Rejeição



Um dos parentes de Nergal está com problemas. O misterioso L diz que nós precisamos ajudá-lo, mas... eu ainda não entendo por que somos nós que devemos fazê-lo. O quê, só porque ele e Nergal são relacionados?




Fillen: Lugh Ereshkigal... Um bom garoto, mas... problemas familiares o levaram a querer poder. Muito poder... e um ser imaterial... o usou e tomou posse do corpo dele.


Charles: Mas se chegou até esse ponto, não há nada que possamos fazer!


Nergal: Os Ereshkigal não vão bem, huh? E qual é, exatamente, o problema?


Fillen: Olha, de acordo com ele...


L: Fillen, não queremos estragar a surpresa, não é? E então, topam?


Charles: Prove que a chave de portal é verdadeira.


L: Precavido, eh? Isso é bom, garoto, muito bom!


Ele mostrou a chave de portal. Eu e ele tocamos nela e a sensação de que as cores se misturam e tudo gira (eu me acostumei com isso) veio de novo. Quando paramos, olhei em volta e tive certeza: era Macchu Picchu.


Charles: Excelente. Agora vamos voltar.


L: Não quer dar mais uma olhada?


Charles: Não, eu sei que é aqui. E Sophie nunca me perdoaria se soubesse que eu vim para Macchu Picchu sem ela!


L: Tudo bem, então. Essa chave de portal será sua quando terminarmos.


Voltamos para a misteriosa residência de L. Fillen e Nergal nos esperavam, calmos. Acenei para Nergal afirmativamente, e ele acenou de volta. Firion prosseguiu:


Fillen: Devemos levá-los para o lugar onde mantemos o garoto?


Nergal: Vocês prenderam o garoto?


L: Mas é claro. “Lugh” é ainda mais evasivo do que vocês. Ele sabia de nós e fugiu por um bom tempo. Sorte a nossa que seres de carne sentem sono.


Charles: Vamos logo, L. Sophie deve estar preocupada.


Concentrei-me e percebi que Sophie estava fazendo os outros procurarem alguma pista, alguma coisa.


L: É inútil Não deixamos rastros. Nada.


Charles: Como você...


L: Como eu sei de sua conexão com sua irmã? Eu também nasci assim. Nossos destinos costumam ser grandiosos... isto é, quando sobrevivemos o suficiente para cumpri-los.


Charles: Ok, então... Vamos ajudar esse garoto ou não?


L: Claro, claro, Hm... O timing é perfeito. Vamos então?


Charles: Claro, claro!


Eles nos levaram voando para uma caverna estranha... Enquanto sentíamos o vento passar por nós e nossos grifos, arrisquei a perguntar:


Charles: Fillen é o seu irmão?


L: Um deles.


Essa resposta só me deixou ainda mais confuso. Porém, eu apenas respondi:


Charles: É mesmo. Que interessante...


Chegamos na caverna. Firion entoou “Lumos!” e nós o seguimos tanto no feitiço quanto literalmente. Era uma caverna bem escura e primitiva, sem tochas nem nada:


Nergal: Vocês não alimentam o garoto?


L: Ora, por que o faríamos? Ele fica preso aqui dentro só por uma hora, independente do que ocorrer!


Charles: Hm...


Pensei na hora; eles descobriram onde estávamos, usaram um vira-tempo para nos acharem na hora certa e então tudo aconteceu. Claro, viajantes do tempo podem ter destino trágico, mas aqueles dois pareciam bem confiantes... Então chegamos no aposento final e lá eu finalmente soube por que ele não precisava de comida. Pelo menos não tão cedo...


Charles: O que é isso?


Olhei para “Lugh”. Ele tinha enormes olheiras e vapor emanava de seu corpo. Ele poderia entrar em combustão espontânea em qualquer segundo. Seus cabelos pretos estavam desgrenhados e seus olhos... olhos assustadoramente dourados estavam vermelhos... Ele parecia enfrentar um inimigo... dentro de sua mente...


L: Rejeição. Acontece de vez em quando... O corpo de Lugh uniu as forças dele para tentar expulsar “Ermenrich”, o invasor. Quando chega ao ponto que vemos aqui, há apenas três possibilidades. Ermenrich vencerá as defesas e se tornará dono deste corpo irreversivelmente; os dois seres que querem este corpo se anularão e isto que você vê se tornará nada mais, nada menos do que uma casca vazia, um corpo sem alma... E claro, o que nós queremos, que Lugh consiga expulsar o invasor... Porém, ele não está tendo forças suficientes... Acho que trazendo vocês aqui, podemos reverter isso.


Nergal: Mas-mas como?


Fillen: Não sabemos. Mas tente falar com o garoto. Pode dar em alguma coisa...


Nos entreolhamos. Eles então nos teleportaram para cá com a intenção de tentar resolver o problema e mal sabiam onde começar? Eu entendi certo?


Charles: Uh, olá Lugh.


Ele olhou para mim e Nergal, e com uma voz grave e odiosa, perguntou:


Lugh?: Quem são vocês?


Charles: Olha, meu nome é Charles... e...


“Lugh” me olhou sem interesse e se virou para meu amigo.


Nergal: É... meu nome é Nergal...


Lugh?: Nergal? Nergal Ereshkigal?


