Se arrependimento matasse...



CAPITULO UM: SE ARREPENDIMENTO MATASSE...

Lílian caminhava ao redor do lago. Seus pensamentos fluíam, ela estava longe. Não conseguia saber o porquê, mas se sentia estranha há dias. Algo mudou desde o dia que ela retornou a Hogwarts para cursar seu sexto ano. Isso a deixava desconfortável.


 – Acalme-se. – Disse para si mesma, enquanto o vento fazia com que seu cabelo voasse. Ela era ruiva, com pele branca e olhos verdes. Ela sentia que algo havia mudado nela. O que a deixava inquieta era que não sabia o porque. Estava triste, se sentia com remorso. Ainda não esquecia o que tinha feito a Tiago. Doia, doia demais. Mas algo a deixava ainda mais pra baixo, ela não sabia o que. Isso a estava matando por dentro.


 Ela continuou andando, totalmente fora do ar, até que percebeu que já estava escurecendo, e então resolveu ir para o salão comunal da Grifinória, sua casa.


 – Oi Evans. – disse um menino ruivo da Corvinal, seu nome era Alberto Jikens. Assim como Lílian, ele era monitor. Os dois se conheciam desde o quarto ano, e apesar de ele já ter convidado ela para sair, ela sempre desconversava.


 – Olá, Alberto.


 – Você está bem? Está meio pálida, Lílian. – disse Alberto num tom preocupado.


 – Claro que estou bem. Na verdade estava indo até minha sala comunal. – ela realmente estava ficando sem paciência. Odiava o fato de que todos os seus sentimentos fossem transparentes para os outros. Ela nunca conseguia esconder nada de ninguém.


 – Ah, claro. – Alberto disse num tom sem graça. – Eu vim falar contigo porque nessas férias eu vi algo e então me lembrei.. Bem, me lembrei de você. Espero não estar sendo rude, mas não pude resistir. - disse ele entregado um embrulho vermelho para Lílian.


 Os dois haviam chegado ao retrato da mulher gorda que estava perguntando a senha. Mas Lílian estava sem reação. O Alberto era um conhecido, mas ele estava dando um presente para ela? Ela corou muito, ficando por mais alguns segundos sem dizer nada.


 – Ahhn, acho que vou indo então Lílian. Tchau – disse ele totalmente corado. –  Ah! Por favor, aceite e não tente devolver. É de coração. – e então ele foi embora. 


 – Estou ficando sem paciência. A senha por favor – protestava a mulher gorda, tirando Lílian de sua transe.


 – Bala de menta. – disse sem pensar.


  Após a mulher gorda abrir a passagem, Lílian praticamente correu para encontrar suas amigas. Sentadas em um sofá se encontrava suas duas melhores amigas, e suas companheiras de dormitório. Uma era loira, com olhos azuis, e se chamava Luisa Collins. A outra era morena, com olhos negros, e se chamava Ana Cook.


 – Meninas, me ajudem! – disse Lílian desesperada. As duas olharam sem entender nada  – Vamos para o dormitório, por favor. - disse ela quase implorando agora.


 As duas percebendo pela voz da amiga que era grave, se levantaram e foram atrás de Lílian. Ao chegar no dormitório, as duas encontraram a amiga sentada em sua cama e segurando um embrulho vermelho.


 Ana foi mais rápida, se avançou na amiga e perguntou - O que é isso?


 – Eu não sei. Alberto me deu.


 – Alberto? O monitor da Corvinal? – disse Luísa com cara de desconfiada.


 – Bá. Ele é muito bonito. Nem to acreditando. Abre logo, Líly. – disse Ana ansiosa para ver qual era o presente.


 Lílian olhou o embrulho vermelho mais uma vez e então o abriu. Ela ficou sem reação.


 - UAU! – Ana e Luísa disseram ao mesmo tempo.


 As três não conseguiam acreditar. Era um colar de prata, com um pingente em ouro branco, tinha o formato de um lírio. Acompanhado do colar, haviam brincos com formato de lírio. Nenhuma delas tinha dúvida. Aquilo deve ter custado muitos galeões!


 – Amiga, não to acreditando nisso. – disse Ana emocionada. – Tem certeza que ele não falou mais nada? Nos conta tudo direitinho, senhorita Evans.


 E então Líly contou toda a conversa que teve com Alberto. E então as três ficaram se olhando sem entender.


