Enganos



As noites seguintes acabavam sempre do mesmo jeito. Conversavam um pouco e ouviam música, abraçados. Harry conseguia se controlar e, quando percebia que Ginny estava prestes a se entregar a ele, afastava-se.


Ela sabia muito bem que essa era uma tática de Harry para obter o que queria; mesmo assim, não conseguia deixar de ficar excitada. Bastava que ele a tocasse!


Naquela noite, entretanto, ia acontecer algo diferente. Harry apareceu vestido com a maior elegância. Ele não disse nada a Ginny mas, por intuição, ela concluiu que não iam sair juntos. E estava certa.


— Desculpe por estar um pouco atrasado — disse ele, beijando-a suavemente nos lábios.


— Aconteceu alguma coisa?


— Tenho que sair daqui a pouco — respondeu, irritado. — Surgiu um compromisso inesperado.


— Ah!


— Não acredita?


— E por que não deveria acreditar?


— Você nunca acredita — afirmou ele. — E não vou ter tempo de ficar aqui e discutir. Um cliente importante chegou dos Estados Unidos e vou precisar sair com ele.


— Oh, compreendo, uma noitada só para homens...


— Você sabe ser desagradável quando quer! Mas talvez seja ciúme e isso é bom sinal.


— Eu não diria que é ciúme. Alívio é a palavra certa — desafiou-o.


— Alívio, é? — repetiu irritado, agarrando-a e beijando-a com violência.


Ginny não queria corresponder, mas foi inútil.


— Maldito Clive e seu jantar de negócios! Eu preferia ficar aqui com você — resmungou. — De verdade!


— Mas não pode...


— Não, não posso. Oh, meu Deus, como eu a desejo!


Ginny sentia a mesma coisa, mas deixou que o bom senso prevalecesse. Talvez fosse um truque de Harry  para ver a reação dela. Olhou então para o relógio e disse:


— Está ficando tarde, você vai chegar atrasado ao jantar.


— Tem razão, preciso ir agora. Não sei se vou ser capaz de discutir negócios, pois não consigo afastá-la dos meus pensamentos. Provavelmente vou acabar falando do seu belo corpo no meio de uma importante discussão.


— E não considera o meu corpo importante?


— No momento é a coisa que mais me interessa na vida.


— Mas isso vai passar.


— Você acha? — disse ele, roçando os lábios no pescoço de Ginny. — Não tenho tanta certeza.


— Você consegue passar sem ele todas as noites, por que não hoje? Harry olhou para ela com cinismo e disse:


— E isso a envenena, não é mesmo?


Ginny caíra na armadilha! Desvencilhou-se dos braços dele e, fingindo indiferença, perguntou:


— Por quê? Os homens se esquecem desses desapontamentos com muito mais facilidade do que as mulheres.


Harry caiu na risada.


— Você acabou de provar que não sabe nada sobre o comportamento de um homem. Engano seu, esses desapontamentos podem ficar adormecidos por algum tempo, mas sempre voltam a despertar e, às vezes, com mais força. Nunca soube de estupro cometido por mulher!


— Mas pode acontecer.


— Claro — concordou, irônico. — Mas mesmo assim o homem tem de colaborar, precisa estar disposto. Estou certo de que você sabe sobre o que estou falando, não acredito que seja assim tão inocente.


— Sim.


— Estou vendo.


— Não é melhor você ir?


— Estou deixando você encabulada? — brincou ele.


— De jeito nenhum. Só quis lembrá-lo de que você está atrasado.


— Não tenho vontade nenhuma de ir embora. Oh, Deus! É uma tortura ficar perto de você.


— Então, vá embora! — disse ela, dando-lhe as costas.


— É o que pretendo fazer... mas volto amanhã. Vamos sair para jantar e depois dançar um pouco. No domingo poderemos passar o dia todo juntos.


— Quem lhe deu o direito de decidir por mim? — reclamou Ginny. Ele ergueu-lhe a mão direita e, olhando para o anel, respondeu:


— Isso me dá o direito. Ginny puxou a mão.


— Eu já lhe disse antes que não! Por favor, Harry, vá embora. Por favor, vá!


— Eu vou, mas não porque quero. — Deu-lhe mais um beijo e recomendou: — Se eu fosse você, ia dormir cedo. Assim poderemos ficar juntos até bem tarde amanhã.


