Único.
(Ele te provoca.)
Estava no meio do exame de história da magia (aquele para o qual você estudou a semana inteira, remember?), quando você cometeu o condenável erro de divagar o olhar pela sala. Estaria tudo bem, curiosidade satisfeita, concentração de volta ao teste, tudo a maior maravilha, se seus olhos (castanhos, foi tão gentil da sua mãe não lhe passar os genes de olhos azuis, não acha?) não tivessem sido aprisionados brutalmente por outros dois verdes, fixados em cada movimento brusco seu.
Ele pisca divertido pra você, na certa esperando que você sorria de volta. E (agora isso é novidade) adivinha só, você está sorrindo, tola como é! Ele sorri também, e seus lábios tentam formar alguma frase silenciosa, mas você está tão focada em notar como o cabelo dele está bonito hoje que nem faz questão de entender o que é que ela queria lhe dizer. Você acaba cometendo a burrice de olhar nos olhos dele outra vez (o lance aqui é ser suicida, right?) e se perde naquela infinidade verde esmeralda, aqueles espelhos verdes da perdição. Wait a minute, você acabou de adjetivar os olhos dele como espelhos verdes da perdição?
Fuck, fuck, fuck!
Você está caindo na dele again! Não, ele não ia tirar a sua atenção do exame, não depois de todas aquelas noites sem dormir, aqueles resumos sem fim que você escreveu para não esquecer nem um pedacinho sequer que fosse da matéria... todo aquele seu esforço não teria sido por nada, não teria sido mesmo!
Então você lança a ele um olhar que (você espera) que diga algo como "Vá fazer a porcaria do teste e deixe a minha mente facilmente influenciável em paz!", mas você não pode ter certeza de que ele entendeu, então só volta a sua atenção ao teste (a prova tem um limite de tempo, você acabou de se lembrar) e continua a discorrer sobre a revolta dos duendes em 1785. E enquanto você continua a fazer o teste, você não levanta a cabeça mais nenhuma vez sequer para se distrair do que realmente importa (livros, inteligência, cabelo ruim... isso é o que te importa e te define, lembra?) ,mas você tem certeza de uma coisa: os olhos dele continuam queimando sobre você.
Tudo é indiferença.
(Você age como se ele não existisse.)
Assim que termina o teste, você sai num átimo da sala, como se fosse uma área em quarentena (não é bem isso, mas chega perto) e logo você está no salão principal, observando Ron comer (cara, ele nunca pára de comer?!) fazendo a sua melhor atuação de garota entediada. (As pessoas não sabem, mas você é boa em fingir).
No meio da multidão que adentra o salão, está Harry (você sabe disso porque puxou um espelho da bolsa pra "ver se as suas olheiras já melhoraram") e instantaneamente você está engajadíssima numa conversa com Ron (pobre rapaz, você quase enfiou o salto no pé dele pra ele largar aquela coxa de frango) e, quando o moreno se senta ao seu lado, você simplesmente assente e diz um "oi" indiferente e continua a humilhar Ron explicando que, sim, se ele realmente colocou que a batalha de Dartford ocorreu por uma disputa de plantações de milhos, ele realmente se ferrou na prova (Harry ri, provavelmente querendo a sua atenção, mas você novamente não liga).
Por fim o sinal bate, indicando que os alunos devem correr logo para suas aulas (você nem faz questão de levantar, lembra-se que agora é Runas Antigas, você sabe mais do que a professora), e então aproveita que o banco inteiro da Grifinória está vazio, você descansa as pernas no mesmo, enquanto come umas uvas que ainda estavam no seu prato (você não notou que o Potter ainda estava ali), até que você ouve um pigarro.
-E então, qual é a da indiferença? - pergunta ele, mas você nada diz.
Olhando maldosamente pra ele, você se levanta e vai embora, deixando seu amigo com um olhar irritado no rosto.
Tudo é provocação.
(Você o provoca.)
Quando se inicia a aula de Defesa Contra As Artes das Trevas, ele se senta ao seu lado (claramente ele decidiu usar a estratégia da indiferença, nem olha na sua cara) e o professor novo (aquele substituto que ninguém lembra o nome) começa a falar sobre os lobisomens ou alguma coisa relacionada a lobos (você não está prestando muita atenção, já havia estudado a matéria toda para o exame de DCAT na semana interior) quando você decide fazer algo contra o tédio.
Como se não fosse nada, você dá uma cotovelada no seu tinteiro (quase vazio, você não é tão má assim, afinal), que cai aberto sobre o colo de Harry, que congela seu olhar no próprio colo sujo. Com um simples olhar de "ops", você se inclina na direção dele com a sua varinha ("Deixa eu limpar isso", você diz sorridente, e você sabe que ele está gostando) e depois que você apoia uma mão na coxa dele, você limpa toda aquela tinta de sua calça e depois pisca, dizendo que está tudo bem.
Você volta a se sentar normalmente, notando que ele está respirando pesadamente.
E aí, ciente de que agora foi você quem o fez cair na sua, você sorri.
Tudo é um segredo.
(Porque ninguém sabe de nada.)
Já é noite, você estava preparando-se para dormir quando alguém bate à porta do seu quarto (é tão bom ser monitora, você pensa) e lá, no vão da sua porta, te lançando um sorriso provocante, está o moreno.
Só que você não está chocada (pelo contrário!), você já sabia que ele viria.
No escuro da noite, você o puxa pela gravata, colando seus lábios num beijo violento e voraz enquanto ele fecha a porta com o pé e em seguida os dois caem na cama, ele beijando o seu pescoço e você mordendo sua orelha.
Enquanto roupas são jogadas no ar e os lençóis da sua cama se desarrumam, você troca de posição e sobe em cima do corpo dele (aquele ao qual você deseja o dia inteiro) e arranca a camisa do seu... "melhor amigo" com violência desmedida, pois toda aquela merda de amor verdadeiro que te ensinam quando você é criança não passa de uma grande mentira (é uma verdade universal que as pessoas só se apaixonam por quem não podem), e afinal de contas, quem é capaz de distinguir dois amantes no escuro?
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Comentários (1)
adorei a atitude da mione....muito boa...
2013-08-10