 – Meu deus, ele ta querendo ficar contigo. – disse Luísa.


 – Ficar? Isso ta parecendo mais é casamento, isso sim. – Ana retrucou.


 – Mas o que eu faço? E se ele me encontrar e perguntar se eu gostei? Ai Merlin, ele ta querendo ficar comigo!


 – Calma Líly. – As duas disseram ao mesmo tempo.


 – Tu não tem porque ficar assim, vamos esperar e ver o que acontece. Pra mim ele vai esperar um momento oportuno e então vai te chamar para ir pra Hogsmeade. – Luísa disse confiante.


 – Eu concordo. Desencana Líly, vamos esperar. – disse Ana piscando para Lílian. – Será que ele tem um amigo bonito? – perguntou, fazendo com que luísa risse. Lílian continuava séria. 

 – Líly, a gente ta vendo. Tu ta sofrendo. Vai logo falar com o Potter, pedir desculpas. - Luísa falou.

 – Eu sei. Mas tenho medo. Não quero que ele seja rude comigo, sei que errei. Mas vocês tem que concordar que tudo isso foi muito estranho. Mas vou descobrir a verdade. Se não era o verdadeiro Potter, quem que era? - disse Lílian lembrando do que tinha ocorrido.

 – Calma Líly. Vai dar tudo certo. Apenas tenta achar um momento oportuno e pede desculpas. Ele vai ver que tu está sendo sincera. - disse Ana tentando animar a amiga.

 – Eu sei. É o que eu vou fazer. Ele não pode fugir de mim pra sempre... - Lílian disse tentando se convencer.

 –Isso mesmo Líly, agora anda. Vamos descer. – Ana estava impaciente.


 – Com pressa, senhorita Cook? Querendo ver o Remo? – Lílian e Luísa disseram ao mesmo tempo.


 – Calem a boca. – Ana disse com cara de emburrada, fazendo as amigas rir. – Vamos descer logo.


Ao chegar na sala comunal, Lílian pode dar uma boa olhada para ver quem estava presente. Mas se surpreendeu quando seus olhos se encontraram com o de um certo menino com cabelo espetado. O nome dele era Tiago Potter. Ele era alto, usava óculos, e era mais que bonito. Mas ele  simplesmente irritava ela. Mas dessa vez, ela não sentiu raiva. Sentiu algo muito pior. Remorso. Encontravam-se ao lado de Tiago seus três melhores amigos. Um era branco, parecida pálido, tinha cabelos e olhos castanhos. O nome dele era Remo Lupin. Ela sorriu ao ver ele. Por ele ser monitor que nem ela, os dois eram grandes amigos. Lílian não conhecia pessoa melhor. Ao lado de Lupin estava Sirius Black. Ele tinha cabelos castanhos e olhos acizentados. Lílian até que gostava dele, afinal seu senso de humor era quase insuperável. (assim como sua arrogância) E no canto do sofá se encontrava um menino gordinho, seu nome era Pedro Pettigrew. Após alguns segundos ela voltou a olhar para Tiago. Em momento algum ele tinha desviado o olhar. Lílian viu a mágoa em seus olhos, e antes que pudesse reagir, ele se levantou e saiu pelo retrato sem dar uma palavra.


 – Ele nunca vai me perdoar. – disse Lílian para si mesma. Aquilo a estava matando. Ela queria acabar com isso. E rápido.


  


**FLASHBACK**


 
Todos estavam reunidos no salão principal, sentados nas grandes mesas de suas respectivas salas. A sala estava tomada por risadas e conversas. Lílian estava sentada com Luísa e Ana, estavam conversando de suas férias.


– Como foram suas férias, minha ruivinha? – disse Tiago enquanto dava um beijo na bochecha de Lílian.


– Pra você é Evans, Potter. EVANS! – Lílian mais uma vez estava perdendo o controle.


– Calma Evans, não precisa se estressar. Mas você não respondeu como que foram suas férias.  – Tiago perguntou com um sorriso muito maroto.


Lílian arqueou sua sobrancelha. Foi um sonho ou Tiago a tinha chamado de Evans? Muito estranho. Ela não tinha dúvida. Ele queria algo. Ou pior, estava planejando alguma coisa.


– Muito boas, e as suas Potter? – perguntou com cara de que não estava interessada. Tiago apenas sorriu.


