços, escondendo a cabeça em meus ombros.


Eu a abracei com o máximo de força que pude, pensando até que a machucaria. Marlene e Dora se abraçaram e me olharam. Eu assenti brevemente e elas logo saíram. Passei a mão nos longos cabelos ruivos, deixando o meu ombro para que ela chorasse o suficiente.


 


 


Find me here, And speak to me


(Me encontre aqui, e fale comigo)


 


A carreguei com cuidado para perto de uma das árvores que margeavam o lago do castelo. Encostei-me no tronco dela e ajeitei Lily em meu colo, envolvendo-a com meus braços, como se nunca mais fosse sair dali e, se dependesse de mim, ela realmente nunca sairia.


- O-o quê que eu vou fazer? – ela soluçou no meu ombro. Eu beijei o topo de sua cabeça, sentindo aquele aroma que era tão peculiar quanto sua dona.


- Vai ficar tudo bem – respondi, até me assustando com o tom da minha voz que estava arrastada. – Vai ficar tudo bem, Lilie. – ela odiava aquele apelido que eu tinha dado a ela, mas eu não conseguia parar de chamá-la assim, no entanto, não se objetou naquela hora.


E ela continuou a chorar. E aquilo continuou a doer tanto em mim quanto nela. E eu pude sentir, na verdade, eu sei que senti, aquela dor, aquele fardo terrível, aquela perda, ultrapassar o corpo dela e possuir o meu. Senti a angústia dela, senti o medo, a apreensão, o sentimento de abandono... E, sem tentar, sem ao menos ousar tentar, eu me apeguei a ela, dizendo palavras reconfortantes em seu ouvido e pude sentir que lágrimas rolavam do meu rosto. Não estranhei por isso, afinal eu nunca choro, mas por ela, por ela...


Eu daria tudo, absolutamente tudo, para não vê-la assim. Para que ela não passasse por isso. Ela, que costumava ser tão forte, tão destemida, tão irritante até com sua teimosia, tão indestrutível, parecia tão vulnerável em meu colo, tremendo em soluços enquanto se agarrava na minha camisa.


 


I want to feel you


(Eu quero te sentir)


 


Não sei por quanto tempo ficamos assim. Sei que quando percebi, recobrei minha noção de tempo, já estava noite. E nós dois continuávamos a chorar baixinho, sentindo a dor que agora era nossa. Ela me abraçava com tanta força, como se assim pudesse se livrar do que estava a machucando. Meus ombros já estavam completamente molhados e eu não me importava, porque eu sabia que o seu cabelo também estava molhado por mim.


- Vai ficar t-tudo bem, Lilie – disse. E já tinha perdido a conta de quantas vezes havia sussurrado isso. E eu sabia que ia ficar bem, não agora ou amanhã, mais eu daria tudo para que ficasse bem logo.


Ela me olhou pela primeira vez desde que eu a abracei. Seus olhos verdes vivos estavam inchados e enegrecidos. Aquele brilho que eu realmente amava estava apagado, distante. Limpei uma lágrima do rosto dela e fui limpando as outras e outras... Minha mão moldava o rosto dela com carinho enquanto ela soluçava. Coloquei uma mexa ruiva para trás da orelha dela e continuei no meu ritual de enxugar lágrimas. Sei que faria isso quantas vezes fossem possível, quantas vezes fossem necessárias, quantas vezes ela precisasse, quantas vezes ela quisesse.


O choro foi cessando aos poucos, até que ela apenas soluçava no meu peito, e eu afagava, ora suas costas ora seus cabelos, cantando baixinho uma música trouxa.


 


I need to hear you


(Eu preciso te ouvir)


 


- Estou com tanto medo – ela murmurou, contra meu peito – T-tanto medo. Não s-sei o que fazer. E-eles se foram – ela soluçou, agarrando a gola da minha camisa. – Como i-irei ficar?


- Lilie, me olhe – quase ordenei, mas minha voz saira trêmula. Ela levantou a cabeça, fitando-me – Eu sei que você está com medo. Eu sinto isso – passei a mão em seus olhos, descendo pelas bochechas e queixo. – Mas vai passar, querida, o medo vai embora.