Nergal: É... sou seu tio, Lugh... e...


Lugh?: Excelente... Agora eu finalmente posso usar meu poder para acabar com você, seu maligno destruidor de famílias, seu assassino sem alma!


Lugh se aproximou do meu amigo. Eu me movi para frente para tentar fazer algo, mas L me segurou:


L: Pra quê impedir? Especialmente se está funcionando tão bem... Creio eu que dará certo... apesar de alguns riscos...


Riscos? Então ele queria ver meu melhor amigo ser morto pela possibilidade do moleque cair em si? Ora essa, aquele mago tinha pirado de vez?


Lugh: Vou matar você, Nergal. Psicopata da família Ereshkigal, que fez tudo decair e transformou seu próprio irmão em um saco de ossos!


Nergal: Ei, eu nunca fiz isso! Uthart foi o culpado desse crime hediondo!


Lugh: Uthart? Meu pai biológico, Uthart? Ele se tornou um fugitivo por sua causa!


L: Lugh. Você não é o único.


Lugh: Gah... Já me disse isso, L... Mas se... Ugh... Ora, cale-se, paspalhão. Você já não é mais dono desse corpo.


Nergal: Liberte meu sobrinho, Ermenrich!


Ermenrich: Que tio patético, Lugus... Sabe de uma coisa, garoto? Eu vou matá-lo para você... Sim, por que não? Você me deu este corpo... E agora, como retribuição, concederei todos os seus desejos mais obscuros... Nergal, o homem que você despreza. L, o homem que você inveja. Juntos, mataremos Nergal! Roubaremos o poder e a sabedoria de L... E juntos, seremos simplesmente invencíveis!


Nergal estava em perigo. Se eu tentasse me mover novamente, L me impediria, dizendo algo como “não podemos intervir”. Mas eu me mexi e não senti nada me puxando de volta. L deve ter recuperado o juízo. Legal.


Ermenrich: Estupefaça!


O feitiço ia atingir Nergal no peito, mas eu o empurrei e fui acertado nas costas. Não gritei de dor; depois do Refluxo, muita coisa que eu pensava ser dolorosa parece ser apenas um leve formigamento. Fui empurrado para trás, mas não caí. Ermenrich deu uma risada, mas ela parou em um soluço:


Lugh: Por... que você fez isso?


Charles: Nergal é meu amigo! Não vou deixar que você o mate!


Lugh: Seu amigo... mas ele é um... psico... Rahgh... Não importa, não é, Lugus? Não sairá do caminho, garoto? Pois bem, mato você antes dele... Crucio!


Tá bom... Isso continua bem doloroso. Gemi e me retorci de dor, mas pensei muito em dor. O Refluxo te dá uma dor terrível, mas enquanto você permanecer consciente, nada acontece com seu corpo. Cruciatus definitivamente não fazia isso, porque eu tinha certeza que um dos meus ombros tinha destroncado.


Ermenrich: Desista, garoto. Nergal não pode ser salvo. E você quer tanto assim salvar esse imbecil! Quero dizer, ele é um Ereshkigal, mas até agora, eu não vi a magia negra.


Ainda sentia a dor, mas pude ver, ao me contorcer e girar, que L sorria. Firion também riu, como se essa frase de Ermenrich fosse estragar todo o seu plano. Nergal bradou:


Nergal: Expelliarmus!


A varinha de Lugh voou das mãos dele e eu senti alívio. Meu ombro continuava destroncado, claro, mas aquilo não era importante:


Nergal: Eu nunca usei magia negra! Nunca pude! Virei a vergonha da família por causa disso. Eu vivi trancado até fugir! Até fugir com a Organização XXI! E há pouco tempo, encontrei meu único amigo, Charles! E fiz novos amigos! Então se você for me chamar de psicopata, eu não me importo! Mas se tentar ferir Charles de novo, o home que salvou a minha vida de ser miserável, acho que vou tentar dar outra chance para as Artes das Trevas!


Nergal me ajudou a levantar. Olhamos para Lugh, mas ele tinha caído no chão. Uma luz verde passou a emanar dele, e vimos um círculo de magia o cercar...


Lugh: Ack... Lugus! Não ouse... Gah... Ugh.... Ah, eu ouso! Foi uma boa carona, Ermenrich, mas é hora de descer do carro! ...Hyaaerk...


A luz se tornou púrpura. Por um instante, haviam dois seres ali. Lugh e um ser translúcido... O ser translúcido falou:


Ermenrich: Você só adiou seu destino, moleque... O grande Sir Ermenrich voltará... pelas suas cabeças! Mwahahahahahaha!


A luz púrpura, o círculo e o fantasma desapareceram. Lugh pegou sua varinha e falou com a gente:


Lugh: Bem, isso foi estranho. Mas Uthart me disse que você era um psicopata e o patriarca!


Nergal: Uthart é o atual patriarca. Por que ele mentiria dessa forma?


Charles: Não sei dizer... É tudo muito estranho... Ei, L! Fizemos nossa parte! Cadê a chave de portal?


L jogou para mim a chave de portal. Pronto. Agora iríamos para Macchu Picchu investigar as informações de lá, derrotaríamos os três Generais, o Imperador e acabaria-se... Parece simples... Na verdade, simples demais...

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