– Excelentes. – disse Tiago. Então se aproximou de Lílian e disse – Minha ruivinha. 

Tiago deu as costas para ela e foi ao encontro dos marotos. Ao caminhar conseguiu ouvir o ataque de raiva de Líly. Aquela ruivinha sempre se mordia com os apelidos que ele dava pra ela. E ele adorava. Há alguns anos que ele resolveu implicar com ela, e apesar as investidas dele no ano anterior, ela não aceitara ainda sair com ele. Mas esse ano tudo ia ser diferente. Nas férias ele bolou um plano. Lílian seria sua, ou ele não se chama Tiago Potter.


 – Eu simplesmente odeio ele. – disse Lílian para Luísa e Ana, que estavam ao seu lado.


 – Eu acho ele super fofo. E ta na cara Lílian, ele quer ficar contigo. DE VERDADE – disse Luísa, fazendo questão de deixar bem clara a última parte.


– Pode ficar com ele, Luísa. Aliás, pega logo ele. Quem sabe assim ele me esquece. – disse Lílian que continuava irritada.


 – Infelizmente ele não é bem meu tipo, sabe? – disse Luísa suspirando.


 – Ainda pensando naquele imbecil da Lufa Lufa, o Dimitri? – Lílian disse de uma maneira deixando bem clara sua opinião. Ele era um idiota. Deveria estar na sonseria, mas não ele não tivera nem capacidade pra isso. Lílian nunca esqueceu do dia que o encontrou num corredor azarando uma menina do primeiro ano. Aquilo não tinha sido nada engraçado. Foi maldade.


 – Não fala assim dele. Ele não é tão ruim.


 – Ah, Luísa. Pelo amor de deus. Tu sabe que ele não é ruim. Ele é podre. Mas sei como é, não podemos mandar no coração. – disse Ana olhando para o canto onde os marotos se encontravam.


 – Ai pelo amor de Merlin. Vocês só pensam em garotos. Estamos no sexto ano agora, logo logo os N.I.E.Ms estão chegando. Devemos estar preparadas. – Lílian falou num ar bem sério.


 – Tu ta brincando Lílian. Meu Merlin! Os exames são no ano que vem, mal passamos pelos N.O.Ms e tu já está pensando nos N.I.E.Ms? – disse Luísa chocada.


 – Lílian, eu sei que tu é a mais CDF de toda a Hogwarts, mas não precisava exagerar, né?!  - disse Ana rindo. Como que ela pode ter uma amiga tão absurda!


 – Silêncio. Dumbledore vai começar a falar.


 Então todos pararam de conversar. Após Dumbledore terminar seu discurso anual, e avisar as quarenta e três regras da escola para todos. Esse ano os monitores poderiam tirar pontos das casas, caso algum aluno desobedecesse as regras. Então um grande banquete apareceu magicamente em todas as mesas. Todos estavam alegres em voltar às aulas e reencontrar seus amigos.


 – Pontas, se você ficar olhando tanto pra sua ruivinha, vão pensar que você tomou uma poção do amor, isso sim. – disse Sirius desenhando um coração no ar, no qual os outros riram.


 – Cala a boca almofadinhas. É só que eu não consigo evitar, já conversamos sobre isso nas férias. E tu deu tua palavra que ia me ajudar! – disse Tiago sério.


 – É, eu sei. Palavra de maroto. Mas cara, não consigo entender o porque de tudo isso. Isso é quase doentio. Sei que ela é bonita, mas ela já te deu uns mil foras, e uns quatro tapas, pelo o que eu lembro. – disse Sirius.


 – Eu sei, mas não posso controlar. Já te disse. E foram três, e não quatro tapas. – disse Tiago sério.


 – O que vocês dois estão tramando para Lílian, hein? – disse Remo com cara de desconfiado.


 Os dois se olharam e deram um sorriso maroto pro Remo. Não havia dúvida, os dois estavam tramando alguma coisa. Ele tinha medo dos planos desses dois, ainda mais se metia a Lílian no meio. Apesar de nunca ter falado isso para os marotos, Remo sentia que Lílian era a irmã mais nova que nunca teve.



 – Estou ficando com sono. – disse Luísa bocejando.


 – Eu também, mas olha lá. – disse Ana apontando para Dumbledore que estava se levantando.


