Único.

A mente dela vagava entre as atmosferas, as auras, todo o universo. Agora, nesse momento de tanta tortura, onde tudo parecia perdido, ela sentia o quão errante foi acreditar que seria especial. Tola. Isso era sua verdadeira face.

E a face de Gina Weasley nunca esteve tão pálida e gélida.

Andava de um lado pro outro, esperava ancioso, aguardava. Estava por vir, ele sabia disso. Fora fácil de mais, ela era muito ingênua. Muito confiante em seus instintos, mesmo quando errados. Ele sabia o que teria que fazer, era necessário fazer, se quisesse tomar o poder nas mãos. Ah, o poder! Ele nos leva à loucuras, precipícios, e até mesmo, ao desejo de morte.

E enquanto ela não chega para a menina, Tom observa seus pensamentos, que fogem correndo da confusão da vida.

Está acabado, mas consegue, ainda que por um fio de esperança, ver a luz que se espande enquanto dançam as fagulhas de um desejo. Harry virá, talvez, e nada deve de ser assim. Será mesmo? Ela não era ninguém especial, era uma menina tola, como ele disse, como ele sempre teve a razão. Como sempre foi o melhor, o mais belo, o mais... não poderia pensar mais. Já estava indo. Não tinha forças, tudo em vão. Tudo em sua vida parecia ter sido em vão. Não era nada, nunca fora nada, mas ele foi muito para ela.

A confusão tomava sua mente, quando Tom sentiu que era hora de parar de olhar.

Ela sentira piedade? O perdoara por todo o mal, toda a destruição que causou em sua vida? ''Ela já está morrendo", assimilou, pelos seus delírios mentais e por sua própria tortura. Ela até mesmo já o havia perdoado por estar tirando sua vida.

Tola.

Mas talvez, nem tão tola assim.

Como ela seria, se pudesse viver? Não seria um crime pensar nisso agora, disse Riddle a si mesmo, pois nesse exato momento ele observava atentamente a cor esvair da pele da pequena Weasley. Observava seus contornos se tornarem sólidos, enquanto os dela pareciam ir para auras longínguas, para onde somente anjos ficam e guardam seus segredos.

Até agora.

Por um momento, Tom pode vê-la, tempos pela frente, mais velha e mais bonita. Os cabelos de fogo voando junto ao vento, sua aura tão firme e poente como o seu que se punha no horizonte da visão. Estava sorrindo, belamente, e seus olhos azuis se encaixavam com o cenário defronte. Usava um vestido branco, solto e brilhante pelas luzes de sua aura, um laço rosa em seu pescoço.

E então ele viu a si mesmo, e a confusão inundou sua mente.

Corria atrás dela, rindo, por isso ela ria também. Ele parou, e ela assim o fez. Chegou mais perto de seu corpo, estava quente pela corrida. Puxou-a, indelicado, e ela veio na direção de seu peito. Ele ainda era bem mais alto que ela, apesar dela ter crescido.

Enroscou-a mais para perto, apertando sua cintura. Ela arfava, talvez pela corrida, talvez pelo contato com ele. Arrancou-lhe a fita do pescoço dela e beijou as pequenas manchas que a fita havia deixado na pele branca da garota.

E a confusão começou a enlouquecê-lo.

Estava gostando daquilo. Queria mais. Queria a ela, completa, sem cessar. Isso era o que o confundia, por que? Por que estava ali, com Gina em seus braços, brincando com ela, beijando seu pescoço, e desejando mais? Não. Ela era uma isca, somente, um petisco para abocanhar o Potter.

Não podia ser mais nada.

Mas Tom viu, nitidamente, o que se seguia.

Seu eu de sua visão aproximou-se do rosto dela lentamente, com a fita girando em seus dedos, brigando contra o vento que queria levá-la embora. Ela observava-o atentamente, como que aguardando, do mesmo modo que ele aguardava a morte dela minutos atrás...

Envolveu-a mais, apertou-a mais contra seu peito, colou os corpos como se pudesse soldá-la a ele.

E a aura de Gina Weasley passou também a envolver Tom Riddle.

Tudo o que Tom mais queria era fazer sua visão ofuscar, queria pará-la, queria morrer. Queria que tudo aquilo fosse um pesadelo e que ele iria acordar vendo a menina morta no chão da câmara, abaixo de seu símbolo maior, Slytherin, e Potter derrotado.

Mas o que Tom viu foi bem diferente.

Ele a beijou tão terno e tão apaixonado que achou, por um momento, que era Potter que a estava beijando.

Mas não era.

Era ele, Tom Riddle, seus olhos escuros fechados e seus cabelos voando no mesmo rítmo que os dela, uma única aura, talvez uma única magia, porém agora, uma única alma. A alma que ele forjou dentro dela, a aura que ela espandiu por seu corpo. Se alguma coisa aconteceu ali, ambos estavam cientes, ambos eram culpados.

Até que a visão se foi.

Mais uma vez, pela última vez, Tom sentou-se ao lado do corpo inerte de Gina. "Já está quase acabando", pensou. Olhou-a de perto, como nunca havia feito. Pode ver nitidamente cada contorno dela, cada fino movimento de seu peito, pedindo por ar. Sentia cada camada de aura que exalava dela, mas agora, sentia as suas próprias.

Aquela não fora uma visão, e ele sabia. Aquela fora a representação mais clara da realidade.

Ela o amava. Tola criança, amar o Lord das Trevas. Risos. Ele não podia acreditar, mas tinha que acreditar. Uma menina tão simples, tão absoluta e, assim mesmo, tão sádica. Fora dos padrões normais de bondade, perdoá-lo por matá-la, por todo mal que estava para lhe causar.

Só havia um motivo para que isso fosse verdade, e ele estava deitado bem na frente de Tom Riddle, com a esperança de que tudo iria dar certo. Tudo iria acabar bem.

E então Tom afagou seus cabelos de fogo e, lentamente, beijou aqueles lábios tão pequenos e frágeis. Era o primeiro beijo dela, e ele sabia que ela podia sentir toda a confusão em seu ato.

- Não se preocupe, pequena Weasley, você nem sempre viverá na minha alma, mas eu sim, sempre viverei na sua. - disse, com os lábios escostados nos dela.

Agora estava terminado. Ouvira os passos de Potter e toda a confusão se foi. Ele já não tinha dúvidas do passado, do presente, nem do futuro. Seu momento estaria dormindo deliciosamente no chão frio e úmido, procurando pela luz que vagava em seus sonhos.

                                             FIM.

N/A: Oi Abiigos! Mais um momento ''tragédia'' de T/G, mas eu simplismente AMO tudo o que os envolve. Espero comentários e prometo escrever mais! Super beijo!

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