A Curiosidade Matou o Gato



Capítulo 18
A Curiosidade Matou o Gato


 


Não sabia mais onde estava e o que estava fazendo antes. A única coisa que me importava agora era que Scorpius Malfoy estava em meus braços ou eu nos dele. Estávamos no meio de um dos corredores e ao menos nos importávamos se alguém nos pegaria ou não. Aproveitar o momento é o meu lema. Embora os meus pulmões estivessem gritando por ar, não fiz o que eles pediam. Continuei o beijando cada vez mais. 


Quando em sã consciência você estaria com um loiro de olhos azul e de sobrenome Malfoy a beijando? Mesmo assim ele me transmitia segurança. De alguma forma ela me fazia sentir segura ao seu lado, mas somos apenas amigos. Amigos.


- Ainda pretende fazer o que estava prestes a fazer? – Ele interrompeu o beijo e colou sua testa com a minha. Meus olhos estavam fechados e com certeza os dele também. Minha respiração estava irregular e se não fosse por ele talvez meus pulmões estivessem secos agora. 


- Que? – Perguntei ofegando. 


- Sabia. – Pude ouvir seu sorriso irônico. 


- Você tem noção que estamos no corredor? – Sorri puxando todo o ar que preencheu meus pulmões. 


- Sim. – Abri meus olhos quando o senti se afastar. Ele tirou suas mãos da minha cintura e segurou minha mão me puxando para longe dali. 


- Aonde vamos? – Minhas pernas ainda estavam bambas e meu coração estava tão acelerado que sairia pela minha boca a qualquer momento. 


- Você vai ver.
 


**


 


Pode parecer precipitado ou até errado da minha parte, mas precisava fazer isso. Se estivesse errada queria ver a prova em minhas próprias mãos. E a única que poderia me ajudar era Demétria que continuava a me olhar sem entender depois que pedi o “favor”. 


- E então? – Mordi o lábio inferior. 


- Deixe-me ver se entendi. – Parou por mais alguns instantes. – Você quer que te ajude a entrar na sala da diretora? 


- Sim. – Respondi. 


- E para que isso aconteça quer que distraia a professora Minerva? – Estava bastante pensativa. 


- Sim. – Repeti. 


- Não acha exagerado demais? – Perguntou baixo. 


- Não, por enquanto. E se estiver errada quero descobrir sozinha. – Minha voz saiu séria. 


- Embora ache que esteja errada, tudo bem, eu ajudo. Só não diga depois que não lhe avisei. 


- Tudo bem. – Disse sorrindo.  


- Quando? - Perguntou olhando para os lados certificando de que ninguém estava ouvindo nossa conversa. 


- Bem, preciso antes de tudo saber a senha para poder entrar. – Sorri torto. 


- Acho que não começamos bem. – Comentou. 


- Voltei à estaca zero. – Suspirei vencido. 


- Ou não. – Um sorriso brotou em seus lábios. 


- Me diz o que esta pensando. – Disse animada. 


- Nos vemos no jantar. – Levantou ajeitando a mochila. – Mas antes, uma pergunta. 


- Sim. – Levantei limpando minha calça da grama. 


- Porque não me contou que beijou Malfoy ontem? – Meus olhos se arregalaram, olhei para os lados, mas não havia ninguém. 


- Você esta doida? – Queria gritar mais não podia. 


- Da próxima vez tome mais cuidado, porque se quer guardar segredo não o beije mais nos corredores. E se fosse Alexandra talvez ela não gostasse disso. 


- Não vai contar para ela, não é? – Perguntei Aflita. 


- Não. Claro que não. Quem deve contar é você. – Por um momento senti o peso de suas palavras. – Mas, para onde ele te levou com tanta pressa? – O olhar que ela me lançava era malicioso. 


- Não é o que esta pensando. – Senti meu rosto ficar vermelho. 


- Ok, mas agora preciso ir. Até o jantar. – E de repente ela saiu correndo. 