 – Queridos alunos, após esse banquete creio que todos estão satisfeitos, acompanhem seus monitores até as salas comunais. Boa noite para todos – disse abrindo os braços. Todos então se levantaram.


 – Vou indo, tenho que cumprir meu papel de monitora – disse Lílian dando tchau para as amigas.


 Lílian, junto com os outros monitores levaram todos os alunos até suas salas comunais. E então foi fazer sua ronda noturna. Estava exausta. Ela continuou seu caminho, até chegar na sala comunal da grifinória. Disse a senha e entrou. Alguns alunos já tinham subido para seus dormitórios, e outros estavam jogando xadrez de bruxo e conversando. Ela percebeu que Ana e Luísa já tinham subido para o dormitório e resolveu fazer o mesmo.


 No canto em um sofá, Tiago Potter observava Lílian subir para o seu dormitório.


 – Sério, precisamos colocar meu plano em funcionamento. E rápido. – disse Tiago olhando para Sirius.


 – Merlin, tu já disse isso Pontas. E vamos colocar... Assim que possível. Agora vê se te acalma.


 – Eu tento, mas não to me agüentando de ansiedade. Não sei se ela vai gostar, mas Hogwarts com certeza vai ver algo inédito em seus mais de mil anos de história. – disse com um sorriso maroto.


 – Eu não tenho dúvidas.


– Pode parar aí. Eu to ouvindo vocês agora e exijo saber o que está acontecendo. Não há segredos entre marotos, então falem tudo. – disse Remo sério.


Tiago e Sirius se olharam. Eles na verdade pretendiam fazer uma surpresa para todos, mas Remo estava certo. Marotos não tinham segredos.


– É, eu também quero saber o que está acontecendo. – disse Pedro enquanto comia.


– Ta. Ta. – disse Tiago irritado. – Sirius foi lá pra casa como ele sempre faz nas férias. Só que antes de ele ir, eu tive alguns sonhos e então eu percebi a verdade. E passamos grandes parte das férias tentando armar um plano...


– Merlin, plano pra que Tiago? – disse Remo com medo da resposta.


Vários segundos se passaram e nada. Tiago olhava para suas mãos, e Sirius então começou impaciente:


– A verdade é que o Pontas finalmente confessou. Ele am..


– Eu amo a Lílian. Amo de verdade. Sou louco por ela. Tudo começou como uma brincadeira, ela realmente me irritava. Depois que ela me deu um fora. O primeiro fora da minha vida (e único, claro.) eu comecei a ver ela como um desafio. Mas com o tempo as coisas começaram a ficar diferentes e eu não percebi. Até que chegaram as férias e eu sonhei com ela. E então eu percebi que tava morto de saudade dela. Do cheiro do cabelo dela, de como ela fica quando ta irritada. Senti falta até dos gritos dela. Sim, eu Tiago Potter admito. Estou amando.


Todos os ficaram de boca aberta. Até Sirius, que alguns segundos depois começou a rir.


– Para com isso. – disse Tiago numa voz envergonhada.


– Cara, tu me falou que precisava de um plano pra ficar com ela, porque queria DE VERDADE. Mas não sabia que a coisa era tão grave. – disse ainda rindo.


– Bom, eu te apoio. Fico feliz que tu não pretende tratar ela como uma qualquer pra depois jogar fora, como tu costumava fazer. Te apoio e vou ajudar nesse plano maluco. - disse Remo. – Agora me contem logo esse plano.

 Após alguns minutos Tiago e Sirius contaram o que tinham planejado.


 – VOCÊS ESTÃO LOUCOS! – disse Remo sem acreditar no que tinha ouvido.


 – Ele que está louco, aluado. Não eu. O pontas tá louquinho. Louquinho de amor – disse agora caindo na gargalhada. Todos riram, menos Tiago que continuava com a cara emburrada.


 – Vocês ficam rindo, mas vocês vão ver. Lílian Evans vai ser minha, se não eu não me chamo Tiago Potter.


 


Algo a empurrava para baixo. Tudo o que conseguia era ver uma luz verde.  Não conseguia respirar, sabia que esse era o fim. Não sentia medo, apenas tristeza. Não veria de novo sua família, suas amigas. Ela apertava algo pesado contra o peito. Não conseguia pensar de tanta tristeza. Não veria novamente o seu Tiago...


