Fogo e Gasolina
Gina havia sofrido uma grande mudança desde os tempos de Hogwarts: Seus olhos não azuis possuíam o mesmo brilho, revelavam medo e ódio. Seus cabelos, antes lisos, vermelhos e vivos, agora estavam desgrenhados e sem vida. Seu coração já havia se despedaçado, Gina, depois de Hogwarts, havia se tornado uma concha vazia.
- Tia Gi, aonde estamos indo? – perguntou Rose. A ruiva a arrastava pelo pulso desde que ela apareceu na Mansão Malfoy, dizendo que queria passar um dia com a sobrinha. Rose acreditou e foi levada pela tia. Gina não pareceu ouvir a pergunta e continuou arrastando-a até chegarem num grandioso muro de pedra e após tocar com sua varinha, revelando a entrada. Rose estava assustada: era um castelo em ruínas, com jardins mal-cuidados cheios de espinhos. O solo não tinha grama revestindo-o e a terra estava seca. Entraram no castelo e Gina foi a primeira a falar:
- Eu a trouxe. – disse com voz trêmula, assim que chegou ao salão.
- Quem é ele, tia? – pergunta Rose se referindo a Vladimir que estava sentado em uma poltrona, o único móvel naquele aposento.
- Vejo que é bem esperta. Com certeza “puxou” isto de sua mãe. – disse Vladimir, enquanto fazia Rose se arrepiar com sua voz. A menina, mesmo assustada, resolveu fazer suas perguntas ao misterioso homem, pois pela expressão de sua tia, esta não parecia ter forças para emitir algum som.
- Quem é o senhor e onde estou?
Vladimir também não responde sua pergunta. Ri brevemente e logo depois chama uma pessoa:
- Alexander! Venha, agora! Leve nossa hospede aos seus aposentos!
No momento seguinte aparece um menino cuja idade ficava em torno de dez anos. Tinha uma pele morena, olhos azuis e cabelos negros encaracolados que iam até a altura das orelhas. Travaja vestes negras que esvoaçavam pelo salão que na opinião de Rose o faziam parecer um príncipe. Ele a segurou carinhosamente pela mão e a levou dali para um porão. Rose nem protestou. Aquele menino a deixou hipnotizada.
Enquanto isso, Gina mantinha seus olhos arregalados e seu estado tenso.
- Conhece aqueles olhos, amor? – pergunta Vladimir sorrindo com malícia. Gina não responde. Estava pasma. Depois de alguns segundos, sua boca se abre, mas nenhum som sai.
- Não gostou da surpresa, querida? Eu pensei que ficaria feliz em rever seu filho. Ah, está sem palavras? Tudo bem, não precisa me agradecer. Você merece tudo que vai acontecer. Mas deve estar se perguntando como o descobri, não é? Bom, se faz tanta questão eu irei lhe contar tudo, desde o início, pois sei que não contará a ninguém. – fala Vladimir com sua voz de tom indescritível, seu olhar frio e seu sorriso malicioso.
- Eu prometo – diz Gina com um fio de voz.
- O Potter adoraria estar no seu lugar para ver e ouvir-me confessar tudo. Confessar que eu ataquei todas aquelas jovens e as matei, logo após estuprá-las.
- Por que fez isso? – perguntou Gina, em voz baixa, mas deixando escapar o nojo que sentia daquele vampiro.
- Eu gosto de me divertir. Eu adorava ver o pavor nos rostos daquelas vadias. Mas antes de sequer tocá-las, eu perguntava sobre Astoria Greengrass: Se elas tinham notícias dela, da família, e reunindo informações eu cheguei aqui. – disse Vladimir com a voz mais rouca do que de costume e um pouco ofegante.
- Por que Astoria? O que ela fez a você?
- Os pais dela foram Comensais da Morte durante a primeira guerra. Naquela época eu era apenas o caçula de uma grande família extremamente pobre da Romênia. - a voz de Vladimir começava a falhar e suas mãos tremiam um pouco. Gina o mirava, incrédula. Ele nunca parecera estar tão vulnerável, tão...humano.
- Eles mataram minha família toda. Torturaram meus pais na minha frente. Eu os vi implorar pela morte. Me lembro do cheiro do sangue que escorria dos corpos, dos gritos de dor... – ele interrompeu o diálogo. Suas mãos tremiam com maior intensidade, ele fechou os olhos e gritou:
- Alexander! Eu preciso de mais! – passam alguns segundos e a resposta não vem. Os olhos permanecem fechados enquanto ele respira fundo e retoma sua historia encarando Gina.
- Eu vi tudo acontecer e fui torturado também, mas não me mataram, acredito que pensavam que eu já estava morto pois eu era muito pequeno, fraco e doente. Estava ás portas da morte, mas depois de presenciar o horror diante dos meus olhos, algo novo em mim nasceu: o sentimento de vingança. Perdi o medo de tudo e jurei a mim mesmo nunca ser uma vítima novamente. Após enterrar meus pais, avós e irmãos eu saí da minha antiga casa, já em ruínas e caminhei durante dias. Fui pego por um pequeno grupo de vampiros, mas nenhum deles conseguiu sugar meu sangue, o gosto dele era terrível de tento ódio que escorria pelas minhas veias. Com isso, eu acabei me tornando o que sou hoje. Desde aquele dia, dedico minha vida, ou melhor, o que sobrou dela para a vingança. Mas eu ainda não consegui me vingar de Astoria, a tal Granger me impediu, e eu vou me vingar dela agora.
- E meu filho? Como descobriu sobre ele?
Vladimir tem uma crise novamente. Suas pernas tremiam violentamente. Ele se apóia em uma das paredes e chama novamente por Alexander.
