Epílogo
Você sabia o que aconteceria ao escolher mudar. E agora você está só.
Agora você tem apenas um passado tão lindo que lhe dá medo memorá-lo, pois dói tanto sabê-lo passado, absoluto, cada vez mais distante. Passado que você não consegue nem jogar fora nem pendurar na parede.
Todos aqueles planos tão singelos e tão sonhados agora pertencem ao futuro do pretérito. Pertencem a um futuro que não enxergam os olhos da esperança, mas os embaçados olhos do inalcançado.
Você queria tanto fazer o tempo voltar um pouquinho... E sente a angústia de não poder.
Se você soubesse o que estava em jogo, talvez tivesse sido diferente.
Se você soubesse que a sua primeira e única melhor amiga iria simplesmente dizer-lhe adeus, de que valeriam as palavras, os humores, as incomodaçõeszinhas que você julgava ser um obstáculo para a sua "felicidade"? Você era feliz e não sabia.
Agora o que importa seu orgulho? O que importa seu ímpeto? Agora o que importa quem tinha razão? O que importa agora? Você está só.
Seu arrependimento é um grito sem reverberação, que só você ouve e de nada adianta. E você sabe que não há culpados porque não há crime.
Agora você descobriu que tudo o que foi posto pra fora era inútil. Você não precisava, não devia, não podia e não queria desfazer-se de sua antiga vida.
Mas por algo que você não sabe ao certo – Orgulho? Egoísmo? Intolerância? – você trocou o tudo pelo nada.
Lembra daqueles programas idiotas de televisão?
"Você troca um automóvel por uma banana estragada?"
"Siiiiiiiiimmmmmmmm".
Você trocou.
E agora você está só. Insuportavelmente só.
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