Lílian pulou na cama, estava ofegante. Colocou a mão nos cabelos, eles estavam grudados na sua testa. Ela abriu o cortinado e foi em direção a janela. Já estava amanhecendo.


–Droga! – chingou baixinho.


 Ela foi em direção a sua cama e se sentou. Sua respiração aos poucos voltava ao normal. Não podia acreditar em seu sonho. Entre todas as pessoas no mundo, no seu sonho estava preocupada porque não veria mais o SEU Tiago? Percebeu que estava agitada demais para voltar a dormir e foi em direção ao banheiro. Precisava de um banho, e gelado.


Quando saiu do banheiro viu suas amigas se levantando aos poucos. Daqui a pouco teriam suas aulas, e ainda tinham que descer para comer.


– Caiu da cama, Líly? – perguntou Ana enquanto ia ao banheiro.


– Não. Foi só um sonho... Mas não foi nada, vamos rápido. Não podemos nos atrasar, é nosso primeiro dia de aula.


Depois de todas estarem prontas, elas desceram em direção ao grande salão para comerem algo. Mas Lílian apenas brincava com a comida.


– O que você sonhou, que te deixou nesse estado? – agora era Luísa que se preocupava com a amiga. Lílian odiava isso. Era transparente demais.


– Sonhei com a minha morte. Eu acho... - completou, tentando desconversar. Sonhar com esse tipo de coisa era ruim. Muito ruim.


– Credo, que horror! – disse Ana com cara de espanto.


 – Não quero pensar nisso. –  disse séria enquanto comia uma garfada de seu omelete.


 Mas a verdade é que ela não conseguia não pensar nisso. Não conseguia entender o que Tiago fazia em seu sonho. Ela não sentiria falta dele. Ela odiava ele. Não odiava?


 – Tiago Potter!


 Lílian pulou de susto ao ouvir esse nome. E observou enquanto a Prof. McGonagall chamava por Potter. Todos na mesa olhavam sem entender. Lílian poderia jurar que nos últimos cinco minutos o Potter não tinha feito nada de errado.


 – Ih, que será que eu fiz? – disse Tiago baixinho para seus amigos.


 – Não sei, mas é melhor tu ir ver o que ela quer, ela ta te chamando de novo. – disse Remo.


 – Boa sorte, Pontas. – disse Sirius com cara de confuso.


 – Te cuida. – disse Pedro com a boca cheia de comida.


 – Obrigado. Conto tudo pra vocês depois.


 E assim Tiago Potter acompanhou a professora. Todos ficaram sem entender nada.


 – O que será que ele fez? – perguntou Ana para as meninas.


 – Coisa boa não pode ter sido. Vocês viram a cara da professora? – disse Luísa.


 – Quem se importa? – disse Lílian tentando parecer desinteressada.


– Você não nos engana, senhorita Evans. – Ana respondeu.


 Lílian não falou nada. Ela acha que corou, mas não teve certeza. Era verdade, ela se importava. Queria saber o porque daquilo.


 – Vamos que a aula já vai começar. – disse Luísa.


 A aula de História da Arte estava particularmente chata. Sirius não sabia o que era pior, ficar assistindo a aula de um fantasma, ou assistir a aula de um fantasma que fala sobre revolta de duendes.


 – A revolta dos duendes de 1678 foi importante porque...


 – Não agüento isso, cadê o Pontas? Isso não é normal. A professora jamais faria com que um aluno perdesse aula. E tenho certeza que ontem não fizemos nada. Ah, jogamos algumas bombas de bosta no pessoal da Sonserina, mas isso não é suficiente para ela fazer com que o Pontas perdesse aula. – desabafou Sirius.


 – Eu também acho isso. Mas temos que esperar. Não podemos fazer mais nada. Logo ele vai aparecer e vai nos contar tudo. – disse Remo.


 O resto do dia foi chato. Bem chato. Os marotos estavam preocupados com o desaparecimento de Tiago e se arrastaram para a última aula do dia. Poções. O professor não era um idiota qualquer. A aula dele era legal, ele realmente sabia ensinar. Mas o problema é que era aula com os alunos da Sonserina.


 – Vocês perceberam que o Tiago ainda não voltou? – comentou Ana.


 – Sim. Isso é muito suspeito. Algo está acontecendo. – desabafou Luísa.