— Ora, vou dormir quando bem entender!


— Tudo bem... — disse ele, antes de fechar a porta bem devagar. Como ele sabia ser insuportável!  Mais uma vez tinha ido embora deixando-a insatisfeita. Na verdade, dessa vez ele não queria ir, mas isso não servia de consolo para Brooke.


Quando a campainha tocou, uns quinze minutos depois, Ginny pensou que Harry tivesse voltado. Mas era David.


Ele percebeu o desapontamento de Ginny.


— E, sou eu. Talvez eu tenha vindo numa hora inconveniente. Você está esperando Harry, claro... — E virou-se para ir embora.


— Oh, não, não estou — disse ela, segurando-lhe o braço. — Harry veio e já foi embora, tinha um compromisso. É que pensei... pensei que talvez ele tivesse se esquecido de alguma coisa.


David pareceu aliviado.


— Então ele não vai voltar?


— Não. Quer entrar?


— Se você não se importa...                                                                   


— Não, será um prazer. É estranho, mas, mesmo sendo uma cidade tão populosa, Londres pode ser, às vezes, o lugar mais solitário do mundo. Acho que é porque a maioria das pessoas tem seu círculo de amigos e quase ninguém consegue sair dele. David deu uma espiada na sala.


— Você tem um belo apartamento. Devia ver o meu, mais parece um armário embutido com uma cama dentro.


— Como assim?


— Eu sei o que está pensando, mas é que não aceito ajuda da minha família. Não suportaria viver no luxo, enquanto todos os meus amigos da faculdade enfrentam a pobreza.


— E isso é importante para você?


— Fazer parte do grupo? Claro que sim. Não se importa se eu me sentar?


— Por favor... Desculpe-me pela indelicadeza, é que fiquei surpresa quando vi você — explicou nervosa, sentando-se numa poltrona em frente a ele. — Eu não esperava receber mais ninguém hoje.


— É, mas também já é tarde. Faz tempo que Harry saiu?


— Uma meia hora.


— Ia ser meio estranho se ele estivesse aqui — comentou, rindo. — Ele é muito desconfiado... Que sorte ele ter saído mais cedo!


Mais do que sorte! Harry tinha ciúme do irmão e, mesmo Ginny, depois da festa de aniversário, tinha percebido o interesse de David por ela. E o pior de tudo é que ele era também muito atraente!


— É — limitou-se a responder.


— Ei, espere aí — disse ele, rindo. — Não comece você também a suspeitar de mim! Já faz tempo que eu andava querendo visitá-la. Devia ter vindo mais cedo, mas tive um serviço extra e, no fundo, foi melhor assim.


— Por causa de Harry?


— Sim. Ele se recusa a falar de você. Tentei conversar várias vezes a seu respeito, mas ele sempre muda de assunto.


— Provavelmente porque não há nada para falar — disfarçou Ginny.


— Como não? Você conseguiu fisgar Harry e isso é uma vitória, esteja certa.


— Eu não diria que o fisguei. Estamos noivos, claro, mas um noivado não significa muito hoje em dia.


— Será que é o que estou pensando?


— O que você está pensando?


— Você e Harry estão se separando?


— Não estou entendendo você! Ou será que você não me aprova como noiva de Harry?


— É que eu preferia que fosse minha.


— David! — exclamou, chocada. — Como pode me dizer uma coisa dessas?


— É o que eu sinto. E, quanto mais penso nisso, mais lamento não tê-la conhecido antes.                                                                                  


— Será que você não está apenas cobiçando a mulher de seu irmão mais velho?


— E você é dele? Quero dizer, pertence a ele?


— Nós estamos noivos e, de um certo modo, pertenço a ele.


— Você não me parece muito feliz com isso. E eu não me refiro ao seu noivado, você sabe disso. Estava pensando se havia mudado alguma coisa entre vocês desde que estiveram em casa.


O assunto era embaraçoso e Ginny não queria discuti-lo. As coisas entre ela e Harry seriam bem diferentes, se lhe confessasse quanto o amava. Já estariam casados e para sempre! Quanto mais pensava nisso, mais se censurava. Era orgulho, apenas isso...


— Bem, ainda não resolvemos a data do casamento, se é a isso que se refere — respondeu ela, desconversando.


— Você está fazendo isso de propósito. Aprendeu com Harry a agir assim?