Ora veja só, não estávamos fazendo nada de errado. Ele apenas me levou para fora do castelo onde ninguém nos veria, mas a nossa descrição não foi tão boa assim.


 


**


 


Pela milésima vez olhei para o relógio. O salão estava cheio como sempre e todos comiam aqueles deliciosos pratos de comidas que havia ali, mas uma pessoa, uma única pessoa não estava. E era pessoa que mais queria ver naquele momento. O jantar estava quase ao fim e ela ainda não apareceu. 


- Nos vemos no jantar. – Repeti bufando. 


E nesse exato momento um passarinho feito de papel voou em minha direção parando em cima de minha mão. O agarrei antes que ele voasse. O desfiz abrindo o pequeno pergaminho e li: “sapos de chocolate”. Dobrei o pergaminho na mesma hora e percorri meu olhar por todo o salão. Mas ela não estava ali. Por um momento olhei para a mesa da sonserina e vi Amanda me encarando. Ela fez um sinal com a cabeça e então eu sabia quem havia mandado aquele pássaro. 


Por impulso levantei em um salto e corri o mais rápido possível. Se alguém me parasse pelos corredores nesse exato momento diria que não a motivo para estar correndo e principalmente não conseguiria explicar o motivo do meu enorme sorriso. 


Agora precisava me preparar. Se estivesse em alguma missão trouxa faria uma mochila com binóculo, óculos escuros ou qualquer outra coisa para que não me encontrassem. E eu apenas uma simples bruxa de dezesseis anos tenho minha varinha e um plano – que pode não dar certo – em minha cabeça. 


O que poderia dar errado? Demétria distrairia a professora Minerva por um tempo, suficiente, para que eu entrasse em sua sala e achasse qualquer coisa que ela poderia estar escondendo. O máximo que poderia acontecer é não encontrar nada, mas mesmo assim me sentiria aliviada. 


Entrei no dormitório e sentei na cama pegando o mapa do maroto e o abrindo todo na cama. Mesmo que tomasse cuidado alguém poderia me ver, mas deve ter algum corredor que quase não é movimentado e eu o encontraria até mesmo se for necessário ficar a noite inteira acordada.


 


**


 


Fazia mais ou menos uma hora que estava esperando Demi, mas ela não aparece. Deixei com que ela bolasse um meio de distrair a professora Minerva. Era estranho como todos resolveram me encarar hoje, ou eles sabem do meu plano ou fiz alguma coisa. Tentei evitar os olhares sobre mim e abaixei a cabeça distraindo-me com meus dedos. Se ela demorar mais um segundo acho que... 


- Cheguei. – Sussurrou animada em meu ouvido. 


- Uma hora atrasada. – Sorri. 


- Desculpa, tive que repassar meu plano. – Interessante... 


- E qual é? – Ta bom, eu não sei o plano. E daí? 


- Não se preocupe com isso. – Falou.   


- Tudo bem então. – Suspirei. – Agora? 


- Sim. – Olhou para os dois lados. Não entendi o porquê mais ela procurava alguém. – Lembre-se, assim que a professora sair da sala dela você tem menos de uma hora. 


- Ok. 


- Agora vai que eu vou começar o meu show. – Ela disse sorrindo. – Boa sorte. 


Agradeci e comecei a andar em passos rápidos. Seja lá o que ela fizer tenho menos de uma hora. É engraçado você estar ansiosa por uma coisa que você não sabe o que é. Olhava a todo o momento para trás certificando de que não estava sendo seguida. Além de estar fazendo uma coisa “errada” ainda estou ficando paranóica. 


Um garotinho passou correndo por mim e em direção a sala da professora. Escondi-me apenas esperando o que aconteceria. Talvez ele tivesse trazendo noticias sobre o que a Demi esta fazendo ou talvez seja outra coisa – que por sinal estragaria nossos planos. 


Esperei mais um pouco e então a professora saiu seguindo o menino, eles estavam tão apressados que nem perceberam quando passaram por mim. Sim, estava escondida, mas se quisessem me veriam. 