- Não vai – ela disse baixo – A Petúnia já s-se casou e com certeza não vou ser um fardo para e-ela. É tão s-surreal. Eles mor-reram – soluçou. – E eu estou s-sozinha a-agora.


 


 


'Cause you're all that I want


(Porque você é tudo que eu quero)


 


 


- Não – coloquei meu indicador nos lábios dela – Eu irei cuidar de você, querendo ou não. – Ela tentou argumentar, mas eu a interrompi: – Eu não vou deixá-la por nada, Lilie. Nem que você me bata, esturpore, brigue comigo... Eu irei ficar do seu lado. Sempre.


Ela levantou a mão e colocou-a no meu rosto. E assim como eu fiz com ela, foi enxugando minhas lágrimas, passeando os dedos por minhas bochechas que, com certeza, devia estar bem vermelhas, contornando meus olhos e parando no meu queixo. Ela me fitou e por segundos ficamos apenas nos olhando, conversando por olhares, nos entendendo.


- Obrigada – sussurrou e depois me abraçou


Peguei o rosto dela entre minhas mãos, e beijei seus olhos com calma. Estavam molhados e eu senti o gosto salgado das lágrimas. Desci pelo nariz delicado e cheguei a vê-la fechar os olhos e ouvi ela suspirar baixinho. Beijei bem na ponta do nariz.


 


 


You're all I need


(Você é tudo que eu preciso)


 


 


- Eu não vou abandoná-la – murmurei, beijando suas bochechas – Nunca irei abandoná-la, Lilie. Eu sei que está doendo, e não vou dizer que vai passar, apenas vai amenizar e eu farei o possível para que isso aconteça, porque vê-la desse jeito também dói em mim. Você não está sozinha, eu estou aqui e sempre estarei. Você é tudo para mim, Lilie.


Ela colocou a mão na minha bochecha novamente e eu pus as minhas encima das dela. Ergui seu rosto pelo queixo e, sem pensar em mais nada, deixando-me levar por aquela proximidade, ou numa tentativa de mostrá-la que eu realmente sempre estaria ali do seu lado e ajudaria mesmo em tudo, a beijei.


Eu já beijei muitas, muitas meninas, mas nenhuma – nenhuma mesmo – das vezes que isso aconteceu, digo o fato de beijar muitas meninas, se comparou aquele beijo com a Lily. Foi diferente. Ela se aproximou mais e retribuiu o beijo, seus lábios tímidos mexendo lentamente de encontro ao meu.


- James... – Ela sussurrou baixinho depois que nos separamos, só o meu nome (e não Potter) sendo pronunciado por ela fazia meu coração bater mais forte. Juntei minha testa a dela e coloquei uma mexa de seu cabelo trás da orelha.


- Shh, está tudo bem – disse, abraçando-a e colocando sua cabeça no meu peito. – Eu amo você – sussurrei contra seu cabelo.


Ficamos em silêncio por longos minutos, incapazes de quebrar a beleza do momento. Chamei ela depois de um tempo e percebi que ela estava dormindo. Convoquei um cobertor e nos cobri enquanto me deitava na grama, com ela por cima de mim.


E, com ela nos meus braços, podendo sentir sua respiração, o cheio de seus cabelos, seu toque, sabia que ela era única e que ela era essencial para mim.


 


 


You're everything, everything


(Você é tudo, tudo)


 


 


 


                                            ***


 


 


 


n-b: a Nina SEMPRE consegue me fazer chorar. Isso é tão frustrante. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, MEU GOOOOOOD, que fic linda *--------------------------------------------* a Lily chorando, o James consolando, eles se beijando... PERFEITAPERFEITAPERFEITA :* Vamos lá, gente, ela merece comentários, não é?


Beijos, Lilás Malfoy, a beta[?] :)


 


n-a: hoho, eu consegui fazer uma oneshort (palmas para mim :) ) Eu AMOOOO tanto essa música que, quando ouvi, de novo (pela, literalmente, centésima vez *-*) veio um BAH! Eu vou fazer uma fanfic com ela. Eu gostei demais de fazê-la.


Comentem?


Beijos, Nina B


 


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Comentários (1)

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