 Lílian não disse nada. Ela passou o dia todo pensando nisso. E odiava. Como que ela, Lílian Evans estava preocupada com o arrogante do Potter?


 – Professor, lamento interromper. Mas preciso que libere o Sr. Lupin, o Sr. Black e o Sr. Pettigrew. – disse uma voz que era familiar para Lílian. Novamente a professora McGonagall apareceu.


 Enquanto os três recolhiam seus pertences para acompanhar a Prof. McGonagall, o professor fez a pergunta que Lílian estava quase gritando.


 – Reparei que o Sr. Potter não está presente. Algum problema com ele Minerva?


 – Não, nenhum Olwen. O senhor Potter se ausentou porque sua família assim pediu, mas ele já retornou. Não quero mais atrapalhar sua aula. – disse a professora enquanto partia com os três marotos.


 Lílian se sentia mais calma. Tiago estava bem. Ai Merlin! Estou pensando nele novamente, e o pior, estou preocupada. Melhor eu me concentrar na aula, ela pensou enquanto pegava uma pena e começava a anotar os detalhes que o professor Olwen Llyod passava.


Ao chegar no salão principal viu ele. Seu coração bateu mais rápido. Ele estava sentado ao lado dos marotos, nenhum deles falava nada. Isso era estranho. Muito estranho. Mas não se importou e foi até onde as meninas estavam e se sentou com elas.


 – Pra onde você tá olhando, senhorita Evans? – Ana perguntou. Mas sabia a resposta.


 – Tsc, tsc. Depois não quer assumir que ta caidinha por ele. Realmente não te reconheço. Ano passado essa atitude jamais seria vista. Agora esse ano, do nada, está bem diferente. Mudanças? – Luísa perguntando para Lílian.


 – Não sei do que vocês estão falando. – disse baixando a cabeça. Ela tinha corado, podia sentir seu rosto vermelho.


 Elas ficaram no salão até terem terminado de comer e conversar com alguns colegas da grifinória.


 – Vou indo, hoje tenho outra ronda. ­– disse Lílian desanimada.


 – Ah ta. Vai lá. – As duas disseram ao mesmo tempo.


 Lílian estava caminhando, até que viu alguém caminhando em sua direção. Estava de mau humor, e torcia para que fosse um aluno da Sonserina, assim tiraria pontos. Mas ao contrário, o que viu foi Tiago Potter caminhando em sua direção.


 – Oi Lílian. – disse olhando nos olhos de Lílian.


 – Olá, Potter. E quantas vezes tenho que dizer que é Evans? – disse com uma voz seca. Ela estava feliz em ver ele. Mas não estava gostando disso. Os dois sozinhos nesse corredor. Seu coração pulava, mas podia sentir que algo estava errado.


 – Desculpe Evans. Ahhn, queria te convidar para ir a Hogsmeade comigo. Você aceita? – disse com um sorriso. Ele era lindo, era quase possível de recusar. Mas algo estava errado. Não tinha dúvida disso. Ela podia sentir.


 – Não Potter, eu não aceito. Não sou uma qualquer que tu leva para Hogsmeade, da uns beijos e depois larga. Me deixa em paz. – as palavras foram jogadas em cima de Tiago. Ela estava nervosa, e tudo que foi dito era verdade. Ela não deixaria Tiago Potter te-la para poder exibi-la como um troféu para depois joga-la fora. Ela não se apaixonaria por ele, nem por mais ninguém. Só ela sabia o quanto um amor podia machucar. Havia prometido para si mesma.


 Lílian começou a andar, quando sentiu uma pressão em seu pulso. Ele havia agarrado o pulso de Lílian e então a puxou para um beijo. Ela tentava lutar, mas ele estava realmente segurando ela. Na verdade, ele estava machucando ela. Ele até parecia estar gostando, mas ela não.

– Me larg.. - Lílian gritou tentando sair do beijo.

Ele apertou mais ainda seus pulsos. Ele estava machucando ela. Ela queria chorar. Sabia que ele era um galinha insensível, mas jamais pensou que ele seria capaz de fazer algo assim. Ela sentia que suas duas mãos agora estavam presas por uma mão dele, a outra estava livre. Sentiu algo percorrendo sua barriga, e então subindo. Ela agora sentia algo que não sentia a muito tempo por um homem. Nojo. Ela odiava ela, e pior, sentia nojo dele. Ela queria sair dali. Precisava sair dali. Então tudo aconteceu muito rápido. Ela sentiu que a mão dele fraquejou e conseguiu se soltar. Pegou sua varinha e gritou: ESTUPEFAÇA!