Aproveitei a deixa deles e corri em direção à gárgula. Estava frente a frente com a porta e pedi a Merlin que ela não tenha mudado a senha. Criei coragem e sussurrei: - sapos de chocolate. – A porta abriu e a fechei em seguida antes que alguém me visse. 


Sobressaltei quando ouvi um dos quadros que se encontravam ali falar comigo. Mas o ignorei, mesmo ele dizendo que contaria a Minerva que estava aqui e falando para não seguir adiante que me arrependeria depois. E a primeira e única coisa que mais me chamou atenção, foi à mesa dela coberta pelo Profeta Diário e algumas revistas d’O Pasquim.  


O que mais me chamou atenção foi às capas. Havia várias fotos de meus pais, mas antes que pudesse ler alguma coisa olhei para a janela onde tinha uma coruja impaciente. Corri até ela e peguei o pequeno pergaminho que ela trazia. O abri com cuidado. 


Primeiro Dumbledore.
Segundo Harry e Hermione.
E o Terceiro? Você conseguirá adivinhar? 


- Segundo Harry e Hermione. – Repeti. Minha expressão ficou rígida. Corri até a mesa de Minerva e peguei um dos milhares de jornais que estavam ali. 



Perguntas sem Respostas
Já não é novidade para nenhum bruxo que há um mês Harry Potter e sua esposa Hermione Potter junto com Lílian Potter (uma de seus três filhos) estejam desaparecidos. Mas o que realmente queremos saber é: como estão os gêmeos Melissa e Luan Potter e como eles estão reagindo a tudo o que esta acontecendo? A nossa querida diretora de Hogwarts proibiu a entrada de qualquer jornalista na maior escola de magia e bruxaria, mas por quê? Escondendo a verdade dos nossos queridos bruxos adolescentes? Ou apenas os poupando de toda essa tristeza? Pois é meus caros leitores não deixem de nos acompanhar, porque podemos noticiar uma bomba maior a qualquer momento.  



- Mentira. – Foi à única coisa que consegui pronunciar entre soluços. Sequei algumas lágrimas e juntei todos aqueles jornais em uma pilha, peguei algumas revistas também. Guardei aquele bilhete no bolso e sai correndo da sala da professora, mas sem antes ouvir aquele mesmo quadro dizer “Eu tentei te avisar, mas você não deu ouvido. Agora arque com as conseqüências”. 
 


Corria o mais rápido que minhas pernas permitiam. Precisava mostrar isso para Luan para que depois ele não diga que estou louca. Deixava minhas lágrimas cair sem vergonha nenhuma. 


- Essa não. – Foi o que pude escutar quando passei pela Demi que estava conversando com a professora. Pelo menos o plano dela deu certo. 


Continuei correndo até chegar à Grifinória e subir direto para o dormitório masculino.


 


**


 


- O que aconteceu? – Perguntei assustado quando Melissa abriu a porta e seus olhos estavam cobertos por lágrimas. Mas ela não respondeu. Jogou o que havia em seus braços na cama e continuou a chorar e soluçar. 


Peguei uma das reportagens e comecei a ler.
 


Misterioso sumiço de Harry Potter e Hermione Granger
Nesta última quarta feira Harry Potter e sua esposa Hermione Granger desapareceram misteriosamente após sua casa ser atacada. O ministério da magia investiga todas as possibilidades para esse ataque ter acontecido, mas nenhuma resposta foi encontrada. Desde a morte daquele-que-ainda-não-deve-ser-nomeado eles se casaram anos depois e tiveram três filhos, os gêmeos que atualmente cursam o sexto ano da escola de magia e bruxaria a qual seus pais pertenceram, Melissa e Luan, e a filha mais nova do casal Lílian Potter, com apenas dois anos de idade, que também esta desaparecida. Pistas não foram encontradas no local do suposto crime e o ministro da magia acredita na hipótese de que possam estar vivos. Agora precisamos ser pacientes e esperar para que pistas sejam encontradas e torcer para que nada pior tenha acontecido.