Você é um avião e eu sou um edifício
Eu sou um abrigo e você é um missil
Eu sou a mata e você é a moto-serra
Eu sou um terremoto e você a Terra.
- Logo que fui apresentado ao mundo dos bruxos, pesquisei muito para descobrir quem e por que haviam atacado minha família. Espionei muitas famílias, mas a sua, em especial, me chamou a atenção.
O nosso jogo é perigoso, menina
Nós somos fogo
Nós somos fogo
Nós somos fogo e gasolina
- Por quê? Não temos nada de especial. – fala Gina incrédula. – O que tem de especial numa família simples como a minha?
- Vocês pareciam tão felizes. Uma grande família, unida, e sem qualquer ligação com Comensais da Morte. Eu de certa forma me identifiquei com a sua família. – fala Vladimir começando a tossir e ficando mais ofegante. Sua pele, que já era pálida normalmente, estava ainda mais alva. Depois de se recuperar, continuou:
- Eu observei os Weasley por muito tempo. Minha curiosidade era incontrolável. O fato mais marcante foi a memória do dia em que você nasceu. – disse ele, deixando Gina pasma. – Foi o dia mais feliz da minha existência. Me apaixonei por você, mesmo sem a conhecer. Eu era tão solitário, não tive nenhuma alegria depois do ataque, mas quando a vi, deixei escapar o melhor dos sorrisos. – os olhos do vampiro se encheram de lágrimas mas ele não se rendeu, respirou fundo tentando controlar o tremor de suas mãos.
Você é o fósforo e eu sou o pavio
Você é um torpedo e eu sou um navio
Você é o trem e eu sou o trilho
Eu sou o dedo e você é o meu gatilho
- Eu assisti você crescer, a menina se transformar em uma bela mulher. Vi quando contou a sua família que havia engravidado de Zabini. Você era tão jovem... mas eu já te conhecia e tinha vontade de gritar, com todas as minhas forças o quanto eu te amava, o quanto desejava que aquele filho fosse meu. O que me consolava era que eu o veia nascer e crescer... Mas aí veio a Granger, e a maldita ideia de deixá-lo num orfanato. Eu quis morrer. Pior foi você ter concordado.
O nosso jogo é perigoso, menina
Nós somos fogo
Nós somos fogo
Nós somos fogo e gasolina
Nós somos fogo
Nós somos fogo
Nós somos fogo e gás
- Eu estava desesperada! – fala Gina entre lágrimas e soluços. – Não tinha condições nem maturidade o bastante para criar um filho! Blásio disse que não iria assumir a criança, o que eu poderia fazer? Ser mãe solteira? Eu sofri com isso. Eu estou arrependida, mas era tudo tão complicado na época...
- Não importa. – Corta Vladimir. – Você poderia ter criado seu filho, mas não o quis. Negou-me essa alegria.
- VOCÊ É LOUCO! OU DOENTE, OU OS DOIS! EU NEM SONHAVA QUE VOCÊ EXISTIA! POR ACASO PENSOU EM SE REVELAR? SE O FIZESSE, É POSSÍVEL QUE NADA DISSO TIVESSE ACONTECIDO! – Berra Gina chorando ainda mais.
- Deu muito trabalho descobrir o orfanato, já que nem foi você mesma que o escolheu, mas assim que o encontrei, adotei o menino. Eu o reconheci pelos olhos: Idênticos aos seus. Dei-lhe o nome de Alexander. O nome que você gosta. – disse ele, sem se exaltar com os gritos de Gina. Ele nem parecia ter escutado. Parecia distante de tudo e concentrado em apenas contar sua vida a ela.
Eu sou a veia e você é a agulha
Eu sou o gás e você é a fagulha
Eu sou o fogo e você é a gasolina
Eu sou a pólvora e você a mina
- Eu sempre gostei desse nome. – fala Gina baixinho, mas o suficiente para Vlad ouvir. Ele recomeça com os tremores, tossia e arfava. Chamou Alexander novamente, desesperado. Gina continuava estática. Ela se sentia culpada. Vlad se recuperou parcialmente, sua aparência estava modificada: os olhos não eram mais tão brilhantes de malícia, a pele estava praticamente translúcida e seu corpo parecia mais fraco. Ele respirou fundo e disse:
- Você foi a única que eu amei, e também é a pessoa que eu mais odeio. Eu te odeio porque você só me quis para se vingar da Granger. Eu também desejo isso. Mas eu prefiro seu amor. Só que você não me ama. Ainda ama o Potter. Eu imaginei que aprenderia a me amar, mas eu me enganei. Você nunca vai me amar. Se eu fosse humano me amaria? Não, você ama aquele imbecil com a cicatriz na testa. Tenho certeza de que se ele fosse o pai de seu filho, nunca teria o colocado em um orfanato. E se eu fosse o pai, o que faria?
O nosso jogo perigoso combina
Nós somos fogo
Nós somos fogo
Nós somos fogo e gasolina
Gina chorava, não o respondeu. Sentia-se culpada e arrependida. Vladimir avançou para cima de Gina, prendendo-a na parede. A respiração de ambos era ofegante. Pela primeira vez, ouviu o coração de Vlad bater. Ele delicadamente beijou seus lábios e sussurrou:
- Adeus, meu amor. – Fez Gina se arrepiar e começou a beijar seu pescoço, antes de mordê-lo.
N.A.: Oiiiieeeeee
Penúltimo cap!!!! é a fic tá acabando.... O que acharam de Vladimir? esse cap foi dedicado a ele e sua história. Gostaram?
Respondendo ao comentário:
Tamara J. Potter: Fico feliz que esteja gostando!!! Valeu por comentar, sério, me ajudou muito!!! Ainda não li todas as suas fic's, mas quando eu tiver um pouco mais de tempo eu termino de ler e comento. Prometo!
beijos
Isah Malfoy
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