— Escute, David, existem assuntos absolutamente pessoais, só isso.


— Eu sei. E Harry contínua a ver Luna Longbotton?


— E como é que eu vou saber? — Ginny tinha feito a si mesma essa pergunta diversas vezes, mas, como Harry vinha à sua casa todos os dias nas últimas duas semanas, concluiu que não tivesse tido a oportunidade. Contudo...


— Eu gosto muito de você, Ginny — confessou David. — Não gostaria que Harry a magoasse. Se ele está sendo fiel a você, pode estar certa de que é a primeira vez em toda a sua vida.


— É disso que eu gosto, lealdade fraterna!


David, meio sem graça, respondeu:


— Na guerra e no amor vale tudo...


— Acho que entre nós dois não existe nenhuma dessas duas coisas.


— Mas com Harry é diferente, não é? Se ele ama realmente você, por que não se casam de uma vez e deixam de se torturar? Ou será que Harry ainda não se acostumou à idéia de casamento?


— Sinto desapontá-lo, mas ainda não nos casamos porque eu não quis.


— Você?


— Harry casaria amanhã, se eu quisesse. Mas casamento é algo definitivo e eu quero ter absoluta certeza antes de consumá-lo.


— Mas ainda não tem certeza? — perguntou, ansioso.


Ginny não pôde deixar de rir da impetuosidade de David. Harry provavelmente fora assim na idade dele: Se quisesse alguma coisa, não desistiria até conseguir.


— Tenho certeza de que estou apaixonada por ele, mas não sei se o nosso casamento daria certo. — Levantou-se. — Vou fazer um café para nós dois.


— Não está querendo arriscar, não é mesmo?


— Não há necessidade. Afinal, quer café ou não?


— Quero. Então não me considera uma ameaça para Harry? — David parecia desapontado, como um menino a quem negaram um doce.


— Acho que não, mas eu gostaria que você fosse meu amigo — disse ela com meiguice.


Depois de preparar o café, perguntou:


— Quer alguma coisa para comer? Você deve ter vindo direto do hospital aqui para casa.


— Eu comi alguma coisa às quatro e meia, mas gostaria de um sanduíche, se não for trabalho.


— De jeito nenhum, tenho pão e presunto, está bem?


— Ótimo, mas tome o seu café primeiro.


— Não vai demorar nada. Tem certeza de que não quer algo mais substancioso? Tenho uns bifes na geladeira e posso fritar algumas batatas também.


— Você vive bem! Eu não posso comprar nem carne moída, quanto mais bifes!


— Eu comprei porque pensei que Harry fosse ficar para comermos juntos — disse ela. — Na verdade, também não jantei.


— Então o que é que estamos esperando? — disse David, rindo com gosto. — Vou adorar comer a comida de Harry...


— Foi isso o que pensei.


Em vinte minutos estava tudo sobre a mesa. Os olhos de David brilhavam. Apesar de ter dito que não estava com fome, comeu muito bem. Como sobremesa, Ginny serviu torta de maçã com creme. Depois de devorar uma generosa fatia, ele recostou-se na cadeira com satisfação e comentou.


—Ah, que beleza! Bem que eu gostaria de ter alguém como você para cozinhar para mim.


— Não tive quase trabalho e você mesmo poderia preparar uma refeição como essa, se quisesse. Mas eu, assim como você, acho muito sem graça cozinhar só para mim. E lembre-se, David, que, a essa altura da sua vida, uma esposa não seria conveniente. — Levantou-se e começou a limpar a mesa.


— E quem falou em esposa?


— Mas eu pensei... Oh, já entendi.


— É isso mesmo — disse David, rindo da cara dela. — É por isso que Harry acha você fascinante; sua inocência é fora do comum. Vivemos numa sociedade liberal, não sabia?


— Isso não quer dizer que a gente deva perder a moral e ir para a cama com qualquer um, não é? — protestou, irritada. Deu-lhe as costas e foi para a cozinha lavar a louça.


David foi atrás dela e ficou parado na porta sem saber o que fazer; Ginny o ignorava.


— Olhe, eu não quis ofendê-la. É que nós, jovens, temos nossos casos de vez em quando.


Ginny continuou sem olhar para ele, limitando-se a estender-lhe o pano para secar os pratos.


— Você também? — perguntou ela.