 


- Impossível. – Terminei de ler e olhei para Melissa que ainda chorava. – É mentira. 


- Como? – Gritou. – Não pode ser, olha quantos jornais e revistas com noticias parecidas. – Apontou. 


- É mentira. – Repeti. 


- Será que você não percebeu que a mais ou menos dois meses que não recebemos corujas com o profeta diário? – Secou as lágrimas. 


- Não. 


- E não percebeu também que a mais ou menos dois meses alguém atacou nossa casa? 


- Não. 


- Para Luan. Para. – Secou as lágrimas novamente. – Será que você não entendeu que nossos pais estão desaparecidos, alguém atacou nossa casa e eles podem estar... 


- Para Melissa. – A cortei. – Não termine essa frase. 


- Mas o que vamos fazer? 


- Jogar isso fora. Queimar. Fazer qualquer coisa para que isso suma. – Falei juntando tudo. 


- Acha que isso vai resolver a situação em que estamos? 


- Acha que chorar vai resolver alguma coisa também? – Falei. 


- Desculpa por sentir estar sozinha desde o momento que cruzei os portões deste castelo no começo deste ano, e agora, mas do que nunca. – Suas palavras foram um choque para meus ouvidos. 


Então ela se sentia sozinha todo esse tempo e nunca disse nada a ninguém? 


Estava paralisado com suas palavras, ela chorava compulsivamente, seu rosto estava coberto pelas lágrimas e soluçava sem parar. Era como se o ar do quarto não fosse o suficiente para seus pulmões. E então fiz uma coisa que jamais pensaria que pudesse fazer. A abracei. Forte. Tentei transmitir toda a segurança que ela precisa. Sim, ela precisa mais do que eu. Afaguei seus cabelos e disse que tudo ficaria bem. 


- Não vai ficar. – Ela disse. 


E nesse exato momento percebi que estávamos sozinhos. Literalmente. Eu seria seu apoio e ela seria o meu. A sentei na cama pedindo para ela se acalmar. Aos poucos ela foi parando de chorar. Encostamos à cabeceira. Ficamos horas lendo as várias reportagens juntos em voz alta. 


- Essa foi à primeira reportagem que fizeram. – Melissa pegou o jornal e me entregou. – Quer ler? 


- Não. – O peguei e juntei na pilha já lida. – Quer saber? Acho melhor jogarmos fora, vamos ler muitas dessas ainda. – Ela concordou. 


- O que vamos fazer? Digo, onde iremos ficar quando terminar o ano? – Sua voz mostrava a insegurança que ela sentia. 


- Não sei. – Fui sincero. – Mas daremos um jeito. Juntos. – Sorri. 


- Ah! – Ela tirou algo do bolso. – Esqueci de mostrar. – Me entregou. 


- Primeiro Dumbledore. – Comecei. - Segundo Harry e Hermione. E o Terceiro? Você conseguirá adivinhar? 


- Acha que os próximos seremos nós? – Perguntou quase sem voz. 


- Se estivessem atrás de nós, seriamos os segundos também. 


- Mas estamos em Hogwarts, jamais entrariam aqui para fazer mal a gente. Ou entrariam? – Pegou o pergaminho e leu aquelas palavras novamente. 


- Acho melhor esquecermos isso. – Assentiu. 


- E o que faremos? – Perguntou. 


- Se isso te deixará mais segura, tenho uma maneira de saber se eles estão ou não vivos. 


- E qual é essa maneira? – Seu tom de voz havia mudado. 


- Mas precisamos ir a nossa casa. Ou antiga casa. – Contei. Nunca havia conta a ninguém sobre isso. Um pacto que havia feito com Harry. 


- Nós iremos quando acabar as aulas, e ai tudo vai ficar bem, certo? – Sua voz lembrava mais uma criança quando queria saber que ficaria tudo bem. 


- Sim, tudo ficará bem. – Garanti mesmo sabendo que pode não ser verdade. 


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.