Então saiu correndo. Queria gritar. Nem ficou para saber o que tinha acontecido com ele. Ela queria ele morto. Enquanto corria sentia as lágrimas em seu rosto. Como ele foi capaz? Era assim então que ele possuía as mulheres. Então finalmente chegou ao retrato da mulher gorda. Estava chorando muito, não sabia como ainda estava de pé. Tremia da cabeça aos pés.


  – Senha, por favor. – disse nem olhando para Lílian.


 – Bala de menta. - disse soluçando.

E então o retrato abriu. Lílian saiu correndo, e as lágrimas faziam com que ela não visse quase nada a sua frente. Então esbarrou em alguém e caiu no chão. Caiu sentada, com a mão no rosto. E chorou, chorou muito. Percebeu que o barulho ao redor não diminuiu, ninguém havia percebido nada.


 – Líly, o que houve? – Uma voz familiar disse.


 Não houve tempo para pensar em nada. Lílian simplesmente levantou e conseguiu ver em quem tinha esbarrado. Era aquele nojento do Tiago Potter. A raiva tomou conta dela, como ele fora capaz? Sem pensar ela deu um tapa na cara dele. Todos pararam para assistir a cena.


 – COMO VOCÊ PODE? PORQUE? PORQUE EU? – ela dizia gritando.


 – Qual é o seu problema, o que foi que eu fiz? – disse olhando para a ruiva.


 Ela percebeu que ele parecia diferente. Parecia abatido, pior, extremamente triste. Mas a raiva a cegava. Ela não queria saber, não se importava.


 – O QUE VOCÊ FEZ? FOI ISSO QUE VOCÊ FEZ. – disse mostrando os pulsos que estavam vermelhos e já começavam a mostrar pequenas marcas roxas.


 Lílian viu. A tristeza no olhar dele, começava a dar espaço pra raiva. Quando ele viu aquilo, ele se transformou. Ela percebeu


 – Você está louca. Eu fiquei o tempo inteiro aqui. Não fui eu que fiz isso com você. Alias, QUEM QUE FEZ ISSO? – disse sentindo muita raiva.


 – COMO VOCÊ É CARA DE PAU. TU ME AGARROU NO CORREDOR, ME SEGUROU A FORÇA, ME MACHUCOU. É ASSIM QUE O GRANDE TIAGO POTTER CONQUISTA UMA MULHER? A FORÇA? ERA ASSIM QUE TU QUERIA ME TER? EU TENHO NOJO DE VOCÊ. NOJO. NUNCA MAIS FALE COMIGO. NUNCA MAIS. EU TE ODEIO TIAGO POTTER. TE ODEIO. – disse numa raiva nunca antes sentida por ela.


 – Lílian, para. Você não sabe o que está falando... – Remo e Ana começaram a falar ao mesmo tempo.


 – Não. Chega. Ela realmente não acredita em mim. Não me conhece. Para tua informação, não poderia ser eu porque eu passei a tarde com meus pais e assim que cheguei os marotos ficaram comigo. Passei a tarde fora porque meu avô e minha avó morreram. Estava no enterro deles. Qualquer um viu, eu fiquei na sala comunal o tempo todo. Tava aqui te esperando, pra falar contigo. Apesar de meus amigos estarem aqui, tudo o que eu queria era uma palavra de consolo da pessoa que eu AMAVA. Mas não. EU TE ODEIO LÍLIAN EVANS. Nunca mais fale comigo. Quem sente de nojo agora sou eu. – disse ele e saiu pelo retrato.


 Lílian nunca tinha visto tanto rancor nos olhos de uma pessoa. Ela sentiu tanta coisa ao mesmo tempo. Sentia remorso, confusão, tristeza. Ela não conseguia entender. Como seria capaz? Ela tinha o visto. Não conseguia mais pensar. Parecia que seu coração não ia bater mais depois daquelas palavras. Ela não ouvia nada, só olhava para o buraco do retrato. Tiago Potter me odeia. Ele se foi. Ela não sentia mais nada. Apenas dor. Muita dor.


 – Tiago... – disse com a voz fraca.


 Então tudo escureceu. 

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