— Bem, eu... É o que se espera de um homem, ora essa!


— Oh, sim! Já ouvi essa história antes.


— Por que está me dizendo isso? Você pode parecer puritana, mas eu já a vi na cama com o meu irmão e toda a família sabe disso.


Ginny parou o que fazia e enfrentou o olhar dele.


— Harry explicou à sua mãe exatamente o que aconteceu.


— Oh, sim, o tal pesadelo que você disse que teve. Duvido que tenha sido verdade. Você provavelmente dorme sempre com Harry. Foi muito fácil inventar essa história de pesadelo para enganar meus pais.


— Ora, seu...


— Você não pode negar as evidências, Ginny, eu a vi nos braços do meu irmão. O ar possessivo de Harry deixou bem claro que vocês fazem amor há muito tempo.


Ginny esbofeteou-o. Ficou surpresa com o seu gesto, mas não se arrependeu.


— Não julgue os outros por si!


— Não precisava ter feito isso, mas agora vou lhe dar motivo — disse ele e avançou sobre ela.


Ginny sentiu medo e foi se afastando dele até onde pôde.


— Não seja tolo, David, você vai se arrepender...


— Pode ser, mas talvez valha a pena. Você deve ter algo mais, além da beleza, para segurar um homem como Harry.


— Sua opinião sobre o seu irmão é ainda pior do que a que tem sobre mim.


— Eu respeito Harry mais do que qualquer outra pessoa no mundo — afirmou ele, encurralando-a contra a parede. — Ele é tudo o que eu gostaria de ser. — Ergueu a mão e acariciou o rosto pálido de Ginny.


— Estou vendo. E imagino que seja todo esse respeito que o leve a querer me conquistar — disse ela com desprezo, embora assustada.


— Não! — negou ele. — É você que está me provocando, com toda essa sua frieza. Quero vê-la excitada em meus braços, como deve ter acontecido muitas vezes com Harry!


— Você está louco! Harry vai matá-lo por isso!


David sacudiu a cabeça, com um leve sorriso nos lábios.


— Ele nunca vai saber.


— Oh, se vai! Eu...


— Não vai abrir a boca! Se fizer isso, vou contar que foi você quem me convidou para vir aqui e que ficou me provocando até que eu não conseguisse resistir mais.


— Ele não vai acreditar em você. — Mas havia alguma incerteza em sua voz e David percebeu.


— Você quer se arriscar? — perguntou ele, roçando os lábios no pescoço de Ginny.


— David, por favor, não faça isso! Por favor...


Ele não deu ouvidos e abraçou-a com força, procurando por seus lábios. Puxou-a então para a sala e forçou-a a deitar-se no sofá. Brooke já não lutava contra ele, mas também não correspondia. Ficou ali, imóvel.


— Ginny, eu a desejo tanto... — sussurrou.


— Infelizmente eu também, e acredito que eu tenha mais direito. David deu um salto do sofá ao ouvir a voz do irmão.


— Harry! O que está fazendo aqui?


Ginny poderia ter feito a mesma pergunta, mas achou melhor ficar quieta. Sentou-se no sofá, olhando para os dois irmãos como se fossem estranhos.


Harry chegou mais perto, tirou a gravata, desabotoou a camisa e tirou o casaco. Seu olhar não podia ser mais duro.


— O mesmo que você, imagino. Mas Ginny devia se lembrar de convidar apenas um amante de cada vez. Isso pode se tornar embaraçoso.


— Mas, Harry, eu... — Ginny engasgou-se.


— Não me esperava de volta tão cedo? — completou ele, sentando-se numa poltrona. — Isso me parece mais do que óbvio.


David olhou para Ginny e perguntou:


— Não me diga que sabia que ele ia voltar?


— Bem, eu...


— Claro que ela sabia — interrompeu Harry. — Ultimamente tenho passado aqui quase todas as noites. Ando tentando convencer Ginny de que seria uma tola se não se casasse comigo.


— Se quer saber, acho que o tolo é você — afirmou David, dirigindo-se para a porta. — Ela nem se opôs quando a beijei.


— Isso não é verdade! — protestou Ginny.


De repente, Harry levantou-se com uma expressão ameaçadora no rosto.


— Então você a beijou? — perguntou com extrema delicadeza.


David percebeu seu erro tarde demais e empalideceu sob o olhar do irmão.


— Bem, eu... eu... — David gaguejava, procurando a maçaneta da porta. — Posso ter feito isso, mas ela não se opôs.


Ginny já ouvira o bastante. Os dois pareciam animais lutando por uma fêmea. A raiva surda de Harry era apavorante, e Ginny sabia que seria ela quem ia sofrer as conseqüências quando David fosse embora.


— Não minta, David, pelo menos isso — disse seca. — Você me ameaçou.


— Com o quê? — perguntou Harry. David riu, nervoso.


— Não ameacei com nada — mentiu. — Olhe, Ginny me ofereceu um jantar; isso por acaso era pretexto para eu fazer alguma ameaça?


— Não sei, diga você.


— Bem, não fiz isso — continuou David com firmeza. — Agora, se me derem licença, preciso ir. Tenho estágio amanhã bem cedo. Ginny, obrigado pelo jantar.


Ela olhou súplice para Harry assim que David saiu.


— Não foi como ele disse — afirmou, desesperada. — Eu servi um jantar para ele, claro, mas não pedi que me beijasse.


— Quando se convida um homem para jantar, talvez ele espere por mais alguma coisa...


— Mas eu não o convidei para vir aqui! — protestou com veemência. — Ele é que apareceu.


— Oh, verdade?


— Sim, é verdade — respondeu, ressentida — Não acredita em mim?


— E por que deveria? Na única noite em que fui obrigado a deixá-la mais cedo, ele aparece. Que coincidência!


— Mas foi isso! Por favor, Harry, acredite em mim! Nós até rimos por vocês não terem se encontrado. David disse que era muita sorte... — Calou-se ao perceber que, no esforço de se justificar, estava piorando as coisas.


— Que sorte eu ter ido embora! Mas eu voltei e estraguei tudo, não é?


— Mas afinal, por que voltou?


— Já nem sei mais...


Os olhos de Ginny turvaram-se de tristeza. Ia perder Harry justo na noite em que havia decidido casar-se com ele!


— Mas deve ter havido um motivo, já que você disse que só voltaria amanhã.


— Oh, mas havia uma razão para eu voltar.


— Eu? — perguntou, espantada.


— Sim. Como é que eu podia me concentrar num assunto sério de negócios depois do que aconteceu entre nós dois? Pedi licença assim que pude e, ao voltar correndo para cá, encontrei-a nos braços do meu irmão.


— Mas não foi assim. Ele...


— Se soubesse que o fato de deixar você sempre excitada e nunca satisfazê-la fosse obrigá-la a aceitar o primeiro homem que aparecesse, eu mesmo teria resolvido o caso há mais tempo. E, já que é assim, acho que não é tarde demais para isso — disse, dando um passo em direção a ela.


Ginny encolheu-se, amedrontada.


— Isso não é justo, Harry. Está zangado, sei disso, mas completamente enganado quanto a mim e David.


— Esqueça David! — ordenou, furioso. — Se ele só foi até onde eu vi, não precisa se preocupar, mas é bom não repetir a dose. — Tomou-a nos braços e carregou-a para o quarto. — Disse que você acabaria implorando para eu me casar com você, mas agora vi que estava errado. Estava certo de que você viria espontaneamente. Bem, agora não vou esperar mais. Eu a desejo, e sei que você também me quer, por isso não nos resta outra coisa a não ser fazer amor.


Harry não perdeu tempo. Com a pressa de desabotoar-lhe a blusa, acabou rasgando o tecido, deixando seus seios à mostra. Ginny lutava contra ele.


— Por favor, Harry! — gritava. — Sei que está zangado comigo, mas não faça isso! Por favor!


— Não estou zangado, Ginny, estou apenas furioso! — disse ele, continuando a beijá-la com violência.


— Você tem o direito de estar assim, admito, mas não posso permitir... Quando você queria casar comigo era diferente, mas agora...


As palavras dela fizeram com que ele levantasse a cabeça.


— E quem foi que disse que mudei de idéia? Oh! Não, Ginny, você não vai me escapar assim tão fácil. Já faz semanas que as pessoas perguntam quando é que vai ser o casamento. E tudo isso por sua causa, quando resolveu abrir a boca, naquela festa, porque achou que estava fazendo o papel de boba. Bem, na verdade, eu queria lhe dizer que dentro de três semanas nós vamos nos casar!


 

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